sábado, 13 de agosto de 2011

Paulo Leminski (Ai daqueles)


Jorge Fregadolli (Livro de Trovas)


O homem nasce, cresce, morre,
deixa o mundo, a ilusão.
O que ninguém jamais esquece,
seu caráter, retidão.

No Rotary ou no lar,
é bom praticar o bem.
E deixe o tempo passar,
pra viver feliz também.

Bendito o irmão que na roça
puxa a enxada e planta o grão.
Tirando da terra a nossa
diária alimentação.

Neide Rocha Portugal,
pintora, jaz consagrada.
Poeta internacional…
nas telas, idolatrada!

Sem amor e sem carinho
vive o homem a lamentar.
Deixa o calor de seu ninho,
prá buscar noutro lugar!

Antenor, na plena idade,
chamou de Cidade Canção,
Maringá, bela cidade.
Aclamada pela multidão.

Por amar nossa Maringá,
divulgo meu amado chão!
– Lugar melhor não verá
meu torrão, meu coração!

Do arco-íris, o sinal
rebrilhando em Maringá,
nos mostra que a catedral
é benção ao Paraná!

Oh, bem-vindos, trovadores,
daqui, ali e acolá.
Trazendo sonhos e flores,
à radiante Maringá.

As garças brancas voando,
já no silêncio da aurora…
O seu sustento buscando,
ao romper da primeira hora.

Borboleta beijoqueira
dá beijos em cada flor.
Voando solta, fagueira,
vai fecundar seu amor.

Laura, tão querida tia,
será sempre a mãe amada.
Com gratidão, todo dia,
eternamente, idolatrada!

Na terra, no céu, no mar,
somos todos peregrinos.
A ciência há que buscar
os grandes e os pequeninos.

Arma-se a lona do circo,
todos os dias, no meio da rua.
Artista, enfrenta o risco…
o sorriso é marca sua.

Chove-chove, chuva amiga,
é benção à plantação.
Multiplica o fruto, a espiga,
dá mais vida e força ao chão!

– Que tamanho tem o mundo?
– Contém tudo, é o universo.
São seus sonhos mais profundos!…
Ele está em cada verso.

Fonte:
Olga Agulhon e Eliana Palma (orgs). Academia de Letras de Maringá: VII Coletânea 2011.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 299)

Uma Trova Nacional


Uma Trova Potiguar

A trovadora reclama
o peso do pé gessado;
e repousando na cama,
faz trovas de pé-quebrado.
–DJALMA MOTA/RN–

Uma Trova Premiada

2010 – Curitiba/PR
Tema: PIJAMA - M/H

Depois que se aposentou,
seu pijama é só frangalho,
pois nunca mais o tirou,
para não lhe dar trabalho.
–VANDA ALVES/PR–

Uma Trova de Ademar


Me tornei um eremita,
um verdadeiro ermitão,
quando a “gata” mais bonita
perdi para um sapatão!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Minha sogra bateu asa,
quando, com muita cautela,
pus um retrato, lá em casa,
da finada sogra dela...
–APRYGIO NOGUEIRA/MG–

Simplesmente Poesia

Jogando na loteria,
jogo do bicho ou cassino,
por descuido do destino
consegue ganhar um dia,
quando recebe a quantia
é na calçada assaltado,
presta queixa ao delegado
e a própria polícia encobre
- O sanduíche do pobre
só cai no chão emborcado.
PEDRO ERNESTO FILHO/CE–

Estrofe do Dia

Eu, de caneta na mão
sinto o verso que vem vindo,
ouço o barulho na mente
do repente se bulindo;
quando estou muito inspirado,
eu tanto escrevo acordado
como eu escrevo dormindo!...
ADEMAR MACEDO/RN–

Soneto do Dia

A Cirurgia do Leito Cinco.
–EDMAR JAPIASSÚ MAIA/RJ–

Num público hospital do meu estado,
devido ao meu estado de falência,
após muita vigília e persistência,
com muito custo, enfim, fui internado.

Na enfermaria, sem nenhum cuidado,
com rodízio de leito e impaciência,
fizeram-me cobaia da ciência
e fui rodando até ser operado.

A confusão lá dentro era total...
E consta no fichário do hospital,
o fato raro que, de fato, é dose!

De uma senhora, ao leito cinco presa,
consulto o prontuário e, com surpresa,
vejo anotado que operou... Fimose!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Roldão Aires (Antologia Poética)


VOLTAS

Nas voltas que a vida dá,
nas voltas que damos nós.
Coisas passam,sem as vermos
coisas ficam sem querermos.
Caminham juntas a nós,
fazem parte de nossa vida,
dão-nos, amor atenção,
trazem descanso a fadiga.
Em uma volta destas,
passastes em meu caminho.
Não percebi, segui adiante
Voltastes, e frente a frente,
agora pude notar-te.
Por que permiti que passa-ses?
És meiga como um anjo,
delicada como uma rosa.
Quantas voltas, tenho dado,
estavas bem ao meu lado,
e eu só queria amar-te!Amar-te!

MAIS UM BLOCO

Nem dei conta, mas mais
um bloco termina.
Quantas poesias nele fiz,
e em cada folha escrita
tua presença nela estava.
Quem versos faz,
canta sempre seu amor
por alguém, e nesse canto,
encantada a musa , ao lado
fica, morando no pensamento.
E o poeta sonhando pensa,
em um dia o seu verso sair,
e que presente esteja, o seu anjo
tão amado, sentada bem ao seu
lado, a musa do seu pensamento,
mesmo que seja, por um momento.

BIBELÔ

És linda,
pareces um bibelô importado.
Cabelos, olhos e boca, pedaços
de ti, que dentro do peito, tenho
guardado.
Quando para dentro de mim olho,
os vejo mas não gosto tanto de o
fazer.
Prefiro olhar à frente, e caminhar
bem devagar.
Arejar o pensamento, a vida viver,
cantar.
Prefiro isto, ao contrário do desejo
que sinto, quando para eles olho, e
começo, a de ti lembrar.

NÃO SEI

Não sei se são os teus olhos,
ou se o teu jeito inocente,
faz com que eu sinta, pelo
meu corpo inteiro,algo que
não sentia, alguma coisa
diferente.
Me pego às vezes, pelos cantos
a falar, palavras que há muito
não dizia.
Sinto que renovo-me,
que procuro uma maneira,
de poder vir a possuir um novo
sonho para ser vivído,
um novo amor, que dentro tenho,
e não pode ser contido

RIMA

És a rima que mais procuro,
para encerrar cada poema.
Procuro te usar bem pouco,
para não cansar,a quem lê.
Mas a cada verso escrito,
lá estas de novo voltando,
reescrevo,troco palavras,mas
de mim não sais ,continuas
teimando.
Tudo o que tento escrever,
tento esquecer o que para mim
representas, mas é só a caneta
pegar, que depressa retornas,
para mostrar, que és a parte
importante,deste ou de outro
poema, que eu venha a fazer.

QUANDO ANDAS

Fico perdido às vezes
olhando o teu caminhar.
São passos tão leve dados,
que eu não canso de olhar.
Princesa o és, em tudo.
O balanço do teu cabelo
conforme o teu andar
parecem que a acenar à mim
ficam, eu que vivo a te olhar.
Sonho de criatura,
juro-te com sinceridade,
olho-te com os olhos do amor,
prá mim és toda, ternura.

Fonte:
Poemas enviados pelo Autor

Roldão Aires (1948)


Roldão Aires Joaquim nasceu em São Paulo, capital, em 6 de fevereiro de 1948.

Sua primeira atividade foi a de piloto aviador, na década de 70. Posteriormente atuou em propaganda e atualmente, exerce trabalhos na área de comunicação e artes (locução de rádio, publicidade - criação, pintura e poesia).

Em 1997, foi convidado pela secretaria de Cultura do Município de Mogi das Cruzes, a fazer uma exposição experimental, pois era muito conhecido como publicitário. Neste ano, efetuou uma pequena mostra que abriu caminho a mais de 20 exposições efetuadas até os dias atuais, tendo participado recentemente de várias mostras em São Paulo, na Casa de Cultura da Penha, dentre outros lugares.

Possui quadros no exterior, em países como México e Portugal, e outras obras suas com artistas como o cantor Roberto Leal, o cantor Juca Chaves, a apresentadora Angélica, a atriz da TV Record Bianca Rinaldi, o jornalista Paulo Henrique Amorim, o falecido deputado Federal (ex-presidente do Conselho de ética da Câmara) Ricardo Izar, o humorista Zé Vasconcelos, vereadores Toninho Paiva e Myryam Athiê, dentre outros artistas e jornalistas.

Pertence à Associação Paulista de Belas Artes, desde julho de 2001.

É membro da Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências – ACLAC da cidade Arraial do Cabo – RJ (cadeira nº 27).

É responsável pela parte publicitária do PORTAL R.A.J (www.portalraj.com.br) – que administra junto aos filhos, e que também trabalha com exposições virtuais de arte e catálogo de artistas.

O artista é poeta e catalogado no Livro “Artes Plásticas do Brasil”, da Editora Júlio Louzada, Vol. 13. Pág. 05. Artes.

No dia 13 de junho de 2010, recebeu o prêmio “Jorge T. Rizzini”, pelo segundo lugar no concurso de contos e poesias, com temática espírita, realizado na cidade de Jacareí, interior do estado de São Paulo.

Fonte:
União Brasileira de Escritores

Cantando ao Som das Setilhas (Debate pela Internet) Parte 5


57 - Zé Lucas
No Nordeste não se sente
a variação do clima.
O termômetro daqui
só marca de trinta acima;
por isso nossa poesia,
em qualquer hora do dia,
mantém o calor da rima.

58 – Gislaine Canales
A vida é uma obra-prima,
solidão jamais eu sinto,
pois tenho muitos amigos,
e me fala o meu instinto,
que é mais que amor, a amizade,
que me dá a felicidade
que eu desejo e que pressinto!

59 - Prof. Garcia
Falo a verdade e não minto
da luta eu nunca desisto,
trabalho feito a formiga
e a tudo eu sempre resisto;
porque a fé a que me apego
tira o peso que carrego
desta cruz que me deu Cristo!

60-Delcy Canalles
Para mim, sempre é benquisto,
o ser que tem fé, tem crença,
que não foge dos problemas
e impõe a sua presença,
alguém que busca saúde,
mas não muda de atitude,
se pego pela doença!

61 - A. A. de Assis
Para mim faz diferença,
eu que sou muito friorento,
mais um domingo a Drummond,
chuvinhoso, chuvinhento.
Por isso, que nem Delcy Canalles,
me quedo encolhido aqui,
trancado no apartamento.

62 - Arlindo T. Hagen
Não mostrar abatimento
se a doença aparecer,
mais que respeitar a Morte,
é respeitar o Viver,
pois, nos percalços da vida,
sofrer de cabeça erguida
é um pouco menos sofrer.

63 – Thalma Tavares
Procuro não me abater
por causa de sofrimentos,
nem fazer de minha vida
um rosário de lamentos,
porque nós somos autores
de todas as nossas dores
e de outros tantos tormentos.

64 - Zé Lucas
Todos nós temos momentos
de alegrias e de dores;
a vida é o que há de melhor,
porém nem tudo são flores.
Ninguém se isenta do pranto:
Jesus sofreu, sendo santo,
quanto mais nós, pecadores!

65-Gislaine Canales
Mesmo a sentir muitas dores,
quero viver a alegria
dentro do meu coração,
pra espantar a nostalgia
para bem longe de mim,
e dar, à tristeza, um fim,
e me vestir de poesia!

66 - Prof. Garcia
Sob o mando da poesia
eu me escondo e me protejo,
fujo de um mundo insincero
e das maldades que vejo;
ser feliz, sendo poeta,
é minha senha secreta
de tudo quanto desejo.

67-Delcy Canalles
Os meus sonhos são voejos
que procuram as estrelas,
que viajam às galáxias
desejando conhecê-las,
e ante tantas maravilhas,
faço minhas redondilhas
pelo prazer de fazê-las!

68 - A. A. de Assis
As flores, que bom revê-las,
e até o bem-te-vi voltou...
Bem-me-vendo na janela,
bem cedinho me saudou.
Há muito ele não cantava,
decerto porque aguardava
o tempo mudar. Mudou.

69 - Arlindo T. Hagen
O inverno nem terminou
e, em demonstrações festeiras,
saudamos a Primavera.
E nestas horas fagueiras
fico escutando, feliz,
a orquestra de bem-te-vis
e sabiás-laranjeiras.

70 – Thalma Tavares
Nos ramos das laranjeiras,
em minha terra, o bem-te-vi
tem um parceiro canoro:
é o cantor pitiguari
que nos desperta bem cedo
avisando, no arvoredo:
“vem gente de fora, aí”.

71 – Zé Lucas
Minha vida em Pirangi
é fazer verso e sonhar,
conversar com as estrelas,
tomar banho de luar
e colher, durante o dia,
os retalhas de poesia
que a Lua deixa no mar.

72 - Gislaine Canales
Por isto eu vivo a cantar,
na minha nova morada;
em meio ao mar e à montanha,
eu escuto a passarada,
que me acorda todo o dia
com seu chilrear de alegria,
com a voz do mar, mesclada.

73 – Prof. Garcia
Em cada manhã sagrada
pela mão do criador,
eu olho para o infinito
só vejo paz e esplendor;
não tem montanha nem mar,
mas minha vida é sonhar
fazendo versos de amor!

74 – Delcy Canalles
Como um voo de condor,
pelo céu das minhas rimas,
faço um passeio estonteante,
enfrentando quaisquer climas,
e, então, eu escrevo versos,
em poemas bem diversos
que, às vezes, dão obras-primas!

75 – A. A. de Assis
Se a natureza sublimas,
começa a alegrar-te então,
que ela está pronta e enfeitada
para a troca de estação.
É a grande festa das flores,
o espetáculo das cores,
lá fora e no coração.

76 – Arlindo T. Hagen
Quando o sol da inspiração
banha de luz e energia
o coração de um poeta
por encanto, se inicia
um período multicor
e a estação, seja qual for,
vira estação da Poesia!

77 – Thalma Tavares
Quanta luz, quanta energia
que a poesia libera
quando o poeta pressente
a vinda da primavera!...
E o poeta sentindo a brisa,
sonhos de paz realiza
e a inspiração prolifera.

78 - Zé Lucas
Quando chega a primavera,
cobrindo o mundo de flores,
parece que nossos versos
se vestem de novas cores,
e nós, de alma renascida,
cantamos o amor à vida
e a vida em nossos amores.

79-Gislaine Canales
Num mundo cheio de cores,
devemos sempre viver
cada momento da vida,
sem nossa alma entristecer,
pois nós temos a alegria
de saber que a poesia
não nos deixará morrer!

80 - Prof. Garcia
Lutar é um grande dever,
e obrigação que se tem,
muito embora, nossa vida,
seja um eterno vai-e-vem;
porque por mais que se faça,
de repente, tudo passa
e a vida passa também!

81-Delcy Canalles
Viver a vida é um bem
e mais que bem, eu diria,
é graça que nos é dada
pelo Senhor, cada dia!
Sejamos, pois, bem unidos
e amigos fortalecidos,
em nosso amor à poesia.

82- A. A. de Assis
Traz o ipê branco alegria
às ruas de Maringá;
espetáculos mais belos,
poucos no mundo haverá.
Lembram fofas cabecinhas
de elegantes vovozinhas
brincando de roda, olá!...

83 - Arlindo T. Hagen
Eu, que já estive por lá,
afirmo e ninguém contesta:
Maringá é mesmo linda!
Eis a impressão que nos resta
das alturas a observando:
uma cidade brotando
pelas frestas da floresta!

84 – Thalma Tavares
Quanto caminho nos resta
para ver toda a beleza
que o Brasil nos oferece
em termos de Natureza!...
Belo exemplo é Maringá
e quem já andou por lá
tem disso plena certeza.
-------------------
Parte 1 – http://singrandohorizontes.blogspot.com/2011/07/cantando-ao-som-das-setilhas-debate.html
Parte 2 – http://singrandohorizontes.blogspot.com/2011/07/cantando-ao-som-das-setilhas-debate_10.html
Parte 3 – http://singrandohorizontes.blogspot.com/2011/07/cantando-ao-som-das-setilhas-debate_11.html
Parte 4 – http://singrandohorizontes.blogspot.com/2011/07/cantando-ao-som-das-setilhas-debate_12.html
-----------------------
continua...
---------------------
Fonte:
Colaboração de Zé Lucas. José Lucas e parceiros. Cantando ao som das setilhas. Natal/RN: 2011.

Hermoclydes S.Franco ( Ser Pai)


Ser pai é ser amigo diligente,
é saber escutar mágoas e dores...
Ser pai é procurar ser indulgente,
sem deixar de entender jovens clamores...

Ser pai é compreender novos valores,
ser um guia seguro e confidente.
Ser pai é dar conselhos, mandar flores,
é ser franco e leal, justo e exigente!

Ser pai é dar arrimo, força e amparo,
de carinhos jamais fazer-se avaro,
sobretudo se um filho, acaso, cai.

Ser pai é estar atento e sempre em guarda,
se vencido, manter a voz galharda
e chorar, se preciso... Isto é SER PAI!...

Oficina de Criação Poética em Londrina/PR


Estão abertas as inscrições para a Oficina de Criação Poética com o escritor londrinense Maurício Arruda Mendonça.

A oficina é parte do projeto O Recado dos Livros, que este ano realiza atividades mensais em comemoração aos 60 anos da Biblioteca Pública de Londrina.

A oficina será realizada em seis encontros, das 14 às 17 h, nos dias 15, 17, 19, 22, 24 e 25 de agosto na Biblioteca Pública.

Estão sendo ofertadas 20 vagas e as oficinas são gratuitas.

Os participantes devem ter 15 anos ou mais.

As inscrições podem ser feitas através do email orecadodoslivros@yahoo.com.br, na própria Biblioteca ou pelo telefone 3371-6500.

A oficina acontece na Biblioteca Pública de Londrina, Avenida Rio de Janeiro, 413 Centro - Londrina/PR.

Antonio Brás Constante (Morde com Raiva ou Assopra com Carinho)


Hoje este pretenso aprendiz de escritor resolveu escrever algo mais direcionado aos aspirantes a escritores, que muitas vezes me procuram questionando se vale à pena mergulhar no mundo das letras. Muitos acham que escrever é fácil e que escritores, assim como técnicos de futebol, decepcionam simplesmente por não saberem ler os pensamentos, gostos, preferências ou estados de humor de seus leitores ou torcedores.

Escrever realmente não é difícil, normalmente se aprende o básico já nas series iniciais da escola. Mas para querer ser escritor a pessoa antes de tudo tem que estar pronta a ser uma vidraça humana, suportando todas as pedras atiradas contra suas obras, a cada vez que ousa publicar um novo texto, sem se fragmentar com isso. Uns escrevem porque querem mudar o mundo, outros para se autoafirmar, outros para deixar sua marca, ou porque acham que é mais fácil escrever do que plantar uma árvore ou ter um filho. E outros ainda, como é o meu caso, escrevem por prazer (não para agradar ou irritar os outros como muitos pensam), um prazer inexplicável, que nos faz sentar na frente de um computador e deixar fluir o que vier na mente, deixando para os sites, jornais, blogs, revistas, etc, a decisão de publicar aquele texto ou não.

Mas voltando aos aspirantes das letras, vou deixar aqui algumas das mensagens que freqüentemente recebo, com elogios e críticas. Transcrevi as mensagens apenas separando-as entre mensagens sobre textos publicados e opiniões sobre meu livro. Ao lerem estas mensagens, imaginem-se sendo vocês que as receberam, e reflitam se vale à pena entrar para este mundo... Ou não.

ALGUMAS MENSAGENS RECEBIDAS SOBRE TEXTOS PUBLICADOS

“Por um momento pensei estar lendo Luis Fernando Veríssimo...” (Lepore)

“Tem um chato que escreve (escrevinhador) qq coisa, sobre qq assunto, e tenta dar uma roupagem aos textos. Textos monótonos, idéias pedestres, monopolizando o espaço.” (Lepore)

“Sou leitor fidedigno e gostaria de lhe saudar pela crescente qualidade de seus escritos. Ressalto nesta mensagem a profundidade e a simplicidade de sua mensagem. Nunca li algo parecido, no foco e no desenvolvimento de seu texto. Gostaria de agradecer por ter a atitude de escrever a vida em seus artigos, brindando seus leitores com risadas, discussão de temas e reflexão acima de tudo.” (William).

“Acho vc um idiota, que não tem o que fazer e fica mandando essas palhaçadas, a coisa já chegou de outra maneira na net, acho que não se deve brincar com essas coisas, não tem um pingo de graça”. (Pessoa identificada como Conceição, sobre o texto “E a gente ainda leva a sério”, entendendo que eu estava criando as tais correntes malditas que povoam a internet e não apenas parodiando-as, justamente para tentar alertar as pessoas sobre elas).

ALGUMAS MENSAGENS RECEBIDAS SOBRE O LIVRO: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”

“Houve um momento em que eu quase ri (...). Levando-se em consideração que me fizeram acreditar que era um livro de humor, foi um efeito completamente decepcionante. Sem falar na abordagem previsível e repetitiva dos assuntos escolhidos. Há tantos lugares-comuns no livro que quase achei que fosse minha casa (droga, acho que o humor ruim de Antônio me contagiou momentaneamente). O autor deve ser um tio e/ou pai e/ou ou avô metido a engraçado, metido a atualizado, metido a inteligente... Mas está apenas um nível acima da mediocridade em cada um desses aspectos. Talvez até divertido pessoalmente, mas entediante num livro. Não sei se tem potencial para vir a ser um bom escritor um dia. Afinal, falta a ele o ingrediente principal para isso: auto-crítica. Se ele achou que este livro estava bom o bastante para ser publicado e divulgado ferrenhamente aqui no Skoob, não sei se tem capacidade de "cair na real" e perceber que as coisas que ele aparentemente tem tanta vontade de dizer ao mundo (algo que gostei nele... o prazer em escrever... mesmo as bobagens que escreve) não têm mais graça, em nenhum sentido, e sabendo disso começar a mudar, a pensar mais criativamente. Talvez isto envolva mudanças na própria maneira de ele ver o mundo... Algo difícil e trabalhoso de se conseguir. Mais uma razão para eu crer que desse mato não deve sair coelho tão cedo.” (Victor).

“Li seu livro, estou sem palavras para comentar. rs Amei, de verdade! Suas críticas são duras mas ao mesmo tempo tem uma leveza de humor incrível. Ah uns dias atrás li o livro de um autor mtoo famoso e conhecido, tanto me indicaram que acabei lendo, mas foi uma leitura com crônicas cansativa, a leitura se tornou forçada. Com seu livro aconteceu completamente o contrário, tudo fluía, e cada página que lia, queria apreciar mais e mais. Você está de parabéns! Vou divulgar seu trabalho!) Um abraço!” (Mary)

Enfim, amando ou odiando aquilo que escrevo a ponto de continuarem lendo e relendo meus singelos textos apenas para muitas vezes criticá-los ferozmente depois, de minha parte só o que posso dizer é que vou continuar escrevendo enquanto tiver prazer em fazer isso, para sorte ou azar de todos aqueles que esbarrarem com minhas pérolas textuais. E a vida, esta caixinha de surpresas onde vivemos, a vida continua...

Fonte:
Texto enviado pelo autor

Notas sobre Palavras da Cronica de Amosse Mucavele (Gaza, meu Útero)


http://singrandohorizontes.blogspot.com/2011/08/amosse-mucavele-gaza-meu-utero.html

Algumas palavras que estavam nesta crônica do moçambicano Mucavele, geraram dúvidas sobre o seu significado. Após contato com o autor, ele elucida:

Mabalane é o nome de um distrito da província de Gaza, onde outrora tinha um campo de reeducação no tempo colonial.

Niketche – nome de uma dança do centro de Moçambique– e que é um titulo de uma das obras mais representativas da Paulina Chiziane (Niketche uma Historia de Poligamia).

Ngungunhane – rei do Império de Gaza,

Changana – lingua falada na província de Gaza.

Poesia Sem Fronteiras II


Porquê
ALFREDO DOS SANTOS MENDES


Procuro e não encontro uma razão
do teu afastamento prematuro.
Que fiz de mal? Não sei!!! Por Deus te juro!
Se um dia te ofendi...Peço perdão!

Espero não ter sido grosseirão
ou deixar descambado meu apuro.
Se foi esse o motivo não censuro,
O teu silêncio como exaltação!

Cada dia passado é um tormento,
se não te sinto aqui por um momento,
representada em meu computador!

Que poderei fazer para voltar
ao ligar meu PC eu encontrar:
teus poemas pintados com amor!

Começar Tudo, Outra Vez !
ANA PAULA COSTA BRASIL
  
Para todo o sempre,
meu amor.
Quero te amar...
para todo o sempre.
Abraçar-te
e sentir tua alma,
eternamente.
Sentir-te...
Tê-lo...
Viver o amor
que temos um pelo outro,
que ainda teremos
e que tanto desejamos.
Amor,
tu me fazes sentir viva,
tu me fazes ter vida
e me fazes querer... querer...
Tê-lo para todo e sempre
e amá-lo eternamente
não são sonhos
e sim a mais bela aspiração.
Meu amor,
desejá-lo mais a cada toque;
senti-lo mais a cada beijo
e viver mais a cada momento
de amor
é a mais doce melodia.

Navegando
APARECIDO DONIZETTI HERNANDEZ

Navego o turbulento barco de minha vida...

Turbulento e cismado barco de angústias,
Angústias que parecem fazer parte de todas as existências.
- Turbulento barco de minha existência -

Barco turbulento à procura de águas calmas
A fazer contra-ponto aos turbilhões internos de minha alma,

Onde encontro tais águas a não ser junto a ti,
Que tens o dom de acalmar o turbulento barco de minha vida.

Minhas angústias parecem amainar com sua presença,
Presença de águas calmas, que geram esperanças
Nas angústias de minha alma.

Somente você me acalma,
Tens o dom de purificar minha alma

Cantarei o Amor!
DANIELA WAINBERG
 
A paixão é um sentimento
a invadir meu coração.
Chega ardente e envolvente,
incendiando corações.
Esses, outrora, tranquilos,
parecem ter dois lados:
um escuro e o outro claro.
A paixão ora faz meu corpo
ferver de intenso ardor,
ora é devastadora e extremamente
cruel e egoísta,
deixando-me triste e desolada.
Não me deixarei abalar;
feliz, cantarei o amor.

Morada da Minha Infância
DIANA CAMARGO

Altiva e majestosa
Com suas paredes brancas
Plantada aos pés do serro
Sob o olhar da Virgem Santa.
Foste palco de uma história
Tantos sonhos e quimeras
Abrigaste tantas vidas
Entre tantas primaveras.
Sempre muito hospitaleira
Aos que ali se achegavam
Muitos causos, muitos risos
À sombra da tua figueira.
Lembrança das brincadeiras
Aos poucos vão se apagando
Pois ainda muito cedo
Deixei o teu aconchego.
Hoje apenas na lembrança
De cada um de teus filhos
Foi tombada pelo tempo
Morada da minha infância.
Mas tua imagem tão clara
Não se apaga da memória
Vai transcender pelo tempo
Faz parte da nossa história.

Nosso Jardim
JANDYRA ADAMI

A trepadeira está florida
Assim... outras flores do jardim
Os pássaros e borboletas
Não deixam de passar por aqui
Fico sentada olhando
Este pedaço de mundo
Que foi nosso... tão nosso...
O jardim de nossa casa.
O caramanchão num canto
onde, às tardinhas, vínhamos conversar.
Tudo está aqui, como antigamente,
as cadeiras, a mesinha de cimento,
pintadas de branco, conforme seu desejo.
No chão, espalhadas, folhas e pétalas
que o vento traz.
Entre a brisa suave que toca meu rosto,
e a ventania que move as nuvens,
meu pensamento voa e recordo
todos nossos momentos, nossa alegria,
a conversa animada, todos os dias,
antes de o sol se por.
Continuo olhando tudo por nós dois,
sentindo a mesma sensação de prazer,
olhando a natureza...
Sua presença está marcada, indelével,
em cada cantinho do nosso jardim...

Ah! Saudade!
JOÃO PRETTO CAVALCANTI
 
Da minha janela,
vejo as árvores e as flores.
A rua silenciosa e vazia;
apenas o canto dos pássaros.
Percorro outros pontos da cidade:
movimentada, muito agitada
e, quando vejo,
deparo-me com o Guaíba
e passo a admirar um pôr do sol lindo,
de um vermelho alaranjado
Começo a pensar
no que existe,
além daquele pôr do sol.
Qual o seu mistério?
Sonho que estou percorrendo
um lugar florido,
de uma beleza ímpar,
sem impurezas.
Com isso, volto a minha alma pequenina,
infantil, inocente, pura...
Como num passe de mágica,
volto a dura realidade,
e saio andando, lentamente,
sorrindo de meu doce sonho.

Utopias do Pampa
JURACI DA SILVA MARTINS
 
Como uma promessa
Como um vago alento
Novos sentimentos
Podem renascer,
Das raízes índias
Vindas de outros tempos
Que brotam em eventos
Para um florescer...
 
Como a chuva fresca
Faz viver a planta
Toda a crença adianta
Um raiar de sol.
E sobre a terra seca
Doa abandonados
Vem soprar alado
Um vento de paz...
 
Então teremos
Sem os preconceitos
Muitos eleitos
Para um mutirão
Pois tantos valores
Que foram perdidos
Serão ressarcidos
Se nos Irmanar!

Coração Calejado
LUCAS COZZA BRUNO

Tua poesia fala de um coração calejado
de dores, de perdas e de decepções;
coração temeroso de arapucas
e caminhos tórridos,
fendas que cicatrizam e outras que se abrem,
que se pergunta como ser feliz?
Ah! Quanta incerteza!
Que descrença!
Este coração é generoso,
consolador, fraterno,
com desejos e anseios;
um campo fértil de sinceridade,
de amor, de lindas nuances
que tocam as almas de quem o conhece,
coração que sabe levar os amigos
ao mais infinito dos sonhos.
Acorde minha Estrela,
teu coração brilha tanto,
tanto... que supera as dificuldades.
É um canteiro de esperanças e desejos,
que faz com que a poesia
me tire até do rumo.
Coração com perfume, com beijos
como noite de lua cheia
embalado em papel colorido
retirado de pedaços do arco-íris.
Abre este teu coração calejado,
que vejo com olhos de amor e de gratidão
querendo te dizer: do grande bem
que este teu coração nos faz!

Atordoada...
MARJORIE CASSOL SPAGNOLO CANSAN
 
Lamento não ter aproveitado
melhor o meu dia a dia.
Momentos passaram voando
sem perceber continuei caminhando,
deixando para trás muitas coisas.
Nada volta ao início.
Se perdermos, temos que continuar.
Não adianta se remoer.
O que devemos fazer
é aproveitar o que nos resta.
Sigo me lamentando, chorando,
gritando, esperneando até perceber
que nada volta
e que cada acontecimento
é único mesmo
se quisermos vivê-los novamente.

Se...
TÂNIA REGINA DA SILVA GUIMARÃES
 
No meu canto, eu me encontro no passado;
no silêncio;
na dor;
na saudade;
no querer...
No meu canto, eu encontro o encanto no canto;
na cor;
na flor.
No meu canto, eu me encanto com o meu encontro!

Agosto à Contra-Gosto
TCHELLO D'BARROS

O tempo nos tece uma veste
E muito nos custa esse imposto
Pois lento nos dá outro susto
Gastou-se mais um agosto

Posto que vasto é o tempo
E visto que nos é imposto
Viver só um tempo sucinto
Numa sina à contra-gosto

A teia insana das horas
Aos poucos nos sela um desgosto
No vasto espaço do espelho
O tempo esculpe o seu rosto

Vivenciando a Vida
TEKA NASCIMENTO

Meigas tardes, de sol aureoladas,
flores olentes perfumando o ar,
o arvoredo a sorrir pelas calçadas,
que mais queremos, pra nos encantar?

A vida é uma benesse dadivosa
que eterniza de amor cada momento;
esse milagre, que é música maviosa,
nos enche de ternura e encantamento!

Cada mágico instante desta vida,
é um anseio de paz que nos convida
na luz do amor o espírito aquecer!

Mas essa luz de encanto e claridade
o excelso Pai só ousa conceder
a quem cultiva o bem e ama a bondade!

Despedida (II)
TITO OLÍVIO

Um ano passou já sobre esse dia
Em que juntos dormimos docemente,
Depois de nos amarmos loucamente,
Jurando amor eterno em euforia.

Partiste de manhã, sem alegria,
Com a alma dorida de quem sente
Que vários meses vais estar ausente
E pode o amor morrer em agonia.

Mas eu fui-te fiel e assim serei,
Sofri todo este tempo e esperei,
Cuidando com amor nosso jardim.

Se o meu corpo definha de tristeza,
Eu acredito em ti, tenho a certeza
Que voltarás um dia para mim.

Fonte:
Colaboração Carlos Leite Ribeiro. Iara Melo. Recanto da Prosa e do Verso. Ano III – julho de 2010.

Antonio Candido, Anatol Rosenfeld, Decio de Almeida Prado e Paulo Emílio Sales Gomes (A Personagem de Ficção) Parte III – O Problema Epistemológico (a


3) O problema epistemológico (a personagem). É porém a personagem que com mais nitidez torna patente a ficção, e através dela a camada imaginária se adensa e se cristaliza. Isto é pouco evidente na poesia lírica, em que não parece haver personagem. Todavia, expresso ou não, costuma manifestar-se no poema um “Eu lírico” que não deve ser confundido com o Eu empírico do autor. Sem dúvida, houve no decurso da história grandes variações neste campo. Não se devem aplicar os mesmos padrões e conceitos a poemas da Grécia antiga, a poemas românticos e a poemas atuais. Parece, contudo, que se pode negar em geral a opinião de que nas orações de poemas líricos se trata de juízos, de “enunciados existenciais” acerca de determinada realidade psíquica do poeta ou qualquer realidade exterior a êle. É precisamente no poema que são mobilizadas todas as virtualidades expressivas da língua e toda a energia imaginativa.

No caso de versos como estes:
A chuva de outono molha
O pêso da minha altura
E tal rosa que desfolha
Tenho pétalas na figura
(Lupe Cotrlm Garaude, Raiz Comum.)

seria absurdo falar de juízos, mesmo subjetivos, referentes, passo a passo, a estados psíquicos reais da poetisa (4). É perfeitamente possível que haja referência indireta a vivências reais; estas, porém, foram transfiguradas pela energia da imaginação e da linguagem poética que visam a uma expressão “mais verdadeira”, mais definitiva e mais absoluta do que outros textos.

O poema não é uma “foto” e nem sequer um “retrato artístico” de estados psíquicos; exprime uma visão estilizada, altamente simbólica, de certas experiências.

Mesmo em versos aparentemente confessionais como estes de Safo: “A lua se pôs e as Plêiades, pelo meio anda a noite, esvai-se a juventude, mas eu estou deitada, sozinha” — não se deve confundir o Eu lírico dentro do poema com o Eu empírico fora dele. Este último se desdobra e objetiva, através das categorias estéticas, constituindo-se na personagem universal da mulher ansiosa por amor. Até um poeta como Goethe que, na sua fase romântica, considerava a poesia a mais poderosa expressão da verdade, como “revelação” da intimidade, chegou, já aos vinte anos, à conclusão de Fernando Pessoa (o poeta finge mesmo a dor que deveras sente), porque o poema é, antes de tudo, Gestalt, forma viva, beleza. Variando concepções de Platão, declara que a beleza “não é luz e não é noite; é crepúsculo; é resultado da verdade e não-verdade. Coisa intermediária”. São quase os termos com que Sartre descreve a ficção.

Contudo, a personagem do poema lírico não se define nitidamente. Antes de tudo pelo fato de o Eu lírico manifestar-se apenas no monólogo, fundido com o mundo (“A chuva de outono molha / O pêso da minha altura”), de modo que não adquire contornos marcantes; depois, porque exprime em geral apenas estados enquanto a personagem se define com nitidez somente na distensão temporal do evento ou da ação.

Como indicadora mais manifesta da ficção é por isso bem mais marcante a função da personagem na literatura narrativa (épica). Há numerosos romances que se iniciam com a descrição de um ambiente ou paisagem. Como tal poderiam possivelmente constar de uma carta, um diário, uma obra histórica. É geralmente com o surgir de um ser humano que se declara o caráter fictício (ou não-fictício) do texto, por resultar daí a totalidade de uma situação concreta em que o acréscimo de qualquer detalhe pode revelar a elaboração imaginária.

No nosso exemplo de Mário seria possível que as orações “Mário estava de pijama. ele batia uma carta na máquina de escrever” constassem de um relato policial que prosseguisse assim: “. . . quando entrou o ladrão. . .“ Se o texto, porém, prosseguir assim: “Sem dúvida ainda iria alcançá-la. Afinal, Lúcia decerto não podia partir depois-de-amanhã”, sabemos que se trata de ficção. Notamos, talvez sem reconhecer as causas, que Mário não é urna pessoa e sim uma personagem. Certas palavras sem importância aparente nos colocam dentro da consciência de Mário, fazem-nos participar de sua intimidade: “sem dúvida”, “afinal”, “decerto”, “depois-de-amanhã”. Tais palavras indicam que se verificou uma espécie de identificação com Mário, de modo que o leitor é levado, sutilmente, a viver a experiência dele.

Mais evidentes seriam verbos definidores de processos psíquicos, como “pensava”, ‘duvidava”, “receava”, os quais, quando referidos à experiência temporalmente determinada de uma pessoa, não podem, por razões epistemológicas, surgir num escrito histórico ou psicológico. Numa obra histórica pode constar que Napoleão acreditava poder conquistar a Rússia; mas não que, naquele momento, cogitava desta possibilidade. Só com o surgir da personagem tornam-se possíveis orações categorialmente diversas de qualquer enunciado em situações reais ou em textos não-fictícios: “Bem cedo ela começava a enfeitar a árvore. Amanhã era Natal” (Alice Berend, Os Noivos de Babette Bomberling); ... and of course he was coming to her party to-night” (Virgínia Woolf, Mrs. Dallowcry); “A revolta veio acabar daí a dias” (Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma); “Daí a pouco vieram chegando da direita muitas caleças. . .“ (Machado de Assis, Quincas BOrba).

É altamente improvável que um historiador recorra jamais a tais orações. Advérbios de tempo (e em menor grau de lugar) como “amanhã”, “hoje”, “ontem”, “daí a pouco”, “daí a dias”, ‘aqui”, “ali”, têm sentido somente a partir do ponto zero do sistema de coordenadas espaço-temporal de quem está falando ou pensando. Se surgem num escrito, são possíveis somente a partir do narrador fictício, ou do foco narrativo colocado dentro da personagem, ou onisciente, ou de algum modo identificado com ela. O “amanhã” do primeiro exemplo citado põe o foco dentro da personagem, cujo pensamento é expresso através do estilo indireto livre:

No caso, os pensamentos são reproduzidos a partir da perspectiva da própria personagem, mas a manutenção da terceira pessoa e do imperfeito “finge” o relato impessoal do narrador. Seriam possíveis outros recursos:

“Ela pensava: Amanhã será Natal”; “Ela pensava que no dia seguinte seria Natal”; mas nenhum como o indicado (aliás já usado na literatura latina, na literatura francesa desde o século XII e com bem mais freqüência no romance do século XIX, desde Jane Austen e Flaubert) revela o caráter categorialmente singular do discurso fictício. Em nenhuma situação real o amanhã” poderia ser ligado ao “era”; e o historiador teria de dizer “no dia seguinte” já que não pode identificar-se com a perspectiva de uma pessoa, sob pena de transformá-la em personagem.

Embora tais formas não surjam nem na poesia lírica, nem na dramaturgia, e não necessariamente na literatura narrativa, o fenômeno como tal é extremamente revelador para todos os tipos de ficção, já que a análise deste “sintoma” da ficção indica, ao que parece, estruturas inerentes a todos os textos fictícios, mesmo nos casos em que o sintoma não se manifesta. O sintoma lingüístico evidentemente só pode surgir no gênero épico (narrativo), porque é nele que o narrador em geral finge distinguir-se das personagens, ao passo que no gênero lírico e dramático, ou está identificado com o Eu do monólogo ou, aparentemente, ausente do mundo dramático das personagens. Assim, somente no. gênero narrativo podem surgir formas de discurso ambíguas, projetadas ao mesmo tempo de duas perspectivas: a da personagem e a do narrador fictício. Mas a estrutura básica do discurso fictício parece ser a mesma também nos outros gêneros.

O “sintoma” linguístico, óbvio nos exemplos apresentados, revela, precisamente através da personagem, que o narrar épico é estruturalmente de outra ordem que o enunciar do historiador, do correspondente de um jornal ou de outros autores de enunciados reais. A diferença fundamental é que o historiador se situa, como enunciador real das orações, no ponto zero do sistema de coordenadas espaço-temporal, por exemplo, no ano de 1963 (e na cidade de São Paulo), projetando a partir deste ponto zero, através do pretérito plenamente real, o mundo do passado histórico igualmente real de que ele, naturalmente, não faz parte. Ao sujeito real (empírico) dos enunciados corresponde a realidade dos objetos projetados pelos enunciados (e só neste contexto é possível falar de mentira, fraude, erro etc.).

Na ficção narrativa desaparece o enunciador real. Constitui-se um narrador fictício que passa a fazer parte do mundo narrado, identificando-se por vezes (ou sempre) com uma ou outra das personagens, ou tornando-se onisciente etc. Nota-se também que o pretérito perde a sua função real (histórica) de pretérito, já que o leitor, junto com o narrador fictício, “presencia” os eventos. O pretérito é mantido com a função do “era uma vez”, mero substrato fictício da narração, o qual, contudo, preserva a sua função de “posição existencial”, de grande vigor individualizador, e continua “fingindo” a distância épica de quem narra coisas há muito acontecidas.

A modificação do discurso indica que na ficção (e isso se refere também à poesia e dramaturgia) não há um narrador real em face de um campo de seres autônomos. Este campo existe somente graças ao ato narrativo (ou ao enunciar lírico, dramático). O narrador fictício não é sujeito real de orações, como o historiador ou o químico; desdobra-se imaginariamente e torna-se manipulador da função narrativa (dramática, lírica), como o pintor manipula o pincel e a cor; não narra de pessoas, eventos ou estados; narra pessoas (personagens), eventos e estados. E isso é verdade mesmo no caso de um romance histórico (5). As pessoas (históricas), ao se tornarem ponto zero de orientação, ou ao serem focalizadas pelo narrador onisciente, passam a ser personagens; deixam de ser objetos e transformam-se em sujeitos, seres que sabem dizer “eu”.

“A rainha se lembrava neste momento das palavras que dissera ao rei” — tal oração não pode ocorrer no, escrito de um historiador, já que êste, nos seus juízos, sòmente pode referirr-se a objetos, apreendendo-os exclusivamente de “fora”, mesmo nos casos da mais sutil compreensão psicológica, baseada em documentos e inferências. Sòmente o “criador” de Napoleão, isto é, o romancista que o narra, em vez de narrar dêle, lhe conhece a intimidade de “dentro”.
_________________
Notas:
(4) Tal é, contudo, a opinião de Kaethe Hamburger em Die Logik der Dichrung (A Lógica da Ficção); segundo a autora, os enunciados de um poema lírico seriam “juízos existenciais”, juízos subjetivos, mas juízos.
(5) Kaethe Hamburger, na obra citada, estuda agudamente os vários problemas envolvidos.

––––––––––––––––––––––
continua… A personagem nos vários gêneros literários e no espetáculo teatral e cinematográfico
_____________________________
Fonte:
Antonio Candido, Anatol Rosenfeld, Decio de Almeida Prado e Paulo Emílio Sales Gomes. A Personagem de Ficção. 2. ed. SP: Perspectiva.
Este livro é digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source com a intenção de facilitar o acesso ao conhecimento a quem não pode pagar e também proporcionar aos Deficientes Visuais a oportunidade de conhecerem novas obras.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 298)


Uma Trova Nacional


Uma Trova Potiguar

No horizonte do poente
o sol deita a fronte langue,
queimando-se em febre ardente,
tingindo as nuvens de sangue.
–IVORY/RN–

Uma Trova Premiada

2002 - Nova Friburgo/RJ
Tema: CERTEZA - M/E

Temos certeza da idade
quando as rugas do sol-posto
passeiam com a saudade
na tarde do nosso rosto.
–HÉRON PATRÍCIO/SP–

Uma Trova de Ademar

É divinamente lindo,
é um momento singular,
ver a luz do sol partindo
com vontade de ficar...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Sou tão feliz, minha gente,
que nem sei - feliz assim -
se o sol provém do Nascente
ou nasce dentro de mim!
–APRYGIO NOGUEIRA/MG–

Simplesmente Poesia

Só a Natureza é Divina
–FERNANDO PESSOA/PORTUGAL

Só a natureza é divina, e ela não é divina...

Se falo dela como de um ente
É que para falar dela preciso usar da linguagem dos homens
Que dá personalidade às cousas,
E impõe nome às cousas.

Mas as cousas não têm nome nem personalidade:
Existem, e o céu é grande a terra larga,
E o nosso coração do tamanho de um punho fechado...

Bendito seja eu por tudo quanto sei.
Gozo tudo isso como quem sabe que há o sol.

Estrofe do Dia

O sol vai morrendo além,
deixando marcas na serra
e a asa da noite vem
cobrindo a face da terra,
a floresta silencia,
nenhum passarinho pia,
neste quadro sonolento
só o murmúrio das águas,
que propagam suas mágoas
pelos soluços do vento.
–CANÇÃO/PE –

Soneto do Dia

O Espelho do Sol-Posto
–JOSÉ TAVARES DE LIMA/MG–

Ser idoso não é ser dependente,
ou se julgar inútil, inseguro.
É pensar que, por trás de um céu escuro,
pode esconder um sol aurifulgente!...

É, sem perder a crença, ter na mente
planos, ainda, para o seu futuro...
É relevar o desrespeito duro
do jovem zombeteiro e irreverente.

Seja, pois, otimista e, decidido,
para a velhice dê outro sentido,
que não o de queixar-se dos abrolhos...

Mire-se mais no espelho do sol-posto,
que, em seu adeus, pela amplidão, por gosto,
pinta quadros que encantam nossos olhos!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Monteiro Lobato (Viagem ao Céu) XXI – O grito de Dona Benta


Enquanto isso, os meninos lá na Lua contavam a São Jorge como eram as coisas em Saturno.

— Gostosura maior não pode haver! — dizia Narizinho. — A gente boiava, boiava como peixe na lagoa — e aquele saturnino de geléia ali a conversar como se fosse um amigo velho. Eles têm uns crocotós que saem de dentro da gelatina — são os órgãos lá deles.

São Jorge não sabia o significado de “crocotó” e a menina teve de explicar que era uma das melhores palavras do vocabulário da boneca.

— A Emília gosta de usar termos de sua invenção e às vezes saem coisas bem boas. Esse crocotó é ótimo.

— Mas afinal de contas que é crocotó? — indagou o santo.

— Crocotó é uma coisa que a gente não sabe bem o que é. Crocotó é tudo que sai para fora de qualquer coisa lisa. O seu nariz, por exemplo, é um crocotó da sua cara — mas como sabemos que nariz é nariz, não dizemos crocotó. Mas se nunca tivéssemos visto o seu nariz, nem soubéssemos o que é nariz, então poderíamos dizer que o seu nariz era um crocotó... São Jorge franziu a testa no esforço de entender aquilo — e se não entendeu fingiu que entendeu e passou adiante. Pôs-se a contar a história do dragão, nos tempos da sua mocidade na Terra. Falou do rei da Líbia e da bela princesa que o dragão quase havia devorado.

— Mas apareci de repente — disse ele — e dei um grande brado: “Sus! Sus!” O dragão, que já estava com a boca aberta e a língua de fora, entreparou e virou a horrenda cabeça para meu lado — e eu então, zás! Fisguei-o com a lança.

— Esta mesma? — quis saber Emília, apontando para a lança no colo do santo.

— Sim — respondeu São Jorge. — Fisguei-o, e ele, então...

Foi exatamente nesse “então” que o berro de Dona Benta chegou até lá — “Pedrinho! Narizinho! Emília! Desçam já daí, cambada!”

O santo capadócio interrompeu a frase e todos puseram-se de ouvido alerta.

— Lá está vovó nos chamando! — disse Pedrinho. — Como será que descobriu que estamos aqui?

— E temos de voltar já, numa voada — acrescentou a menina. — Mas... e o Doutor Livingstone? — Como deixá-lo perdido por estas imensidades infinitas?...

Pedrinho andava com uma hipótese na cabeça.

— Para mim — disse ele — o Doutor Livingstone está girando em redor da Lua como um satélite. Está na zona neutra — na zona em que a força de atração da Terra equilibra-se com a força de atração da Lua, e por causa disso não cai nem na Terra nem na Lua — fica girando eternamente em redor da Lua. Temos de passar por essa zona e agarrá-lo por uma perna.

Mas como arrancar o Doutor Livingstone de sua órbita? Era um problema dos mais difíceis. No vôo para a Terra eles iriam cortar a órbita do novo satélite da Lua, isso era evidente: mas o satélite podia estar muito distante do ponto da órbita que eles cortariam. Como fazer para cortar a órbita exatamente no ponto em que estivesse o satélite-Livingstone?

— Só fazendo cálculos astronômicos — lembrou a menina. — Os astrônomos descobrem no céu tudo quanto querem por meio de cálculos. Lembra-se do que vovó contou do tal astrônomo Halley?

São Jorge quis saber o que era. Narizinho tentou explicar.

— Pois esse Halley previu que um grande cometa ia passar pelo nosso céu em... em... em que ano mesmo, Pedrinho?

Pedrinho, que sabia aquilo na ponta da língua, gritou:

— Em 1.758! Halley previu isso por meio de cálculos. Mas não pôde ver se seus cálculos deram certo, porque morreu em 1.742.

São Jorge estava de boca aberta, admirado da ciência do menino.

— Pois bem — continuou Pedrinho — dezessete anos depois da morte de Halley o tal cometa apareceu de novo, exatinho no ponto indicado e no ano que ele disse — 1.758. Só que em vez de aparecer em meados de abril, como Halley previra, apareceu a 12 de março — menos de um mês de diferença. Era um errinho insignificante para um cometa que só aparece de setenta e tantos em setenta e tantos anos.

— Mas isso é estupendo! — exclamou São Jorge sacudindo a lança no ar de tanto entusiasmo. — Prever por meio de cálculos que um cometa vai aparecer em tal ponto do céu, em tal mês e tal ano, parece-me o assombro dos assombros!...

— Pois é para ver! — tornou Pedrinho. — A matemática é o que há de batatal, como diz a Emília, e esse Halley era batatalino na matemática. Depois de 1.758 outros astrônomos calcularam que o cometa ia aparecer de novo em 1.834 e a 24 de maio de 1.910.

— E apareceu?

— Apareceu, sim. Vovó o viu muito bem quando apareceu em 1.910, no dia 6 de maio. O erro foi ainda menor — só de dezoito dias. Batatalífero, não?

São Jorge ficava tonto com as batatalidades daquele menino...

— Pois é isso, Pedrinho — disse a menina. — Você também é astrônomo. Faça os cálculos e marque o momento e o ponto em que o Doutor Livingstone vai passar, e nós cheiraremos o pó nesse momento exato.

A boca de São Jorge não se fechava. Aquelas crianças falavam que nem um livro aberto...

Mas Pedrinho, com medo de errar nos cálculos e desmoralizar a astronomia, veio com uma desculpa.

— Não posso fazer os cálculos porque não tenho papel nem lápis.

— Isso é o de menos! — gritou Emília. — Papel eu tenho aqui no bolso — o papelzinho da bala puxa-puxa, e lápis Tia Nastácia tem no fogão — um pedacinho de carvão serve — e correu a buscar o “lápis” depois de entregar ao menino o papel da bala.

O pequeno Flammarion não teve remédio senão fazer todos os cálculos — e foi com base nesses cálculos que marcou o instante da partida, dizendo:

— Neste momento exato o Doutor Livingstone deve estar passando no ponto X de sua órbita. Partiremos então daqui e de passagem o agarraremos por uma perna.

E assim foi. Depois das comoventes despedidas do santo, o qual deu um beijo na Emília e outro no anjinho, os aventureiros celestes sorveram o pó de pirlimpimpim na horinha indicada pelas contas do jovem Flammarion.

Fiunnn!...

Tudo deu certissimamente certo. Eles cruzaram a órbita do satélite-Livingstone no momento exato em que o sabugo de cartola ia passando. Pedrinho agarrou-o pelo pé e lá se foram todos para a Terra.
____________
Continua … XXII – O Café dos Astronomos
–––––––––––-
Fonte:
LOBATO, Monteiro. Viagem ao Céu & O Saci. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. II. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

Aparecido Raimundo de Souza (Celulares)


NO ÔNIBUS LOTADO, O CELULAR do passageiro, sentado ao lado da porta da saída, entoa a 9ª Sinfonia de Beethoven.

No terceiro toque o sujeito decide.

-Alô?Alô?Alô?...

Diante da mudez do aparelho, o cidadão espia, meio desconcertado, para um lado e outro, a fim de averiguar se alguém olha para ele. Ninguém parece preocupado, embora todas as atenções estejam discretamente voltadas para sua pessoa. Nova chamada. Dessa vez, espera uns segundos. Atende, ansioso.

-Alô?Alô?Droga!Alôooa?...

Nada.

Uma moça trajando conjunto verde - parece um abacate amarrado pelo meio - viaja logo atrás. O telefone dela, com o “Vamos fugir” também resolve se fazer presente. Ao atender, seu
rosto se ilumina num sorriso mágico.

- Tô chegando, amor...

Há uma pequena pausa.

- Você já está no ponto? Devo pintar aí dentro de uns cinco ou seis minutos...

Novo intervalo.

- Te amo. Beijos.

Um terceiro celular começa a encher com a Pantera Cor de Rosa. A colegial com o rosto abarrotado de espinhas emite uns gritinhos estridentes antes de iniciar a conversação.

- Rodriguinho, seu sem vergonha. Isso lá é hora de ligar?

A 9ª Sinfonia de Beethoven volta à baila e se mistura com a voz da adolescente.

-Alô?Alô?Alô?

Desta vez a ligação se completa. O passageiro ao lado da porta da saída consegue, finalmente, manter o diálogo com seu interlocutor.

- Legal, cara. Parabéns!

Gesticula e fala alto o suficiente para irritar um defunto. Sem um pingo de decência, age como se perto dele não houvesse uma leva de pessoas que merecesse, ao menos, respeito e educação.

-Até que enfim. Então você está indo pra Portugal? Faça uma boa viagem, meu amigo. O Pedro te manda um abraço. A Luíza um beijo, o Carlos um puxão de orelhas...

“Vamos fugir” volta a disparar no telefone da moça de verde. Ela prontamente atende:

-Amor, tenha um pouco de paciência. Que loucura! O quê? Fala mais alto...

De repente, a coisa toma proporções descomunais. A colegial pisa em ovos de tão indignada e irritada.

- Vá pro inferno, Rodriguinho. Não me racha a cara!

O sujeito no banco ao lado da porta parece um lunático.

- Seu avião sai a que horas? As 19?De onde? Eu...O quê?

Lado esquerdo do coletivo, um casal assiste a tudo com os olhos arregalados. A certa altura, o rapaz comenta, num cochicho:

- É mole ou quer mais?

-As pessoas – observa a moça igualmente aos murmúrios - perderam o senso do ridículo. A sensatez foi pro brejo. Ninguém respeita mais a individualidade.

-Virou febre esse negócio. Todo mundo agora tem celular. Li, ontem, no jornal, que estão à venda, no mercado, aparelhos celulares de última geração para cachorros.

Risos.

- Fala sério? Qual o quê! Isso é piada!
- Não é não. Agora, além de hospitais, hotéis e restaurantes, os cachorros poderão contar com mais essa vantagem. Celular para cães e gatos.

- Se for verdade o que está me dizendo, minha nossa. Será o cúmulo do absurdo. A que ponto chegamos. Olhe só para essa gente. Parece um bando de alucinados. Ninguém se entende.

Um homenzarrão puxa a campainha. Pessoas se levantam. Outras tantas tomam posição para apear.

- Vá se danar, Ro...

- Olhe, se lá em Portugal não tiver mulher que sirva, volta e leva uma brasileira. As mais bonitas do mundo estão aqui, meu chapa...

- Rodriguinho, eu pensava, até agora, que você fosse do conceito. Me enganei redondamente. Vá pro inferno, ta ligado?

A moça de verde pula do banco ao ver o rapaz que a espera, na calçada defronte à porta de acesso de uma loja de departamentos. Passa a mão no telefone e disca um número da memória.

- Ei, amor, olha euzinha aqui. Cheguei. Já me enxergou? Estou te vendo. Me dê adeusinho!

Nessa hora, então...

-A mãe te manda umabraço. Vá com Deus. Chegando em Lisboa, ligue... Entendeu? Ligue, ligue, ligue, surdo!...

No mesmo clima.

-Rodriguinho, ô, sem noção, o bagulho por aqui tá tenso. Meu namorado não vai gostar. Com certeza levará um “lero” contigo, e, depois, com certeza, te comerá na porrada, meu...

A moça de verde, afoita:

- Com licença, meu senhor... Com licença...

-Calma, senhorita. Vou ficar aqui também. Deixe ao menos o motorista parar e liberar a traseira.

-... De Lisboa? Que droga!!

-... Ro, Ro, cuidado com a tribo, malandro. Quer saber? Estou injuriada. Vá se danar de verde e amarelo...

-...Amor, amor, estou descendo...

Sobra o casal acomodado no lado esquerdo, rindo da galera a mais não poder.

– Odeio celular – pondera a jovem, depois que todos saem - parece que esses trocinhos controlam nossa vida. Aliás, dominam, vivem no nosso pé. Jogaram, definitivamente, para o ralo a nossa intimidade.

- Estou com você – completa o rapaz –O negocio é bom, mas, em certas horas, se torna deselegante, cai no vulgar. Tira a privacidade. Imagine, daqui a algum tempo, como lhe falei, ainda há pouco, a gente cruzando na rua, com essas madames, metidas à besta, atendendo ao telefone. “É pra você, Fifizinha!”. E o animal, posudo: “– Agora não posso, estou ocupada, lendo Os Melhores Contos de Cães e Gatos do meu amigo Flavio Moreira da Costa. Peça para me ligar mais tarde”.

A jovem se abre num sorriso contagiante. Pensa em responder alguma coisa. Entretanto, seu celular estronda Tchaikovsky.

- Desculpe. Meu marido...

Pede licença, baixa a cabeça. Sem tirar o aparelho do ouvido se acomoda num banco lá na frente, ao lado do cobrador.

Fonte:
Aparecido Raimundo de Souza. A Outra Perna do Saci. São Paulo: Ed. Sucesso, 2009.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 297)


Uma Trova Nacional


Uma Trova Potiguar

Na minha infância sofrida,
onde só a fé restava,
descobri na própria vida
que Jesus me acompanhava.
–PAULO ROBERTO/RN–

Uma Trova Premiada

2000 - Niterói/RJ
Tema: DELÍRIO - M/E.

Um delírio estranho imerso,
que um bem suposto revive,
choro a perda, no meu verso,
de amores que eu nunca tive!
–PEDRO ORNELLAS/SP–

Uma Trova de Ademar

De nada eu sinto ciúme,
nem mesmo da mocidade;
pois hoje eu sinto o perfume
da flor da terceira idade!...
ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

De nosso encontro marcado,
não sei o que mais errou:
se quem chegou atrasado,
ou quem nem tarde chegou.
ZENÍLIA PAIXÃO/MG–

Simplesmente Poesia

Versos Idos.
–JOÃO ALFREDO/RN–

Minha poesia torna-se
lenta e triste
quieto,
vejo morrer os versos
a cada passo
que a inspiração me foge.

Estrofe do Dia

As vezes uma camponesa
tão pobre que até faz pena,
se transforma em Madalena
devido a sua pobreza;
tentada pela riqueza
esquece o seu coração;
entrega-se a sedução
e termina prostituída,
as madalenas da vida
também merecem perdão.
–JOÃO FURIBA/PE–

Soneto do Dia

A Lua e o Sol
–SÁ DE FREITAS/SP–

“Fazes pouco de mil, sol!” – Diz a lua
escondes-te de mim quando apareço,
será que nem de ti um olhar mereço,
eu que há milênios sonho em ser só tua?

O sol noutro hemisfério, com amargura,
escuta a sua amada, mas opresso
responde: “meu amor, desapareço,
por ser fadado à triste desventura

de nunca me encontrar com quem almejo,
que és tu, ó lua, que nem mesmo vejo
no inicio de um eclipse ou depois.

Mas te conformes, pois na terra moram,
pessoas que se amam e se adoram,
que tem a mesma sina de nós dois”.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor
Montagemda Trova Nacional sobre imagem enviada por Ademar

Hermoclydes S. Franco (Livro de Trovas)


A bengala cor da paz,
que o homem cego conduz,
tem um mistério que faz
o som transformar-se em luz!

A fraqueza é um artifício
que leva alguém, sem escalas,
a abrir as portas do vício
e não saber mais fechá-las!...

Ante a maçã do pecado
na dúvida, vou sofrendo:
- Se como... sou castigado;
se não como... me arrependo!

Às vezes, troféus de glória
e incensos de aduladores
podem fazer da vitória
o ocaso dos vencedores!...

A vida é dura batalha
que não aceita um "talvez"
e nem outorga medalha
aos filhos da timidez!

Com talhadeira e martelo,
finas madeiras entalho...
E esse trabalho é tão belo
que já nem sei se é trabalho!

Da guerra, entre os seus horrores,
não há glória que compense,
para os Pracinhas, as dores
de quem perde ou de quem vence!...

Dizem que todo baixinho
tem mania de grandeza...
Por isso é que o meu vizinho
só chama a mulher de... "alteza"!...

Era uma vez... A saudade
da meiga MÃE que ensinava,
na minha infância, a verdade
nas histórias que contava!…

Eu, no rumo das gaivotas
no mar rendado de espumas,
dentre centenas de rotas,
busco o roteiro em que rumas…

Maravilha em resplendor,
onde Deus sempre é louvado,
o RIO guarda o Senhor
no Cristo do Corcovado!

Minha MÃE, frases serenas,
seus conselhos e bondades
tornaram bem mais amenas
minhas sofridas saudades!…

Minhas mãos, barcos sem velas,
em carinhosos desvelos,
navegam, quais caravelas
na noite dos teus cabelos!

Minhas mãos, cheias de anseios,
são barcos que, em águas turvas,
deslizando em mil passeios,
se perdem nas tuas curvas...

Na distância, ao teu aceno,
quanta tristeza me invade....
O trem, ficando pequeno
e, em mim, crescendo a saudade!

Não pode haver raciocínio
quando a miséria, sem nome,
invade qualquer domínio
e o domina pela FOME!...

Numa paixão imortal
Minhas tristezas eu venço,
Beijando o sabor de sal
que deixaste no meu lenço!

O grau de felicidade
que tenho e me faz risonho
resulta da minha idade
ter a idade do meu sonho!

Sem preconceito ou pudor,
mas, de emoções verdadeiras,
grandes momentos de amor
não delimitam FRONTEIRAS!

Ser MÃE é trabalho insano
que tal carinho irradia
e te faz, por todo o ano,
ser a MÃE de cada dia!…

Teu orgulho, em doce imagem,
nesse amor que pontifica,
um dia cria coragem
atravesa a PONTE…E fica!

Hermoclydes Siqueira Franco (1929)


Nasceu em 26 de maio de 1929, em Niterói, Rio de Janeiro.

É aposentado. É advogado e administrador formado, respectivamente, pela Faculdade de Direito de Niterói e pela Universidade Gama Filho.

Começou a escrever literariamente em 1980, quando a preocupação com o que fazer após a aposentadoria, para preencher a mente com algo que pudesse trazer satisfação e impedir que a falta do trabalho pudesse trazer qualquer tipo de isolamento ou insatisfação. Na verdade sempre gostou de literatura, desde a mocidade, de maneira que não houve uma influência direta para que começasse a escrever. A preocupação com a futura aposentadoria levou-o a esse caminho.

Em 1985, iniciou preparativos para ingressar no meio trovadoresco, através da União Brasileira de Trovadores (UBT), o que veio a mostrar-se uma positiva decisão, ocorrendo a filiação à seção do Rio de Janeiro no 2º semestre daquele ano. A aposentadoria viria a concretizar-se em 1991, após 40 anos de trabalho em apenas duas empresas brasileiras: a Cia. Aços Especiais Itabira (ACESITA), de l95l a l973, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 1973 a 1991.

Os seus primeiros trabalhos literários de algum valor foram uma versão em quadras da ORAÇÃO DE S. FRANCISCO DE ASSIS (1985), posteriormente musicada pela trovadora -musicista GLORINHA VELLOSO, e o poema “PARQUE ITATIAIA (A Natureza, o Poeta e o Insensato) – 1º premio em Concurso Comemorativo do cinqüentenário dos parques Nacionais Brasileiros (1987).

Não possui livros editados. Apenas diversas plaquetes em edições restritas feitas artesanalmente e distribuídas gratuitamente a amigos. Destes o mais importante é a série “TROVAS, SIMPLESMENTE TROVAS”: 1º VOL/1993; 2º VOL/1998; 3º VOL/2003; o VOL. IV, a em 1998, seguindo o mesmo processo.

Como escritor conhece perfeitamente suas limitações, mas procura manter acesa a chama da esperança e jamais deixar de sonhar, apanágio maior dos poetas.

Ao longo de 20 anos de participação em concursos de trovas e de poesias, é natural que possua cerca de 400 premiações nesses certames. Grande é a alegria por ter obtido o 1º prémio em quadras no I Concurso Algarve/Brasil (1997) e Menção Honrosa no II (1998) e duas Menções Honrosas no Grande Concurso de Quadras de S. João (1993) do Jornal de Noticias do PORTO. Algumas poesias (sonetos e poemas) premiadas em vários estados brasileiros.

A quem começasse a escrever agora, o único conselho que daria seria no sentido de que estude permanentemente todos os meandros de nossa Língua Portuguesa, para não se permitir cometer erros crassos em seus escritos, como ocorre comumente com tantos pseudo-escritores.

Fontes:
Portal CEN
Macae News

Os Vampiros na Literatura


Histórias de vampiros existem desde sempre. Mesopotâmia, Roma, Grécia… Todas as culturas antigas já apresentavam contos sobre os seres sobrenaturais que se alimentavam de sangue e tinham vida eterna. Mas o primeiro registro literário relacionado às criaturas trata-se de um poema alemão escrito em 1748 por Heinrich August Ossenfelder: Der Vampir. A partir disso temos várias obras com pelo menos alguma menção ao mito vampírico, entre elas The Bride of Corinth (1797) de Goethe e Christabel de Samuel Taylor Coleridge.

Anos e anos depois várias personagens desfilaram pela galeria dos vampiros literários, e mesmo atualmente o tema ainda rende obras variadas (e agora adaptações para o cinema também). E pensando justamente nessas obras que faço aqui uma lista de sugestões para você que gosta de histórias de vampiros, mas não quer ler Crepúsculo.

A hora do vampiro (Stephen King) – Publicado pela primeira vez em 1975, o livro conhecido como Salem’s Lot lá fora infelizmente foi traduzido desse jeito no Brasil. Uma pena, porque acaba estragando a surpresa da história, já que a pessoa que compra uma obra assim obviamente já sabe que trata-se de uma história de vampiros. A questão é que Salem’s Lot começa narrando a volta do escritor Ben para a cidade onde viveu na infância, decidido a escrever um livro sobre uma mansão horripilante que preencheu seus pesadelos desde a infância. É em um momento bem adiantado do livro que o leitor tem a revelação de que a cidade está sendo tomada por vampiros – e a partir daqui a história pega fogo, sendo uma daquelas que você até pensa em dormir de luz ligada “só para garantir”.

Eu sou a Lenda (Richard Matheson) – Publicado em 1954, esse livro chegava com a idéia do vampirismo com um vírus. Por favor, esqueçam do filme que saiu com Will Smith. Em nada ele conseguiu captar o clima claustrofóbico e assustador dessa novela de Richard Matheson. Neville é aparentemente o único sobrevivente da epidemia de “vampirismo”, até porque ele é imune ao vírus. À noite ele se esconde, pela manhã ele sai para matar vampiros. O final está entre um dos meus favoritos não só das histórias de vampiros (e eu não vou contar aqui, ainda mais de dar um puxão de orelha nos tradutores de Salem’s Lot, ehehe).

Entrevista com o Vampiro (Anne Rice) – A obra de 1976 conta com a tradução aqui no Brasil de ninguém mais, ninguém menos do que Clarice Lispector. Louis, o vampiro “entrevistado”, narra em sua história como tornou-se vampiro, sua vida com Lestat (o vampiro que o transformou) e com a pequena Claudia. Apesar de tender ao clichê do vampiro melancólico, o fato de apresentar Lestat como um predador que reconhece a abraça sua verdadeira natureza acaba equilibrando um pouco a história, que certamente vale a pena conferir. Sobre as continuações, considero todas de fracas para mais ou menos.

Prazeres Malditos (Laurell K. Hamilton) – em 1993 a escritora Laurell K. Hamilton deu um chega para lá na idéia do vampiro tristonho e da mocinha indefesa e criou Anita Blake, uma caçadora de vampiros bastante atípica. A narrativa toda é em primeira pessoa, e Anita tem um senso de humor ácido, o que diverte muito. A série fez tanto sucesso que já está no 17º livro (isso mesmo), embora aqui no Brasil por enquanto a editora Rocco só tenha lançado o primeiro título. O fato de Anita Blake também ser o que eles chamam de “animator” (levanta mortos e controla zumbis) faz com que as histórias não sejam só sobre vampiros, o que também é bem interessante.

Morto até o Anoitecer (Charlaine Harris) – o livro foi publicado em 2001, mas sete anos depois, com a adaptação para a TV feita pela HBO (True Blood, começa dia 18 de janeiro aqui no Brasil) o título ficou mais “conhecido” aqui no Brasil, inclusive com traduções dos outros títulos previstas ainda para esse ano (pelo menos o segundo e o terceiro livro). Bastante sexo e muita ação, não é a toa que escolheram esse livro para transformar em série de tv. Dos oito livros já publicados estou começando o sexto agora e dá para dizer que a série é até bem regular, não tem caso de um livro horrível e outro imperdível. São todos divertidos da mesma maneira.

Curiosidades sobre Vampiros

1 -Lord Ruthven, o primeiro dos vampiros na literatura foi criado por John Polidori, na mesma noite e na mesma casa em que Mary Shelley iniciava Frankeinstein, numa singela brincadeira na casa de Lord Byron;

2 -O ex vice-presidente da república Marco Maciel já foi vampiro, num dos livros pioneiros em terras brasileiras sobre vampiros, na obra O vampiro que descobriu o Brasil, de Ivan Jaf; [Aliás, já li o livro, e é bem legal]

3 -Drácula, só recebeu este nome quando o livro estava quase pronto. Até então, ele se chamaria Wampyr;

4 - O inglês Kim Newman escreveu um livro [Anno Dracula] sob uma ótica em que Dracula não foi derrotado, e que nesse mesmo livro estão Dr. Jekyll e o Inspetor Lestrade;

5 - Dacre Stocker, tatarassobrinho de Bram lançou em 2009 uma seqüencia para o romance do Conde Dracula;

6 - Paulo Coelho não pode sequer ouvir falar em vampiros, e ele mesmo autocensurou seu livro escrito com Nelson Liano Jr., o Manual Prático do Vampirismo fazendo recolher todos os exemplares

7 - Anne Rice foi a primeira autora a por os vampiros de frente aos espelhos, que por segundo a autora, se eles habitam o mundo dos homens, devem respeitar as leis da física deste mundo;

8 - Que muito provavelmente, sem os vampiros de Rice, como Lestat e Louis, não existiriam os "vampiros fofinhos" da saga Crepúsculo, já que foi na obra de Rice que os vampiros começaram a ser tratados como figuras poéticas e trágicas;

9 - A cidade de Forks, onde se passa a saga Crepúsculo realmente existe, e Stephenie Meyer a encontrou no google.

10 - O personagem Conde Drácula, é o segundo mais interpretado no cinema e na televisão, ficando atrás apenas de Sherlock Holmes, cuja unica vez que sai a cata de uma vampira, nada tem a ver com vampirismo;

DEZ DOS MAIS FAMOSOS VAMPIROS (AS) DA LITERATURA

1 - Drácula, de Bram Stoker:
É disparado de longe o mais famoso dentre os sugadores de sangue. Se não o pai de todos os vampiros, ele foi o responsável pela popularização do mito. A criação do Irlandês em 1897 ganhou diversas adaptações para teatro e cinema, numa época em que vampiros metiam medo, sem virar purpurina;

2 - Lestat de Lioncourt, criado por Anne Rice em Crônicas vampirescas:
Lestat, é uma das mais populares criações de Anne Rice, e no narrador de Crônicas vampirescas o vampiro revela seu lado sedutor, outra das qualidades desde seres eternos.

3 - Varney, o vampiro de James malcolm Rymer:
Criado antes mesmo de Drácula, a grande arma desta criatura era a feiúra, de face pálida e mórbidos olhos de lata e o poder de hipnotizar.

4 - Edward Cullen, em Crepúsculo de Stephenie Meyer:
Discussões a parte, não dá pra negar que o vampiro de Meyer é diferente de tudo que se construiu sobre estes seres, e é famoso pra caramba, entre a galera jovem que não esta nem aí se ele não morre com a luz do dia.

5 - Carmilla, criação de Joseph Sheridan Le Fanu:
Eita. Aqui está o vampirismo do bom. Carmilla precede o Conde Drácula, e esta deliciosa vampira cria de Le Fanu nos longínquos anos de 1872, com seus toques de lesbianismo sem dúvida era algo muito revolucionário para a época, e que até hoje mexe com a cabeça de marmanjos, como nós.

6 - Sétimo, de André Vianco:
Dentre os vampiros brazucas é o mais famoso, estando presente em Os Sete, obra que iniciou o autor nas sagas vampirescas, e no homônimo em que Sétimo acorda para gerar suas crias com o intuito de dominar o Brasil.

7 - Damon Salvatore, de Diários de um Vampiro de L. J. Smith:
Bem antes de Meyer, em 1991, surgia mais um vampiro que não tomava sangue humano,: Stefan Salvatore, irmão de Damon, este sim um clássico senhor das trevas venerador de sangue e sem pudores ao matar. A saga dos livros se tranformou na série de grande sucesso na TV americana.

8 - Kurt Barlow, em A hora do vampiro, de Stephen King:
Nem só de fantasmas e carros envenenados vive o mestre do terror. Em seu segundo livro King adentrou o mundo dos sanguessugas influenciado nas obras de Bram Stoker, Barlow não temia fazer o trabalho sujo, e pilhar novas vítimas aterrorizando para variar, o Maine.

9 - Lord Ruthven, de John Polidori:
Nasceu num desafio enre grandes mestres como Lord Byron e Mary Shelley e do próprio Polidori para escreverem uma história de terror. O enredo inclusive foi projetado e abandonado por Byron, no qual Polidori acabou dando continuidade, nascendo ao vampiro mais inglês de todos os sugadores de sangue;.

10 - Antonio Brás, o vampiro que descobriu o Brasil, de Ivan Jaf:
Impossível nominar este carismático vampiro - não tão cruel como deveria ser é verdade - que perdeu-se em Portugal ainda como Antonio Bras, e que na nova terra assumiu diferentes identidades, sempre muito próximo dos principais acontecimentos nacionais, entre ele, a descoberta, é claro.

Fontes:
Meia Palavra
LinkListas Literárias – curiosidades
Listas Literárias – os mais famosos