quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

José Feldman (Guirlanda de Versos) * 20 *

 

Eduardo Affonso (Rádio Montanheza, ZYV-4)

Não queiras gostar de mim sem que eu te peça.

O pedido, por vezes, emergia do rádio, mas normalmente vinha mesmo da minha mãe, e sua voz serena, afinada, tomava a casa, invadindo-a – e a mim, e a minha vida – a partir do quarto de costura, da cozinha, do quintal.

Eu não entendia os adultos. Por que nem às paredes ela podia confessar de quem gostava?

As canções eram uma passagem secreta para esse mundo que me esperava quando eu tivesse menos cabelo, fosse indiferente às crianças e conseguisse amarrar meus próprios cadarços.

Eram elas que me alertavam que la distancia hace el olvido, que esa paloma no era otra cosa más que su alma, que tengo miedo a perderte, perdete outra vez, que solamente una vez amé en la vida (solamente una vez, y nada más).

Eu ainda não sabia o que eram os idiomas, e achava bonito aquele jeito de falar uma palavra conhecida em meio a tantas outras inventadas – um truque que, soube depois, se chamava mexicano, e vinha de Cuba, da Argentina, de Acapulco (Acapulco era o lugar mais lindo do mundo, logo depois do Rio de Janeiro).

O rádio (imenso, de madeira, grandes botões roliços, no centro um palmo de tecido de xadrez miúdo, parecendo uma cortina prestes a se abrir), ficava na cozinha. Eu o arrastava ao quarto de costura, à janela que dava para a varanda, e aí me percebia que meu coração (un corazón de melón, de melón melón melón) batia em ritmo de bolero, de rumba, de samba-canção.

A música se misturava à vida. Era a vida.

Quando o carteiro chegou, e seu nome gritou, com uma carta na mão, minha mãe lavava roupa no quintal. Risque meu nome do seu caderno – minha mãe varria a casa – eu não suporto o inferno – estendia camas – do nosso amor fracassado. Que queres tu de mim? (minha mãe temperava o feijão) que fazes junto a mim? (minha mãe descamava as sardinhas) se tudo está perdido, amor? (minha mãe refogava coxas, sobrecoxas, aposta). Você há de rolar como as pedras que rolam na estrada – minha mãe com o ferro de passar – sem ter nunca um cantinho de seu pra poder descansar.

Enquanto o planeta pulsava iê iê iê, eu queria a rosa mais linda que houver, e a primeira estrela que vier, para enfeitar a noite do meu bem.

Nunca soube o que ia dentro da minha mãe, dos sentimentos que nem às paredes ela confessava. Mas inventei que dentro do rádio havia pessoinhas miúdas (do tamanho dos índios e cowboys que vinham nos vidros de Toddy), e que se a cortina xadrez se abrisse de repente (um dia se abriria), eu os veria – Dolores Duran, Ângela Maria, Dalva e Herivelto, Trio Los Panchos – de vestido vermelho, de sombrero, em seu mundo de miniatura feito de desenganos, desditas, perfídias e ilusões.

Eu não queria ser adulto, para querer quem não me quer, e quem me quer mandar embora. Para ter de me perguntar o que será da minha vida sem o teu amor, da minha boca sem os beijos teus, da minha alma sem o teu calor. Seria como eu era para sempre, sem saber que a deusa da minha rua tem os olhos onde a lua costuma se embriagar, sem me importar se Conceição vivia no morro a sonhar com coisas que o morro não tem, sem amanhecer pensando em ti, anoitecer pensando em ti, sem me cansar de pra você não ser ninguém.

Mas a vida veio e levou a voz de minha mãe (qué bonitos ojos tienes, debajo de esas dos cejas), o rádio do meu avô (por que não paras, relógio?), os lábios que beijei, mãos que eu afaguei (as mãos salpicadas de branco de minha avó), e a diminuta Dalva (tudo acabado entre nós, já não há mais nada) para trás do tecido xadrez que nunca se abriu.
= = = = = = = = =  = = = = = = = = =  = = = = 
EDUARDO AFFONSO, arquiteto mineiro de Belo Horizonte/MG, 1950. Colunista do jornal O Globo. Coordena a Oficina Literária Eduardo Affonso, voltada para cronistas. Participa do coletivo literário Flique.

Fontes:
Blog do Eduardo Affonso. 30 janeiro 2025.
https://tianeysa.wordpress.com/2025/01/30/radio-montanheza-zyv-4/
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing 

Baú de Trovas “09”


401
O sorriso é qual se fosse 
uma prece enternecida. 
É o modo mais belo e doce 
de dizer: "Eu amo a vida!”
A. A. DE ASSIS 
= = = = = = = = = 
402
Existe alguma verdade
dentro de cada mentira.
Sonho não é realidade
mas na verdade se inspira.
ABÍLIO KAC 
= = = = = = = = = 
403
Empina a pipa, garoto,
enquanto o sol não descamba;
pois neste mundo maroto,
estamos na corda bamba.
ADAMO PASQUARELLI
= = = = = = = = = 
404
Desde os tempos de Noé
o mundo pôs-se a saber,
que a manga só cai do pé,
porque não sabe descer.
ADEMAR MACEDO
= = = = = = = = = 
405
Estendam as mãos, amigos,
mantendo o mundo seguro.
Dos jovens e dos antigos
depende o nosso futuro!
AGOSTINHO RODRIGUES
= = = = = = = = = 
406
Vi num jornal estampado
o perigo que há no beijo.
Antes ser contaminado
do que morrer de desejo!*
ALYDIO C. DA SILVA 
= = = = = = = = = 
407
Seja pedra no caminho
ou corrente que nos prende,
quem avança de mansinho
se liberta e não se rende.
ANTONIO CABRAL FILHO
= = = = = = = = = 
408
Eu abri a porta errada
e caí numa arapuca:
em vez da noiva pelada,
vi a sogra sem peruca.
ANTÔNIO FRANCISCO PEREIRA 
= = = = = = = = = 
409
Na tristeza que me invade,
de uma paixão extinguida...
Sou montanha de saudade
na cordilheira da vida!
ARMINDO DOS SANTOS TEODÓSIO 
= = = = = = = = = 
410
Sofrer, chorar e morrer
eis o dilema ou questão:
sorrir, brincar e viver,
cabe a ti, a decisão.
ARTEMIZA CORREIA 
= = = = = = = = = 
411
Pobre louco apaixonado,
ai de mim! que não mais via,
que seu amor, pouco a pouco,**
esfriava dia a dia.
AUTOR ANÔNIMO 
= = = = = = = = = 
412
De lágrimas encenadas,
teu falso choro, infecundo,
são águas que decantadas,
mostram que há lama no fundo...
CEZAR AUGUSTO DEFILIPPO 
= = = = = = = = = 
413
Contra o perigo atual
já não há quem se previna
porque, do gênio do mal,
há um clone em cada esquina!
CLARINDO BATISTA DE ARAÚJO 
= = = = = = = = = 
414
Doutor - peço que me ajude
nesta dúvida inclemente:
Se isto é Casa de Saúde,
como pode ter doente?!...
COLBERT RANGEL COELHO 
= = = = = = = = = 
415
Já fui comilão outrora!
Hoje, ao lembrar-me, acho graça:
vontade ainda tenho agora,
mas, como vem, logo passa!!!
DALMIR PENA
= = = = = = = = = 
416
Quando alguns sonhos perdidos
acharam chegado ao fim,
você, em muitos sentidos,
deu novo sentido a mim.
DODORA GALINARI 
= = = = = = = = = 
417
Deslizando em mar suave
ou revolto, em desatino,
não tem âncora que trave
a jangada do destino.
DULCÍDIO DE BARROS M. SOBRINHO 
= = = = = = = = = 
418
Manhã... O sol vem nascendo...
E na montanha orvalhada,
vejo os seus raios varrendo
os restos da madrugada!...
EDMAR JAPIASSÚ MAIA
= = = = = = = = = 
419
Sou uma roça enflorada
quando ao sol de teu olhar,
me amanheço em alvorada
com meus sonhos a espigar!
EDNA VALENTE FERRACINI
= = = = = = = = = 
420
Metade dos nossos ais
são das decisões que tens!...
Queres voltar quando vais;
queres partir quando vens!…
EDY SOARES 
= = = = = = = = = 
421
Às vezes aborrecida 
mas sorrindo a desventura... 
Mulher continua a lida 
com muito amor e ternura !
ELISA ALDERANI
= = = = = = = = = 
422
A vida é uma mesa posta
com diversas iguarias;
se de amargores não gosta,
ponha doçura em seus dias.
ELISABETE DO AMARAL AGUIAR
Portugal 
= = = = = = = = = 
423
Na verdade, quando se ama,
o amor, transcende a razão
e infinito... acende a chama...
que enclausura um coração.
FABIANO DE C. MAGALHÃES 
= = = = = = = = = 
424
Se eu cultivar a alegria 
praticando o bem querer, 
terei no meu dia a dia 
mais coragem de viver!
HENRIETTE EFFENBERGER 
= = = = = = = = = 
425
O cansaço… a consumindo…
numa cadeira, ela escora…
Levanta o guri sorrindo:
- Eu guardei para a Senhora!…
JANETE DE AZEVEDO GUERRA
= = = = = = = = = 
426
Deus! Que beleza me deste!
- Penso que ela é toda minha -
mas no espaço azul celeste,
sou só uma nuvenzinha.
JANSKE NIEMANN
= = = = = = = = = 
427
Se o fracasso tem dois lados,
vale muito a decisão:
chorar os planos frustrados
ou bendizer a lição.
JÉRSON LIMA DE BRITO 
= = = = = = = = = 
428
Mãos erguidas, força unida,
no simbolismo que encerra:
a conservação da vida,
na preservação da Terra.
JESSÉ NASCIMENTO
= = = = = = = = = 
429
Trova!… Da alma és alimento,
és um sonho de criança,
és a vida em seu alento,
és toda nossa esperança.
JOSÉ FELDMAN
= = = = = = = = =  
430
Asqueroso é o avarento
que, de si, nada consome;
à família é rabugento,
por dinheiro, unha de fome.
LAIRTON TROVÃO DE ANDRADE
= = = = = = = = = 
431
Para exercer liderança,
não basta a capacidade;
é preciso impor confiança
e respeito, sem vaidade!
LEONILDA YVONETTI SPINA 
= = = = = = = = = 
432
Este mundo gira, gira!
Gira tanto, tão veloz!
Ele gira ou é mentira?
Pois quem gira, somos nós!
LISETE JOHNSON 
= = = = = = = = = 
433
Decisão precipitada
nos traz em algum momento,
glória da sorte lançada
ou grande arrependimento.
LUCÉLIA SANTOS 
= = = = = = = = = 
434
Que o sorrir mais se amplifique 
e que haja menos tristeza... 
Bondade se multiplique 
e o pão se divida à mesa!
LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DECARLI 
= = = = = = = = = 
435
Olhando o tempo passar,
no relógio da memória,
eu senti coisa invulgar,
pois revivi nossa história!
LUIZ CARLOS ABRITTA 
= = = = = = = = = 
436
Somos dois gritos calados
vivendo um sonho inaudito...
E como seres alados
voando para o infinito.
LUIZ GONZAGA DA SILVA 
= = = = = = = = = 
437
Não sei se foi teu sorriso 
e, ainda hoje, eu não sei... 
mas se existe um paraíso 
em teu sorriso o encontrei!
MARIA LÚCIA DALOCE 
= = = = = = = = = 
438
A pessoa, quando mente,
age qual rio infecundo
que, à tona, flui transparente
e esconde a lama no fundo...
MARÍLIA OLIVEIRA 
= = = = = = = = = 
439
Descobri, pela janela
das horas de minha vida,
que o futuro é uma aquarela
ainda a ser colorida.
MÁRIO A. J. ZAMATARO
= = = = = = = = = 
440
No rastro dos desenganos,
registrei bem na memória,
que os erros mudam os planos
mas jamais mudam a história.
MESSIAS DA ROCHA
= = = = = = = = = 
441
No oceano da vivência,
sentimentos e emoções,
veem na âncora a prudência
com marolas, turbilhões.
NADJA CRISTINA LENZI GADOTTI 
= = = = = = = = = 
442
O rostinho amarelado
encostado ao mostruário
cobiçava o tão sonhado
presente. Triste cenário!
NEMÉSIO PRATA
= = = = = = = = = 
443
Num reverso de aprendiz,
eu sigo vivendo em vão.
Nada guardei do que fiz,
esqueci toda a lição.
OLY CESAR WOLF 
= = = = = = = = = 
444
Um abraço jamais se esquece
pelo bem que ele nos faz!
Quanto mais forte, mais cresce,
num simbolismo de paz!
PROFESSOR GARCIA
= = = = = = = = = 
445
Num impulso de momento,
decisões, no dia a dia, 
são reféns do sentimento,
orquestrando a travessia.
RELVA DO EGYPTO R. SILVEIRA 
= = = = = = = = = 
446
Desato o nó da lembrança
e um facho de luz sem fim
me traz de volta a criança
que o tempo levou de mim!
RITA M. MOURÃO
= = = = = = = = = 
447
A brisa beija a roseira
e ao compasso das retretas,
a praça se envolve inteira
na festa das borboletas!
SELMA PATTI SPINELLI 
= = = = = = = = = 
448
Uma luz aconchegante 
faz na noite moradia 
e nesta paz radiante, 
avulta-se a estrela-guia! 
SOLANGE COLOMBARA 
= = = = = = = = = 
449
A montanha neblinada,
quando foge à nossa vista,
é a natureza enciumada
que esconde o quadro do artista.
THARCÍLIO GOMES DE MACEDO
= = = = = = = = = 
450
A antiga paixão fenece...
e mesmo juntos e a sós,
eu sinto como se houvesse
uma parede entre nós!
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
= = = = = = = = = = = = = = = = 
NOTAS
* De acordo com a Conaprest da UBT, não são mais aceitas rimas tipo eijo/ejo; ágoa/água; oca/louca, etc.

** Antes da fundação da UBT, não havia a obrigatoriedade de rimar o 1. verso com o 3. verso. Para concursos de trovas, é obrigatória a rima do 1. verso com 3. verso, 2. verso com 4. verso. (Sistema ABAB)

Abbie Phillips Walker (Festa na casa do sr. Raposo)

O Sr. Raposo era frequentemente perturbado pelo Sr. Cão e seu dono, então ele decidiu se mudar para o primeiro andar da floresta em vez de morar no andar térreo. Uma noite, ele olhou em volta ao luar e, para sua alegria, descobriu o lugar que queria morar.

Era uma casa construída nos galhos de uma grande árvore. Alguns meninos provavelmente haviam construído no ano anterior. 

“Com alguns reparos aqui e ali, esta será a casa mais bonita da floresta”, disse Raposo satisfeito.

Então ele foi procurar tudo o que precisava para tornar sua casa confortável longe do Sr. Homem. Ele até encontrou uma velha chaminé para manter seu fogão queimando bem. E em poucos dias, o Sr. Raposo contou a todos os seus amigos sobre sua nova casa e os convidou para uma festa em casa.

O Sr. Cobra, o Sr. Rato de Bolsa e o Sr. Esquilo não se incomodaram quando descobriram que a nova casa do Sr. Raposo estava na grande árvore. Mas o Sr. Coelho e o Sr. Texugo pareciam muito tristes e disseram que não aceitariam o convite amigável do Sr. Raposo, por mais que quisessem. Eles não podiam subir na árvore.

O Sr. Raposo pegou uma escada emprestada do Sr. Homem, e quando o Sr. Coelho e o Sr. Texugo disseram que não poderiam vir, ele percebeu que teria problemas para entrar em casa, especialmente se estivesse com pressa. Então ele decidiu que o Sr. Homem provavelmente não precisava da escada tanto quanto ele e que a escada seria uma boa adição à sua casa.

Quando ele contou ao Sr. Texugo e ao Sr. Coelho sobre a escada, eles decidiram ir, afinal, e uma noite, quando a lua estava brilhando, todos os animais iriam à casa do Sr. Raposo para comer. O Sr. Raposo achou que gastaria menos dinheiro se desse sopa aos convidados, então pegou todos os ossos que havia recolhido e os colocou em uma panela no fogão para cozinhar.

A fumaça subia de sua chaminé e espalhava o delicioso aroma de sopa. O Sr. Cão, que por acaso estava correndo pela floresta, viu a fumaça e sentiu o cheiro delicioso. Ele abanou o rabo e olhou para a casa na árvore. Então ele uivou e arranhou a árvore e, ao contorná-la, com os olhos fixos na casa o tempo todo, esbarrou na escada.

“Ah, que sorte!” ele disse, subiu e foi até a casa do Sr. Raposo, onde tirou a tampa da panela.

Levou menos de um segundo para tirar a panela do fogão, despejar a sopa na pia e deixar os ossos esfriarem. Então ele teve um delicioso banquete. Ele comeu até ficar sonolento, depois deitou no chão e adormeceu. O Sr. Cão não sabia que o Sr. Raposo morava naquela casa. Não que tivesse medo dele, mas teria dormido com um olho aberto para poder agarrá-lo.

O Sr. Raposo vagou pelas colinas, procurando um peru ou uma galinha perdida, e só voltou para casa quase anoitecendo. Subiu a escada correndo sem acender a luz e foi direto ao fogão ver como estava a sopa. Então ele tropeçou no Sr. Cão. O Sr. Cão deu um pulo com um latido rouco. O Sr. Raposo fugiu o mais rápido que pôde, mas não usou a escada, pulou pela janela e quase quebrou o pescoço. O Sr. Cão latiu ferozmente para ele.

O Sr. Raposo não parava de correr, e o Sr. Cão, pensando nos ossos que ainda não tinha comido, afastou-se da janela e atirou-se sobre os ossos. Enquanto ele ainda comia, chegaram os primeiros convidados da festa. O Sr. Cobra não precisava da escada para entrar, nem o Sr. Rato de Bolsa. O Sr. Esquilo não teve problemas para escalar. Mas eles pensaram que seria indelicado ir de qualquer outra maneira.

O Sr. Rato de Bolsa subiu a escada primeiro, seguido pelo Sr. Cobra. Então o Sr. Texugo e o Sr. Coelho subiram, enquanto o Sr. Esquilo subiu correndo a escada. Quando estavam na metade do caminho, o Sr. Cão, que ouviu barulho do lado de fora, foi até a porta. Ele deu a eles a maior surpresa de suas vidas, mas ele próprio ficou tão surpreso que nem latiu a princípio.

Depois que ele se recuperou do choque, ele saiu pela porta latindo. Mas o Sr. Cão não estava acostumado a descer uma escada e, no primeiro degrau, escorregou e caiu. Os convidados pularam imediatamente quando o Sr. Cão latiu, mas ainda não haviam saído do caminho quando o Sr. Cão caiu em cima deles. Junto com o Sr. Cão, o Sr. Rato de Bolsa, o Sr. Cobra e o Sr. Texugo caíram.

O Sr. Esquilo pulou em um galho da árvore e não se intimidou com a provação. Ele disse que era a visão mais engraçada que já tinha visto e tinha uma bela vista de onde estava sentado. Mas o Sr. Coelho disse que tinha certeza de que sua perspectiva era a melhor porque ele estava mais próximo da base da escada quando a queda começou. Ele tinha acabado de sair do caminho a tempo quando todos caíram no chão.

“Não dava nem para ver quem era quem, era um caos”, disse o Sr. Coelho, que mais tarde conversou sobre isso com o Sr. Esquilo.

Demorou muito para o Sr. Raposo convencer os convidados de que não pretendia receber o Sr. Cão em sua festa em casa. Mas quando o Sr. Esquilo disse a eles que realmente foi o Sr. Cão que comeu os ossos do chão e limpou a panela sem o Sr. Raposo saber, eles finalmente perdoaram o Sr. Raposo. O Sr. Raposo decidiu que o andar térreo era o mais seguro para ele, afinal. Quando ele se estabeleceu novamente, ele deu uma nova festa em casa, mas desta vez, o Sr. Cão não estava lá, felizmente.
= = = = = = = = =  = = = = = = = = =  = = = = 

ABBIE HOXIE PHILLIPS JACOB WALKER foi uma autora americana conhecida por suas contribuições cativantes para a literatura infantil no início do século 20. Nascida em Exeter, Rhode Island, Estados Unidos, em 1867. Walker cultivou um estilo que envolvia o caprichoso e o didático, com o objetivo de entreter e instruir as mentes jovens. Grande parte da escrita de Walker está encapsulada em sua deliciosa coleção de histórias para dormir intitulada 'The Sandman's Hour: Stories for Bedtime', que foi publicado em 1916 e despertou a imaginação de inúmeras crianças ao longo das gerações. Nesta antologia, Walker exibe uma propensão para elaborar contos imbuídos de um senso de admiração e lições morais, adaptado para mandar as crianças dormir com sonhos inspirados em suas proezas narrativas. Seu estilo literário muitas vezes espelha a tradição oral de contar histórias, com uma qualidade lírica que ecoa a atemporalidade dos contos populares. A abordagem sutil de Walker ao tecer contos que falam tanto da inocência da juventude quanto da sabedoria buscada pelas mentes em crescimento tornou suas obras clássicos duradouros no domínio da literatura infantil. Embora informações biográficas detalhadas sobre Walker sejam relativamente escassas, seu corpo de trabalho continua a falar de seu legado como autora cujas histórias embalaram e inspiraram, muito parecido com o Sandman homônimo de seu livro mais conhecido. Faleceu em 1951.

Fontes> 
Abbie Phillips Walker. Contos para crianças. Disponível em Domínio Público.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Adega de Versos 124 : Solange Colombara

 

Silmar Bohrer (Croniquinha) 129

Historicamente as civilizações surgiram pequenas, humildes, sem posses ou riquezas. Desembarcamos neste campo grande sem nada. Adaptamos.  Vamos em busca daquilo que a essência pede.  À luta.  Ganhos e perdas. Provamos da doçura e do amargor da existência. Capitulamos?  Não desistimos. Seguimos sorvendo do cálice agridoce da vida.

Se o tempo é "o que existe, inexistindo", vamos atrelados ao calendário em busca das manhãs serenas, das tardes açucenas, dos dias embebidos de alumbramento. 

Para onde?  Quem sabe?  Quem?  Seguimos bebericando momentos fugazes sondando o Destino que leva ao outro lado  do porto de chegada.  

E divagando a gente lembra Eduardo Galeano:  "A utopia está no horizonte. Me aproximo dois passos ela se afasta dois  passos.  Caminho dez passos e o horizonte  corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia ? Serve para isso : para que não deixe de  caminhar ".
= = = = = = = = =  = = = = = = = = =  = = = = 
SILMAR BOHRER nasceu em Canela/RS em 1950, com sete anos foi para em Porto União-SC, com vinte anos, fixou-se em Caçador/SC. Aposentado da Caixa Econômica Federal há quinze anos, segue a missão do seu escrever, incentivando a leitura e a escrita em escolas, como também palestras em locais com envolvimento cultural. Criou o MAC - Movimento de Ação Cultural no oeste catarinense, movimentando autores de várias cidades como palestrantes e outras atividades culturais. Fundou a ACLA-Academia Caçadorense de Letras e Artes. Membro da Confraria dos Escritores de Joinville e Confraria Brasileira de Letras. Editou os livros: Vitrais Interiores  (1999); Gamela de Versos (2004); Lampejos (2004); Mais Lampejos (2011); Sonetos (2006) e Trovas (2007).

Fontes:
Texto enviado pelo autor.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

José Feldman (A Esperança nunca morre)

Gumercindo, um senhor viúvo de 75 anos, passava seus dias em uma rotina tranquila, mas marcada pela solidão. Seu filho, Tião, de 25 anos, era seu maior orgulho e a razão de muitos sorrisos. No entanto, uma discussão durante um jantar, uma daquelas que surgem do nada, fez com que a relação entre eles desmoronasse. Tião, impetuoso e determinado a não aceitar a realidade que o cercava, saiu de casa sem se despedir, deixando seu pai com o coração pesado e a alma magoada.

Os anos passaram, e Tião, ao invés de buscar a reconciliação, mergulhou em sua carreira e em sua vida, tornando-se uma figura pública conhecida. O sucesso, no entanto, não preencheu o vazio deixado pela falta do pai. Gumercindo, por sua vez, esperava. Cada dia, sentado na varanda de sua casa, ele olhava pela rua, esperando que o filho voltasse. O orgulho que sentia por Tião era imenso, mas a dor do abandono o corroía lentamente.

Foi em um dia qualquer, após cinco longos anos, que Tião leu uma notícia devastadora em um jornal: seu pai havia falecido. O mundo ao seu redor pareceu desmoronar. Desesperado, ele decidiu voltar para a cidade onde cresceu, onde a casa que um dia foi cheia de risos agora guardava apenas ecos de memórias.

Ao chegar, encontrou a casa fechada, como se o tempo tivesse parado. Foi então que Leandro, um vizinho e amigo de Gumercindo, ao vê-lo, se aproximou. Ele possuía a chave da casa e, percebendo a dor nos olhos de Tião, abriu a porta. O cheiro de madeira antiga e o silêncio o acolheram de maneira quase dolorosa.

Enquanto caminhava pela casa, Tião se surpreendeu ao ver recortes de jornais e fotos pendurados nas paredes. Cada conquista sua, desde a infância até a vida adulta, estava ali, como uma galeria de orgulho e amor. Gumercindo, mesmo na ausência do filho, havia encontrado maneiras de celebrar o seu sucesso. E foi nesse momento que Leandro começou a contar histórias sobre Gumercindo.

“Seu pai sentava aqui todos os dias, na varanda. Ele falava de você com tanto carinho...”, disse Leandro, com a voz embargada. “Ele esperava a sua volta, sonhando em poder te abraçar novamente. Mas a tristeza foi tomando conta dele. Ele tinha leucemia, e eu sempre tentava cuidar dele, mas a falta de você o consumia.”

Tião escutava em silêncio, cada palavra como uma punhalada em seu coração. A imagem de seu pai esperando por ele, definindo-se dia após dia, foi mais do que ele poderia suportar. Ele nunca soube o quanto o pai o amava, mesmo quando se afastaram. E agora, o peso da culpa começou a se instalar.

A morte de Gumercindo não foi apenas uma perda, foi um divisor de águas. Tião, tomado pela dor e pela solidão, começou a beber. A bebida se tornou sua única companheira, uma tentativa de apagar a lembrança da dor que ele mesmo causara. Mas Leandro, já idoso e com sua própria batalha contra o câncer, não o abandonou. Ele percebia que Tião precisava de ajuda.

Com o tempo, a relação entre eles se fortaleceu. Tião começou a cuidar de Leandro, retribuindo o carinho que recebera. E em um momento de fraqueza, quando a vida de Leandro se esvaía, ele sussurrou: “Seu pai tinha muito orgulho de você. Agora eu sei por quê. Obrigado por seu carinho, seu pai me passou um recado, caso você voltasse: Eu te perdoo, meu filho, você vive em meu coração.”

Essas palavras foram um bálsamo para Tião. Ele entendeu que o amor de um pai é incondicional e que, mesmo nas piores circunstâncias, sempre há espaço para o perdão. A vida, com suas reviravoltas, havia lhe ensinado uma lição dolorosa, mas necessária.

Após a morte de Leandro, Tião se viu imerso em um mar de sentimentos conflitantes. A culpa que já o consumia pela morte de seu pai agora se amplificava, pois sentia que havia falhado mais uma vez, perdendo outra figura paterna importante em sua vida.

No início, ele ficou recluso, revivendo suas memórias com Leandro, lembrando-se do apoio que recebeu e das lições que aprendeu. Ele começou a perceber que a relação com Leandro, assim como a que teve com seu pai, era marcada por amor e aprendizado. Essa reflexão o levou a aceitar que a culpa não deveria ser um fardo, mas uma motivação para mudar.

Ele decidiu enfrentar sua dor em vez de se afogar nela. Ele começou a frequentar grupos de apoio, onde compartilhava suas experiências e ouvia histórias de outras pessoas. Isso não apenas o ajudou a lidar com seus sentimentos, mas também lhe ensinou sobre empatia e a importância de cultivar relacionamentos.

Com o tempo, começou a honrar a memória de seu pai e Leandro de maneiras práticas. Ele se envolveu em atividades comunitárias, ajudando jovens que enfrentavam desafios semelhantes aos que ele mesmo passou. Ao fazer isso, sentia que estava transformando sua dor em algo positivo, contribuindo para a vida de outros e, assim, mantendo vivos os legados de amor e orgulho de seus pais.

Através da escrita, Tião começou a expressar seus sentimentos em um diário. Ele escrevia cartas para seu pai e Leandro, compartilhando suas reflexões, arrependimentos e promessas de mudança. Esse processo se tornou uma forma de cura, permitindo-lhe dialogar com os que haviam partido e encontrar paz interior.

Com o tempo, percebeu que a culpa poderia ser transformada em força. Ele decidiu que não queria mais viver à sombra da dor, mas sim como um exemplo do que Gumercindo e Leandro sempre acreditaram que ele poderia ser. Essa nova perspectiva o ajudou a reconstruir sua vida, cercando-se de pessoas que o apoiavam e incentivavam.

A culpa, embora pesada, se tornou uma aliada na jornada dele. Ele aprendeu que, para honrar aqueles que amava, precisava viver plenamente e com propósito. Assim, não apenas lidou com sua dor, mas também encontrou um caminho para a redenção, transformando sua vida em um tributo ao amor que sempre recebera.

Tião percebeu a importância de não abandonar os pais, de valorizar cada momento. Eles sempre têm orgulho e muito amor pelos filhos, mesmo quando a relação parece estar quebrada. E, assim, ele decidiu não apenas honrar a memória de seu pai, mas também se tornar um homem melhor, não apenas para si, mas para aqueles que ainda o cercavam.

A vida, afinal, é muito curta para ser vivida com arrependimentos. Ele prometeu a si mesmo que, ao olhar para o futuro, faria isso com amor e gratidão, sabendo que, em cada passo, carregaria consigo o legado de seu pai.

Fontes:
 José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat.Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

Vereda da Poesia = 217


Trova de
DARLY O. BARROS
São Francisco do Sul/SC, 1941 - 2021, São Paulo/SP

Um sábio, um dia me disse:
“ Não passes a vida à toa;
semeia para a velhice,
que o tempo não corre, voa!”...
= = = = = = = = =  

Soneto de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009

OLHAR

As grades que me prendem são teus olhos,
aquática prisão, cela telúrica,
liana que me enrosca e me desfolha
no tronco tosco dessa árvore lúbrica.

No sol de Gláucia apenas me recolho
e, sendo assim, o sido se faz público
num pelourinho aberto com seus folhos
zurzindo seu chicote em gestos lúdicos.

Perau de feras, circo de centelha
regendo as águas tépidas de escamas
no fogo da (a)ventura da parelha.

Tudo em suor e sal o amor proclama:
No mar do teu olhar a onda se espelha
na chama que me queima e que te inflama.
= = = = = = = = =  

Trova de
ELISABETE AGUIAR
Mangualde/Portugal

Do topo daquela torre,
o nosso olhar se alongou...
Se der saudade, ali morre,
porque o tempo, ali... parou...
= = = = = = 

Poema de
SILVIAH CARVALHO
Manaus/AM

NOITE E DIA…

Existe uma passividade que de forma alguma é indolência
A calma viva que nasce da confiança na Força
que existe em nós, que nos torna capazes de vencer
ou nos adaptarmos as circunstâncias
A vida não está sob seu controle
mas se não administrá-la, ela será seu algoz

Tensão quieta não é confiança
consciência exausta não é o exercício da fé
Em tempo de incerteza, espera.
Não se subestime você é capaz
Há corações como raras flores,
que só se abrem nas sombras da vida
Não se precipite o tempo de cantar há de vir
  Você terá paz

A fé põe sua carta no correio
a desconfiança a segura
E questiona, porque a resposta não veio?
Se ainda carregas o seu fardo
seu esforço foi em vão, e suas cartas
 não terão finalidades se não saírem de suas mãos

Seu valor é mais alto do que supunha seus adversários
Quem dera pudesse ver!
Diamantes são embrulhados em pacotes grosseiros
para que ninguém saiba do valor que está ali dentro
na verdade há tesouros escondidos em você

Não se habilite em começar sem acabar
assim será hábil em fracassar.
Bens preciosos são os adquiridos com esforço,
lágrimas e dor, ainda que com o tempo eles pereçam
deixarão em nós lembranças como cicatrizes de valor

Qualquer situação pode ser mudada
se tiverdes equilíbrio e paciência
Então, suporta os açoites
espere pelo Dia,
Mas antes, enfrente e vença sua Noite.
= = = = = = = = =  

Trova de
GLÓRIA TABET MARSON
São José dos Campos/SP

E vendo o tempo que passa,
afloram recordações:
as retretas lá na praça,
flertes causando emoções!...
= = = = = = 

Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

SINTO O SANGUE GELAR-SE-ME NAS VEIAS
(José Barreto, in "Cânticos de Paixão e Outras Cores", p, 24)

Sinto o sangue gelar-se-me nas veias
Quando no peito morre uma esperança
Ou se solta um cabelo de uma trança
Onde o ouro brilhava sem ter peias;

E quando a luz que havia nas ideias
Se extingue sem deixar qualquer herança
Que no futuro seja uma lembrança
Dos povos que cantaram epopeias.

E o meu corpo minado pelo frio
Ganha a dureza gélida de um rio
A que os polos dão alma de glaciar.

Sou branca massa de água deslizando
Que sobe um mar de mágoa abominando
Onde eu não sou capaz de me afogar.
= = = = = = = = = 

Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI 
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP

Nossa terra e a terra lusa, 
na doce língua que as liga, 
são cordas nas mãos da musa, 
cantando a mesma cantiga.
= = = = = = 

Poema de
AFONSO FREDERICO SCHMIDT
Cubatão/ SP, 1890-1964, São Paulo/SP

CUBATÃO

Minha terra não passa de uma estrada,
um bambual que rumoreja ao vento;
sol de fogo em areia prateada,
deslumbramento e mais deslumbramento.

O chafariz em forma de carranca,
confidente das moças do arrabalde,
despeja a sua gargalhada branca
no bojo de latão de um velho balde,

Nas portas, parasitas cor de sangue,
um mastro esguio em cada casinhola;
gente tostada que desfolha o mangue,
crianças pálidas que vêm da escola.

Ao fundo, a Serra. Pinceladas frouxas,
de ouro e tristeza, em fundo azul. Aquelas
manchas que são jacatirões — as roxas,
e aleluias — as manchas amarelas.

A minha terra, quando a vejo, escampa,
cheia de sol e de visões amigas,
lembra-me o cromo que enfeitava a tampa
de uma caixa de goma, das antigas…
= = = = = = 

Trova de 
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

Se a saudade embala a rede, 
meu amor, de olhar frustrado, 
vê, no branco da parede, 
teu semblante desenhado…
= = = = = = 

Soneto de
FILEMON MARTINS
São Paulo/ SP

PREDESTINADO

Passo a passo, vivendo solitário,
– predestinado para o sofrimento,
vou subindo o meu íngreme calvário
sob o peso da mágoa e do tormento.

R como um sonhador,  no mundo vário,
procuro paz, amor, contentamento,
mas no meu tortuoso itinerário
só encontro amargura e fingimento.

E a esperança da vida vai passando,
e eu descrente de tudo vou ficando,
na solidão que o mundo me ofertou;

mas a poesia, doce companheira,
está sempre comigo a vida inteira,
dando-me a paz que a sorte me negou!
= = = = = = = = =  

Trova de
JOSÉ LUCAS DE BARROS
Serra Negra do Norte/RN, 1934 – 2015, Natal/RN

Esta mania disforme
tem o velho Antônio Lira:
só não mente quando dorme,
mas, quando sonha, é mentira.
= = = = = = 

Haicai de
A. A. DE ASSIS 
Maringá/PR

Ora é torcicolo, 
ora é coluna, é pressão...
Ah, os novent'anos. 
= = = = = = 

Soneto de
AUTA DE SOUZA
Macaíba/RN, 1876 – 1901, Natal/RN+

MISTÉRIO 
(à memória do pequeno Alberto)

Sei que tu' alma carinhosa e mansa
Voou, sorrindo, para o Azul celeste;
Sei que teu corpo virginal descansa
Aqui da terra n'um cantinho agreste

Tudo isto sei: mas tu não me disseste
Se lá no Céu, na pátria da Esperança,
Ou aqui no mundo, à sombra do cipreste,
Deixaste o coração, loura criança!

Desceu acaso com o corpo à terra
Ele tão puro e que só luz encerra?
Não creio nisso e ninguém crê de certo...

Enquanto, eu cismo que, num vale ameno,
Talvez o seio de um jasmim pequeno
Sirva de berço ao coração de Alberto.
= = = = = = 

Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ

Meu canto é humilde e meu estro,
numa oração triunfal,
rende graças ao Maestro
da harmonia universal!
= = = = = = 

Hino de 
BELA VISTA DO PARAÍSO/ PR

Bela Vista do Paraíso,
O Paraná te viu nascer,
Terra vermelha, povo valente cheio de vida.
Predestinada a crescer e vencer.
Acolhedora é a tua tradição
Fertilidade é tua vocação

Bela namorada eterna bela é
Vista de beleza infinita
Paraíso dos nossos sonhos
Porto seguro da nossa vida

Dos desbravadores, uma profecia,
Serás princesa, serás rainha.
Serás orgulho, serás amada.
Serás eternamente alegria.
És a filha preferida da natureza,
Teu nome é fartura,
Teu sobrenome é beleza.

Bela Vista do Paraíso.
Nossa homenagem é nosso louvor
Nossa gratidão é o nosso amor!
= = = = = = = = =  

Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ

DISSIPANDO O SILÊNCIO

O silêncio do inverno se dissipa
ao brotarem as flores do jardim,
e o gorjeio do pássaro antecipa
as lembranças do cheiro de alecrim.

Deixemos as saudades nos levar
pelas trilhas de outrora, mas voltemos
a contemplar as flores a brotar,
alegrando o ambiente onde vivemos.

O repicar dos sinos na alegria
de ter uma família que nos ama...
Na falta dela pense... o que seria!

Essa melancolia que ora brota,
são apenas momentos de uma dama
cheia de sonhos lindos, ninguém nota.
= = = = = = = = =  = = = = 

Trova de
GILVAN CARNEIRO DA SILVA
São Gonçalo/RJ

Abro a cortina do sonho
e num gesto de quem vela,
me deito a seu lado e ponho
meus sonhos nos sonhos dela.
= = = = = = = = = 

Lengalenga de Portugal
PIA, PIA, PIA
 
Pia, pia, pia,
 O mocho
 Que pertencia
A um coxo.
Zangou-se o coxo,
Um dia,
E meteu o mocho
Na pia, pia, pia…
= = = = = = = = =  

Trova Popular de
AUTOR ANÔNIMO

Tal desgraça não se evita,
até parece uma lenda:
meu amor faz tanta fita
e compra fita na venda.
= = = = = = = = =  

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

COLAR DE PÉROLAS...

Com as pérolas do colar
Desenhei um coração
E num piscar de olhos
Senti teu coração  bater
Juntinho a mim…
= = = = = = 

Trova de
ROBERTO RESENDE VILELA
Pouso Alegre/MG

Quem contempla a imensidão,
no silêncio de um deserto
sempre chega à conclusão:
- O infinito é um Livro Aberto!
= = = = = = = = =