segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

José Feldman (A Virada de Ano sem Artur da Tavola)

Meu amigo,

Este ano se encerra, e você não está mais junto de nós, e as saudades de você que nos deixou, não fará com que seja um final de ano feliz, pois a sua ausência será sentida e muito, muito mesma. Esta é uma distância que não permite que possamos te ver, nem te abraçar, e nem ouvir a sua voz.

E quando partiu, você deixou saudades, pois foram marcantes senão em minha vida, mas em tantas outras. Podemos ver seus retratos, escutar sua voz gravada em algum lugar, mas sempre aquele aperto no coração persiste, pois a saudade é muito forte.

Sentimos saudades de amigos que não vimos mais, e mais ainda, nos arrependemos ao saber que a distância nos separou, e nunca mais nos veremos mais.

Daí vem à mente tantos momentos que tivemos e sentimos saudades. Das pessoas que falamos e nunca mais, da infância que vivemos, de nossos pais quando vivos, ou bem mais jovens. Dos namoros, das risadas que sempre demos. Sentimos saudades do passado e dos muitos momentos que não vivemos e também daqueles que vivemos e nunca mais teremos novamente. Saudades dos sonhos que tivemos e que hoje, talvez nem lembremos mais quais são, mas que acreditávamos como algo mágico.

Sinto saudades de você que se foi, e nem mesmo tive oportunidade para lhe dizer adeus. Dos momentos que nos falamos, sejam de dor ou de alegria, foram momentos inesquecíveis.

Queria poder fazer uma trova, um haicai, uma poesia, alguma coisa bonita que perpetuasse para sempre a falta que faz, pois direta ou indiretamente, participou de minha vida.

Mas, mesmo que eu sinta a tristeza que há pela sua ausência, meu coração sorri, pois o seu espírito está mais vivo do que nunca em mim, e fostes um dos construtores de um santuário colossal, denominado Cultura. E, a cada tijolo que colocarmos nele, poderemos sentir sua presença, sua mão nos ajudando a coloca-lo no local exato.

Até mais tarde, meu amigo Artur, que este ano de 2009 seja a consolidação de seu sonho.
José Feldman

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(Artur da Tavola ) Vida Ensina

Se você pensa que sabe; que a vida lhe mostre o quanto não sabe.

Se você é muito simpático mas leva meia hora para concluir seu pensamento; que a vida lhe ensine que explica melhor o seu problema, aquele que começa pelo fim.

Se você faz exames demais; que a vida lhe ensine que doença é como esposa ciumenta: se procurar demais, acaba achando. Se você pensa que os outros é que sempre são isso ou aquilo; que a vida lhe ensine a olhar mais para você mesmo.

Se você pensa que viver é horizontal, unitário, definido, monobloco; que a vida lhe ensine a aceitar o conflito como condição lúdica da existência.Tanto mais lúdica quanto mais complexa.

Tanto mais complexa quanto mais consciente.Tanto mais consciente quanto mais difícil.

Tanto mais difícil quanto mais grandiosa. Se você pensa que disponibilidade com paz não é felicidade; que a vida lhe ensine a aproveitar os raros momentos em que ela (a paz) surge.

Que a vida ensine a cada menino a seguir o cristal que leva dentro, sua bússola existencial não revelada, sua percepção não verbalizável das coisas, sua capacidade de prosseguir com o que lhe é peculiar e próprio, por mais que pareçam úteis e eficazes as coisas que a ele, no fundo, não soam como tais, embora façam aparente sentido e se apresentem tão sedutoras quanto enganosas.

Que a vida nos ensine, a todos, a nunca dizer as verdades na hora da raiva.

Que desta aproveitemos apenas a forma direta e lúcida pela qual as verdades se nos revelam por seu intermédio; mas para dizê-las depois. Que a vida ensine que tão ou mais difícil do que ter razão, é saber tê-la. Que aquele garoto que não come, coma.

Que aquele que mata, não mate. Que aquela timidez do pobre passe.

Que a moça esforçada se forme. Que o jovem jovie.

Que o velho velhe. Que a moça moce. Que a luz luza. Que a paz paze.

Que o som soe. Que a mãe manhe. Que o pai paie. Que o sol sole. Que o filho filhe. Que a árvore arvore.

Que o ninho aninhe. Que o mar mare. Que a cor core. Que o abraço abrace. Que o perdão perdoe.

Que tudo vire verbo e verbe. Verde. Como a esperança. Pois, do jeito que o mundo vai, dá vontade de apagar e começar tudo de novo. A vida é substantiva, nós é que somos adjetivos.

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