sábado, 5 de novembro de 2011

Austregésilo de Miranda Alves (Trova Ecológica 40)

Carlos Drummond de Andrade (Torcida)


"Mesmo antes de nascer, já tinha alguém torcendo por você."

Tinha gente que torcia para você ser menino. Outros torciam para você ser menina.

Torciam para você puxar a beleza da mãe, o bom humor do pai.

Estavam torcendo para você nascer perfeito. Daí continuaram torcendo.

Torceram pelo seu primeiro sorriso, pela primeira palavra, pelo primeiro
passo.

O seu primeiro dia de escola foi a maior torcida. E o primeiro gol, então?

E de tanto torcerem por você, você aprendeu a torcer.

Começou a torcer para ganhar muitos presentes e flagrar Papai Noel.

Torcia o nariz para o quiabo e a escarola.

Mas torcia por hambúrguer e refrigerante.

Começou a torcer até para um time.

Provavelmente, nesse dia, você descobriu que tem gente que torce diferente de você.

Seus pais torciam para você comer de boca fechada, tomar banho, escovar os dentes, estudar inglês e piano. Eles só estavam torcendo para você ser uma pessoa bacana.

Seus amigos torciam para você usar brinco, cabular aula, falar palavrão.

Eles também estavam torcendo para você ser bacana.

Nessas horas, você só torcia para não ter nascido.

E por não saber pelo que você torcia, torcia torcido.

Torceu para seus irmãos se ferrarem, torceu para o mundo explodir.

E quando os hormônios começaram a torcer, torceu pelo primeiro beijo, pelo primeiro amasso.

Depois começou a torcer pela sua liberdade.

Torcia para viajar com a turma, ficar até tarde na rua.

Sua mãe só torcia para você chegar vivo em casa.

Passou a torcer o nariz para as roupas da sua irmã, para as idéias dos
professores e para qualquer opinião dos seus pais.

Todo mundo queria era torcer o seu pescoço.

Foi quando até você começou a torcer pelo seu futuro.

Torceu para ser médico, músico, advogado. Na dúvida, torceu para ser
físico nuclear ou jogador de futebol.

Seus pais torciam para passar logo essa fase.

No dia do vestibular, uma grande torcida se formou.

Pais, avós, vizinhos, namoradas e todos os santos torceram por você.

Na faculdade, então, era torcida pra todo lado. Para a direita, esquerda,
contra a corrupção, a fome na Albânia e o preço da coxinha na cantina.

E, de torcida em torcida, um dia teve um torcicolo de tanto olhar para
ela.

Primeiro, torceu para ela não ter outro.

Torceu para ela não te achar muito baixo, muito alto, muito gordo, muito
magro. Descobriu que ela torcia igual a você.

E de repente vocês estavam torcendo para não acordar desse sonho.
Torceram para ganhar a geladeira, o microondas e a grana para a viagem de
lua-de-mel.

E daí pra frente você entendeu que a vida é uma grande torcida.

Porque, mesmo antes do seu filho nascer, já tinha muita gente torcendo por ele.

Mesmo com toda essa torcida, pode ser que você ainda não tenha conquistado algumas coisas. Mas muita gente ainda torce por você!"

"Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) do mundo, mas a poesia (inexplicável) da vida."

Eu torço por você!

Carlos Drummond de Andrade (O Poeta Singrando Horizontes V)


RETORNO

Meu ser em mim palpita como fora
do chumbo da atmosfera constritora.
Meu ser palpita em mim tal qual se fora
a mesma hora de abril, tornada agora.

Que face antiga já se não descora
lendo a efígie do corvo na da aurora?
Que aura mansa e feliz dança e redoura
meu existir, de morte imorredoura?

Sou eu nos meus vinte aons de lavoura
de sucos agressivos, qe elabora
uma alquimia severa, a cada hora.

Sou eu ardendo em mim, sou eu embora
não me conheça mais na minha flora
que, fauna, me devora quanto é pura.

Itabira do Mato Dentro - MG - 1902

RESTOS

O amor, o pobre amor estava putrefato.
Bateu, bateu à velha porta, inutilmente.
Não pude agasalhá-lo : ofendia-me o olfato.
Muito embora o escutasse, eu de mim era presente.

RESÍDUO

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco
Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).
Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.
Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.
Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.
Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?
Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.
De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.
E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.

REMISSÃO

Tua memória, pasto de poesia,
tua poesia, pasto dos vulgares,
vão se engastando numa coisa fria
a que tua chamas: vida, e seus pesares.

Mas, pesares de quê ? perguntaria,
se esse travo de angústia nos cantares,
se o que dorme na base da elegia
vai correndo e secando pelos ares,

e nada resta, mesmo, do que escreves
e te forçou ao exílio das palavras,
senão contentamento de escrever,

enquanto o tempo, e suas formas breves
ou longas, que sutil interpretavas,
se evapora no fundo de teu ser ?

In "Claro Enigma"

RECONHECIMENTO DO AMOR

Amiga, como são desnorteantes
Os caminhos da amizade.
Apareceste para ser o ombro suave
Onde se reclina a inquietação do forte
(Ou que forte se pensa ingenuamente).
Trazias nos olhos pensativos
A bruma da renúncia:
Não querias a vida plena,
Tinhas o prévio desencanto das uniões para toda a vida,
Não pedias nada,
Não reclamavas teu quinhão de luz.
E deslizavas em ritmo gratuito de ciranda.

Descansei em ti meu feixe de desencontros
E de encontros funestos.
Queria talvez - sem o perceber, juro -
Sadicamente massacrar-se
Sob o ferro de culpas e vacilações e angústias que doíam
Desde a hora do nascimento,
Senão desde o instante da concepção em certo mês perdido na História,
Ou mais longe, desde aquele momento intemporal
Em que os seres são apenas hipóteses não formuladas
No caos universal

Como nos enganamos fugindo ao amor!
Como o desconhecemos, talvez com receio de enfrentar
Sua espada coruscante, seu formidável
Poder de penetrar o sangue e nele imprimir
Uma orquídea de fogo e lágrimas.

Entretanto,
ele chegou de manso e me envolveu
Em doçura e celestes amavios.
Não queimava, não siderava; sorria.
Mal entendi, tonto que fui, esse sorriso.
Feri-me pelas próprias mãos, não pelo amor
Que trazias para mim e que teus dedos confirmavam
Ao se juntarem aos meus, na infantil procura do Outro,
O Outro que eu me supunha, o Outro que te imaginava,
Quando - por esperteza do amor - senti que éramos um só.

Amiga, amada, amada amiga, assim o amor
Dissolve o mesquinho desejo de existir em face do mundo
Com o olhar pervagante e larga ciência das coisas.
Já não defrontamos o mundo: nele nos diluímos,
E a pura essência em que nos transmutamos dispensa
Alegorias, circunstâncias, referências temporais,
Imaginações oníricas,
O vôo do Pássaro Azul, a aurora boreal,
As chaves de ouro dos sonetos e dos castelos medievos,
Todas as imposturas da razão e da experiência,
Para existir em si e por si,
À revelia de corpos amantes,
Pois já nem somos nós, somos o número perfeito: UM.

Levou tempo, eu sei, para que o Eu renunciasse
à vacuidade de persistir, fixo e solar,
E se confessasse jubilosamente vencido,
Até respirar o júbilo maior da integração.
Agora, amada minha para sempre,
Nem olhar temos de ver nem ouvidos de captar
A melodia, a paisagem, a transparência da vida,
Perdidos que estamos na concha ultramarina de amar.

QUERO

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amassão
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 386) Para Descontrair


Uma Trova Nacional

Quando a vida se distrai
ou dá tudo... Ou tudo nega.
Rico... Pega o carro e sai.
Pobre sai... E o carro pega!
– TEREZINHA BRISOLLA/SP –

Uma Trova Potiguar

Três invenções sem futuro:
Carro, mulher e baralho.
As três me deixaram “duro”,
não sei quem deu mais trabalho!
– FRANCISCO MACEDO/RN –

Uma Trova Premiada

2008 - Bandeirantes/SP
Tema: TRABALHO - M/E

- Carro velho, meu amor,
dá trabalho: além de feio,
no morro, falta motor;
na ladeira... falta freio!
– JOSÉ OUVERNEY/SP –

Uma Trova de Ademar

O meu Chevette é incomum
e vou lhe dizer porque é:
é porque ele é “três em um”...
Carro, bar e cabaré.
– ADEMAR MACEDO/RN –

...E Suas Trovas Ficaram

Quando a mulher do Gastão
troca de carro ou vestido,
a gente tem a impressão
que ela trocou de marido!...
– ALOÍSIO ALVES DA COSTA/CE –

Simplesmente Poesia

O Que Eu Faço Sem Gostar...
– LOURO BRANCO/CE –

Promover um forró sem tocador
e pregar com pastor embriagado,
galopar com jumento encangalhado
e viajar no meu carro sem motor;
trabalhar com patrão enganador
e contratar um ladrão pra me roubar,
pegar filho dos outros pra criar,
mascar fumo e montar em égua tonta,
me juntar com mulher que bota ponta
são as coisas que eu faço sem gostar!

Estrofe do Dia

Quadrilha
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (MG)

João amava Teresa
que amava Raimundo
que amava Maria
que amava Joaquim
que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para a tia,
Joaquim suicidou-se e
Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Soneto do Dia

Azar
– RENATA PACCOLA/SP –

Certo dia, acordei de mau humor –
resquício de uma noite mal dormida.
Peguei o carro, e então fundiu o motor,
Segui para o metrô, enfurecida.

Tentei continuar com minha lida,
mas fiquei presa num elevador.
Neste compartimento sem saída,
passei horas de angústia e terror,

e saí sob o som de bate-estaca.
Depois, no meio de um supermercado,
senti a dor de um burro quando empaca.

Foi aí que vi, quase ao meu lado,
irônicos dizeres numa placa:
“Sorria. Você está sendo filmado!”

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Antonio Brás Constante (Arqui-inimigo (melhor andar descalço))


Aquele que não possuiu em toda sua vida ao menos um arqui-inimigo, que feche os olhos e atire a primeira pedra. Quem sabe assim, com algum azar, não acabe acertando alguém e possa enfim desfrutar da sensação de ter alguém no mundo que lhe odeia, deixando você livre para odiá-lo também.

Os arqui-inimigos são válvulas de escape (e fazem o maior sucesso em filmes e novelas, já na vida real...), onde concentramos toda nossa aversão e os piores sentimentos de nosso ser que são focados nesse indivíduo desprezível, que para nossa total infelicidade foi colocado no mundo para nos atormentar, cruzando nosso caminho.

Eles são a pedra que nos faz tropeçar, o quebra-molas que nos atrapalha a passagem, o corrupto que embolsa nossos impostos, ou mesmo a lombada-eletrônica que existe apenas para nos multar.

Geralmente o arqui-inimigo tem uma história em nossas vidas. Muitas vezes eram antigos amigos, que por um acaso do destino acabaram se transformando em rivais, até por fim se tornarem nossos maiores inimigos.

Em outros casos, eles já se apresentam como nossos desafetos, nos desafiando e espezinhando sempre que podem. Cheios da chamada: “antipatia gratuita”. Com raízes profundas, que podem ter se originado em eras passadas, ou ainda no berçário, quando guerreávamos com eles por uma chupeta, ficando o fato registrado de forma inconsciente na memória de ambos.

Qualquer um pode se tornar seu pior inimigo. Pegue aquela gentil senhora de cabelos grisalhos como exemplo. Sempre bondosa e parecida com sua doce avó. Você tinha uma enorme simpatia por ela, até o momento que passou a namorar e por fim se casar com a filha dela. A partir dali aquela meiga senhora se transformou em sua famigerada sogra, capaz de lhe atribuir os piores defeitos, e toda uma série de críticas sobre sua pessoa (em alguns casos, ela acaba se tornando uma segunda mãe para você, mas isto já é uma outra história).

Existem inimigos que vão e voltam. Outros nos assombram por um certo tempo e somem. Estes não podem ser considerados verdadeiros arqui-inimigos. Os arqui-inimigos se acumulam. Eles chegam e ficam para sempre torturando nossa existência. São o fardo que se leva e a cruz que se carrega. Fazem de nossas vidas um verdadeiro inferno. São dignos de nossas piores pragas e maiores maldições.

Infelizmente não existe uma forma mágica de evitá-los, pois sua presença independe de nossa vontade. Eles parecem mariposas atraídas pela luz de nosso sucesso.

Enfim, os arqui-inimigos são como espinhos em nossos sapatos, que nos machucam a cada passo da nossa caminhada. Não adianta pisarmos neles, pois só conseguiremos aumentar nosso sofrimento com esta atitude. O melhor a fazer nesses casos, é nos desfazermos daquele calçado, passando a andar descalços e felizes rumo ao nosso futuro.

Fonte:
Texto enviado pelo autor

Fábula (A Cobra e o Vagalume)


Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um vagalume. Ele fugia com medo da feroz predadora, mas a cobra não desistia. Um dia, já sem forças, o vagalume parou e disse à cobra:

- Posso te fazer 3 perguntas?

- Podes. Não costumo abrir esse precedente, mas já que vou te comer, podes perguntar.

- Pertenço à tua cadeia alimentar?

- Não

-Fiz-te alguma coisa?

- Não

-Então porque é que queres me comer?

- PORQUE NÃO SUPORTO VER-TE BRILHAR!!!"

Moral: Inveja

Fonte:
Fábula enviada por Raquel Santos. Autor anônimo.

Hermoclydes S. Franco (A Caixa de Ouro)


(Para Waldyr Neves, in memoriam)

A “Caixa Preta” que levou um grande amigo
deixou, no solo, um rastro azul, feito de luz
da mais brilhante intensidade, que produz
a alma simplória quando deixa o velho abrigo.

E, da vontade de voltar a estar contigo,
nossa esperança,em pensamento, nos conduz
ao campo santo, para estar diante da cruz
que agora e sempre há de luzir em teu jazigo!

Eternamente, os versos lindos que fizeste
serão lembranças que o futuro espalhará
e, em CAIXA DE OURO, nas memórias ficarão...

Resta o consolo que o porvir, de oeste a leste,
a chama acesa do seu estro manterá
a iluminar, de cada amigo, o coração!...

Fonte:
Hermoclydes S. Franco, Lumiar/N.Friburgo, junho/2007

Ialmar Pio Schneider (Convite para Tarde de Autógrafos na Feira de Livros de Porto Alegre)


Prezadas amigas e amigos !

Como participante da Coletânea da Casa do Poeta estou lhe convidando para a tarde de autógrafos da mesma, conforme o convite abaixo.

Muito grato com sua presença,
apresento-lhe as minhas
Saudações Poéticas,
Ialmar Pio Schneider

Nossa Coletânea em Prosa e Verso

CASA DO POETA
RIO-GRANDENSE 47 ANOS /2011
Organização : Ieda Cunha Cavalheiro

estará na

57ª FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE

em

SESSÃO DE AUTÓGRAFOS
na
09/11/11
- dia dos 76 Anos de Nelson Fachinelli -

às 14 horas no

Memorial do Rio Grande do Sul

Praça da Alfândega

CONTAMOS CONTIGO!

Fonte:
O Autor

Dulce Auriemo (Poesia Mágica)


Castelinho Mágico de Trovas

Esse é o nosso Castelinho
Feito só para sonhar...
Eu lhe mostro seu caminho
Lhe convido para entrar

Boas-vindas... amiguinho
A portinha é um coração
Vem brincar no Castelinho
Vem cantar uma canção

Quando alguém está chegando
E ele quer nos avisar
Lá na torre vai tocando
Um sininho sem parar...

Foi Dudu da bandeirinha
Quem criou sua canção
E escreveu cada notinha
Com amor no coração…

CASTELINHO MÁGICO

Castelinho Mágico da Vovó Dudu, um lugar mágico, muito especial, que representa o coração das vovós que adoram seus netinhos. Fica situado num local imaginário onde só acontecem coisas boas.

Tem a porta e as janelinhas em forma de coração, que simboliza o amor.

Na torre mais alta, existe um sininho que toca para dar as boas vindas a todos.

Está cercado por um enorme lago azul, onde moram muitos patinhos. Possui uma grande horta, um pomar e um lindo jardim, com laguinho, fonte e passagens secretas!

CASTELINHO

Existe um lugar...você vai conhecer
E quando chegar... pode entrar sem bater...
A porta aberta vai sempre encontrar
No alto da torre um sininho a tocar...

No meu coração... bem guardado em mim...
Aonde o amor... não tem fim, não tem fim...
Tem um Castelinho pra gente brincar
Já fiz seu cantinho você vai gostar...

Tem água de coco, pãozinho de mel
Pipoca, paçoca, sorvete e pastel...
Brinquedo, livrinho, fantoche, massinha
Balão colorido... herói de estorinha...

Tem fonte, laguinho, jardim pra correr
Passagem secreta pra gente esconder
Tem ponte, riozinho, patinho a nadar...
Até carruagem... que vai passear...

As sete notinhas eu vou ensinar
E tantas canções vamos juntos cantar...
As sete notinhas eu vou ensinar
E tantas canções vamos juntos cantar…

SORVETEIRO GELADINHO

Sorveteiro esperto e animado. É o visitante mais esperado por todos.

Chega sempre com seu carrinho colorido repleto de sorvetes deliciosos de vários sabores.

Toca uma buzina para chamar a atenção quando está chegando. É alegre e gosta de carnaval.

Adora dançar o frevo e fazer passos de samba. É amigo da abelhinha Zagzu e enche seu baldinho de sorvete.

SORVETEIRO

Sou o sorveteiro...
Tenho fama de esperto
Se vejo tanta criança
Vou trazendo o meu carrinho
E vou parando aqui por perto

Quem quiser comprar sorvete
Não precisa empurrar
Tem que entrar na fila
Esperar só um pouquinho
Sua vez já vai chegar

Só... que manga não tem mais
Cho-colate também não...
Pra matar a sua sede
Pra matar a sua sede
Vou te dar um de limão

Esse sol tá esquentando
Derretendo sem parar
Vem aqui pra minha sombra
Vem aqui pra minha sombra
No cantinho tem lugar

Não fique aí chorando
Pra chamar minha atenção
Já tomou muito sorvete
Já tomou muito sorvete
Mas não posso dizer não...
Não... não... não…

LEOPOLDINA

Fiel e inseparável cachorrinha da princesinha Bibi. É vaidosa e usa dois lacinhos coloridos na cabeça. Gosta de tomar banho e ficar bem branquinha.

Está sempre seguindo a princesinha Bibi e o Ursinho Azul nas brincadeiras.

Gosta de comer biscoitinhos e beber água na torneira do jardim. É muito carinhosa, falante e divertida. Adora pular, correr e brincar!

AU AU AU

AU... AU... AU...
AU... AU... AU...
A Leopoldina está latindo no quintal

A Leopoldina é uma cachorrinha
Bem branquinha uma bolinha de algodão
No pescoço ela usa coleirinha
Tem focinho que parece de sabão

Pula... pula... pula...
Corre sem parar...
A Leopoldina está chamando pra brincar

E na cabeça ela usa dois lacinhos
Coloridos com fitinhas de cetim
Ela gosta de comer os biscoitinhos
Beber água na torneira do jardim...

Pula... pula... pula...
Corre atrás de mim
A Leopoldina está latindo no jardim.

Fonte:
http://www.espantaxim.com.br/

Dulce Auriemo


Natural de São Paulo. Graduou-se em Comunicações na FAAP e suas atividades sempre estiveram relacionadas com a área cultural.

Como escritora participou de importantes movimentos literários, entre eles a U.B.T. - União Brasileira de Trovadores.

É musicista e concentrou seus estudos em piano, violão e flauta. Freqüentou cursos de aperfeiçoamento em técnica vocal no Brasil e EUA.

A paixão pela música fez com que sua obra literária tivesse sempre uma característica litero-musical. Iniciou a trajetória como compositora, poetisa e intérprete de suas canções gravando o primeiro disco em 86, com 12 obras – letra e música de sua autoria- “Como um Sonho”, relançado em 2002.

Produziu diversos projetos musicais com seu grande incentivador, professor de piano e harmonia moderna, arranjador e intérprete instrumental de suas canções, Amilton Godoy. Em destaque, a premiada edição bilíngüe que inclui álbuns de partituras e CDs – “Piano Solo Compositores Brasileiros” Vol. I (Dulce Auriemo) e Vol. II (Amilton Godoy).

Compôs mais de 50 canções (letra e música) tendo 46 gravadas e editadas em livros contendo poemas musicados, textos literários e partituras com arranjos para piano solo, corais e orquestras. Como letrista é parceira de importantes nomes da MPB, como: Paulinho Nogueira (em oito canções) e Amilton Godoy, em “Notas Que Falam”.

Foi Diretora de Promoções Culturais do Esporte Clube Pinheiros por 11 anos, de 1990 a 2001. Nesse período criou e coordenou diversos projetos que entraram para o calendário Cultural do Clube, entre eles: “Projeto Noites Culturais”, “Clássicos em Concerto”, “Arte Literária”, “Arte em Compasso” e “Arte Natureza”. Foi a primeira Diretora Cultural da Acesc e desenvolveu a Maratona Cultural Interclubes juntamente com a Secretaria de Estado da Cultura.

Pertence ao Grupo de Escritores do Clube Pinheiros, à Rede de Escritoras Brasileiras-REBRA, e à União Brasileira de Escritores – UBE.

É Diretora voluntária de Artes Musicais da AMEM (Associação dos Amigos do Menor pelo Esporte Maior).

É autora do Projeto Espantaxim.

Projeto Espantaxim

Dulce Auriemo é casada, tem quatro filhos e oito netos. Foram os primeiros netinhos que a inspiraram para estrear na Literatura Musical Infantil, com o lançamento do livro/CD “Espantaxim e o Castelinho Mágico – 14 Canções de Dulce Auriemo“. Incentivadora das artes e sempre cultivando música e poesia apresenta um novo trabalho com uma história inédita para o mundo infantil, a criação de 18 personagens e músicas, que valorizam ritmos bem brasileiros.

É autora de vários livros de literatura e CDs relacionados aos personagens do Castelinho Mágico.

Criou e dirige a empresa D.A. Produções Artísticas e o Selo D.A.Music, possibilitando assim, com o apoio da equipe D.A., o desenvolvimento desse projeto cultural adotado por centenas de escolas e instituições beneficentes. Com caráter pedagógico mais direcionado à pré-escola, estimula as crianças ao aprendizado musical e à literatura, assim como à preservação do meio ambiente e à cultura da Paz.

Lançou o Projeto Espantaxim em setembro de 2002 e já atingiu milhares de pessoas de todas as idades através de apresentações em teatros, clubes, escolas, livrarias, ações sociais e shows beneficentes.

Recebeu o PRÊMIO JABUTI / 2009 - com o livro/CD "MEU PRIMEIRO ÁLBUM DE PIANO SOLO" - na categoria DIDÁTICO/ PARADIDÁTICO. Esse livro/CD é uma edição bilingue que reúne 14 canções de sua obra literária e musical "Espantaxim e o Castelinho Mágico", com arranjos para Piano Solo elaborados por Amilton Godoy.

Criou o site www.espantaxim.com.br

LIVROS DE PARTITURAS COM POESIAS E TEXTOS EXPLICATIVOS

Piano Solo: Compositores Brasileiros – volume I
Livro acompanhado de CD, com 12 obras de autoria de Dulce Auriemo e arranjos completos para piano solo de Amilton Godoy
Produção artística: Dulce Auriemo e Amilton Godoy
1991.

Piano Solo: Compositores Brasileiros – volume II
Livro acompanhado de CD, com 16 obras de Amilton Godoy
Produção artística: Dulce Auriemo e Amilton Godoy
2000.

LITERATURA MUSICAL INFANTIL

Espantaxim e o Castelinho Mágico - 14 canções de Dulce Auriemo
Livro ilustrado acompanhado de CD, com 14 canções. Uma contribuição para a educação musical infantil brasileira, contendo aspectos pedagógicos e partituras cifradas.
2002

Apresentando os Personagens
Livro de apresentação dos 18 personagens da Turminha do Castelinho Mágico.
2003

Brincando e Aprendendo com a Turminha do Espantaxim e o Castelinho Mágico
Livro de atividades n°1, com cartinhas para destacar sem uso da tesoura, jogos criativos e figuras para colorir.
2003.

É Natal
Livro acompanhado de CD com duas canções natalinas.
A música "É Natal" é uma parceria de Dulce Auriemo com o violonista Paulinho Nogueira.
2003

Castelinho Mágico de Trovas
Livro acompanhado de CD didático, contendo música, orientações e playback. Destaque da poesia aliada à música. A autora Dulce Auriemo escreveu esse livro em trovas para contar quais são os instrumentos preferidos de cada personagem do Castelinho Mágico.
2008.

Meu Primeiro Álbum de Piano Solo
Prêmio Jabuti 2009, vencedor na categoria didático/paradidático (2° lugar).
Livro acompanhado de CD, com arranjos completos de piano solo para principiantes e ilustrado com os personagens da Turminha do Castelinho Mágico.
As versões literais das canções foram elaboradas com algumas adaptações para que, sem modificar a mensagem das letras, também pudessem ser cantadas em inglês.
2008.

Coleção Bebês

Contém três livros ilustrados com lindas figuras coloridas, em páginas resistentes e com cantos arredondados. Dedicados à Educação Infantil, incentivam o princípio da alfabetização e o desenvolvimento do vocabulário. As crianças irão encontrar os encantadores personagens da Turminha do Castelinho Mágico e instrumentos musicais.

ABC do Espantaxim
Livro com as 26 letras do alfabeto.
2010.

123 do Espantaxim
Livro com números de 1 a 20.
2010.

Cores do Espantaxim
Livro que apresenta as cores.
2010.

Makiko e Tatuiuiú – Guardiões da Natureza
Livro acompanhado de CD. A música é em ritmo de capoeira. A história é narrada pela autora com efeitos sonoros próprios da floresta.
2010.

Antologia Espantaxim e o Castelinho Mágico - Prêmio Espantaxim 2010
Antologia que reúne o resultado do I Concurso Literário Infantil Espantaxim e o Castelinho Mágico – Prêmio Espantaxim 2010, realizado durante a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no estande da D.A. Produções Artísticas. Foram escolhidas mensagens e redações de crianças de 7 a 12 anos sobre o tema: "Guardiões da Natureza – O que você faria para também se tornar um guardião da natureza?”.
2011.
Faça o download gratuito em PDF em
http://www.espantaxim.com.br/images/stories/livros/livro-antologia-espantaxim.pdf

OBRAS LITERÁRIAS EM ANTOLOGIAS – CONTOS, CRÔNICAS E POESIAS

Outono 2006 e Terra Molhada
Pequena Antologia de Escritores do Esporte Clube Pinheiros – Volume I
2007

Ambrosia e Amor de Sogra
Pecados de Natal
2007

A Estátua
Pequena Antologia de Escritores do Esporte Clube Pinheiros-Volume II
2009

A Voz que veio de longe e Tempo em Compasso
Show de talentos em prosa e verso
2010

OBRA LITERÁRIA EM LIVRO DIDÁTICO

É Natal – letra da canção
AKPALÔ / História / Ensino Fundamental – Aline Correa
2010

Biografia de Dulce Auriemo
Dicionário de Mulheres, de Hilda Agnes Hübner Flores
2011.

Fonte:
http://www.espantaxim.com.br/

Nilton Manoel (No Compasso das Trovas)


A vida com seus mistérios
mostra-nos e muito bem
que, no Poder homens sérios,
são sérios se lhes convém.

Gostava tanto de pão,
que casou com o Zé da Massa;
coitada vive na mão,
sempre só triste e sem graça.

No circo da vida explode
o que a vida sempre dá:
um é pipoca se pode;
o outro, apenas piruá!

Do homem a pior desgraça
é casar com mulher burra;
a vida todinha passa,
na pior, de surra em surra.

Na feira da corrupção
dois produtos têm destaque:
-laranja na execução;
pepino na hora do baque!

Bom de boca, o Zé Boquinha,
sustenta toda a família...
Aqui... emprego não tinha!
vira-se bem em Brasília.

Depois que a polícia veio
acabou todo o mistério;
Gemidos (que eram de dois)
sumiram do cemitério.

Meu filho só dá trabalho...
diz, na escola, o pai irado!
e o mestre olhando o pirralho...
por isto estou empregado!

Canta o galo, nasce o dia!
do chão da praça o sem nome,
põe num canto a moradia,
para lutar contra a fome.

Casa velha, quanto encanto!
tem cobras, cupins, lagartos...
uma história em cada canto
e fantasmas pelos quartos.

Fortaleza é o pobre honesto
ante as tentações da vida;
Quem planta,colhe e de resto
deixa a rota mais florida.

Os teus olhos patrocinam
pensamentos variados;
todos aqueles que animam
os sonhos dos namorados.

Fonte:
Trovas enviadas pelo autor

REBRA (Lançamento do Livro "O Indiscutível Talento das Escritoras Brasileiras")

Fonte:
Convite enviado pela Rebra

Júlia Lopes de Almeida (Carta)


"Minha querida.

Venho do circo. Lá ao fundo, na noite escura, em uma baixada do morro, há ainda um clarão avermeIhado rompendo o toldo e as paredes de lona suja, onde a rapaziada do bairro assobia ao ritmo da charanga desafinada. As personagens da pantomima esbordoam-se na última cena, fazendo voar as cabeleiras e as longas abas das casacas imundas. O povo ri, mas começa a voltar costas ao espetáculo.

Vêem já umas lanternas de doceiras trôpegas pela encosta, como estrelinhas cansadas. No meio da treva, mal atenuada pelos espaçados lampiões de gás, diviso as linhas ondeantes do morro, de onde escorre o aroma agreste das plantas, que o relento refresca e ativa.

Sinto-me triste; e a placidez da noite silenciosa, acolhe a minh'alma como um seio materno. Nunca a escuridão me pareceu mais doce; posso mostrar ao céu a amargura da minha face, porque só Deus a vê, e deixar que o desalento do meu
espírito se infiltre e transpareça no meu corpo.

Quem há que não tenha tido, ao menos, uma hora dessas, em que toda a força vital parece esgotada e não nos resta nem ao menos a vontade de reagir?

A meu lado uma voz fala, como um rumor continuado de água rolando em pedregulhos baixos. Mal me atrevo a esboçar um gesto com que lhe responda.

Decididamente a tristeza é o agente da preguiça!

A última bexiga da pantomima deve ter rebentado agora nas costas do estalajadeiro, que era velhaco e sonso. Calou-se a charanga, e o clarão rosado do circo sumiu-se de repente na treva. Aumenta a bulha de passos; ouço uma voz dizendo:

— O palhaço é muito engraçado!

Eu por mim achei-o estúpido, repetidor de trapaças antigas, de um rancismo bolorento. Engraxou-se mal, não tocou ao violão e pouco dançou da chula. Mas a razão não estaria do meu lado; a razão nunca está do lado da gente triste.

O palhaço devia ter cumprido a sua missão. Lembrei-me de ter visto torcer-se toda, em um acesso de hilaridade, uma espectadora velha, expondo no auge da expansão o seu único dente descarnado e longo. Outras caras da arquibancada foram surgindo na minha memória.

Olhar para os espectadores é, em certos espetáculos, o melhor espetáculo, e o único pitoresco num circo de roça.

O rosto dos velhos tem, sobretudo uma cândida expressão de deleite, mais demonstrativa de enlevo que os das crianças mesmo. A alegria desabrocha-lhes por entre as gilhas da face e as pálpebras franzidas, com o frescor viçoso de flores em ruínas. Aquela alegria curiosa, que eu invejo causa-me, entretanto uma certapiedade... É a profanação do uso, a abjeção do gosto. Parece-me que aquelas cozinheiras e operárias que pasmam radiantes para as misérias da arena só se deveriam sentir à vontade em um circo de sedas claras, com festões de lâmpadas elétricas e ramos de violetas em cada camarote...

Um equilibrista fecha a primeira parte, sustentando maravilhosamente uma pena na ponta do nariz.

A vaidade do homem devia ser grande naquele indivíduo! Cruzaram-se fardas de belbutina e casacas lutuosas dos ajudantes na arena.

Cerrei as pálpebras, aspirei o aroma de meu lenço e fiz de conta que estava vendo a pompa circensis com que se precediam os jogos no circo de Maxencio... e a ilusão talvez se prolongasse, se uma preta moça e tafula se não lembrasse de roçar pelos meus joelhos, exalando o cheiro de um raminho de arruda espetado na carapinha. Entonteci; e logo tudo me pareceu ignóbil: as desafinações da charanga, as pernas grossas das écuyères mal calçadas o ondear das fitas e das tarlatanas baratas, a repetição das sortes tantas vezes vistas, os assobios do povo, os estalos dos chicotes e das bofetadas, o ruído da mastigação de um vizinho, que enchia a boca de mendobi, o fumo dos cigarros, a deficiência das luzes, e os pregões de um espanhol maltrapilho anunciando biscoitos.

Restabelecido o equilíbrio, notei com surpresa que alguns daqueles saltimbancos tinham logrado prender-me a atenção em uma matinée do S. Pedro. Sim, era a mesma gente, era o mesmo trabalho. Somente a atmosfera através da qual eu os via era outra. Não se comia mendobi, mas pastilhas de chocolate; a sala era clara, limpa, e nos camarotes apinhavam-se crianças lavadas e cheirosas. Nesse dia os artistas tinham trabalhado bem, pareceram-me até pessoas de qualidade, que vinham por excepcional obséquio divertir a gente...

Para penitência relembro uma página de Tolstoi, sinto sobre o meu ombro fraco a sua mão pesada e como que o seu espírito sussurra ao meu:

— A alegria e a verdade estão neste barracão armado à pressa, como uma tenda de campanha, para a cambalhota e as miséria mal disfarçadas. Sedas? Flores? Luzes elétricas! São fantasias para gente de casaca, que não sabe rir. Só a gente rude conserva frescura e sensibilidade de alma. Os únicos velhos que têm riso gostoso são os ignorantes. Vai-te embora.

E eu vim-me embora, pensando nessas coisas quando, eis passa por mim um médico ilustrado a quem ouço dizer:

— Pois senhores, o palhaço tem graça! A opinião dos homens confunde-me. O homem, pelo simples motivo de ser homem, está determinado que tenha de tudo uma visão mais positiva, mais clara e mais perfeita do que a minha. Relembro a cena principal do clown:

Um sujeito de casaca e de chicote dá-lhe a incumbência de levar um embrulho de doces a certa moça...

Procuro fixar o resto: não posso foge-me a idéia para outro assunto.

O céu está estrelado, o ar doce, o aroma das magnólias sai dos jardins e envolve-me toda, como uma túnica invisível, que dá à minha alma uma pureza de Vestal.

Pirilampos salpicam o ar de fulgurantes esmeraldas viajoras. Chego ao alto e volto a vista para o local do circo: tudo em trevas; a noite como que suspira de alívio.

Passa-me ainda uma vez pelo espírito o romance explorado pelos velhos contistas: o riso agudo do palhaço que se rebola na arena e que se transmuda em soluços quando nos intervalos se atira sobre o corpo moribundo do filho; as sovas nas crianças roubadas, nos estudos da acrobacia, e o pudor das écuyères, virgens e recatadas.

Para mim, todo o palhaço tem sempre no bastidor um filho moribundo e todas as crianças sinais de pancada sob os maillots rosados.

E é talvez por isso que este circo de roça, grotesco, e em que as misérias se mostram tanto a nu, não consegue divertir-me nem dissipar-me a tristeza.

À hora em que vou chegando a casa, está o palhaço, e estão os seus companheiros refazendo as forças com o bife e o vinho da ceia, e rindo-se, ainda por cima, porque a féria foi boa.

Entretanto, (oh! Prodígios da imaginação enfeitiçada pelos romancistas!) como que distingo no ar, lá muito perto do céu, o senhor clown enfarinhado e choroso sustentando nos braços um filhinho morto!

E como são horas de dormir, digo-te adeus!"

Tua
Francisca

Fonte:
Júlia Lopes de Almeida. Livro das Donas e Donzelas. Belém/PA: Núcleo de Educação a Distancia da Universidade da Amazonia (UNAMA).

Cruz e Souza (O Livro Derradeiro) Parte XII


A BORBOLETA AZUL

No alegre sol de então
De uma manhã de amor,
A borboleta solta no fulgor
Da luz, lembrava um leve coração.

Ia e vinha e a voar
Gentil e trêfega, azul,
Sonoramente a percorrer pelo ar,
Como um silfo tenuíssimo e taful.

Sobre os frescos rosais
Pousava débil, sutil,
Doirando tudo de um risonho abril
Feito de beijos e de madrigais.

Que doce embriaguez
O vôo assim seguir
Da borboleta azul, correndo, a vir
Do espaço pela Etérea candidez!

Fazendo, tal e qual,
O mesmo giro assim,
O mesmo vôo límpido, sem fim,
Nos mundos virgens de qualquer ideal.

Ir como ela também
Em busca das loucas
E tropicais e fulgidas manhãs
Cheias de colibris e sol, além...

Ir com ela na luz
De mundos através,
Sem abrolhos nas mãos, cardos nos pés,
Ó alma, minha, que alegria a flux!...

No alegre sol de então
De uma manhã de amor
A borboleta solta no fulgor
Da luz, lembrava um leve coração.

RENASCIMENTO

Canta ao sol, como as cigarras
A tua nova alegria.
No Azul ressoam fanfarra
Da grande vida sadia.

Alerta, um clarim de alerta
Àquela antiga saúde:
-- À clara janela aberta
Para o mar salgado e rude.

Que volte, ruidosa, agora,
Como um pássaro marinho,
A tua saúde, a aurora
Do teu sangue, estranho vinho.

E como espiga madura
Floresce outra vez a vida,
Resplandece à formosura,
Ó torre de ouro florida!

Quero-te em rosas festivas
A polpa das carnes brancas.
E rindo-te às forças vivas
Com rubras risadas francas.

Formosa, soberba e nua,
Nesse olhar que tudo abrange,
Na fronte um diadema, em lua
Num talhe curvo de alfanje;

Vem! o sol é teu amante!
Ah! vem mergulhar nos braços
Do flavo sultão radiante
Do harém azul dos espaços.

ABELHAS


Gotas de luz e perfume,
Leves, tênues, delicadas,
Acesas no doce lume
De purpúreas alvoradas.

Pingos de ouro cristalinos
Alados na esfera, ondeando,
Dispersos por entre os hinos,
Da natureza vibrando.

Sorrisos aéreos, soltos,
Flavas asas radiantes,
Que levam consigo envoltos
Da aurora os sóis fecundantes.

Da aurora que a primavera
Faz cantar, brota no peito
E floresce em folhas de hera
O coração satisfeito.

Essa aurora produtiva
Do amor soberano e eterno,
Que é nas almas força viva
E nas abelhas falerno.

Nas doudejantes abelhas
Que dentre flores volitam
E do sol entre as centelhas
Resplendem, fulgem, palpitam.

Zumbem, fervem nas colméias
E rumorejam no enxame
Pelas flóridas aléias
Onde um prado se derrame.

Assim mesmo pequeninas
E quase invisíveis, quase,
Com as suas asitas finas,
De etérea de fluida gaze.

Ah! quanto são adoráveis
Os favos que elas fabricam!
Com que graças inefáveis
Se geram, se multiplicam.

Nos afãs industriosos
Que enlevo, que encanto vê-las
Com seus corpos luminosos
D'iriante brilho d'estrelas.

E nas ondas murmurosas
Dos peregrinos adejos
Vão dar ao lábio das rosas
O mel doirado dos beijos.

BESOUROS...

Marche, marche, marche a verve!
Bandeiras, clarins, tambores,
Marchar!
A poncheira ideal, que ferve,
Sons, aromas, chamas, cores!
Cantar!

Que este diabo vem, saudoso,
Das profundezas do arcano,
Viver!
O vinho maravilhoso
Da forma raro e renano,
Beber!

Vem beber o vinho iriado,
O Falerno, claro e quente,
Haurir!
Num paladar requintado,
Todo inflamado e fremente
Sentir!

Que o sangue da verve vibre
Raja, raja, raja, raja,
Taful!
E a alma do sol se equilibre
Para que mais sonhos haja
No azul!...

Mas este diabo tão fino,
Que de tudo dá o acorde
Genial!
Este capróide genuíno,
Verde, verde, morde, morde,
Fatal.

PAPOULA

A Oscar Rosas

Assim loura és mais formosa
Do que se fosses trigueira:
Corpo de eflúvios de rosa
Com esbeltez de palmeira.

Vestida de cor da aurora
Leve dos fluidos da graça,
És uma estrela sonora
Que, em sonhos, pelo éter passe.

Resplandece em teu cabelo
Um fulgor de sol dourado,
Que só de senti-lo e vê-lo
Fica tudo iluminado.

Do teu branco leque aberto
Que lembra uma asa de garça,
Aspiro um perfume incerto,
Talvez a tua alma esparsa.

Num resplendor de madona
E altivez de corça arisca
Surges da luz entre a zona
Com quebrantos de odalisca.

Que venha o duque normando
De castelos escoceses
Com seu ar bizarro e brando
Amar-te os olhos ingleses.

E entre aromas e frescores
E revoadas de abelhas,
Como num campo de flores
Que esse olhar vibre centelhas.

Que cantem na tua boca
As alegrias radiadas,
Numa ideal rajada louca
De vôos de passaradas.

Que como os astros no espaço,
Teu encanto resplandeça...
Com pelúcias no regaço
E asas de ave na cabeça.

E que os teus dois seios puros
Que o amor fecundando beija
Fiquem cheios e maduros
Com dois bicos de cereja.

Fonte:
Cruz e Sousa, Poesia Completa, org. de Zahidé Muzart, Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

Monteiro Lobato (Reinações de Narizinho) O Sítio do Picapau Amarelo III – A Pescaria


III A pescaria

Afinal acabaram as jabuticabas. Somente nos galhos bem lá do alto é que ainda se via uma ou outra, todas furadinhas de vespa.

Rabicó — rom, rom, rom, — volta e meia aparecia por ali por força do hábito. Ficava imóvel, muito sério, esperando que caíssem cascas; mas, como não caísse coisa nenhuma, desistia e retirava-se, rom, rom, rom...

Narizinho também ainda aparecia de vez em quando de comprida vara na mão e nariz para o ar, na esperança de “pescar” alguma coisa.

— Arre, menina! — gritou lá do rio tia Nastácia, numa dessas vezes. — Não chegou quase um mês inteiro de tloc, tloc? Largue disso e venha me ajudar a estender esta roupa, que é o melhor.

Narizinho jogou a vara em cima do leitão, que fez coim! e foi correndo para o rio, com a Emília de cabeça para baixo no bolso do avental.

Lá teve uma idéia: deixar a boneca pescando enquanto ela ajudava a preta.

— Tia Nastácia, faça um anzolzinho de alfinete para a Emília. A coitada tem tanta vontade de pescar...

— Era só o que faltava! — respondeu a negra, tirando o pito da boca. — Eu, com tanto serviço, a perder tempo com bobagem.

— Faz? — insistiu a menina. — Alfinete, tenho aqui um. Linha, há no alinhavo da minha saia. Vara não falta. Faz?

A negra não teve remédio.

— Como não hei de fazer, demoninho? Faço, sim... Mas se ficar atrasada no serviço, a culpa não é minha.

E fez. Dobrou o alfinete em forma de gancho, amarrou-o na ponta duma linha e descobriu uma vara — uma varinha de dois palmos, imaginem! Narizinho completou a obra, atando a vara ao braço da boneca.

— E isca? — indagou depois.

— Isca é o de menos, menina. Qualquer gafanhotinho serve.

Salta daqui, salta dali, Narizinho conseguiu apanhar um gafanhoto verde. Espetou-o no anzol. Depois arrumou a boneca à beira d’água, muito tensa, com uma pedra ao colo para não cair.

— Agora, Emília, bico calado! Nenhum pio, senão espanta os peixes. Logo que um deles beliscar, zuct!, dê um puxão na linha.

E, deixando-a ali, foi ter com a preta.

— Você me frita para o jantar o peixinho da Emília, Nastácia? Frita?

— Frito, sim! Frito até no dedo!...

— Não caçoe, Nastácia! Emília é uma danada. Ninguém imagina de quanta coisa ela é capaz.

Palavras não eram ditas e — tchíbum!... pescadora de pano revirava dentro d’água, com pedra e tudo.

— Acuda, Nastácia! Emília está se afogando!... — gritou a menina aflita.

De fato. Um peixe engolira a isca e, lutando por safar-se do anzol, arrastara a boneca para o meio do rio.

Tia Nastácia arranjou uma vara de gancho e com muito jeito foi puxando para a beira do córrego a infeliz pescadora, até o ponto onde a menina a pudesse agarrar.

Assim aconteceu. e qual não foi o assombro de Narizinho vendo sair d’água, presa ao anzol de Emília, uma trairinha que rabeava como louca!

A negra pendurou o beiço.

— Credo! Até parece feitiçaria! — resmungou.

Muito contente da aventura, Narizinho disparou para casa com o peixe na mão.

— Vovó — gritou ela ao entrar, — adivinhe quem pescou esta trairinha...

Dona Benta olhou e disse:

— Ora, quem mais! Você, minha filha.

— Errou!

— Tia Nastácia, então.

— Qual Nastácia, nada!...

— Então foi o saci — caçoou Dona Benta.

— Vovó não adivinha! Pois foi a Emília...

— Está bobeando sua avó, minha filha?

— Juro! Palavra de Deus que foi a Emília. Pergunte a tia Nastácia, se quiser.

A preta vinha entrando com a trouxa de roupa lavada à cabeça.

— Não foi mesmo, tia Nastácia? Não foi Emília quem pescou a trairinha?

— Foi, sim, sinhá — respondeu a preta dirigindo-se para dona Benta. — Foi a boneca. Sinhá não imagina que menina reinadeira é essa! Arranjou jeito de botar a boneca pescando na beira do rio e o caso é que o peixe tá aí...

Dona Benta abriu a boca.

— Bem diz o ditado, que quanto mais se vive mais se aprende.

Estou com mais de sessenta anos e todos os dias aprendo coisas novas com esta minha neta do chifre furado...

— Criança de hoje, sinhá, já nasce sabendo. No meu tempo, menina assim desse porte andava no braço da ama, de chupeta na boca. Hoje?... Credo! Nem é bom falar...

E com a menina dançando à sua frente, tia Nastácia lá foi para a cozinha fritar a traíra.
–––––––––
Continua... As formigas ruivas

Fonte:
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. I. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

57a. Feira de Livros de Porto Alegre (Programação de 6 de novembro, domingo)


A Arte Levada a Sério
06/11/2011 - 09:00
Projeto Cadeira da Leitura - Oficinas de literatura, música e dramatização para crianças, jovens e adultos

Mostra dos projetos do Instituto Cultural Elias José
06/11/2011 - 09:00
Mostra de atividades realizadas pelo instituto

4º Seminário A Arte de Contar Histórias: O território mágico da Biblioteca
06/11/2011 - 09:30
Oficina

4º Seminário A Arte de Contar Histórias: O território mágico da Biblioteca
06/11/2011 - 09:30
Oficina

O sanduiche da Maricota, de Avelino Guedes
06/11/2011 - 10:30
Contação de Histórias com Valquíria Cardoso

Veja a luz ao seu lado, encontre seu eu e ame quem você é
06/11/2011 - 14:00
O mundo do autoconhecimento e a descoberta do apoio para a própria evolução

Contação de histórias com o Grupo Passarim do Instituto Cultural Elias José
06/11/2011 - 14:00

Contação de Histórias
06/11/2011 - 14:00

A Arte Levada a Sério
06/11/2011 - 14:00
O Cintinho e o Agente Camarada - Secretaria de Trânsito de Cachoeirinha

O Código da Luz
06/11/2011 - 14:00

A Bela Baratinha
06/11/2011 - 14:00

Petipoá
06/11/2011 - 14:00

Vozes do Partenon Literário III
06/11/2011 - 14:00

Como evoluir espiritualmente em um mundo de drogas
06/11/2011 - 14:30
O uso de drogas, socialmente aceitas ou não, e como elas afetam nosso templo corpóreo

Maria Teresa e o javali
06/11/2011 - 15:00

Chirú Velho e Pai-Quati
06/11/2011 - 15:00

A gatinha Fran
06/11/2011 - 15:00

Era uma vez uma Pipoca...
06/11/2011 - 15:00

Contação de histórias
06/11/2011 - 15:30

Zefirelo e seus amigos
06/11/2011 - 15:30
Contação de Histórias com Péricles Augusto de Cenço

Espetáculo Poético do Poesia Inclusiva
06/11/2011 - 15:30

Retratos da Alma Poética
06/11/2011 - 15:30

O aniquilador de egos
06/11/2011 - 15:30

Zefirelo e seus amigos
06/11/2011 - 15:30

Para a mesa e para a cama, uma vez só se chama...
06/11/2011 - 16:00
Contação de trechos do romance "Como água para chocolate", de Laura Esquivel

Brincadeiras de Faz de Conta - Histórias da Tia Teca
06/11/2011 - 16:00

Línguas que botam a boca no mundo: reflexões sobre teorias e práticas de línguas
06/11/2011 - 16:00

Só o mar é azul
06/11/2011 - 16:30

O Peixinho Vermelho - Inter
06/11/2011 - 16:30

Livros da mesa de cabeceira
06/11/2011 - 17:00
Psicanalistas e poetas analisam leituras e como a vida que vivemos está marcada pelos livros que lemos

Cadu procura no Rio Grande do Sul
06/11/2011 - 17:00
Contação de Histórias seguida de sessão de autógrafos

4º Seminário A Arte de Contar Histórias: O território mágico da Biblioteca
06/11/2011 - 17:00

Mesa-redonda - Tema: A narração oral na biblioteca pública

As aventuras de Joãozinho
06/11/2011 - 17:00

Férias no Sítio - Histórias da Tia Teca
06/11/2011 - 17:00

Meu Nome é Jorge
06/11/2011 - 17:30

Vamos fazer arte com o azul anil
06/11/2011 - 17:30

O processo de alfabetização: teoria e prática
06/11/2011 - 17:30

Retrato de Família
06/11/2011 - 17:30

Meu cão e eu - Uma fidelidade recíproca
06/11/2011 - 17:30

Inquietações da Madrugada - vol.1 e vol.2
06/11/2011 - 17:30

Poesia volátil - amor e versos em expansão
06/11/2011 - 17:30

Postigos
06/11/2011 - 17:30

Farrapos & Sabinos
06/11/2011 - 17:30

Minha vida, meus sabores
06/11/2011 - 18:00
Bate-papo com autora sobre a maneira original de tratar sua paixão pela culinária, associando sabores e aromas a momentos de sua vida

Santa Sede - Crônicas de Botequim - Safra 2011
06/11/2011 - 18:00

Medusa/Perseu
06/11/2011 - 18:00

Vênus/Cupido
06/11/2011 - 18:00

Uakti/Uiara
06/11/2011 - 18:00

Arte às 18:30
06/11/2011 - 18:30

Encontro com autor
06/11/2011 - 18:30

Larica Total
06/11/2011 - 18:30

O grito e outras vozes - retratos de arrabalde
06/11/2011 - 18:30

Umas e outras
06/11/2011 - 18:30

Sombra e Luz
06/11/2011 - 18:30

Los Pacientes de Ana
06/11/2011 - 18:30

As Aventuras de Zanza:Em Esporte para que?
06/11/2011 - 18:30

Cine Santander Cultural
06/11/2011 - 19:00
Sessão Comentada

Bate-papo com autor
06/11/2011 - 19:00

4º Seminário A Arte de Contar Histórias: O território mágico da Biblioteca
06/11/2011 - 19:30
Sessão de Histórias

Poesias Escolhidas
06/11/2011 - 19:30

Justiça restaurativa na escola: Perspectiva pacificadora?
06/11/2011 - 19:30

Antologia de Crônicas Mãos à Obra Literária
06/11/2011 - 20:00

Fonte:
http://www.feiradolivro-poa.com.br/

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 385)


Uma Trova Nacional

Se eu for a todos dizer
o que está no coração,
num livro não vai caber
toda a minha gratidão.
–CIDINHA FRIGERI/PR–

Uma Trova Potiguar

Quando a noite me apavora,
entre as sombras, não me esqueço
que o luzir da nova aurora
traz consigo um recomeço.
–HÉLIO ALEXANDRE/RN–

Uma Trova Premiada

2010 - Curitiba/PR
Tema: IMAGEM - M/H

Minha infância – que linguagem!
Se no céu relampejava,
eu sentia, nessa imagem,
que Deus me fotografava!
–ROZA DE OLIVEIRA/PR–

Uma Trova de Ademar

O dia quando se encerra,
ao pedir ao sol que ele entre,
causa a impressão de que a terra
abriga o “Astro-Rei” no ventre.
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram


Felicidade é um momento
que dura uma eternidade.
Se durar mais de um momento,
já não é felicidade.
–CLEÓMENES CAMPOS/SE–

Simplesmente Poesia

O Trovadoresco
–PAULO DE TARSO/CE–

Recebi Trovadoresco
Com uma imensa alegria
Não foi cheque do Bradesco
Um caderno de poesia.

Ademar um devotado
Que trabalha pra valer
Homem muito organizado
Dono de grande saber.

Do Rio Grande do Norte
Manda pra todo Brasil
Um importante suporte
De verso muito sutil.

E continue mandando
Que eu gosto de receber
Pra outros vou enviando
Esse importante saber.

Sou poeta de Tauá
Nascido na Confiança
Meu Estado é o Ceará
Estado da esperança.

Assino Paulo de Tarso
Caboclo lá do sertão
Sinto dor no metatarso
Perdi um dedo da mão.

Mas estou sempre disposto
Para fazer poesia
E não conheço desgosto
Só vivo com alegria.

Estrofe do Dia

Quem falava da lua cor de prata
clareando uma casa de fazenda
e do sereno que cai e molha a renda
que protege o painel verde da mata,
do matuto batendo em uma lata
imitando Luís, rei do baião,
e do pretume da sombra do oitão
invadindo uma banda do terreiro
- Se não fosse o poeta violeiro
quem cantava as belezas do sertão?
–PEDRO ERNESTO/CE–

Soneto do Dia


Patativa... Paixão e Vida
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Nasceu Patativa... Poeta emoção!
Santana, seu chão... Assaré, sua vida!
Sorbone o estudou e curvou-se vencida...
Fenômeno e luz que brilhou no sertão!

Poeta maior, de uma vida sofrida,
compôs os seus versos com inspiração.
Nasceu e cumpriu sacrossanta missão,
vive em Assaré... Após "Triste Partida"!

Os versos que fez e que são imortais,
seu povo e Assaré... Não esquecem jamais:
São seus sentimentos de amor/fantasia!...

Meu mestre maior, viverá entre nós.
Em mim permanece com trêmula voz
a sua sublime e divina poesia!...

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

57a. Feira do Livro de Porto Alegre (Programação de 5 de novembro, sábado)


Contos Cantados com Valquíria Cardoso
05/11/2011 - 09:00

A Arte Levada a Sério
05/11/2011 - 09:00

Projeto Cadeira da Leitura - Oficinas de literatura, música e dramatização para crianças, jovens e adultos

Mostra dos projetos do Instituto Cultural Elias José
05/11/2011 - 09:00
Mostra de atividades realizadas pelo instituto

4º Seminário A Arte de Contar Histórias: O território mágico da Biblioteca
05/11/2011 - 09:30
Oficina

O sonho de Angelina
05/11/2011 - 10:30
Contação de Histórias

Moda, literatura e memória
05/11/2011 - 14:00
Ler a roupa, a partir de clássicos da literatura, como objeto carregado de memórias e identidade em seu papel decisivo nas narrativas

Oficina: Contando histórias para crianças hospitalizadas
05/11/2011 - 14:00

Oficina de contação de histórias em hospitais para crianças e adolescentes. Módulo 2/3
Princesa Violeta
05/11/2011 - 14:00
Contação de Histórias

Contação de Histórias da Escola Infantil Arco-Iris, orientada pela pedagogia Waldorf
05/11/2011 - 14:00

Seminário Adaptações de textos clássicos: Convite para novas leituras? Como usar as adaptações nas escolas e nas bibliotecas?
05/11/2011 - 14:00
Mesa-redonda

Sessão de Autógrafos da Revista GeraPaz - Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente
05/11/2011 - 14:00

Apresentação musical
05/11/2011 - 14:00

A Arte Levada a Sério
05/11/2011 - 14:00
Apresentação dos alunos da Escola de Educação Infantil Descobrindo o Saber

Voo Independente 10
05/11/2011 - 14:00

Experiências da Educação Popular
05/11/2011 - 14:30

Tenda.doc: Histórias do Sul : Um Pobre homem e Melancia e Côco Verde, Volta Gervasio
05/11/2011 - 14:30

Adaptação de contos de escritores gaúchos como Dyonélio Machado, João Simões Lopes Neto e Luís Fernando Verissimo

Uma aventura na fazenda
05/11/2011 - 14:30

Políticas de inclusão: gerenciando riscos e governando as diferenças
05/11/2011 - 14:30

Transversos
05/11/2011 - 14:30

Kuan Yin
05/11/2011 - 14:30

Jardim de Ísis
05/11/2011 - 14:30

Recado aos mergulhões
05/11/2011 - 14:30

Ciranda de Amores
05/11/2011 - 14:30

Literatura francesa do século XIX para jovens do século XXI
05/11/2011 - 15:00
A tradução de textos do século XIX visando a atração dos jovens do século XXI. Leitura de fragmentos dos contos de Guy de Maupassant

Maria Teresa e o javali
05/11/2011 - 15:00

Lua Luana//Palavras Mágicas//A história do gato azul
05/11/2011 - 15:00

Envelhecer com sabedoria
05/11/2011 - 15:30

Bate-papo com a autora do livro sobre envelhecer, arteterapia, sabedoria e psicologia analítica
Contação de Histórias
05/11/2011 - 15:30

Contação de histórias
05/11/2011 - 15:30

Oficina de origami
05/11/2011 - 15:30

A Arte Levada a Sério
05/11/2011 - 15:30

Apresentação musical do grupo Tudo Vira Bossa

Céu - Trilogia das Fronteiras
05/11/2011 - 15:30

Aprendendo palavras através da leitura
05/11/2011 - 15:30

Da teoria à prática: gêneros discursivos & práticas escolares de leitura e escrita
05/11/2011 - 15:30

Pesquisa, Políticas e Formação de Professores
05/11/2011 - 15:30

Os Sonhos de Vandinho
05/11/2011 - 15:30

Hades volume I terra - inversa
05/11/2011 - 15:30

O grande pajé
05/11/2011 - 15:30

Novíssimos contistas
05/11/2011 - 16:00
Um diálogo entre gerações distintas e estilos diferentes com um ponto em comum: a paixão pela história curta

Oficina: O narrador no cinema
05/11/2011 - 16:00
Abordagem sobre a narrativa cinematográfica. Módulo 3/3

Oficina: O voo da gaivota
05/11/2011 - 16:00
A crônica, da busca do assunto à aventura fonológica, passando pela discussão do gênero e o exemplo dos grandes mestres. Módulo 2/2

O que faltava ao peixe
05/11/2011 - 16:00
Autora lança livro em uma conversa descontraída entre escritores

Bate-papo com autor seguido de sessão de autógrafos
05/11/2011 - 16:00

Animais se Divertem
05/11/2011 - 16:00

Monstrotaro
05/11/2011 - 16:00

Simplesmente Mulher
05/11/2011 - 16:00

Mundo pra que te quero
05/11/2011 - 16:00

Disse me disse
05/11/2011 - 16:00

A pedra do Conhecimento
05/11/2011 - 16:00

Sonhos e sua interpretação
05/11/2011 - 16:30
Homenagem ao centenário de publicação de "O manejo da interpretação dos sonhos em psicanálise" de Sigmund Freud

Rosário do Sul - Villa, Cidade e Município
05/11/2011 - 16:30

O Borralho
05/11/2011 - 16:30

Poesia na Praça
05/11/2011 - 16:30

Alice para sempre
05/11/2011 - 16:30

Obra inacabada
05/11/2011 - 16:30

O caminho da asa da borboleta
05/11/2011 - 17:00
A poesia e o nascimento das palavras

A viagem dos bichos
05/11/2011 - 17:00
Contação de histórias com Rosane Castro

4º Seminário A Arte de Contar Histórias: O território mágico da Biblioteca
05/11/2011 - 17:00
Mesa-redonda - Tema: A narração oral na biblioteca comunitária

Sessão de Autógrafos
05/11/2011 - 17:00

Sol e as ovelhas
05/11/2011 - 17:00

Contação de Histórias
Libras e o mundo escolar - Bate-papo com pais, educadores e outros mediadores de leitura sobre a questão dos deficientes auditivos
05/11/2011 - 17:00

Abra a boca e feche os olhos
05/11/2011 - 17:00

A Arte Levada a Sério
05/11/2011 - 17:00

A Viagem dos Bichos
05/11/2011 - 17:00

A poética do conto: de Poe a Borges, um passeio pelo gênero
05/11/2011 - 17:30
A história crítica do conto moderno, a partir de Nathanael Hawthorne, Edgar Alan Poe, Julio Cortázar e Jorge Luis Borges

Milongueiro
05/11/2011 - 17:30

Noitadas - Crônicas, Devaneios e Reflexões
05/11/2011 - 17:30

Histórias do Dr.Asdrúbal 2º Volume
05/11/2011 - 17:30

O que faltava ao peixe
05/11/2011 - 17:30

Oficina: O trânsito criativo entre os gêneros
05/11/2011 - 18:00
Um trânsito entre as formas de criação e gêneros. Módulo 2/2

Prosa (di)versos
05/11/2011 - 18:00
Contos, poemas e quadrinhas

Contos da coleção Contador de Histórias de Bolso, de Ilan Brenman
05/11/2011 - 18:00
Contação de Histórias com Valquíria Cardoso

Terceira Antologia
05/11/2011 - 18:00

Ofícios antigos de Porto Alegre
05/11/2011 - 18:30

Lançamento do livro

Arte às 18:30
05/11/2011 - 18:30

A Arte Levada a Sério
05/11/2011 - 18:30

Em Algum Lugar no Paraíso
05/11/2011 - 18:30

Raízes de Gravataí
05/11/2011 - 18:30

Domingo pra sempre e outras histórias sobre nunca mais
05/11/2011 - 18:30

A Pedra do Dr.Getúlio
05/11/2011 - 18:30

Os Filhos da Mãe
05/11/2011 - 18:30

O Caso do Buraco
05/11/2011 - 18:30

Há Prendisajens com o Xão
05/11/2011 - 18:30

Literatura e liberdade através dos tempos
05/11/2011 - 19:00
Análise a respeito de como a liberdade - um dos principais motivos da literatura - foi sendo tratada por contistas brasileiros do século XIX aos dias atuais

Oficina: Entenda o livro digital e seu mercado
05/11/2011 - 19:00
Oficina sobre o mercado do livro digital, a partir da experiência da produção de e-books. Oficina em módulo único

Cine Santander Cultural
05/11/2011 - 19:00

Sessão Comentada

Seminário Adaptações de textos clássicos: Convite para novas leituras? Como usar as adaptações nas escolas e nas bibliotecas?
05/11/2011 - 19:00
Mesa-Redonda

4º Seminário A Arte de Contar Histórias: O território mágico da Biblioteca
05/11/2011 - 19:30
Sessão de Histórias

Poemas Famintos
05/11/2011 - 19:30

Fim das coisas velhas
05/11/2011 - 19:30

Ciranda Negra
05/11/2011 - 19:30

Menina e o Mendigo
05/11/2011 - 19:30

A poética do conto: de Poe a Borges, um passeio pelo gênero
05/11/2011 - 19:30

Borralheiro
05/11/2011 - 19:30

Tecendo raízes, restinga seca e personalidades que construíram sua história
05/11/2011 - 19:30

Armazém de Idéias III Tecendo uma Rede de Saberes na Pluralidade de Conhecimentos
05/11/2011 - 20:00

Sarau Elétrico
05/11/2011 - 20:00

Domingos sem Deus
05/11/2011 - 20:30

Póstero
05/11/2011 - 20:30

Enquanto Água
05/11/2011 - 20:30

Liberdade até agora
05/11/2011 - 20:30

Fonte:
http://www.feiradolivro-poa.com.br/

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Trova 207 - Francisco J. Pessoa (CE)

A. A. de Assis (Lançamento da Revista Virtual Trovia n. 143 - novembro de 2011)






Carolina Ramos e
Maria Nascimento

Olga Agulhon,
Jeanette De Cnop e
Eliana Palma




Inesquecíveis

Meus versos são dos piores;
não sou poeta distinto...
Mas talvez fossem melhores,
se os lessem como eu os sinto.
Antonio Aleixo

No portão os namorados
são como barcos no cais:
pelos beijos amarrados,
querem ir e ficam mais.
Cleonice Rainho

Dei-te amor sem falsidade,
uma floresta de amor.
E tu, só por crueldade,
te fizeste lenhador.
Lilinha Fernandes

Tudo a juntar-nos: o amor,
o gênio igual, a constância,
até mesmo a própria dor. . .
- Só nos separa a distância.
Luiz Otávio – RJ

Não pisco os olhos ao vê-la
para não correr o risco
de, por momentos, perdê-la,
a cada instante em que pisco.
Orlando Brito

Quem parte devagarinho,
mas vai de rumo traçado,
ao começar seu caminho,
tem meio caminho andado.
Waldir Neves – RJ

Se você fez uma trova, / já fez seu diário bem. /
E’ uma forma sempre nova / de dar alegria a alguém.

Brincantes

Pego no flagra, fugia,
quando o cachorro o mordeu...
– Como é que se implantaria
o que o danado comeu?!...
Darly O. Barros – SP

Fio dental, na verdade,
com seu cercado pequeno,
delimita a propriedade,
mas não esconde o terreno!
Edmar Japiassú Maia – RJ

Nessa roupa provocante,
chamando a atenção do povo,
você fica semelhante
àquela tal... que põe ovo!
Eliana Palma – PR

Com “fome zero”... zerado,
a fome em mim fez um poço,
que o intestino delgado
tá quase engolindo o grosso...
Francisco Macedo – RN

Namorar sem beliscar,
querida, isso eu não faço...
Conforme seja o lugar,
é melhor do que um abraço.
Haroldo Lira – CE

O forró, diz meu amigo,
me esbraseia e deixa quente:
o esfrega-esfrega de umbigo
é um perfeito “antecedente”.
Héron Patrício – SP

Companheiro, estenda a mão,
que nem um bom cavalheiro,
ao colega, amigo, irmão...
porém lave a mão primeiro!
Osvaldo Reis – PR

Tentando aparentar trinta,
o cinquentão se “ferrou”.
Comprou um estoque de tinta,
mas... o cabelo acabou.
Wandira F. Queiroz – PR

Líricas e filosóficas

Benditos, no mundo inteiro,
os que ao plantio procedem.
– São filhos do Jardineiro
que o verde implantou no Éden.
A. A. de Assis – PR

Perdão... palavra bonita
que até nos causa emoção,
se realmente for dita
pela voz do coração!
Ademar Macedo – RN

Entre as escolhas que fiz,
eu sofri e sei por quê;
uma só me fez feliz:
foi essa de amar você!
Almir Pinto Azevedo – RJ

Meu estro virou espuma
nas bravas ondas do mar...
Não faço mais trova alguma
até meu amor voltar!
Amilton Maciel – SP

No clarão da velha chama
de ritmos e de valores,
curitibano conclama:
– Rimai por nós, trovadores!
Andréa Motta – PR

Nesta vida, meus amores
são flores do alvorecer,
mas, se murcharem as flores,
de solidão vou morrer.
Ari Santos de Campos – SC

A praia é sempre pisada,
mas nos dá grande lição,
pois, mesmo sendo humilhada,
massageia o coração.
Arlene Lima – PR

Partiste... eu sonho... tu sonhas
e nós seguimos mentindo:
nós somos dois sem-vergonhas
que vivem se despedindo.
Arlindo Tadeu Hagen – MG

Os beijos são evidências
que a vida teima em mostrar.
São também as reticências
de um amor por despertar.
Carmem Pio – RS

Devotamento é virtude
de todo bom professor,
que conquista a juventude
usando as armas do amor!
Delcy Canalles – RS

Saudade – eterna pontada
que a gente sente e não diz;
uma lembrança apagada
do tempo em que foi feliz!
Diamantino Ferreira – RJ

Eu sou, na “Terceira Idade”,
quatro estações do meu jeito:
no corpo a precariedade,
mas primavera no peito!
Divenei Boseli – SP

Ao buscar uma esperança,
a verdade se conclui:
– Só quando a cultura avança
é que a pobreza reflui.
Eduardo A. O. Toledo – MG

Uma vida sem amor
é qual comida sem sal:
em ambas falta sabor,
por ausente o principal.
Eliana Jimenez – SC

É tão forte a intensidade
das loucuras da paixão,
que no amor a insanidade
é o que eu chamo de razão!
Elisabeth Souza Cruz – RJ

Olho a tapera habitada
e em minha fé me concentro:
– Feita de restos de “nada”!...
e quanta paz tem por dentro!!!
Ercy Marques de Faria – SP

Minha casa é meu cantinho,
onde tudo é natural;
no beiral fizeram ninho
as aves do meu quintal.
Evandro Sarmento – RJ

No coração de quem ama
transborda felicidade,
mas, quem perdeu essa chama
vive a chorar de saudade.
Gasparini Filho – SP

Felicidade não cabe
no coração de quem diz
que é feliz, porque não sabe
o quanto é que é ser feliz!
Francisco Pessoa – CE

Ainda guardo lembranças
de coisas não permitidas:
pedacinhos de esperanças,
restinhos de nossas vidas.
Francisco Garcia – RN

Nos lençóis brancos, macios,
de nossa cama deserta,
o tempo desmancha os fios
da minha pobre coberta.
Gislaine Canales – SC

Se a liberdade gozamos,
em nosso amor sem dilemas,
é que os anéis que trocamos
não foram jamais algemas!
Hermoclydes S. Franco – RJ

Lembra a lágrima um gemido
de ternura e redenção,
que não chega ao nosso ouvido,
mas comove o coração.
Humberto Del Maestro – ES

Se me dessem o direito
de um só pedido fazer,
pediria, então, sem jeito:
ser criança até morrer!
Istela Marina – PR

Se sofres, poeta, canta,
que essa cantiga, aonde for,
consola, embala, acalanta
quem vive pobre de amor!
Jeanette De Cnop – PR

Ao conforto acorrentado,
quem se prende corta acesso
ao caminho acidentado
que levaria ao sucesso!
J. B. Xavier – SP

A ninguém eu não oculto
isto que acho desatino:
quando durmo, sou adulto;
quando acordo, sou menino...
José Fabiano – MG

Fiz de você minha musa,
minha vida e coração,
meu pijama, minha blusa,
a tábua de salvação.
José Feldman – PR

O bom pintor, quando pinta,
para dar vida à aquarela,
põe mais amor do que tinha
no sentimento da tela!
José Lucas de Barros – RN

Teu olhar, tímido e arisco,
quando embebido em luar,
revela audácias de um risco
que nem me arrisco a explorar!
José Ouverney – SP

Renúncia, pra São Francisco,
foi total libertação:
ter posses é sempre um risco
para a alma em ascensão.
Lóla Prata – SP

A língua é feita pelos que ousam fazê-la. Ouse você também.

Se não me dás teu carinho,
se não me queres amar,
sou barco triste e sozinho,
que já não quer navegar.
Luiz Carlos Abritta – MG

Só, eu vivo bem comigo,
pois sou boa companhia;
nem preciso de um amigo
para sentir harmonia.
Lygia Lopes dos Santos – PR

Sem o meu consentimento,
tua imagem atrevida
invade o meu pensamento
e tranca qualquer saída.
Maria Lúcia Daloce – PR

A imensidão desse amor,
que me transcende o presente,
faz suportar minha dor,
quando seu corpo está ausente.
Mª Luiza Walendowsky – SC

Ao teu amor me escravizo
sem um lamento sequer,
porque escrava eu realizo
os meus sonhos de mulher.
Maria Nascimento – RJ

Os cílios fazem cortina
para um palco de emoção,
que a luz do amor ilumina
quando canta o coração.
Mª Thereza Cavalheiro – SP

Inspiração, não me deixes
neste mundo imerso em dor!
– Sem ti, sou rio sem peixes...
sou coração... sem amor!...
Marisa Vieira Olivaes – RS

Tenho por certo, em verdade,
bem vivo, embora pungente
que a mais pungente saudade...
é aquela de alguém presente!
Maurício Friedrich – PR

Todo tipo de poesia que você faça lhe dará prazer.
Porém para fazer amigos nada há que se iguale à trova.

O poeta, com certeza,
pelo que ganhou de bom,
ajudando a natureza
complementa o próprio dom.
Nei Garcez – PR

Sou mulher e sou guerreira,
lutando em busca da paz;
da vida sou passageira
que não desiste jamais!
Neiva Fernandes – RJ

Diante do encanto desfeito
por promessas não cumpridas,
eu sempre encontro outro jeito
de entrelaçar nossas vidas.
Olga Agulhon – PR

Voltei a ter confiança
neste mundo tão ruim,
ao descobrir a criança
que ainda habitava em mim.
Renato Alves – RJ

Foi no banco de uma praça,
no tempo da bela idade,
que encontrei cheia de graça
quem agora é só saudade.
Roberto Acruche – RJ

O vento, com peraltice,
leva folhas pelo espaço.
Que bom se um dia o sentisse
levando as preces que faço...
Ruth Farah – RJ

No embalo da serenata,
quisera ser como a lua,
vestindo com tons de prata
os homens tristes da rua!
Selma Patti Spinelli – SP

As dores e os desencantos
não foram tantos assim...
Tua boca e os teus encantos
calaram bem mais... em mim!
Sérgio Ferreira da Silva – SP

Quando a família do trovador percebe o quanto a trova lhe faz bem
à saúde, dá-lhe todo o apoio e alegremente bendiz cada verso que ele faz.

Quando a chuva do céu desce
e o ventre da terra alcança
a vida se reverdece
e tem o tom da esperança.
Sônia Martelo – PR

Meu coração não se acalma
quando a saudade me vem;
é o soluçar de minha alma
chorando a ausência de alguém...
Sônia Sobreira – RJ

Quixote demais propenso
a crer num Bem mais profundo,
eu faço da trova um lenço
que enxuga os prantos do mundo.
Thalma Tavares – SP

A travessia é mais triste
se, no meio do caminho,
nossa esperança desiste
e a gente segue sozinho.
Therezinha Brisolla – SP

Na vida, eu prefiro o jogo,
não de azar, de sedução...
e, em vez de cartas, o fogo
que incendeia uma paixão.
Vanda Alves da Silva – PR

Cada página que é escrita
para o livro de nós dois
diz que é ainda mais bonita
a história que vem depois.
Vanda Fagundes Queiroz – PR

A feliz trova que eu faço,
quer no verso, quer na rima,
não me traz nenhum cansaço,
sua luz sempre me anima.
Vidal Idony Stockler – PR

O perdão é tão sublime
que, por mais que a ofensa doa,
põe uma paz que redime
no coração que perdoa.
Zenaide Marçal – CE

Vencer concurso é muito bom. Porém o mais importante são
as novas trovas que cada concurso nos incentiva a compor.

Fonte:
Revista enviado por Assis