O HÉLIO BICUDO nessa sexta-feira, precisou cobrir a Mariza, a secretária e assistente da doutora Antonella, psiquiatra, que necessitou faltar em vista de sua filhinha de seis anos ser levada ao médico com certa urgência. Na recepção, logo de cara chegou o Fidalgo Barata, que tinha certa urgência em pedir um favor meio às carreiras à Mariza ou se fosse possível, para a médica em pessoa. Porém, ao entrar e ver o rapaz, ficou meio desanimado. Apesar disso, tentou a sorte. Talvez o mancebo resolveria seu problema.
“Bom dia. A doutora pelo visto, não está na clínica?"
“Infelizmentenãoemquepossoajudar?" (Infelizmente não em que posso ajudar?)
“E a senhorita Mariza?"
“Nessemomentoemqueosenhorperguntaemhoráriodealmoçoacaboudesairesóvoltarádentrodeumahora..." *1
Hélio Bicudo tinha um problema sério na hora de se expressar. Por conta desse entrave, a sua voz criava problemas. Ele não sabia pausar as palavras e pior, ao se dirigir a alguém, fosse falando ou respondendo, o quadro se tornava um verdadeiro fiasco.
“Eu queria ver com a senhorita Mariza, se ela conseguiria me enviar via e-mail os resultados de meus exames feitos. E também o receituário que a doutora me receitou. Ela me deu o WhatsApp e também o e-mail, mas eu fiz a gentileza de enfiar em algum lugar que não lembro onde. O prezado poderia me passar por gentileza?"
Hélio Bicudo sorriu e balançou a cabeça afirmativamente.
“Perfeitamentecomoésuagraça?" (Perfeitamente como é sua graça?)
“Fidalgo... Fidalgo Barata..."
Helio repetiu compassadamente.
“Claroaquioclientedadoutoratemcartabranca.qualquerpedidoéumaordem.lávaiantonellavalentinacomdoiselescristinadaconceiçãotudojuntoarrobapsiquiatrapontocompontobrlembrandoaoamigoqueaconceiçãoseescreveconceicaoousejasemacobrinhadependuradanacedilhaeoacentocircunflexoemribadoa." *2
“Poderia, por gentileza, falar tudo de novo?"
“Certamenteaquioclientedadoutoratemcartabrancaqualquerpeddoéumaordemlávaiantonellavalentinacomdoiselescristinadaconceiçãotudojuntoarroubapsiquiatrapontocompontoblembrandoaoamigoqueaconceiçãoseescreveconceicaoousejasemacobrinhadependuradanacedilhaeoacentocircunflexoemribadoa." *3
“Como é que é? O amigo embolou tudo."
Helio Bicudo repetiu mais seis vezes, contudo, em nenhuma delas o Barata conseguiu se fazer entender.
Soltando fogo pelas ventas, literalmente louco da vida, por pouco não mandou o cara plantar batatas. Achou melhor dar meia volta e cair fora. Foi o que realmente fez.
= = = = = = = = = = = = = = = = = =
NOTAS
*1= Nesse momento em que o senhor pergunta em horário de almoço acabou de sair e só voltará dentro de uma hora...
*2= Claro aqui o cliente da doutora tem carta branca. Qualquer pedido é uma ordem. Lá vai antonella valentina com dois eles cristina da conceição tudo junto arroba psiquiatra ponto com ponto br lembrando ao amigo que a conceição se escreve conceicao ou seja sem a cobrinha dependurada na cedilha e o acento circunflexo em riba do a.
*3= Certamente aqui o cliente da doutora tem carta branca. Qualquer pedido é uma ordem. Lá vai antonella valentina com dois eles cristina da conceição tudo junto arroba psiquiatra ponto com ponto br lembrando ao amigo que a conceição se escreve conceicao ou seja sem a cobrinha dependurada na cedilha e o acento circunflexo em riba do a.
=====================
Aparecido Raimundo de Souza, natural de Andirá/PR, 1953. Aos doze anos, deu vida ao livro “O menino de Andirá,” onde contava a sua vida desde os primórdios de seu nascimento, o qual nunca chegou a ser publicado. Em Osasco, foi responsável, de 1973 a 1981, pela coluna Social no jornal “Municípios em Marcha” (hoje “Diário de Osasco”). Neste jornal, além de sua coluna social, escrevia também crônicas, embora seu foco fosse viver e trazer à público as efervescências apenas em prol da sociedade local. Aos vinte anos, ingressou na Faculdade de Direito de Itu, formando-se bacharel em direito. Após este curso, matriculou-se na Faculdade da Fundação Cásper Líbero, diplomando-se em jornalismo. Colaborou como cronista, para diversos jornais do Rio de Janeiro e Minas Gerais, como A Gazeta do Rio de Janeiro, A Tribuna de Vitória e Jornal A Gazeta, entre outras. Hoje, é free lancer da Revista ”QUEM” (da Rede Globo de Televisão), onde se dedica a publicar diariamente fofocas. Escreve crônicas sobre os mais diversos temas as quintas-feiras para o jornal “O Dia, no Rio de Janeiro.” Acadêmico da Confraria Brasileira de Letras. Reside atualmente em Vila Velha/ES.
Fonte: Texto enviado pelo autor.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
Nenhum comentário:
Postar um comentário