quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Marcelo Augusto Paiva (Aurora para que vos quero)


Quando à noite me debruço em alguma das janelas de minha morada, contemplo o infinito céu escuro crivado de estrelas cintilantes, as quais, com a serenidade do passar das horas, convidam a Aurora para participar do preâmbulo matinal que se aproxima. Ela se faz presente diante de mim, não apenas aos olhos, mas em minha alma - meus pensamentos - e me faz refletir sobre os sonhos e anseios que tive, realizados ou não. Uma fonte inesgotável de vida, que segue seu caminho pelos pontos de luz estelar ou pela escuridão que deles se avizinha.

Enquanto a contemplo, a Aurora anuncia um novo ciclo que se inicia a partir dela, renova as energias vitais e espirituais para seguir adiante com os desejos e projetos para os dias vindouros, ainda que ela não me acompanhe em toda essa jornada.

Majestosa - e divina - sempre surge com suas cores em vários lugares, cada qual a seu tempo e em circunstâncias exclusivas, comove os apaixonados ou assusta os desinformados, mas nunca deixa de trazer a lume o anúncio de que um novo dia brilhará para nós.

A Aurora faz crer que cada manhã nos renova e faz limpar nossas almas das coisas e dos fatos passados, necrosados pelo destempero das divergências ou das decepções pessoais. Ela nos faz limpar as más lembranças e crer que o brilho do sol que anuncia será o início de novos e melhores dias.

O sereno que a acompanha também me faz pensar em quão frágeis somos perante ela e seu infinito potencial renovador dos dias e da vida que dela seguem.

Às vezes a sinto tocar meus ossos, como se testasse minha resistência ao clima quase congelante, no aguardo do luminoso calor do astro-rei, o sol.

Ao amanhecer, contemplo o azul celestial do céu, iluminado e aquecido pelos raios de luz solar, que a dispensou para se firmar ao longo do dia. E a vida – minha e das outras pessoas - continua. Até ser renovada por nova contemplação da serena, divina e majestosa Aurora...
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* O autor é de Votorantim/SP

(esta crônica obteve o Menção Honrosa no Concurso de Crônicas Adulto Nacional “Foed Castro Chamma”, em 2020, com o tema Aurora)

Fontes: Luiza Fillus/ Bruno Pedro Bitencourt/ Flávio José Dalazona (org.). III Concurso Literário “Foed Castro Chamma 2020”. Ponta Grossa/PR: Texto e Contexto, 2021. 
Livro enviado por Luiza Fillus.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

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