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quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Lição (4)


Clarice Lispector
Chechelnyk/Ucrânia, 1920 – 1977, Rio de Janeiro/RJ

LIÇÃO DE FILHO


Recebi uma lição de um de meus filhos, antes dele fazer 14 anos. Haviam me telefonado avisando que uma moça que eu conhecia ia tocar na televisão, transmitido pelo Ministério da Educação. Liguei a televisão, mas em grande dúvida. Eu conhecera essa moça pessoalmente e ela era excessivamente suave, com voz de criança, e de um feminino-infantil. E eu me perguntava: terá ela força no piano? Eu a conhecera num momento muito importante: quando ela ia escolher a “camisola do dia” para o casamento. As perguntas que me fazia eram de uma franqueza ingênua que me surpreendia. Tocaria ela piano? Começou. E, Deus, ela possuía a força. Seu rosto era um outro, irreconhecível. Nos momentos de  violência apertava violentamente os lábios. Nos instantes de doçura entreabria a boca, dando-se inteira. E suava, da testa escorria para o rosto o suor. De surpresa de descobrir uma alma insuspeita, fiquei com os olhos cheios de água, na verdade eu chorava. Percebi que meu filho, quase uma criança, notara, expliquei: – Estou emocionada, vou tomar um calmante. E ele: -Você não sabe diferenciar emoção de nervosismo? Você está tendo uma emoção.

Entendi, aceitei, e disse-lhe: – Não vou tomar nenhum calmante. E vivi o que era para ser vivido.
________________________________________

Newton Vieira
Curvelo/MG


É do passado a lição,
mas com valor no presente:
- Só pode ter corpo são
quem tem saúde na mente.
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Josafá Sobreira
Rio de Janeiro/RJ


Se há barragens no percurso,
aprende a lição do rio
que, em paz, retoma o seu curso
após saudável desvio!
______________________
Artur da Távola
Rio de Janeiro/RJ, 1936 – 2008

GATOS


Bichos polêmicos sem o querer, porque sábios, mas inquietantes, talvez por isso. Nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece.
O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. Só as saudáveis.
Lembrei, então, de dizer, dos gatos, o que a observação de alguns anos me deu. Quem sabe, talvez, ocorra o milagre de iluminar um coração a eles fechado? Quem sabe, entendendo-os melhor, estabelece-se um grau de compreensão, uma possibilidade de luz e vida onde há ódio e temor? Quem sabe São Francisco de Assis não está por trás do Mago Merlin, soprando-me o artigo?
Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele é dependente, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso.
"Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser.
O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é espelho.
O gato é zen. O gato é Tao. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação.
Nada pede a quem não o quer.
Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se.
Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige.

Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente,é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês.
Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado, e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento.
O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós). Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, ele se afasta. Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe "ler" pensa que ele não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.
O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge portátil à disposição de quem o saiba perceber.
Monge, sim, refinado, silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas, esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas.
O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato!
Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo. O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, o qual ama e preserva como a um templo.
Lição de saúde sexual e sensualidade.
Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias.
Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal.
Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular.
Lição de salto.
Lição de silêncio.
Lição de descanso.
Lição de introversão.
Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra.
Lição de religiosidade sem ícones.
Lição de alimentação e requinte.
Lição de bom gosto e senso de oportunidade.
Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências.
O gato é uma chance de interiorização e sabedoria posta pelo mistério à disposição do homem.
________________________________
Sebas Sundfeld
Pirassununga/SP, 1924 – 2015, Tambaú/SP


Escolha o lugar que ocupa,
pensando nesta lição:
- quem cavalga na garupa,
não tem as rédeas na mão!
_______________________

Dulcídio de Barros Moreira Sobrinho
Juiz de Fora/MG


Aprenda bem a lição,  
desde bem cedo, menino,
pois na vida a Educação
é base do seu destino.
____________________
Nei Garcez
Curitiba/PR


Numa sala pequenina,
se prestarmos atenção,
a própria criança ensina
como ensinar a lição.
__________________________

Fernando Pessoa
Lisboa/Portugal, 1888 – 1935

PALCO DA VIDA


Você pode ter defeitos,
viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não se esqueça de que sua vida é a maior riqueza do mundo.
E  somente você pode evitar que ela vá a falência.
Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você.
Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões.
Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.
Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza.
Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos.
Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um não.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós.
É ter maturidade para falar eu errei.
É ter ousadia para dizer me perdoe.
É ter sensibilidade para expressar eu preciso de você.
É ter capacidade de dizer eu te amo.
É ter humildade da receptividade.
Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz . . .
E, quando você errar o caminho, recomece.
Pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita.
Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância.
Usar as perdas para refinar a paciência.
Usar as falhas para lapidar o prazer.
Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.
Jamais desista de si mesmo.
Jamais desista das pessoas que você ama.
Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um obstáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário.

Pedras no caminho?
Guarde todas,
um dia vai construir um castelo . . .

Fonte:
Textos e versos integrantes do Folhetim Literário Desiderata n. 10

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Lição (3)


Lenda Cherokee 
Estados Unidos

CONFLITO ENTRE DOIS LOBOS

Um velho cherokee dava lições de vida aos seus netos. Disse-lhes:
“Está se travando uma luta dentro de mim. Luta terrível, entre dois lobos.
Um é o medo, a cólera, a inveja, a tristeza, o remorso, a arrogância a auto-piedade, a culpa, o ressentimento, a inferioridade e a mentira.
O Outro é a paz, a esperança, o amor, a alegria, a delicadeza, a benevolência, a amizade, a empatia, a generosidade, a verdade, a compaixão e a fé.
A mesma luta está se travando dentro de vocês e de todas as outras pessoas…”
As crianças puseram-se a refletir sobre o assunto e uma delas perguntou ao avô: ” Qual dos lobos vencerá?”
O ancião respondeu:
” Aquele que for alimentado…”
_______________________
Olympio Coutinho
Belo Horizonte/MG

Curvas no curso dos rios
nos dão lição exemplar:
mesmo enfrentando desvios
eles sempre chegam ao mar.
____________________
Paulo Coelho 
Rio de Janeiro/RJ

LIÇÃO DE VIDA

Um velho, ao se aposentar, comprou uma fazenda para que seu filho administrasse, e resolveu passar seus dias na varanda. 
O Filho trabalhou durante três anos e ficou com raiva: "Meu pai não faz nada e ainda tenho que alimenta-lo".
Construiu uma grande caixa de madeira, foi até a varanda e ordenou: "Entre aí". 
O pai obedeceu. O filho colocou a caixa no carro e dirigiu até a beira de um precipício. 
Quando ia jogá-la, escutou a voz do pai: "Filho, pode atirar-me no despenhadeiro, mas guarde a caixa. Você está dando o exemplo e seus filhos vão querer usá-la com você".
__________________
Vanda Fagundes Queiroz
Curitiba/PR

A mais sublime lição
de grandeza, amor e fé,
foi ver um homem sem mão
pintando flores com o pé.
_________________
“Não faças da tua vida um rascunho, poderás não ter tempo de passá-la a limpo”.
Mário Quintana
Alegrete/RS, 1906 – 1994, Porto Alegre/RS
__________________
Domitilla Borges Beltrame
São Paulo/SP

Foste embora e, na saudade,
a ofensa se fez lição:
– descobri que o amor-verdade
se alicerça no perdão!
_________________
Cora Coralina
Cidade de Goiás/GO, 1889 – Goiânia/GO, 1985

ASSIM EU VEJO A VIDA

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
_________________________
Archimimo Lapagesse
Florianópolis/SC, 1897 – 1966, Rio de Janeiro/RJ

Renego a lição dos sábios
que nada sabem do amor...
Com um beijo só de teus lábios
tirei carta de doutor!
_________________________
David Chericián
Havana/Cuba, 1940 – 2002, Bogotá/Colômbia

LIÇÃO DE GRAMÁTICA

Eu estou, você está,
e ela está, e ele também;
e todos os que estavam estiveram
e estão muito bem.

Estamos, estaremos
nós, ela e ele
estarão lado a lado, e eu, que estive,
estarei.

E, se acaso estivesse
alguém que não tenha estado naquela vez,

bem-vindo!, porque estar é o que importa
-- e que todos estejam.
______________
Lucília Alzira Trindade Decarli
Bandeirantes/PR

Nas ruas de minha vida,
cada esquina uma lição,
e em cada etapa vencida,
muito zelo… de antemão!
_________________________
Goiá
Coromandel/MG, 1935 – 1981, Uberaba/MG

Julião Saturno
????

LIÇÃO DE CABOCLO

Enquanto o Trindade louvava o Divino
Surgiu um grã-fino num certo salão
Falando horrores com ares de troça
Da gente da roça que cuida do chão
Mais entre os presentes um moço que ouvia
Com diplomacia chamou-lhe atenção
Eu venho pedir-te se mau brasileiro
Que trate o roceiro com educação

Jogando pra trás os cabelos compridos
Num gesto atrevido falou arrogante
Quem és oh caipira com esta roupança?
Te dar confiança me é humilhante!
Meu pai tem riqueza e na sociedade
Só faço amizade com gente importante
E quem te apóia caipira atrasado
Procura atestado de ignorante

Respondeu o moço com educação
Vim ver o sertão onde fui criado
Agora a verdade tem que vir à tona
Não me impressiona teu papo furado
Que vale essa estampa de rico fingido
Se és atrevido e mal educado
Sou pobre e humilde mais digo a verdade
Que na faculdade eu fui diplomado

Respeito e defendo o nosso roceiro
Que ganha o dinheiro lavrando o chão
Tem deles coitados de alguns que enriquecem
E às vezes se esquecem que comem feijão
Ouvindo esta frase toda a caboclada
Em fila formada apertaram-lhe a mão
E o moço granfino vencido bradava
Eu não esperava por esta lição
_______________________
Vinicius de Moraes
Rio de Janeiro/RJ, 1913 – 1980

AULA DE PIANO

Depois do almoço na sala vazia
A mãe subia pra se recostar
E no passado que a sala escondia
A menininha ficava a esperar
O professor de piano chegava
E começava uma nova lição
E a menininha, tão bonitinha
Enchia a casa feito um clarim
Abria o peito, mandava brasa
E solfejava assim:
Ai, ai, ai
Lá, sol, fá, mi, ré
Tira a mão daí
Dó, dó, ré, dó, si
Aqui não dá pé
Mi, mi, fá, mi, ré
E a agora o sol, fá
Pra lição acabar
Diz o refrão quem não chora não mama
Veio o sucesso e a consagração
E finalmente deitaram na fama
Tendo atingido a total perfeição
Nunca se viu tanta variedade
A quatro mãos em concertos de amor
Mas na verdade, tinham saudade
De quando ele era seu professor
E quando ela menina e bela
Abria o berrador
Ai, ai, ai
Lá, sol, fá, mi, ré
Tira a mão daí
Dó, dó, ré, dó, si
Aqui não dá pé
Mi, mi, fá, mi, ré
E a agora o sol, fá
Pra lição acabar (3X)
_________________
Jeanette de Cnop
Maringá/PR

Enorme sabedoria
vem nesta simples lição:
doar afeto e alegria,
pra burlar a solidão.
____________________________
A única lição que é possível transmitir com beleza e receber com proveito; A única eterna, digna, valiosa: O respeito pela vida.
Cecília Meireles
Rio de Janeiro RJ, 1901-1964
_______________________
Magdalena Léa
Rio de Janeiro/RJ (1913 – 2001)

É nos elos que nós vemos
união e força patentes.
Porque é que não aprendemos
esta lição das correntes?
_____________________________
Risonaldo Costa
Belo Jardim/PE

A LIÇÃO DA BORBOLETA

Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo, um homem sentou e observou a borboleta por várias horas conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então  pareceu que ela parou de fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia, e não conseguia ir mais longe. Então o homem decidiu ajudar a borboleta, ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo.
A borboleta então saiu facilmente.
Mas seu corpo estava murcho e era pequeno e tinha as asas amassadas. O homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo.
Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto da sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas.  Ela nunca foi capaz de voar.
O que o homem, em sua gentileza e vontade de
ajudar, não compreendia era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura era o modo com que Deus fazia com que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas de modo que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo.
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida.
Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos, ele nos deixaria aleijados.
Nós não iríamos ser tão fortes como poderíamos ter sido.
Nós nunca poderíamos voar.
_______________________
Jaime Ribeiro da Silva
Cruzeiro/SP

Espera que, nesta vida,
tudo tem explicação.
- Não há causa que, perdida,
não nos traga uma lição.
_______________________________
Marina Valente
Bragança Paulista/SP

O esforço de uma formiga,
mais que exemplo é uma lição:
seu objetivo persiga
com fé e determinação.

Fonte:
Parte integrante do Folhetim Desiderata n. 10 - Tema: Lição

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Olivaldo Júnior (Todo trovador que se preze)

         18 de Julho: Dia do Trovador


  Hoje, dezoito de julho, é o Dia do Trovador. Essa data foi escolhida por ser o dia do nascimento de Luiz Otávio, “Príncipe dos Trovadores”, que, em 1966, fundou a União Brasileira de Trovadores (UBT), entidade que busca congregar os trovadores brasileiros e realizar Jogos Florais, como forma de aprimorar o talento desses poetas e divulgar a menor forma poética da Língua Portuguesa, ou seja, a trova, que, aliás, só é ‘mini’ em sua estrutura.

            Falando em trova, todo trovador que se preze deveria ter um cavalo selado à porta de casa, bem à moda dos trovadores medievais, que, de cidade em cidade, cantavam as boas novas da província anterior, tecendo, assim, sua colcha sonora, com muitas redondilhas e muita inspiração, sem abrir mão do poder de síntese, comum aos trovadores. Já pensou que bom seria ouvir um trovador e seu banjo, seu canto ancestral, um ‘buscador’ por excelência?

            Correspondo-me ainda hoje com alguns trovadores da UBT. Porque todo trovador que se preze tem sempre uma trova na manga, uma manga bem larga, de onde os sonhos emergem e ganham o mundo. Assim, nos quatro versos da trova, com sete sons poéticos cada um, em rimas alternadas, trovadores se aliançam e se fundem num só espírito criador, o de manter viva a chama que os nossos irmãos portugueses trouxeram no mastro das caravelas de então.

            Hoje, dezoito de julho, é o Dia do Trovador. O que esperar desse dia? Trova e poesia, talvez. No entanto, todo trovador que se preze pode esperar um lampejo de inspiração, seja do próximo, seja de si, para que a vida se mostre em cores. As mesmas com que Gislaine Canalles, que foi para o céu dos trovadores no último dia treze, viu reveladas em suas trovas e, de modo especial, em suas glosas. Assim, nesse dia, com “Gis” e Luiz, ‘trovemos’ todos!

Fonte: O autor