LOURDES REGINA F. GUTBROD
Rio de Janeiro/RJ +
Quando, ardoroso, me afagas,
sem leme e sem direção,
sou barco à mercê das vagas,
no intenso mar da paixão!
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Soneto de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
Uma vez um anjo apaixonou-se
Manuel Antonio Pina in "Todas as Palavras - Poesia Reunida (1974-2011)", p. 52
Uma vez um lindo anjo apaixonou-se
Ao fim de tantas viagens siderais
Por essa estrela que brilhava mais
E tinha a luz mais forte, quente e doce.
A vida rotineira alvoroçou-se
Começou a sofrer como os mortais
E nas vivas palpitações carnais
A sua alma errou e enredou-se.
Mas no reino sem fim desses espaços
Não se permitem beijos nem abraços
Entre vidas, assim, tão diferentes.
Recusando esse amor sem união
À beira do vazio dão a mão
E no céu fazem dois traços cadentes...
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Trova de
CÉSAR TORRACA
Rio de Janeiro/RJ
O Anedotário horroroso
que ele repete em torrente,
é do tempo em que o famoso
Mar Morto estava doente!
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
Monjolo
A madeira antiga
Dilui-se com a passagem
Do tempo, tempo
Que afaga teus contornos...
A madeira antiga
Resiste e ainda
Insiste, em sobreviver,
Mesmo com a ausência das águas,
Mantém vivo
O som distante
E repetitivo.
Do teu cadenciado toque...
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Trova de
JOSÉ MOREIRA MONTEIRO
Nova Friburgo/RJ
Trilhando o caminho certo
numa paixão ressequida
você foi no meu deserto
o oásis da minha vida.
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Poema de
ELISA ALDERANI
Ribeirão Preto/SP
Rei
Onde está meu rei?
Saiu do palácio…
Ele se foi.
Tudo ficou sem graça…
Mas não levou
Nem se quer uma taça.
Só os sonhos dele.
O trono ficou vazio
O resto ficou no mesmo lugar.
O tempo passou, esperei…
O rei não voltou,
Ninguém pegou seu lugar.
No trono agora,
Acredite se quiser,
Senta-se a poesia.
Ela sabe reinar.
Conduzir minha vida,
E, continuar a sonhar!
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Trova de
HEDER RUBENS SILVEIRA E SOUZA
Natal/RN
É sinal de coerência
ser previsível, constante...
Mas viver é sapiência:
tudo muda a todo instante!
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Poema de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918
Sonho
Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade
Solto para onde estás, e fico de ti perto!
Como, depois do sonho, é triste a realidade!
Como tudo, sem ti, fica depois deserto!
Sonho... Minha alma voa. O ar gorjeia e soluça.
Noite... A amplidão se estende, iluminada e calma:
De cada estrela de ouro um anjo se debruça,
E abre o olhar espantado, ao ver passar minha alma.
Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado.
Em torno a cada ninho anda bailando uma asa.
E, como sobre um leito um alvo cortinado,
Alva, a luz do luar cai sobre a tua casa.
Porém, subitamente, um relâmpago corta
Todo o espaço... O rumor de um salmo se levanta
E, sorrindo, serena, aparecer à porta,
Como numa moldura a imagem de uma Santa...
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Trova de
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN
Nos poemas que componho,
de beleza quase extrema,
eu ponho em verdade um sonho
dentro de cada poema!
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Poema de
JOSÉ FARIA NUNES
Caçu/GO
Oração do educador
Inspirai-me
oh! Mestre dos Mestres
para que o mister a que me proponho
ilumine as mentes a mim confiadas
nessa jornada. Dai-me sabedoria
Oh mestre, para que mais que professor
seja eu educador, condutor de esperanças
para um novo amanhã. Tenha eu
complacência para com aqueles
que de mim mais necessitam. Como orientador
de vidas jamais a intolerância consiga
meu domínio e me force a trilhar
o cômodo caminho do descompromisso.
Esteja eu mais para Apóstolos que para Pilatos
com um assumir constante da Divina
Missão de educar, criar vidas, reinventar mundos.
Possa eu educar para a vida
longe da discriminação sem marginalizar ninguém,
pois todos da luz são herdeiros e merecedores.
Tenha eu sempre na alma a imagem,
a lembrança do Mestre-Amor, Mestre-Perdão
e jamais expulse meu aluno
que merece ser mais gente,
jamais um desviado na marginalidade da vida.
Jamais me deixe esquecer
de que a palavra orienta, mas o amor
e o exemplo constroem, edificam para a vida
para o mundo
e para Deus.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
Na velhice, as incertezas,
para ocupar os espaços,
vão empilhando tristezas
e acumulando cansaços..
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Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS
Lunar
As casas cerraram seus milhares de pálpebras.
As ruas pouco a pouco deixaram de andar.
Só a lua multiplicou-se em todos os poços e poças.
Tudo está sob a encantação lunar...
E que importa se uns nossos artefatos
lá conseguiram afinal chegar?
Fiquem armando os sábios seus bodoques:
a própria lua tem sua usina de luar...
E mesmo o cão que está ladrando agora
é mais humano do que todas as máquinas.
Sinto-me artificial com esta esferográfica.
Não tanto... Alguém me há de ler com um meio sorriso
cúmplice... Deixo pena e papel... E, num feitiço antigo,
à luz da lua inteiramente me luarizo...
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Trova do
PROFESSOR GARCIA
Caicó/ RN
Desperto e fico tristonho,
é triste o meu despertar,
ver acabado o meu sonho
antes do sonho acabar!
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Hino de
SÃO TOMÉ/ RN
I
Entre terras serranas azuis
Um ar Olímpico o sopro vital
De mares Glaucos que embalsamam e conduzem
Em sesmaria a data do Pica-pau.
II
És banhada pelo Potengi amado
Que suas vertentes, fazem brotar
As produções que afluíram
A agricultura familiar.
III
Nesta terra bendita e fecunda
Suas riquezas podemos ressaltar
Entre todas, o algodão, ouro branco
E os minerais não deixemos de lembrar.
IV
Tu és boa terra hospitaleira
Em acolhimento não te podem igualar
Por isso hoje teus filhos jubilosos
Com alegria te querem saudar.
Refrão
São Tomé, terra de gente de fé
Não vejo, contudo creio
Nós teus filhos entre brados e aclamações
Aqui vimos abrigar-nos no teu seio.
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Trova de
JUSSARA C. GODINHO
Caxias do Sul/RS
A coerência é um laço
de fita bem amarrada.
Ser coerente é dar o passo
seguindo na mesma estrada!
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Soneto de
ANIBAL BEÇA
Manaus/ AM (1946 – 2009)
Profissão de fé
Meu verso quero enxuto mas sonoro
levando na cantiga essa alegria
colhida no compasso que decoro
com pés de vento soltos na harmonia.
Na dança das palavras me enamoro
prossigo passional na melodia
amante da metáfora em meus poros
já vou vagando em vasta arritmia .
No voo aliterado sigo o rumo
dos mares mais remotos navegados
e em faias de catraias me consumo.
É meu rito subscrito e bem firmado
sem o temor do velho e seu resumo
num eterno retorno renovado.
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Trova de
RITA MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP
Não lamento o meu outrora,
nem choro uma dor vivida,
lamento sim, a demora
em por Deus em minha vida.
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