sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Vereda da Poesia = 221


Trova de
PAULO R. O. CARUSO
Niterói/RJ

Dizem que sou mentiroso,
e tal fala bem não cai.
Ouço e fico desgostoso...
Vou voltar já pra "Dubai"!
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Soneto de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009

BOLERO DAS ÁGUAS

O passo no compasso dois por quatro
acode meu suplício de afogado
afastando de mim sedento cálice
em submerso bolero de águas tantas.

A sede dança seca na garganta
curtindo signos, fala ressequida
para a língua de couro, lixa tântala,
alisando palavras rebuçadas.

Quanto alfenim no alfanje que se enfeita
para montar as ancas de égua moura.
Lábia flamenca lambe leve as ouças,

é rito muezim ditando a dança:
no dois pra cá me levo em dois pra lá,
nas águas do regaço vou-me e lavo-me.
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Trova de
MARIA JOSÉ FRAQUEZA
Fuzeta/Algarves/ Portugal

Piedade é sentimento
que trago no meu sentido.
Alivia o sofrimento...
E conforta o deprimido.
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Poema de
SILVIAH CARVALHO
Manaus/AM

A FORÇA DO SEU ABRAÇO

Sinto saudade dos seus braços
Onde dividia meu cansaço
Quando em você me escondia
Desta minha vida tão vazia

Na força do teu abraço
Encontrei descanso e me entreguei
Encontrei paz e fui feliz. Nos seus braços
Descobri o quanto te amei

Sem medo de sofrer, abri meu coração
Sem medo de perder, segurei em suas mãos
Você é meu refúgio, meu abrigo
Meu amor, muito mais que um amigo

No cantinho dos seus braços
Eu me desfaço e me refaço
Encontro amor e carinho
Onde moro e, faço deles meu ninho.
= = = = = = = = =  

Trova de
MARIA DE LOURDES GRAÇA CABRITA
Olhão/ Portugal

Quero viver o Futuro
com amor no coração,
num mundo bem mais seguro
de Vida, Paz e União!
= = = = = = 

Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

VEJO-TE SEMPRE EM HORAS DE SAUDADE
(Fernandes Valente Sobrinho in "Poemas Escolhidos", p. 145)

Vejo-te sempre em horas de saudade
Quando em meu peito dói a tua ausência
Presente como eterna penitência
Que eu pague por te amar sem castidade.

Envolto sempre em rara claridade
Segreda o teu olhar a confidência
Em que naufraga, nua, esta inocência
No abraço que me traz à realidade.

Talhada em minha mente sempre vens
Livre e solta no tempo e te deténs
Trazendo à minha vida a doce paz.

Com enlevos eu te amo e te venero
E em meus dias o que eu anseio e quero
Sempre és tu quem o diz e quem o faz.
= = = = = = = = = 

Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI 
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP

Pancada de chave inglesa 
amontoou o Garcês, 
que para a própria surpresa, 
acordou falando inglês! 
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Soneto de
AFONSO FREDERICO SCHMIDT
Cubatão/ SP, 1890-1964, São Paulo/SP

OS VAGABUNDOS

Perdidos pela estepe enegrecida e rasa,
Nessa planície igual que a distância arredonda,
Que o inverno enregela e que o verão abrasa,
Dos vagabundos passa a maltrapilha ronda.

As miragens do céu são como pétrea onda...
E o vento forasteiro essa visão arrasa,
Quebrando torreões de arquitetura hedionda,
Catedrais de marfim e florestas de brasa!

Eles passam cantando uma canção dolente,
E vão deixando atrás, por sobre a terra ardente,
Dos seus inchados pés os passageiros rastros...

E quando a noite desce aos desertos medonhos,
Deitam-se sobre a terra e sonham lindos sonhos
Na solidão da estepe e na mudez dos astros!
= = = = = = 

Trova do 
PROFESSOR GARCIA
Caicó/ RN

Nosso casebre, é de palha
de pau-a-pique a parede.
O amor que aqui se agasalha,
dorme comigo na rede!
= = = = = = 

Poema de
FILEMON MARTINS
São Paulo/ SP

AMOR CREPUSCULAR

A tarde vai morrendo lentamente
e enquanto o sol se esconde lá na serra,
a brisa vem trazendo mansamente
uma saudade que o meu peito encerra.

E a noite surge alegre e resplendente
com seus mistérios vem saudando a terra,
espalhando, no mundo, o amor ingente
de quem cultiva a paz e evita a guerra.

Quantos amantes passam se beijando
confessando segredos e venturas
que só o amor produz nas almas puras?

Meu coração também está amando
como os casais que passam na avenida
jurando amores para toda a vida.
= = = = = = = = =  

Trova de
TERESA RIO
Olhão/ Portugal

Desejamos às crianças
um Futuro promissor!
Concretizando esperanças
plenas de Paz e Amor!
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Poetrix de
SILVANA GUIMARÃES
Belo Horizonte/MG

DEU BANDEIRA

febre, dor pelo corpo afora,
a estrela que eu podia ter sido e não fui:
um tango à toa a vida inteira
= = = = = = 

Soneto de
MÁRIO A. J. ZAMATARO
Curitiba/PR

CARRINHEIRO

Lá fora a chuva fina turva a luz
e molha o palco aberto onde se faz
da hora a velha sina que conduz
quem olha a rua incerta e o chão voraz.

Um vulto esconde o rosto em breu capuz
enquanto a chuva insiste em ser tenaz...
Avulta em mim desgosto que traduz
em pranto a chuva triste e pertinaz.

Estia enfim e o vulto se levanta
e leva o seu carrinho em contramão
na via onde um insulto o desencanta

e faz brotar nos olhos a explosão
que torna a raiva insana e a dor maior
na lágrima, na chuva e no suor.
= = = = = = 

Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ

Neste exemplo se presume
um prêmio às almas bondosas:
fica sempre algum perfume
nas mãos que oferecem rosas!
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Soneto de
HEGEL PONTES
Juiz de Fora/MG (1932 – 2012)

SÃO FIDÉLIS

De São Fidélis guardo a ressonância
 De pássaros cantando nas capoeiras;
 No olhar conservo as flores das primeiras
 Primaveras perdidas na distância…

 Toucou-me um dia a incontrolável ânsia
 De procurar caminho e abrir porteiras,
 Deixando para trás velhas mangueiras
 Que encheram de doçura a minha infância.

 Comércio, indústria, o campo verde, o açude…
 Cidade Poema, te esquecer não pude,
 Porque, mesmo partindo da cidade,

 Como carro-de-boi que geme e chora,
 Eu vou levando pela vida afora
 A colheita indelével da saudade!
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Trova de
VICTOR MANUEL CAPELA BATISTA
Barreiro/ Portugal

A seca traz muita fome
enche todos de tristeza,
para gente que mal come
o porvir é uma incerteza.
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Cantiga Infantil de Roda
LAGARTA PINTADA 

É uma roda de crianças, cada qual pegada na orelha da outra, cantando e dançando:

Lagarta pintada 
Quem foi que te pintou
Foi uma velha 
Que passou por aqui
A saia da velha 
Fazia poeira
Puxa lagarta 
No pé da orelha

Quando as meninas dizem - Puxa lagarta no pé da orelha - puxam realmente com força na orelha das outras

Outra versão:

Lagarta pintada quem foi que te pintou?
foi uma menina que aqui passou
por dentro das areias levanta poeira
pega esta menina pela ponta da orelha.

Lagarta pintada quem foi que te pintou?
Foi a velha cachimbeira por aqui passou.
No tempo da areia fazia poeira, Puxa
Lagarta nessa orelha... Orelha, orelha!
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Quadra Popular de
AUTOR ANÔNIMO

Que os homens são uns diabos
não há mulher que o negue;
mesmo assim elas procuram
um diabo que as carregue.
= = = = = = = = =  

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

ROTINA DE UMA ÁRVORE

Terra, água
E luz gestam vidas
Num contínuo renascer,
O ciclo da vida impresso
Nas folhas encanta,
E surpreende,
Desabrochando em versos
Em uma manhã azul
De Primavera.
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Trova de
MARIA AMÉLIA DE CARVALHO E ALMEIDA
Travanca dos Lagos/ Portugal

A beleza mais secreta
só o Poeta a descobre,
e quando morre um Poeta
o mundo fica mais pobre!
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