MARIA LÚCIA DALOCE
Bandeirantes/PR
Faz arruaça, tira sarro
e ao guarda, o bebum: ”Pô meu!”
- Faz bafômetro no carro...
Ele bebe bem mais que eu!!!
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Poema e Trova do Folclore Africano de
MARLY RONDAN
São Paulo/ SP
Ossanha
Ossanha. Orixá das Ervas…
Guarda as folhas na cabaça.
Muitos segredos preservas.
Pões sucos na minha taça…
Orixá das folhas, ervas:
Alecrim, Boldo e Cidrão.
Proteje nossas reservas.
Livra a Terra da agressão.
É o Orixá da cor verde.
Ossanha habita a floresta.
Quem não a conhece perde…
Da Natureza essa Festa!
Senhor - Senhora das folhas,
Comanda as ervas sagradas.
Tira com elixir as falhas…
Elixir que dá vigor.
Protege nossa saúde.
Ossanha cura esta dor!
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Trova de
ANTÔNIO SALES
Vila do Paracuru/CE, 1868 – 1940, Fortaleza/CE
Longe de ti, meu amor,
morro de tédio e de mágoa,
bem como morre uma flor
posta num vaso sem água.
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Poema de
SALOMÓN DE LA SELVA
Nicarágua (1893 – 1958)
A bala
A bala que me fira
será bala com alma.
A alma dessa bala
será como seria
a canção de uma rosa
se cantassem as flores
ou o olor de um topázio
se cheirassem as pedras
ou a pele de uma música
se nos fosse possível
as cantigas tocar
desnudas com as mãos.
Se o cérebro me fere
me dirá: Eu buscava
sondar teu pensamento.
E se me fere o peito
me dirá: Eu queria
dizer-te que te quer
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Trova de
CARMEN MARTIN PAZZANESE
São Paulo/SP
De longe, venho cansada.
Onde encostar meu bordão?
Quão penosa é a caminhada
carregando o coração!
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Soneto de
LUIS VAZ DE CAMÕES
Coimbra/Portugal (1524/25 – 1580)
Soneto 5
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
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Trova de
PROFESSOR GARCIA
Caicó/ RN
Esta distância tão triste,
entre nós dois, na verdade,
mede a distância que existe
entre o amor e a saudade!
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Poema de
AFONSO SCHMIDT
Cubatão/SP (1860 – 1964) São Paulo/SP
O Poema da Casa Que Não Existe
Onde a cidade acaba em chácaras quietas
e a campina se alarga em sulcados caminhos
achei a solidão amiga dos poetas
numa casa que é ninho, entre todos os ninhos.
Térrea, branquinha, com portadas muito largas,
desse azul português das antiquadas vilas
e uma decoração de laranjas amargas
que perfumam da tarde as aragens tranquilas.
Ergue-se no pendor suave da colina,
escondida por trás dos eucaliptos calmos;
tem jardim, tem pomar, tem horta pequenina,
solar de Liliput que a gente mede aos palmos ...
Neste ponto, a ilusão, a miragem, se some;
olho para você, eu triste, você triste.
Enganei uma boba! O bairro não tem nome,
a estrada não tem sombra, a casa não existe!
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Trova de
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN
Com certa preponderância
eu impus esta verdade:
Quem inventou a distância
não conhecia a saudade!...
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Poema de
AMAURY NICOLINI
Rio de Janeiro/RJ
Onde Estava Você?
Onde estava você quando eu andava
sem um norte pra guiar os meus caminhos
que acabaram em lugar nenhum?
Não tive com quem dividir o meu carinho,
que nas curvas da estrada ao chão deixava
como de traste inútil apenas um.
Onde estava você, que surge agora
com a luz e o esplendor de uma aurora
que promete vida, amor, bonança e sorte?
Você chegou quando eu estou indo embora,
e eu, que tanto esperei por essa hora,
sinto que junto também me chegue a morte.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/ RS, 1932 – 2013, São Paulo/ SP
Com seu valor aumentado,
saudade é a restituição
do que já nos foi cobrado
pelos sonhos e a ilusão...
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Hino de
AFOGADOS DE INGAZEIRA/ PE
Terra de sol de encantos mil
Do Pajeú a nobre princesa
De Pernambuco e do Brasil
És do progresso a chama acesa.
O teu nome da lenda surgiu
De um casal que no rio sumiu
Hoje és tu, Afogados da Ingazeira
No Sertão o estandarte de glória
Os teus filhos fizeram história
Que enobrece a nação brasileira.
Brava terra de amor e de luz
Que nasceu sob a sombra da cruz
Grandioso será teu porvir
E abraçado ao símbolo da fé
A lutar sempre firme de pé
O progresso e a riqueza hão de vir.
Na esperança de um mundo melhor
Construindo uma pátria maior
Um teu filho não foge ao dever
Dedicado ao estudo e ao trabalho
Com o livro, o arado ou o malho
A certeza terá de vencer.
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP
Escrevo, mas sou discreta,
me anulo, libero a mente
e deixo solto o poeta
que só fala o que ele sente.
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Poema de
SYLVIA PLATH
Boston/ EUA (1932 – 1963) Londres/ Inglaterra
Palavras
Golpes
De machado na madeira,
E os ecos!
Ecos que partem
A galope.
A seiva
Jorra como pranto, como
Água lutando
Para repor seu espelho
Sobre a rocha
Que cai e rola,
Crânio branco
Comido pelas ervas.
Anos depois, na estrada,
Encontro
Essas palavras secas e sem rédeas,
Bater de cascos incansável.
Enquanto do fundo do poço, estrelas fixas
Decidem uma vida.
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Trova de
GERALDO PIMENTA DE MORAES
São Sebastião do Paraíso/MG (1913 – 1997) Passos/MG
Saudade é livro à distância,
que o tempo vive escrevendo,
enquanto a gente, com ânsia,
de olhos fechados, vai lendo…
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