sábado, 8 de fevereiro de 2025

José Feldman (Pafúncio e o Coquetel dos Prêmios)

Era uma noite de gala na cidade, e o prestigiado “Coquetel dos Prêmios Fuxicos” estava prestes a começar. Celebridades, influenciadores e jornalistas se reuniam para celebrar os maiores acontecimentos do ano no mundo das fofocas. E, claro, Pafúncio, o jornalista trapalhão da revista “Fuxicos & Fofocas”, não poderia ficar de fora desse evento.

Vestindo um terno que parecia ter sido escolhido às pressas — com uma gravata que mais parecia uma serpentina — Pafúncio chegou ao local com um sorriso de orelha a orelha. Ele estava determinado a fazer sua cobertura ser a mais memorável de todas, mesmo que isso significasse algumas trapalhadas pelo caminho.

Assim que entrou, foi recebido por uma multidão de pessoas bem vestidas, todas segurando taças de champanhe e sorrisos brilhantes. Pafúncio, empolgado, decidiu que a primeira coisa que faria seria se aproximar do buffet. Afinal, quem poderia resistir a uma mesa cheia de aperitivos?

Com um pé na frente do outro, ele se dirigiu à mesa. No entanto, ao tentar pegar um canapé de salmão, ele esbarrou em uma bandeja cheia de bebidas. Em um movimento de câmera lenta, as taças de champanhe voaram pelo ar, chacoalhando como se estivessem dançando. Pafúncio apenas assistiu, paralisado, enquanto as taças atingiam o chão, fazendo um barulho estrondoso.

As pessoas ao redor ficaram em silêncio, olhando para ele. Pafúncio, tentando se redimir, levantou as mãos e disse: “Acho que agora temos um ‘brinde’ ao chão!” A plateia, inicialmente chocada, não conseguiu conter a risada, e o clima começou a relaxar.

Mas o infortúnio de Pafúncio estava apenas começando. Ao se afastar da mesa, ele tropeçou em uma perna de uma cadeira e, sem saber como, acabou caindo de joelhos. Para sua sorte, ele aterrissou bem embaixo de uma mesa que, ao ser puxada, virou, derrubando pratos e copos. O barulho foi ensurdecedor.

“É uma nova dança, a ‘Dança da Mesa Voadora’!” gritou Pafúncio, enquanto tentava se levantar. As pessoas estavam atônitas, mas não conseguiam conter as risadas, e ele começou a se sentir como o verdadeiro centro das atenções. Mas ele não sabia que a situação ainda podia piorar.

Decidido a continuar sua cobertura, ele se levantou e se dirigiu ao palco, onde as premiações estavam prestes a começar. Com um microfone na mão, ele queria fazer uma pergunta ao apresentador, mas, em sua empolgação, tropeçou no próprio pé e caiu para a frente, fazendo com que o microfone batesse em sua boca. O som de um barulho metálico ecoou, e ele, atordoado, exclamou: “Acho que o microfone também quer participar da festa!”

O público estava um pouco surdo devido ao som agudo do microfone, e Pafúncio decidiu que, que para ser o melhor jornalista da noite, ao menos deveria ter mais atenção.

Quando as premiações começaram, ele se aproximou de um grupo de celebridades que estava esperando seu prêmio. Tentando ser sutil, decidiu fazer uma pergunta para a atriz mais famosa da noite, que estava com um vestido deslumbrante. “Se você pudesse ganhar um prêmio por sua habilidade em… em… ficar linda, qual seria o seu segredo?” 

A atriz, sem saber se ria ou se ficava ofendida, respondeu: “Apenas muita água e um bom hidratante!”

Pafúncio, anotando furiosamente, comentou: “Então, a verdadeira receita do sucesso é água e cremes, não champanhe e canapés!” 

Finalmente, chegou o momento do grande prêmio: “Melhor Fuxiqueiro do Ano”. Pafúncio, com seu jeito desajeitado, decidiu que precisava fazer uma cobertura de última hora. Ele se aproximou da mesa dos vencedores, mas, ao tentar tirar uma selfie com todos, fez uma careta tão estranha que acabou derrubando novamente uma taça de champanhe que, por sorte, atingiu apenas seu próprio terno.

“Parece que sou o verdadeiro vencedor da noite!” exclamou, enquanto tentava limpar a mancha com um guardanapo, que, por acaso, estava mais sujo do que o terno em si.

A premiação terminou em risadas, e Pafúncio, exausto mas feliz, voltou para casa com um material inusitado. Ao escrever sua matéria, ele transformou cada trapalhada em um momento hilário e divertido, fazendo com que seus leitores se divertissem tanto quanto ele.

E assim, Pafúncio provou que, mesmo nas situações mais desastrosas, o humor sempre vence. Afinal, em uma noite cheia de glamour, ele conseguiu fazer todos rirem e esquecerem das formalidades, mostrando que, às vezes, o que mais importa é saber rir de si mesmo.

Fontes:
José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: Plat.Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing 

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