segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

José Feldman (Pafúncio na Confraternização dos Jornalistas)


Era uma noite animada quando Pafúncio, o jornalista da revista “Fuxico & Fofocas”, se preparava para a confraternização anual dos jornalistas e editores. O evento seria realizado em um restaurante elegante, e Pafúncio estava decidido a fazer a melhor impressão possível, embora sua ideia de elegância envolvesse uma camisa com estampas de abacaxis e uma gravata que piscava.

Ao chegar ao restaurante, Pafúncio ficou boquiaberto com a decoração sofisticada. As mesas eram adornadas com velas e flores, e o cheiro da comida deliciosa pairava no ar. Ele rapidamente se juntou aos colegas, que já estavam se divertindo e brindando. “Estou pronto para a festa!” ele exclamou, levantando seu copo de suco, enquanto todos sorriam, um tanto apreensivos.

Assim que a comida começou a ser servida, Pafúncio, na ânsia de experimentar tudo de uma vez, decidiu se levantar para pegar mais pratos. No entanto, ao dar o primeiro passo, ele tropeçou no pé da mesa e foi projetado para a frente, caindo de cara sobre uma mesa próxima, que estava cheia de pratos de comida.

O som do impacto foi ensurdecedor, e todos na confraternização pararam para olhar, enquanto Pafúncio se levantava, com um pedaço de lasanha preso em sua camisa. “Desculpem, estava apenas testando o buffet!” ele disse, tentando rir da situação, mas a lasanha escorregou e caiu no chão, fazendo um barulho surdo.

Os colegas de Pafúncio estavam em choque, mas não puderam evitar as risadas. Ele, sem se dar conta do que acontecia, decidiu que precisava se recompor e se aproximou do garçom que passava com uma bandeja cheia de copos de vidro.

“Com licença, posso me servir?” Pafúncio perguntou, mas, ao estender a mão, acabou derrubando a bandeja, que se espatifou no chão, espalhando copos como se fossem confetes. O garçom, com uma expressão de desespero, olhou para Pafúncio, que apenas deu um sorriso nervoso.

“Foi mal! A banda de jazz deve estar ensaiando para uma apresentação!” ele disse, tentando desviar a atenção da cena caótica.

A confraternização continuou, e Pafúncio decidiu que era hora de se divertir com a comida. Ele pegou uma azeitona, mas ao tentar comê-la, a azeitona voou da sua mão e acertou em cheio a cara do editor, que estava sentado ao seu lado. O editor, um homem sério e de poucos sorrisos, parou por um segundo, surpreso, e então começou a rir, o que deixou Pafúncio ainda mais aliviado.

“Desculpe, editor! Era só uma azeitona, não uma proposta de matéria!” Pafúncio comentou, rindo junto com os outros. O clima descontraído estava de volta, mas ele ainda não sabia que a noite guardava mais surpresas.

Quando chegou a hora dos discursos, Pafúncio decidiu que também queria fazer uma participação especial. Ao pegar o microfone da mesa de som, ele puxou com tanta força que o aparelho se soltou, emitindo um ruído ensurdecedor que ecoou por todo o restaurante. Os convidados cobriram os ouvidos, e Pafúncio, sem saber o que fazer, começou a balbuciar palavras desconexas.

“Eu só queria dizer que… que a vida é como um abacaxi! Às vezes você precisa cortar para encontrar o doce!” ele gritou, enquanto o microfone continuava a emitir chiados.

As risadas se misturaram ao caos, e a cena ficou tão absurda que alguns convidados começaram a sair, ainda atordoados pela situação. Pafúncio, percebendo que seu discurso não estava indo como planejado, decidiu encerrar da melhor forma que sabia. “Obrigado, obrigado! E agora, uma salva de palmas para a comida! E para o garçom que ainda está de pé!” ele disse, enquanto aplaudia com entusiasmo.

No final da noite, enquanto todos tentavam se recuperar do que acabaram de presenciar, Pafúncio, com um sorriso radiante, se despediu dos colegas. “Foi uma confraternização incrível! Eu realmente trouxe a festa!” ele exclamou, enquanto os outros jornalistas balançavam a cabeça, ainda atordoados.

Ao sair do restaurante, Pafúncio olhou para o céu noturno e pensou em como a vida era cheia de surpresas. “Hoje eu definitivamente fiz história!” ele murmurou para si mesmo, sem perceber que, apesar de todas as trapalhadas, ele havia conseguido unir os colegas em risadas e diversão — o verdadeiro espírito da confraternização.

Após a noite caótica, alguns colegas sugeriram que Pafúncio deveria ser convidado para todas as confraternizações futuras. “Precisamos dele para manter o clima leve! Quem mais poderia fazer a festa ter tanta vida?” brincou um deles.

Após a confraternização, as reações dos colegas de Pafúncio foram uma mistura de risos, incredulidade e alívio. 

Vários colegas riram tanto que mal conseguiam se controlar. Assim que se afastaram do restaurante, começaram a relembrar os momentos mais hilários da noite. “Lembram da azeitona que acertou o editor? Eu nunca pensei que veria isso!” um deles comentou, enquanto todos riam.

A situação rapidamente se tornou material para memes internos na revista. Um grupo de jornalistas começou a fazer montagens engraçadas com fotos de Pafúncio em sua camisa de abacaxi, destacando momentos da festa. “Pafúncio, o rei das confraternizações!” virou uma piada recorrente.

Enquanto caminhavam para seus carros, alguns jornalistas sussurravam comentários sobre as trapalhadas. “Acho que ele deveria ser nosso correspondente em festas de gala,” disse um. “Pelo menos teríamos boas histórias para contar!”

No dia seguinte, a história da confraternização tomou conta do escritório. Durante o café da manhã, todos estavam comentando sobre os eventos da noite anterior. “Se Pafúncio não tivesse caído na mesa de comida, não teríamos nada para rir hoje!” disse um editor.

Assim, as trapalhadas de Pafúncio se tornaram uma lembrança divertida e uma forma de fortalecer os laços entre os colegas, mostrando que, no fundo, o que contava era a diversão e a camaradagem — mesmo que isso significasse algumas lasanhas e copos quebrados pelo caminho.
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José Feldman nasceu na capital de São Paulo. Formado técnico de patologia clínica, não conseguiu concluir o curso superior de psicologia. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais; trovador da UBT São Paulo e membro da Casa do Poeta “Lampião de Gás”. Foi amigo pessoal de literatos de renome (falecidos), como Artur da Távola, André Carneiro, Eunice Arruda, Izo Goldman, Ademar Macedo, Hermoclydes S. Franco, e outros. Casado com a escritora, poetisa e tradutora professora Alba Krishna mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, radicou-se definitivamente em Maringá/PR. Consultor educacional junto a alunos e professores de universidades do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras e de trovas, fundador da Confraria Brasileira de Letras e Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, possui o blog Singrando Horizontes desde 2007, com cerca de 20 mil publicações. Atualmente assina seus escritos por Campo Mourão/PR. Publicou mais de 500 e-books. Em literatura, organizador de concursos de trovas, gestor cultural, poeta, escritor e trovador. Dezenas de premiações em trovas e poesias.

Fontes 
José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul. 
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

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