GERALDO PEIXOTO DE LUNA
Londrina/PR
Vejo triste, em minha face,
a cada dia que corre,
uma saudade que nasce,
uma esperança que morre.
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Soneto de
EMÍLIO DE MENESES
Curitiba/PR, 1866 – 1918, Rio de Janeiro/RJ
Um crítico cítrico
É, sem tirar nem pôr, um grande jornalista.
Quando erra ou quer errar, erra com matemática.
Faz uma escaramuça e o jogo salta à vista
Mas não há quem resista à formidável tática.
Torce algebricamente a verdade e conquista
O aplauso até de quem tenha traquejo e prática.
Sei-o mesmo por mim que, apesar de trocista,
Nunca deixo de o ler (restrições à gramática).
Mas, em arte, Jesus! Nem se aproveita a cinza.
Como crítico é igual aos outros. Deixa o suco
E, fibra a fibra, toda a bagaceira espinza.
Todo o crítico é assim, mais ou menos, caduco.
Sendo em arte incapaz, na obra alheia é ranzinza.
— O crítico, em geral, é uma espécie de eunuco.
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Trova de
DELCY CANALLES
Porto Alegre/RS
Esperança, este meu ego,
está sempre a te esperar!
Volta depressa, pois cego,
não sei se vai te encontrar!
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Poema de
FLÁVIO SILVEIRA STEFANI
São Sebastião do Paraíso/MG
Outono
Passa-se o tempo, passa-se a aurora
O Sol se põe devagar indo embora.
Os ventos sopram como outrora.
Alguns clamam:
será que é agora?!
Outros pelejam:
será que é a hora?
É tempo de recolhimento
de cultivar verdadeiros sentimentos.
Recolhe-te e trabalha-te por dentro!
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Trova de
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/RN, 1951 – 2013, Natal/RN
Amar… verbo transitivo
que em qualquer conjugação
traz um novo lenitivo
para o nosso coração!
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Soneto de
HILDEMAR CARDOSO MOREIRA
São Mateus do Sul/PR, 1926 – 2021, Contenda/PR
Meu corpo
Quase um século de vida aqui na terra
Tem o corpo que altivo me sustenta,
E a gene de ancestrais nele descerra
Em várias circunstâncias que ele enfrenta.
Exausto, algumas vezes se declina,
Mas retorna para a luta cotidiana,
Porque aquilo que eu sou, lhe determina
Cumprir o que, do Alto então se emana.
E relembrando o tempo já vivido
Esse corpo se sente agradecido
Pela alma que dirige os passos seus.
Porque entende que o corpo necessita
De uma alma que o dirija e que reflita
Nos respeitos que devemos para Deus.
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Trova de
PROFESSOR GARCIA
Caicó/RN
De volta ao lar que eu não via,
desde a minha mocidade...
Enquanto a emoção crescia,
crescia a dor da saudade!
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Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/RJ
O corpo cansado
As forças fogem aos poucos e o corpo cansado,
De tantas grandes lutas há muito vencidas,
E o entardecer da vida o dia caminhado
Com a alma ainda forte em busca de guaridas.
A indagação a Deus e o pedido de tempo
Para encaminhar tudo aquilo que sonhou,
O corpo dolorido pedindo o alimento
Prometendo os cuidados aos quais já deixou.
O embate ao qual o físico já superou
Pedindo ainda tempo ao querer ver crescer
Os filhos que a seus filhos o amor consagrou.
Já quase amanhecendo o remédio atuou
O corpo já sem força ao fim do entardecer
devolve a esperanças a quem acreditou.
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Trova de
WANDA DE PAULA MOURTHÉ
Belo Horizonte/MG
Meu diário! Em tuas folhas
morrem desejos sem fim...
Pago o preço das escolhas
que outros fizeram por mim.
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Soneto de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP
Não chores meu amor
Não chores, meu amor, pois tudo passa;
abalos fazem parte do viver...
A vida sem os sustos perde a graça
e o júbilo do riso renascer!
Transtorno, tal e qual a carapaça,
é criação visando proteger
a todos nós, se, quando, uma desgraça
quer liquidar com nosso bel-prazer.
Mas o desgosto ainda tem um jeito
de não deixar o nosso pobre peito
sofrer demais, até à eternidade.
Passado o sobressalto, que alegria!
Pois ela volta e, muitas vezes, cria
na gente até maior felicidade!
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Trova de
ZAÉ JÚNIOR
Botucatu/SP, 1929 – 2020, São Paulo/SP
Do que te fiz, fiz um laço,
que a minha consciência veste;
só não sei mais o que faço
com tudo o que me fizeste!
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Hino de
APARECIDA DO TABOADO/ MS
Ao encontrar de dois grandes rios
Surgiu além uma linda flor
Aparecida cidade encantada
Berço querido de paz e amor
Em teus campos existe perfume
Em teus lares paz e amor
O pensamento de teus queridos filhos
O lema é trabalho e união
Ai! Ai! Ai! Aparecida do Taboado
Ai! Ai! Ai! Aparecida do Taboado
Foi um humilde carpinteiro
Que te legou à Senhora Aparecida
Cantada em rincão abençoado
És hoje a princesinha mais querida
Ordem, trabalho e progresso
Simbolizam a fé de quem te ama
De uma alvorada levantada
Ao alto pedestal de tua fama
Ai! Ai! Ai! Aparecida do Taboado
Ai! Ai! Ai! Aparecida do Taboado
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/SP
Fui juiz de alheios fatos,
Hoje, a vida com razão
me faz réu dos mesmos atos,
que aos outros neguei perdão.
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Recordando Velhas Canções
LEVA EU SODADE
(toada, 1962)
Tito Guimarães e Alberto Cavalcanti
Ô leva eu,
Minha sodade,
Eu também quero ir,
Minha sodade,
Quando chego na ladeira,
Tenho medo de cair,
Leva eu, (leva eu)
Minha sodade.
Menina tu não te lembra,
(Minha sodade),
Daquela tarde fagueira,
(Minha sodade)
Tu te esqueces,
E eu me lembro,
Ai, que sodade matadeira,
Leva eu, (leva eu)
Minha sodade.
Na noite de São João,
(Minha sodade),
No terreiro uma bacia,
(Minha sodade),
Que é pra ver se para o ano,
Meu amor ainda me via,
Leva eu, (leva eu)
Minha sodade.
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Trova Humorística de
JOSÉ MOREIRA MONTEIRO
Nova Friburgo/RJ
Perguntaram-me: tens caspas
no teu couro cabeludo?
Eu respondi: não... e entre aspas
– Os piolhos comem tudo!
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