ALZIRINHA MAGALHÃES
Bandeirantes/PR
Nas asas do velho tempo
voou a minha ilusão...
Mas deixou-me um passatempo:
saudade em meu coração!
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Poema de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009
JOROPO PARA TIMPLES E HARPA
Em duas asas prontas para o voo
assim se foi em par a minha vida
e com rilhar de dentes me perdoo
trilhando as horas nuas na medida
Bilros tecendo rendas amarelas
bordando em vão um tempo já remoto
no sol dos girassóis da cidadela
canto um recanto que me faz devoto
A dor que existe em mim raiz que medra
no rastro mais sombrio as minhas luas
talvez não fora Sísifo ou a pedra
que encontro todo dia pelas ruas
ao revirar as heras nessa redra
trilhando na medida as horas nuas
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Trova de
MARIA LUIZA WALENDOWSKY
Brusque/ SC
A imensidão desse amor,
que me transcende o presente,
faz suportar minha dor,
quando seu corpo está ausente.
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Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba/ PR
A aranha
firmou a rede
Pra caçar
Raios de sol.
Mas nela
Quem ficou presa
Foi a chuva
De cristal.
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Trova de
PEDRO ÂNGELO T. PINTO
Juiz de Fora/MG
Cantou de galo o chinês,
num trambique na cozinha:
- de um simples frango ele fez
cem coxinhas de galinha!...
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
UM RIO QUE BUSCANDO UM MAR ME DÓI
(Augusto Nunes in "Os Espelhos da Água", p. 87)
Um rio que buscando um mar me dói
Brota destes meus olhos tão magoados
Por tantos sonhos mortos e enterrados
No meu peito que a dor esmaga e mói.
O futuro almejado se destrói
Pelo nefasto e negro fel dos fados
Que os seus voos lhe traz tão amarrados
À humana pequenez que sempre os rói.
Fosse outra a sorte e a obra outra seria
Do tamanho e da cor de uma utopia
Talhada num perfume de mulher.
Fruto de tantos súbitos acasos
Se os meus olhos eu trago de água rasos
É porque o meu destino assim o quer.
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Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP
Do que agitou nossas almas,
restam sonhos calcinados,
cingindo as crateras calmas
de dois vulcões apagados!
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Soneto de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918
TERCETOS I
Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
“Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!
Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!
Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!
Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!
Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! deixa que amanheça!”
- E ela abria-me os braços. E eu ficava.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
A saudade me consome
e as angústias são pesadas,
quando eu murmuro teu nome
e o vento... dá gargalhadas...
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Soneto de
AUTA DE SOUZA
Macaíba/RN, 1876 – 1901, Natal/RN
NUM LEQUE
Na gaze loura deste leque adeja
Não sei que aroma místico e encantado...
Doce morena! Abençoado seja
O doce aroma de teu leque amado
Quando o entreabres, a sorrir, na Igreja,
O templo inteiro fica embalsamado...
Até minh'alma carinhosa o beija,
Como a toalha de um altar sagrado.
E enquanto o aroma inebriante voa,
Unido aos hinos que, no coro, entoa
A voz de um órgão soluçando dores,
Só me parece que o choroso canto
Sobe da gaze de teu leque santo,
Cheio de luz e de perfume e flores!
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Trova de
RENATO ALVES
Rio de Janeiro/RJ
Da água, a grave escassez
não se mede pela escala,
e sim pela insensatez
de não sabermos usá-la!
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Haicai de
JOÃO BATISTA SERRA
Caucaia/CE
Azulão contempla
O firmamento azulado:
Deseja ser livre.
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Poema de
JAQUELINE MACHADO
Cachoeira do Sul/ RS
JUSTIÇA
Ontem eu não era nada.
E eles zombavam de mim...
E eu, boba,
Chorei, infeliz.
Agora sou bastante...
E estão me parabenizando.
Alguns “parabéns” são de coração,
outros, cheios de disfarces.
A justiça ê uma Deusa implacável.
Não permite colheitas aleatórias...
Nem deixa faltar chuva no solo
de quem planta amor...
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Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ
Deserto o mundo seria,
sem vida, luz e calor,
se nos faltasse algum dia
a grande força do amor!
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Hino de
CAROLINA/ MA
Conterrâneos num canto vibrante
Exaltemos a nossa cidade,
Que com justas razões se destaca,
Na cultura e na sociedade.
Até poucos decênios atrás
Quase nada do avanço mostrava
Totalmente isolada do mundo
Com entraves bem fortes lutava.
Saudemos seu fundador
A figura insinuante
De Elias Ferreira Barros
Um perfeito bandeirante
Mas depois, com os tempos mudados
E mais livre de tanto embaraço,
A buscar novas fontes do luz,
Desferiu belo voo pelo espaço
Numa marcha feliz vai seguindo
Já um lindo porvir vislumbrando
De gozar a sua luz benfeitora,
Muito perto, talvez estejamos.
Saudemos seu fundador
A figura insinuante
De Elias Ferreira Barros
Um perfeito bandeirante
Exaltemos com a doce esperança
Confiemos na Graça Divina
E o Progresso com seus benefícios,
Há de em breve atingir Carolina
Nosso anseio resume-se em vê-la
Elevada a certa grandeza
De maneira que possa dar lustre
Às insígnias reais de princesa
Saudemos seu fundador
A figura insinuante
De Elias Ferreira Barros
Um perfeito bandeirante
Salve, pois, o feliz sertanista,
Cujos passos ficaram imortais
Salve os outros que tem trabalho
Pelos seus interesses vitais.
Praza os céus que as vindouras centúrias
Tenha a dita de vir encontrá-la
Em um trono ideal de Princesa.
Ostentando os seus trajes de Gala.
Saudemos seu fundador
A figura insinuante
De Elias Ferreira Barros
Um perfeito bandeirante
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Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ
NOVO DESPERTAR
Um novo despertar, para quem busca a Paz
ou só continuar, um sonho muito antigo,
que nos dá alegria em tudo que se faz
cultivando-se o amor num mundo mais amigo.
Com menos aspereza a vida é mais bonita,
Em uma nova aurora, o amor renascerá
E aquele que foi triste agora vem, se agita
E um novo despertar por certo encontrará.
Numa vida tranquila em tudo fluirá
Cumprindo a nossa parte é certo que teremos
Com leveza e alegria aquilo que queremos.
A Paz que vou buscar é certo que virá
Por falta de equilíbrio ou de organização
não a deixarei ir, tenho-a firme na mão.
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Trova de
ALOÍSIO ALVES DA COSTA
Umari/CE (1935 – 2010) Fortaleza/CE
Num armário sem conforto,
do qual não guardo saudade,
guardado, me fiz de morto,
pra não morrer de verdade...
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Uma Lengalenga de Portugal
ARCO DA VELHA *
Arco da velha,
Tira-te daí,
Menina donzela
Não é para ti,
Nem para o Pedro
Nem para o Paulo,
É para a velha
Do rabo cortado
* Arco-da-velha é uma expressão usada quando se quer referir algo espantoso, inacreditável, inverossímil. Trata-se de uma forma reduzida de arco da lei velha, em referência ao arco-íris, que, segundo o mito bíblico, Deus teria criado em sinal da eterna aliança entre ele e os homens.
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Trova Popular de
AUTOR ANÔNIMO
Você diz que me quer bem,
eu também quero a você;
onde há fogo há fumaça,
quem quer bem logo se vê.
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
LAMBREQUINS
O tempo passeia sem pressa
Impresso nos antigos lambrequins,
Enquanto uma saudade azul
Toca os sinos-de-vento,
Uma borboleta pousa em minha mão…
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Trova de
ANTONIO JURACI SIQUEIRA
Belém/PA
O homem sofre ante os impulsos
das religiões e das ciências
pois pior que algemar pulsos,
é agrilhoar consciências!...
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