Todos aprendemos na escola ― às vezes, da pior maneira ― que “CORREDOR POLONÊS” é o nome dado a um castigo em que um indivíduo é forçado a passar por duas fileiras de pessoas que o agridem fisicamente. Todavia, embora essa prática violenta seja conhecida em todo o mundo, a menção aos poloneses só existe em nosso idioma.
Em inglês o castigo é chamado “running the gauntlet” (“correndo a manopla”). Em espanhol (“pena de baquetas”), em francês (“châtiment des baguettes”) faz referência às baquetas usadas pelos percussionistas das bandas marciais, usadas para aplicar bastonadas aos infelizes submetidos à punição. Na mesma pegada, e ainda mais diretos, os alemães dizem “Spieβrutenlaufen” (“corrida sob varas pontiagudas”) e os chineses usam a expressão (jiādào biānda) que significa, literalmente, “corredor de chicotadas”. Em italiano se diz “passare sotto le Forche Caudine”, em lembrança à humilhante rendição dos exércitos romanos na Batalha de Forcas Caudinas, um estreito passo de montanha na região da Campânia, em 321 a.C. Curiosamente, não houve mortos ou feridos nesse evento. Por sua vez, os poloneses conhecem esse suplício como “Praszczęta” e atribuem sua origem a uma punição militar aplicada, até o século XIX, pelo exército russo! Por que então a língua portuguesa faz referência à Polônia?
Ao contrário do que alguns pensam, o corredor polonês não é o indivíduo que corre desesperado tentando se esquivar dos golpes infligidos. Tampouco são poloneses os algozes enfileirados. Essa expressão tem origem em uma estreita faixa de terra disputada por alemães e poloneses entre a Primeira e a Segunda Grande Guerra. Ao final da Primeira Grande Guerra, as nações vencedoras se reuniram em Versailles para decidir as penalidades que deveriam ser cobradas à derrotada Alemanha. Entre elas, incluíram a cessão de parte do território alemão à Polônia, para que essa nação tivesse uma saída para o mar.
Essa região, uma área longa e estreita que cortava em duas partes o território alemão, passou a ser chamado “CORREDOR POLONÊS”. Vigorou de 1919 a 1939, quando o exército nazista o atacou por ambos os flancos, na invasão à Polônia que marcou o início da Segunda Grande Guerra. Ao fim da guerra, em 1945, não apenas o Corredor Polonês, mas também as áreas subjacentes, foram entregues à Polônia, permanecendo assim até hoje. Porém, a memória do rápido e violento ataque alemão que encurralou as forças polonesas presas no “corredor” é lembrado até hoje nos países de língua portuguesa quando alguém é instado a passar, por punição ou trote, por entre duas filas de companheiros impiedoso. (Fonte: espaço2d.com.br).
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Estas expressões idiomáticas são publicadas na Terça da Cultura Popular em sites do Pará.
Nas palavras de Célio Simões “A TERÇA DA CULTURA POPULAR começou por acaso. Publiquei num dos sites em que escrevo, um texto explicando a origem de certas expressões idiomáticas, que usamos quase sem perceber nos diálogos do cotidiano. Cito, como exemplo, algumas já divulgadas: Chato de galocha, Mão de vaca, Casa da mãe Joana, Santinha de pau oco, Chegar de mãos abanando, Sem eira nem beira, Dor de cotovelo, etc. Outras virão, na medida do possível. Atualmente tais textos são divulgados por vários sites e blogs de Belém (1), Santarém (1), Óbidos (2), Manaus (1)”
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(*) O autor é advogado, escritor, palestrante, poeta e memorialista. É membro da Academia Paraense de Letras, da Academia Paraense de Letras Jurídicas, da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Artística e Literária de Óbidos, da Confraria Brasileira de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós.
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