Era uma tarde ensolarada em Londrina/PR, e Luana decidiu visitar seu avô, Seu Afonso, que morava em um pequeno apartamento no centro da cidade. Ele sempre tinha histórias fascinantes sobre o passado, e Luana adorava ouvi-las. Ao chegar, encontrou-o sentado à mesa, tomando café e lendo um jornal antigo.
— Oi, vovô! — Luana disse, sorrindo ao entrar. — O que você está lendo?
— Ah, minha neta! — Ele respondeu, levantando os olhos. — Estou vendo as notícias de antigamente. Olha isso aqui, um anúncio de um carro que custava menos que um salário mínimo!
Luana se aproximou, interessada. — Uau, como as coisas mudaram, né? Hoje em dia, um carro é quase um sonho para muitos.
— É verdade. Na minha juventude, as pessoas sonhavam em ter um carro, mas o foco era diferente. A gente sonhava com pequenas coisas, como ter uma casa própria, uma família... — Seu Afonso disse, lembrando-se de tempos passados.
— E como eram esses sonhos, vovô? — Luana perguntou, sentando-se à mesa.
— Ah, os sonhos eram simples, mas cheios de significado. — Ele sorriu. — Eu queria estabilidade. O que importava era trabalhar duro e cuidar da família. Acredito que as pessoas valorizavam mais as relações pessoais.
— Hoje, parece que tudo é tão diferente. As pessoas estão mais focadas em ter sucesso rápido. — ela disse, balançando a cabeça. — Eu vejo meus amigos sempre correndo atrás de likes nas redes sociais.
— Likes? O que é isso? — Seu Afonso perguntou, franzindo a testa.
— É como uma forma de aprovação online. A gente posta fotos e o pessoal curte. — Luana explicou, meio envergonhada. — Mas às vezes fica parecendo que isso é mais importante do que viver as experiências de verdade.
— Sabe, Luana, na minha época, a gente valorizava mais o momento. Não ficávamos pensando em como os outros nos viam. — Seu Afonso disse, pensativo. — Acreditávamos que a felicidade estava nas coisas simples, como um passeio no parque ou um jantar em família.
— Isso é verdade, vovô. Mas hoje em dia, a pressão para ser “perfeito” é muito maior. — ela suspirou. — Todo mundo quer ser influencer, ter uma vida perfeita nas redes sociais.
— E o que é uma vida perfeita? — ele questionou, com um olhar curioso. — Na minha visão, a perfeição está nas imperfeições. Nas risadas, nas lágrimas, nas histórias que construímos juntos.
Ela sorriu, admirando a sabedoria do avô.
— Você sempre tem uma forma especial de ver as coisas, vovô. Mas às vezes sinto que a geração mais nova não se conecta como antes. Nossos relacionamentos são mais superficiais.
— É verdade, Luana. A tecnologia trouxe muitas facilidades, mas também uma certa solidão. — Seu Afonso concordou. — Lembro-me de quando nos reuníamos com amigos para jogar baralho ou contar histórias. Não havia distrações. As pessoas se ouviam.
— Isso faz falta. — ela admitiu. — Às vezes, quando estou com meus amigos, todos estão no celular, e parece que estamos todos juntos, mas, na verdade, cada um está em um mundo diferente.
— E o que você faz para mudar isso? — ele perguntou, interessado.
— Eu tento propor atividades que nos tirem do celular, como ir a um parque ou fazer um piquenique. — ela respondeu. — Mas é um desafio!
— Você está no caminho certo! — Ele elogiou. — É importante cultivar relações verdadeiras. E não esqueça de passar tempo com a família. As memórias que criamos juntos são inestimáveis.
Luana olhou nos olhos do avô e percebeu como ele valorizava esses momentos. — Eu quero aprender mais com você, vovô. Suas histórias são inspiradoras.
— E você ainda tem muito a ensinar também! — ele disse, com um sorriso. — A juventude de hoje é mais engajada em questões como meio ambiente e justiça social. Isso é admirável.
— É verdade! Nós nos preocupamos mais com o futuro do planeta. — ela afirmou. — Tentamos fazer a diferença, mesmo que seja pequena.
— Isso é excelente! — Ele exclamou. — Na minha juventude, lutávamos por direitos básicos, mas agora vocês têm uma luta mais ampla. É bom ver que a chama está acesa.
— Mas às vezes me sinto perdida. — Luana confessou. — Há tantas causas e tanta pressão para fazer a coisa certa.
— A vida é cheia de incertezas, minha neta. — Seu Afonso disse. — O importante é agir conforme suas convicções. E não se esqueça de cuidar de si mesma no processo. A jornada é tão importante quanto o destino.
— Você tem razão, vovô. Às vezes, me preocupo tanto com o futuro que esqueço de viver o presente. — ela refletiu.
— A vida é um equilíbrio. — Ele sorriu. — E lembre-se: você não precisa ter todas as respostas agora. O que importa é continuar aprendendo e crescendo.
Luana se levantou e foi até a janela, olhando para a cidade.
— Eu quero fazer a diferença, mas também quero aproveitar a vida, como você fez.
— E você pode! — Seu Afonso disse, levantando-se para ficar ao lado dela. — Encontre seu próprio caminho. E, acima de tudo, nunca perca a capacidade de se maravilhar com o mundo ao seu redor.
A tarde passou, e os dois continuaram conversando sobre vida, sonhos e diferenças entre as gerações. O café esvaziou, mas as ideias e as risadas encheram o ambiente. Luana sabia que, apesar das diferenças, havia um fio invisível que os unia: o amor e a vontade de aprender uns com os outros.
E assim, naquela tarde ensolarada, Luana e Seu Afonso descobriram que, embora as épocas fossem diferentes, as experiências e os sentimentos humanos permaneciam eternos e conectados, sempre prontos para serem compartilhados e celebrados.
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Fontes
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat.Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
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