sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

José Feldman* (Fábula do Gato, do Cachorro, da Raposa e do Homem)

Naqueles tempos em que os animais falavam. 

Em uma aldeia tranquila, um gato chamado Felix, um cachorro chamado Bruno, e uma raposa chamada Bela, viviam em harmonia, cada um com suas peculiaridades, mas sempre respeitando as diferenças uns dos outros. 

Felix, o gato, era astuto e independente. Passava os dias explorando os telhados e caçando pequenos insetos. Bruno, o cachorro, era leal e protetor. Passava seu tempo cuidando da casa de seu dono e brincando com as crianças da aldeia. Bela, a raposa, era curiosa e hábil, sempre buscando novas aventuras na floresta. 

Certa manhã, enquanto os três amigos se reuniam perto da fonte, um homem apareceu na aldeia. Ele era conhecido por ser muito rico, mas também muito ganancioso. O homem tinha ouvido falar das habilidades únicas de cada um dos animais e decidiu que os queria para si. Assim, ele planejou capturá-los. 

Felix, com sua astúcia, percebeu os olhares do homem e alertou seus amigos. “Vocês viram aquele homem? Ele não parece confiável. Precisamos ter cuidado.” 

Bruno, sempre protetor, respondeu: “Devemos nos unir e confrontá-lo. Juntos, poderemos nos defender.” 

Bela, porém, tinha uma ideia diferente. “E se usássemos a astúcia de Felix e a força de Bruno para despistá-lo? Podemos mostrar a ele que não somos brinquedos para serem possuídos.” 

Os três concordaram em criar um plano. Enquanto Felix se escondia entre as sombras, Bruno latiu alto, atraindo a atenção do homem. Assim que o homem se aproximou, Felix saltou rapidamente de onde estava, surpreendendo-o e fazendo-o tropeçar. Bela, ágil como sempre, correu em círculos ao redor do homem, criando uma distração. 

O homem, confuso e irritado, tentou capturar Bela, mas ela era muito rápida. Com um último movimento astuto, ela levou o homem a correr atrás dela em direção à floresta. 

Os três amigos aproveitaram a oportunidade para se afastar, rindo juntos de sua esperteza. 

No entanto, enquanto corriam, Bela começou a se sentir culpada. “Acho que fizemos algo errado. O homem, por mais ganancioso que seja, apenas queria nos levar com ele. Não podemos simplesmente desprezar os sentimentos dos outros.” 

Felix concordou, mas Bruno estava preocupado. “Mas ele só faria isso para nos explorar. Não podemos permitir que isso aconteça.” 

Após algumas horas de reflexão, eles decidiram voltar à aldeia. Enfrentariam o homem e tentariam convencê-lo a mudar seus modos. Com coragem no coração, os três se aproximaram da casa do homem. 

Quando chegaram, encontraram-no sentado na varanda, visivelmente frustrado. “O que vocês querem?” perguntou o homem, com um tom de desdém. 

Felix, sempre astuto, começou: “Viemos aqui para conversar. Sabemos que você tem suas razões para querer nos capturar, mas gostaríamos de lhe mostrar que a amizade e a liberdade são mais valiosas do que a posse.” 

Bruno acrescentou: “Você pode ter tudo o que deseja, mas a verdadeira felicidade não vem de dominar os outros. Vem de compartilhar e respeitar.” 

Bela, com sua sinceridade, finalizou: “Se você nos deixar livres, poderá se surpreender com o que podemos oferecer. A amizade é um presente que não se pode comprar.” 

O homem, tocado pelas palavras dos animais, começou a refletir. Ele percebeu que, apesar de sua riqueza, estava solitário. Ao ver a união e a amizade entre Felix, Bruno e Bela, algo dentro dele começou a mudar. 

“Talvez vocês tenham razão,” disse o homem, com um sorriso tímido. “Eu sempre pensei que a riqueza me traria felicidade, mas agora vejo que a verdadeira riqueza está em relacionamentos. Vocês estão livres. Não quero mais aprisioná-los.” 

Os três amigos, aliviados e felizes, agradeceram ao homem e partiram. Eles aprenderam que, mesmo diante da adversidade, o diálogo e a compreensão podem mudar corações. 

Moral da Fábula
A verdadeira riqueza não está na posse, mas na amizade e na liberdade. Quando respeitamos os outros e buscamos entendimento, podemos transformar até os corações mais gananciosos.
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* José Feldman nasceu na capital de São Paulo. Foi professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos, sendo enxadrista de 1a. Categoria, como diretor cultural organizou apresentações musicais, trovador da UBT São Paulo. Casado com a escritora, poetisa e tradutora professora Alba Krishna mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, radicou-se definitivamente em Maringá/PR. Pertence a diversas academias de letras e de trovas, fundador da Confraria Brasileira de Letras, possui o blog Singrando Horizontes desde 2007, com cerca de 20 mil publicações. Atualmente pertence a Campo Mourão/PR. Organizador de concursos de trovas, gestor cultural, poeta, escritor e trovador.

Fonte: José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

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