sábado, 2 de março de 2024

Professor Garcia (Reflexão do Dia) = 01

Trova obtida no facebook do trovador
 

Laé de Souza (Cada filho tem a mãe que merece)

Mãe tem de todos os tipos, jeitos e manias. Igual a minha, a tua, a do vizinho, a do amigo, a da namorada. Aquela que chega da feira e te traz na cama o pastel de queijo que você tanto gostava quando menino, e que hoje enjoa só de sentir o cheiro. Mas ela vem com tanta festa, que você não tem coragem de recusar. Mais chato ainda quando você está numa ressaca por ter saído à noite com os amigos e ela te acorda: "Olha o pastelzinho do menininho da mamãe." Dá até ânsia.

Tem aquela que quando sabe que o namorado da filha vem para almoçar, se arruma mais do que ela, usa aquela roupa especial e percebe-se no seu jeito um olhar de sedução. Muitas já perderam o namorado e outras evitam apresentá-los à mãe. Mas isso já é aberração da natureza e acontece muito raramente.

Tem as que quando a filha sai para namorar, obrigam a levar o irmãozinho (que sempre é enrolado para não ver nada e quando vê é subornado). Estas, naturalmente, já estão ultrapassadas, mas têm algumas que resistem à modernidade.

Tem a que quer conhecer todos os amigos do filho e saber quem são os pais, se a família tem tradição. Namorada, então, é vigiada constantemente e a qualquer desvio ou comportamento inadequado, um batom mais vermelho, uma saia mais curta ou pequena mostra dos seios, ela cai de pau em cima e difama a moça, aconselhando o filho que acabe com o romance.

Tem a que quer os filhos sempre unidos e faz questão de tê-los juntos todos os domingos para o almoço, em sua casa. E você tem que fingir que adora aquela macarronada sempre igual, que já era feita pela tua avó. Segurar a mulher para não reclamar e não ter nenhuma encrenca entre as cunhadas e ainda aguentar aquela mais exibida que se apresenta todo santo domingo cheia de badulaques para fazer inveja às outras.

Tem a que não quer que você saia à noite, espera que seja caseiro e não acredita que você cresceu. Pede satisfação de tudo e ainda dá as ordens.

Tem a que reza por você sempre e pede a Deus que tudo de ruim passe de longe e se não tiver jeito, que seja desviado para ela.

Tem a que pega na extensão para ouvir as confidências, que lê o diário às escondidas, que revira os cadernos para verificar as lições ou até um bilhetinho para a colega.

Aquela que quando você diz que vai num lugar às vezes ela aparece de surpresa para conferir. E as que dão a maior força e se tornam cúmplices em tuas traquinagens enfrentando até o pai feroz.

De qualquer forma, geralmente todas elas amam demais os filhos e passam a se amar menos depois que os têm. Conduzir o comportamento da mãe depende deles. E cada filho tem a mãe que merece. E não esqueçam daquele domingo de maio que é o dia delas. Portanto, nesse dia, demonstrem interesse em ouvir o desenrolar do capítulo da novela que ela te conta e deixe pelo menos um dia de se ligar no rock, dê o direito de ela colocar na vitrola aqueles antigos discos do Roberto. Ela vai adorar.

Fonte: Laé de Souza. Acredite se quiser. SP: Ecoarte, 2000. Enviado pelo autor.

Araceli Rodrigues Friedrich (Pequenos Versos)


Cara amiga, neste dia,
gentilmente eu ofereço,
com modéstia e alegria,
a pureza do meu verso.
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A dezenove de julho
foi que a Ida Márcia nasceu.
Estava frio... era inverno...
Mas a minha alma aqueceu.
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Afonso, meu queridinho,
bisneto do coração
veio bem de mansinho
para alegrar-me a visão!
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Ao ler tanta poesia
enorme emoção me invade
e aumenta em meu coração
o perfume da saudade.
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A quadrinha é uma prece
que recito com fervor
nela minha alma agradece
as graças do Criador.
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Das palavras pequeninas
"não" é a que mais força tem.
Tanto leva para o mal
como serve para o bem.
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De Joinvile, na lembrança,
eu trago uma laranjeira,
grande, onde havia um balanço
e eu brincava a tarde inteira.
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De manhã quando levanto
logo tomo um bom café,
dando ao corpo mais encanto
com mais firmeza no pé.
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Do coração, bem no fundo,
tenho uma grande ambição:
- Que desta copa do mundo
o Brasil seja o campeão.
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Ele fugiu da escola
não quis mesmo aprender
até parece uma bola
no subir e no descer.
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E meu coração, em prece,
em carinhoso fervor
reverente Te agradece
“Obrigado, Deus de amor!"
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Em oposição à guerra
e às tristezas que traz
alguém inventou na terra
a suavidade da paz.
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Eu tenho medo do dia
daquele que vai chegar
ele não traz só alegria
mas, também, muito pesar.
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Eu tenho uma dor constante,
judia de hora em hora,
ela maltrata bastante
e não pensa em ir embora.
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Hoje é dia de eleição;
são tantos os candidatos
que meu pobre coração
não distingue os mais sensatos.
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O menino brincou com a bola
a bola rolou e caiu;
O mesmo aconteceu na escola
o estudo rolou. Ninguém viu.
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Ó nosso Jesus amado,
Senhor, Nosso Deus do Céu
De Ti nos afasta o pecado;
não nos abandone ao léu!
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O primeiro beijo eu dei
escondidinho e sapeca
foi aquele que apliquei
na minha primeira boneca.
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Os primeiros versos fiz
quase todos pé quebrado
- foi isto mesmo que eu quis,
eles me lembram o passado.
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Pela minha honestidade
eu alcancei a vitória
e com discreta vaidade
vou desfrutando esta glória...
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Quando eu escrevo um versinho
é de alegria que o faço
é verdadeiro caminho
pra te mandar um abraço.
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Quantas flores há nas serras,
do Estado do Paraná
Eu desconheço outras terras
tendo tanto manacá.
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Que o trovador tem seu dia
não me disseram. Confesso.
Hoje, é com grande alegria
que lhe dedico este verso.
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Querida seleção atente
para meu desejo profundo;
- Volte feliz e contente
trazendo a Copa do mundo.
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Recebi hoje a notícia
encantadora! Vejam só:
- Pra mim foi uma delícia;
- "Logo serei bisavó."
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Recebi uma visita
lá da terra do meu pai
foi a minha prima Roly
que veio do Uruguai.

Luiz Hélio Friedrich. Maurício Norberto Friedrich. Família Friedrich em Trovas. Curitiba/PR: Centro de Letras do Paraná, 2018.

Coelho Neto (A peregrina)

Aldonso, o eremita, desde que se recolhera ao deserto, elegendo por morada a lapa mais áspera e mais fria, em terra sáfara, onde não medrava semente, todas as noites, vincava fundamente as carnes com as tiras laminadas das disciplinas e, sangrando por mil feridas, estendia-se nu na pedra gelada onde escabujava, aos urros, acordando o silêncio com gritos de arrependimento.

Tinham-no todos os eremitas por santo e, quando passavam diante da sua furna inclinavam-se com humildade como se avistassem um santuário. E Aldonso, se percebia rumor de passos, brandia, com mais força, o tagante (açoite) para que os caminheiros ouvissem os golpes e admirassem a sua devoção fervorosa.

Acudiam peregrinos de todas as partes, para ver de perto o santo homem e beijavam os coágulos de sangue que manchavam as pedras e quando o viam, alto, embrulhado em cortiça, macilento e lívido, os cabelos longos, a barba intonsa, emaranhada de ervas, as unhas negras e retorcidas, prostravam-se em terra pedindo-lhe a benção, rogando-lhe intercedesse a Deus por eles, certos de que a oração de tão beato eremita seria atendida no céu.

E Aldonso, no fundo tenebroso da lapa, cantava hinos ao ritmo das vergalhadas com que ia retalhando as carnes. 

Ora, na vizinhança, vivia um penitente alegre. Era homem de boa feição, meigo e de muita hospitalidade. Os dias passava-os na horta, semeando, podando, regando, e era um gosto ver-se-lhe a almoinha (horta) viçosa, com os talhões muito verdes e as árvores em flor ou em fruto.

À noite, recolhendo-se, ajoelhava-se ante um crucifixo de pedra, fazia a sua oração e dormia, deitado em ramas secas que cheiravam.

Aldonso, passando, uma tarde, pela choça e ouvindo o ermitão cantar, entrou e, chamando-o com severidade, disse-lhe:

— Irmão, a vida que aqui levais escandaliza o eremitério. Em vez de orações cantais desde que amanhece até a hora sagrada de vésperas. Deixais a imagem pelas ervas e pelas flores, e, enquanto nossos irmãos sangram sob as disciplinas, e definham à força de abstinências, folgais e engordais porque a vossa mesa é farta e escolhida. Até afirmam — praza a Deus que haja nisto calúnia — que, certa noite, recebestes nesta cabana formosa mulher e só a despedistes na manhã seguinte. 

Humildemente o ermitão respondeu:

— Não foi um caluniador quem tal vos disse, irmão. Efetivamente acolhi a mulher de que falais. Se era formosa, não sei. Era noite, chovia torrencialmente quando bateram à minha porta. Sem pedir nome, abri e, à luz da candeia, vi um vulto de mulher. Fiz lume para aquecê-la, dei-lhe o que tinha e ofereci-lhe, para repouso, as ramas em que me deito. Quanto a mim juro-vos que passei a noite junto do crucifixo. Se foi pecado o que fiz, imponde-me a penitência e eu a cumprirei.

— Fazei o que eu faço se quiserdes obter o perdão de Deus. 

E Aldonso mostrou-lhe as fundas feridas do corpo. Estavam os dois em tal prática quando bateram à porta. Correu o ermitão a ver quem era e pasmou de achar-se em presença de uma mulher que lhe disse:

— Tomo à vossa hospitalidade, irmão, pedindo-vos agasalho por uma noite. É tarde, as feras uivam: nuvens negras acastelam-se.

Hesitou o ermitão, mas os instantes pedidos da mulher venceram-no. Cruzando, então, os braços, baixando a cabeça afastou-se, deixando-a entrar. 

Irado ergueu-se impetuosamente Aldonso e, tomando o cajado que deixara a um canto, disse:

— Ficai-vos, irmão. Não serei eu quem permaneça convosco, arriscando minh'alma em tamanha
impureza!

— Mas quereis que deixe uma pobre criatura de Deus exposta ao tempo, desamparada às feras?

— E sabeis quem é?

— Sei que é uma peregrina, irmão. A misericórdia não pede o nome dos que a procuram. Que direi ao Senhor, se Ele me arguir de cruel na hora da justiça, por não haver atendido aos rogos de uma infeliz?

— Dir-lhe-ás que essa infeliz era uma impura.

— E não foi à sombra da túnica de Cristo que se refugiou a adultera?

— Sim, em público: não a recolheu ao seu lar.

— Então o vosso receio é que eu sucumba à tentação da beleza?

— Sim, irmão.

— Nada temais — ando sempre com a consciência acordada. Os atos que pratico não são para o mundo, mas para Deus. Se é pecado ser bom... ai de mim! Nunca me emendarei.

E vendo que a mulher tremia, disse-lhe:

— Tendes lume para aquecer-vos e ali sobre a mesa um resto de pão e alfaces; o cântaro está cheio. Comei e bebei. O leito é o mesmo em que dormistes da outra vez. 

E, humildemente, murmurou, cruzando os braços: Faça-se em mim segundo a vontade do Senhor. Assim como me ordena o coração, assim procedo.

Acabava de falar quando uma claridade súbita iluminou a choça e, caindo os andrajos que mal cobriam o corpo da peregrina, alargaram-se-lhe dos ombros amplas asas resplandecentes, despejaram-se-lhe pelas espáduas bucres (anéis) de cabelos louros, vestiu-a até os pés uma túnica mais fina que as névoas, brilharam seus olhos com vivo fulgor de estrelas e, caminhando para os eremitas em passos sonoros, disse a Aldonso que caíra sobre os joelhos, maravilhado:

— "A tua virtude é como o reflexo das árvores verdes nas águas límpidas — uma sombra. A tua penitência não passa de hipocrisia. Cobres-te de sangue como se vestem os príncipes de púrpura: por ostentação. Este que repreendes e condenas é um justo, votado à justiça e a Deus, não procede como tu que não te penitencias sem alarde de gritos e trazes as chagas em exposição. Negas agasalho à mulher com receio de ti mesmo, porque se a visses sem defesa, ao alcance da tua mão, talvez enfraquecesses e te precipitasses no crime. Este que me acolheu acolheria, com o mesmo carinho, um leproso — e não receou incorrer em pecado de luxúria, porque é puro. Esta é a verdadeira piedade, o verdadeiro religioso é este. Quanto ao copioso sangue que espalhas quando te flagelas estrondosamente, não passa da terra e nela escurece em mancha e o canto meigo deste generoso eremita, canto que lhe sai d'alma, é ouvido no céu e foi por ele que vim a este ermo atroante dos teus guaiados (lamentos).

"Não julgues que Deus se comove com as grandes penitências clamorosas — mais vale a seus olhos uma lágrima sincera. Cantando fez este eremita por sua alma o que não fizeste com todo o sangue derramado em tão longos anos. Deus não quer ostentações, quer sinceridade."

Fez-se silêncio. Quando os eremitas saíram do assombro, a mulher havia desaparecido. 

Então ergueu-se Aldonso e, acabrunhado, chorando lágrimas amargas, saiu para a noite negra e o ermitão prostrou-se ante o Cristo de pedra agradecendo a visita que o anjo fizera ao seu humilde tugúrio (cabana) e a suave lição de misericórdia com que confundira a vaidade.

Fonte> Coelho Neto. Fabulário. Porto/Portugal: Livraria Chardron, de Ceio & Irmão Ltda, 1924. Disponível no Portal de Domínio Público.

Hinos de Cidades Brasileiras (Araranguá/SC)


Ó rainha do Sul Catarinense,
Rosa de um vale sempre em flor,
Tu ostentas, com largas avenidas,
A beleza e o esplendor.

Grande marco na história,
Meu orgulho, minha glória,
Terra de descanso, mar e sol
És tu, Araranguá.

Beija o sol o vigor de tuas veigas
Dourando imensos arrozais;
O trabalho, a cultura e o progresso
Te exaltam sempre mais.

Amo o rio que espelha teu encanto
Nas lindas noites de luar,
E o verde sereno da paisagem
E as dunas do teu mar.

Amo o mar que afaga mansamente
Teu areal deitado ao sol,
E o morro que orienta os pescadores
Com a luz do seu farol.

Mitos Indígenas (Irapuru - o canto que encanta)

Certo jovem, não muito belo, era admirado e desejado por todas as moças de sua tribo por tocar flauta maravilhosamente bem. Deram-lhe então o nome de Catuboré (flauta encantada). 

Entre elas, a bela Mainá conseguiu o seu amor; casar-se-iam durante a primavera. 

Certo dia, já próximo do grande dia, Catuboré foi à pesca e de lá não mais voltou. 

Saindo a tribo inteira à sua procura, encontraram-no sem vida, à sombra de uma árvore, mordido por uma cobra venenosa. 

Sepultaram-no no próprio local. 

Mainá, desconsolada, passava várias horas a chorar sua grande perda. A alma de Catuboré, sentindo o sofrimento de sua noiva, lamentava-se profundamente pelo seu infortúnio. 

Não podendo encontrar paz, pediu ajuda ao Deus Tupã. Este então transformou a alma do jovem no pássaro Irapuru, que mesmo com escassa beleza possui um canto maravilhoso, semelhante ao som da flauta, para alegrar a alma de Mamã. 

O cantar do Irapuru ainda hoje contagia com seu amor os outros pássaros e todos os seres da Natureza.
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Irapuru, também chamado Uirapuru

Fonte> Adaptação do Texto de Jayhr Gael in O Caminho de Wicca - http://www.caminhodewicca.com.br (desativado). acesso em 13/10/2023.

sexta-feira, 1 de março de 2024

Adega de Versos 120: Antonio Oliveira Pena

 

Silmar Bohrer (Croniquinha) 106

Caminhos não são apenas veredas que conduzem a lugares ou destinos aleatórios. 

Quantos de nós temos alguma ligação quase  afetiva com aquele cantinho que é aprazível e que se torna ponto de parada costumeiro. E as pedras, e as matas, e o canto do pássaro que só se ouve nestas paragens? 

Os finais de semana beirando a boca noitinha conduzem ao rumo habitual junto à bica d'água - refúgio num canto da mata onde sempre aparece alguém para beber água na concha da mão, ou lavar a fuça, ou encher um cântaro com água pura que alcançou a estrada. Delícia geladinha nestes verões senegaleses. 

Nestas horas são contadas histórias e estórias, os caminhantes alongam conversas, risos e gargalhadas. E o caminho segue. Vagares, digressão, encantamentos. 

As trilhas do existir nos levam a todos os caminhos - nortes com rumo, nortes sem rumo - , cabe a cada um aproveitar e curtir os deleites da viagem. 

Fonte: Texto enviado pelo autor 

Renato Frata (Um pé de goiabas)

Há uns treze anos dei-me de presente um imóvel que transformei em escritório. É bem central, defronte a uma bela igreja e vi, no momento da compra, que fazia um belo negócio por três razões: o ponto privilegiado, a qualidade do imóvel e, o mais importante, a vizinhança. Meu vizinho de frente é espetacular! Atende-me em tudo: "Pede e atenderei", disse ele um dia.

Pois bem, reforma concluída, móveis instalados, fachada pintada, notei que num dos cantos do terreno, perto da pequena lavanderia, nascia um broto tão verde que se destacava do piso acimentado.

Eram duas folhinhas no formato de orelhas que, curiosas, procuravam a suavidade do sol da manhã sem se importar com a quentura do da tarde. A pequena planta foi por nós adotada e lhe demos água. Todos os dias. Não há vegetal que resista a um bom copo de água, assim como não resistimos a um copo bem gelado de cerveja, e ele cresceu, esgalhou-se, encorpou-se bebendo da nossa água e se aquecendo no sol do quintal. E nos tornamos amigos; tanto que primeiro abrigou uma bicicleta, depois uma motocicleta e, mais tarde, pela fresca das folhas, um automóvel, e, portentoso, seguiu verde como a esperança não contagiável.

Você, por acaso, já viu um pé de goiabas espremido entre o muro e o acimentado de quintal? Ali ele não é um número como numa plantação, ele é único, um ser vivo respeitado como se tivesse coração, como nós. Suas raízes fortes e profundas se grudam no chão com o afinco que damos à vida e suas folhas, oblongas e de ápice arredondado, pilosas na face inferior e com até 13 centímetros de comprimento, balançam ao vento como cabelos destrançados e fazem, no vaivém que a nervura dos galhos permite, um bailado belo e envolvente, oferecido àqueles que têm olhos para ver.

Sem ser surrealista, ao vê-lo tremular folhas, vejo-o parecido com crianças em bando na calçada no Dia da Independência a gesticular bandeirolas para a fanfarra, e reconheço que a natureza retribui o carinho que lhe dedicamos, pois, passados quase dois anos do seu nascimento, ele nos surpreendeu, deixando vazar pelos gabos pequenos botões-verrugas tão verdes quanto as folhas que logo se amarronzaram para se abrirem em flores brancas, pequeníssimas margaridas - e receberem o sol da vida, e com ele abelhas às centenas - preocupadas em colher o néctar do seu âmago.

Dediquei-lhe uns minutos naquela manhã, vendo-o beijado pelo vento e pelas abelhas, enriquecendo o canteirinho vulgar de fundo de quintal, mesmo porque um pé de fruta, qualquer seja a espécie, e - como disse Rubem Braga ao falar de seu pé de milho – um belo gesto da terra.

Tá certo que de vez em quando cochonilhas (insetos perniciosos à plantas cultivadas) o invadem, sugando suas folhas e me obrigando a banhos semanais de inseticida mas seus doces e suculentos frutos são, eu reconheço, a devolução carinhosa de reciprocidade que a natureza faz dos copos de água que diariamente recebe.

Fonte> Renato Benvindo Frata. Fragmentos. SP: Scortecci, 2022. Enviado pelo autor

Licínio Antônio de Andrade (Canteiro de Trovas)


A água que desce a colina
entre pedras a rolar,
mesmo pura e cristalina,
não mata a sede de amar.
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A brisa que afaga a terra
soprou nos ouvidos meus:
"paz não é a ausência da guerra,
paz é a presença de Deus..."
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A brisa que passa leve
sobre a lagoa a soprar
parece, num sonho breve,
a voz de um anjo a cantar.
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As ondas se desfazendo
na praia, na maré cheia,
parecem sonhos tecendo
toalhas rendadas na areia.
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A vida não tem sentido
se vivida sem amor,
é qual o grão esquecido
na bolsa do lavrador.
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Caravelas aportando
em solo rico e gentil,
estava ali, começando,
toda a história do Brasil.
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Caravelas portuguesas
com o símbolo da cruz,
descobriram as belezas
de um Brasil que nos seduz.
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De suas mãos recebi
carícias nunca sonhadas
e eternas glórias vivi
nas insones madrugadas.
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Disse-me a cigana um dia,
lendo a sorte em minha mão:
– Vejo paz, vejo alegria,
muito amor no coração.
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Entre as Marias que amei
na história dos meus amores,
só uma lembrança guardei:
– A da Maria das Dores.
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Hoje, no outono da vida,
não tenho mais ilusão,
sou qual a folha caída
que o vento arrasta no chão.
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Não desdenhe dos sem nada
se a sorte o favorecer,
quem sobe ao alto da escada,
um dia pode descer.
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Não pise na flor que medra
nem zombe da sua graça,
pois, aquele que hoje é pedra,
pode, amanhã, ser vidraça.
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Na velha igreja da Cruz
onde os sonhos vão rezar,
a Santa esparge mais luz
 que as velas brancas no altar.
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Nem sempre a luz da vitória
é de quem vence a batalha,
Jesus subiu para a glória
tendo uma cruz por mortalha.
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Nos lençóis em desalinho
que marcaram nosso amor,
hoje adormeço sozinho
na angústia da minha dor.
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Nos seus cachinhos, criança,
o sol gosta de brincar
e, com raios de esperança
pôs verde no seu olhar.
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Nosso amor que começou
brisa morna de ternura,
cresceu e se transformou
num vendaval de loucura.
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O volume é tão gritante
na barriga do Menezes,
que até lembra uma gestante
já beirando os nove meses.
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Passa a "Maria Fumaça"
com seu apito pungente,
segue nos trilhos, com graça,
levando os sonhos da gente.
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Pouco importa se as capelas
não tenham luxos reais,
pois o Deus que habita nelas,
é o mesmo das catedrais.
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Quando a princesa assinou
a Lei da Libertação,
o Brasil se emocionou
com o fim da escravidão.
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Quando Deus criou o mundo,
para completar a lida,
no seu gesto mais fecundo
fez o milagre da vida.
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Quanta saudade reporta
um lenço branco a acenar,
é angústia que bate à porta
e a solidão manda entrar.
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Que triste seria o mundo
sem sonhos, sem poesias
e, de um vazio profundo
sem a graça das Marias!
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Se a sorte bater-lhe à porta
mande depressa ela entrar;
depois feche, pouco importa
mas, não a deixe escapar.
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Se a vida parece vã
quando a sorte vai embora,
lembre-se: em cada manhã
resplende uma nova aurora.
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Se é por vontade divina,
a boa semente medra
e, por milagre germina
em qualquer fenda de pedra!
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Segue o barco da ilusão
singrando o mar da bonança,
no leme, meu coração,
e o seu destino: a esperança.
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Sinfonia é o mar quebrando
em rendas brancas na areia,
é o vento que vem cantando
nas ondas da maré cheia.
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Sua boca pequenina
de uma beleza sem par,
é uma fonte cristalina
onde a sede eu vou matar.
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As suas mãos pequeninas,
de uma beleza sem par,
são duas conchas divinas
que um sonho roubou do mar.

Fonte: Messias da Rocha (org.). Múltiplas palavras vol. III. Juiz de Fora/MG: Ed. dos Autores, 2022.

Beatrix Potter (O Conto de Benjamin Coelho)


Certa manhã, um coelhinho estava sentado em um banco. Ele aguçou as orelhas e ouviu o trit-trot, trit-trot de um pônei.

Um espetáculo estava chegando ao longo da estrada; era dirigido pelo Sr. McGregor, e ao lado dele estava a Sra. McGregor em seu melhor gorro.

Hop, skip

Assim que eles passaram, o pequeno Benjamin Coelho deslizou para a estrada e partiu – com um salto, salto e salto – para visitar seus parentes, que viviam na floresta nos fundos do jardim do Sr. McGregor.

Aquela floresta estava cheia de buracos de coelho; e no buraco mais limpo e arenoso de todos viviam a tia de Benjamin e seus primos – Flopsy, Mopsy, Rabo de Algodão e Peter.

A velha Sra. Coelho era viúva; ela ganhava a vida tricotando luvas e cachecóis de lã de coelho (uma vez comprei um par em um bazar). Ela também vendia ervas, chá de alecrim e tabaco de coelho (que é o que chamamos de lavanda).

O pequeno Benjamin não queria muito ver sua tia.

Ele deu a volta por trás do abeto e quase caiu em cima de seu primo Peter.

Peter estava sentado sozinho. Ele parecia mal e estava vestido com um lenço de bolso de algodão vermelho.

“Peter”, disse o pequeno Benjamin, num sussurro, “quem está com suas roupas?”

Peter respondeu: “O espantalho no jardim do Sr. McGregor”, e descreveu como ele foi perseguido pelo jardim e deixou cair os sapatos e o casaco.

O pequeno Benjamin sentou-se ao lado de seu primo e assegurou-lhe que o Sr. McGregor havia saído em uma carruagem, e a Sra. McGregor também; e certamente seria o dia inteiro, porque ela estava usando seu melhor gorro.

Peter disse que esperava que chovesse.

Nesse ponto, ouviu-se a voz da velha Dona Coelha dentro da toca do coelho, chamando: “Rabo de algodão! Rabo de algodão! Traga mais camomila!”

Peter disse que achava que poderia se sentir melhor se fosse dar uma caminhada.

Eles foram embora de mãos dadas e chegaram ao topo plano da parede no fundo da floresta. Dali eles olharam para o jardim do Sr. McGregor. O casaco e os sapatos de Peter podiam ser vistos claramente sobre o espantalho, encimado por um velho gorro do Sr. McGregor.

O pequeno Benjamim disse: “Estraga a roupa se espremer debaixo do portão; a maneira correta de chegar é descendo pelo pé de pera.”

Peter caiu de cabeça; mas não teve importância, pois o chão abaixo estava recém-arrumado e bastante macio.

Fora semeado com alface.

Eles deixaram muitas e estranhas marcas de pés por todo lugar, especialmente o pequeno Benjamin, que usava tamancos.

O pequeno Benjamim disse que a primeira coisa a fazer era recuperar as roupas de Peter, para que pudessem usar o lenço de bolso.

Eles os tiraram do espantalho. Chovera durante a noite; havia água nos sapatos e o casaco estava um pouco encolhido.

Benjamin experimentou o gorro, mas era grande demais para ele.

Então ele sugeriu que enchessem o lenço de bolso com cebolas, como um presentinho para sua tia.

Peter não parecia estar se divertindo; ele continuou ouvindo ruídos.

Benjamin, ao contrário, estava perfeitamente à vontade e comeu uma folha de alface. Disse que tinha o hábito de ir ao jardim com o pai buscar alface para o jantar de domingo.

(O nome do pai do pequeno Benjamin era o velho Sr. Benjamin Coelho.)

As alfaces certamente eram muito boas.

Peter não comeu nada; ele disse que gostaria de ir para casa. Logo ele derrubou metade das cebolas.

O pequeno Benjamim disse que não era possível subir no pé de pêra com uma carga de legumes. Ele liderou o caminho corajosamente em direção à outra extremidade do jardim. Fizeram uma pequena caminhada sobre tábuas, sob uma ensolarada parede de tijolos vermelhos.

Os camundongos sentavam-se na soleira de suas portas quebrando caroços de cerejeira; eles piscaram para Peter e o pequeno Benjamin.

Logo Peter soltou o lenço de bolso novamente.

Eles se misturaram a vasos de flores, molduras e banheiras. Peter ouviu barulhos piores do que nunca; seus olhos ficaram grandes como pirulitos!

Ele estava um ou dois passos à frente de seu primo quando parou de repente.

E o que foi que ele viu naquela esquina?

O pequeno Benjamin deu uma olhada e, em menos de meio minuto, escondeu a si mesmo, Peter e as cebolas debaixo de uma grande cesta…

A gata levantou-se e espreguiçou-se, aproximou-se e cheirou o cesto.

Talvez ela gostasse do cheiro de cebola!

De qualquer forma, ela se sentou em cima da cesta.

Ela ficou sentada lá por cinco horas.

Não posso fazer um desenho de Peter e Benjamim debaixo da cesta, porque estava muito escuro e porque o cheiro de cebola era terrível; fez Peter e o pequeno Benjamin chorarem.

O sol estava por trás da floresta e já era bem tarde; mas o gato ainda estava sentado em cima da cesta.

Por fim, houve um tamborilar, mais ruídos e alguns pedaços de argamassa caíram da parede acima.

O gato olhou para cima e viu o velho Sr. Benjamin Coelho saltitando ao longo do topo da parede do terraço superior.

Ele estava fumando um cachimbo de tabaco para coelhos e tinha um pequeno cajado na mão.

Ele estava procurando por seu filho.

O velho Sr. Coelho não tinha opinião alguma sobre gatos.

Ele deu um tremendo salto do topo da parede para cima do gato, o empurrou para fora da cesta, e o chutou para dentro da estufa, arrancando um punhado de pelo.

O gato ficou surpreso demais para lutar de volta.

Quando o velho Sr. Coelho jogou o gato na estufa, ele trancou a porta.

Então ele voltou para a cesta e pegou seu filho Benjamin pelas orelhas, e o bateu com uma pequena vara.

Então ele pegou seu sobrinho Peter.

Sr. Coelho pegou o lenço de cebolas e marchou para fora do jardim.

Quando o Sr. McGregor voltou cerca de meia hora depois, ele observou várias coisas que o deixaram perplexo.

Parecia que alguém andava por todo o jardim com um par de tamancos – só que as pegadas eram ridiculamente pequenas!

Também não conseguia entender como a gata conseguiu se trancar dentro da estufa, trancando a porta por fora.

Quando Peter chegou em casa, sua mãe o perdoou, porque ela ficou muito feliz em ver que ele havia encontrado seus sapatos e casaco. Rabo de Algodão e Peter dobraram o lenço de bolso, e a velha Dona Coelha pendurou as cebolas no teto da cozinha, com os molhos de ervas e o tabaco para coelho.

Fonte: Beatrix Potter (escritora e ilustradora). O conto de Benjamin Coelho. Publicado originalmente em 1902 como The Tale of Benjamin Bunny. Disponível em Domínio Público

Indice Alfabético do Blog de trovas Voo da Gralha Azul (novembro 2016 - março 2024)


VOO DA GRALHA AZUL 

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Um blog exclusivamente de trovas, com dicas, lições, trovas premiadas, milhares de trovas, mais de mil trovadores, etc 

INDICE ALFABETICO DAS PUBLICAÇÕES
8 de NOVEMBRO de 2016 – 1. de MARÇO de 2024

50. Jogos Florais de Niterói (Trovas Premiadas)
A. A. de Assis (Bela alma a do poeta)
A. A. de Assis (Estudar é preciso)
A. A. de Assis (PR)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Adalberto Dutra Rezende)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Ademar Macedo)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Augusta Campos)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Carlos Guimarães)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Colombina)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Durval Mendonça)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Helena Kolody)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Izo Goldman)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: J. G. de Araújo Jorge)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: João Freire Filho)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Lilinha Fernandes)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Luiz Otávio)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Magdalena Léa)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Miguel Russowsky)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Nádia Huguenin)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Nydia Iaggi Martins)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Padre Celso de Carvalho)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Sophia Irene Canalles)
A. A. de Assis (Saudade em Trovas: Zalkind Piatigórsky)
Adalberto Dutra Rezende (1913 - 1999)
Adaucto Soares Gondim (Pedra Branca/CE, 1915 - 1980, Fortaleza/CE)
Adélia Victória Ferreira
Adelir Coelho Machado (1928 - 2003)
Adelmar Tavares (1888 - 1963)
Ademar Macedo (1951 - 2013)
Afrânio Peixoto (Trovas Populares Brasileiras) – 1
Alba Christina Campos Netto
Alberto Fernando Bastos (1921 - )
Alberto Isaías Ramires (Vila Velha/ES, 1924 - 2004, Rio de Janeiro/RJ)
Alcy Ribeiro (1920 - 2006)
Alfredo Aranha
Alfredo Valadares
Alice Brandão
Almerinda Liporage
Aloísio Alves da Costa (Umari/CE, 1935 - 2010, Fortaleza/CE)
Aloisio Bezerra (Massapê/CE, 1925 - ????)
Alonso Rocha (1926 - 2010)
Álvares de Azevedo (1831 - 1852)
Alvitres do Prof. Renato Alves – 7 –
Alvitres do Professor Renato Alves - 1 -
Alvitres do Professor Renato Alves - 2 -
Alvitres do Professor Renato Alves - 3 -
Alvitres do Professor Renato Alves - 4 -
Alvitres do Professor Renato Alves - 5 -
Alvitres do Professor Renato Alves - 6 -
Amália Max (1929 - 2014)
Amaryllis Schloenbach
Amilton Maciel Monteiro
Ana Maria Guerrize Gouveia
Ana Maria Motta
Ana Michel
Angélica Villela Santos (1935 - 2017)
Anis Murad (1904 - 1962)
Antonio Cabral Filho
Antonio Carlos Teixeira Pinto (Brasília/DF)
Antonio Colavite Filho
Antonio Juraci Siqueira
Antônio Sales (Paracuru/CE, 1868 - 1940, Fortaleza/CE)
Aparício Fernandes (1934 - 1996)
Aparício Fernandes (A Classificação das Trovas)
Aparício Fernandes (Como Fazer uma Trova Antológica)
Aparício Fernandes (Trovadores Indígenas)
Aparício Fernandes (Trovas Circunstanciais) - 1 -
Aparício Fernandes (Trovas Circunstanciais) - 2 -
Aparício Fernandes (Trovas Circunstanciais) - 3, final -
Apollo Taborda França (1926 - 2017)
Apollo Taborda França (A Trova e O Trovador)
Araceli Rodrigues Friedrich (1913 - 2016)
Archimino Lapagesse (1897 - 1966)
Argemira Fernandes Marcondes
Argemiro Martins Corrêa (1918 - 1992)
Argentina de Mello e Silva (1904 – 1996)
Argentina de Mello e Silva (Canteiro de Trovas) 1
Argentina de Mello e Silva (Jardim de Trovas) 2
Argentina de Mello e Silva (Jardim de Trovas) 4
Argentina de Mello e Silva (Jardim de Trovas) 5
Argentina de Mello e Silva (Jardim de Trovas) 6
Argentina de Mello e Silva (Jardim de Trovas) 7
Argentina de Mello e Silva (O Bom Humor nas Trovas)
Ary Santos Campos
Augusto Vasconcelos Rubião (1905 - ????)
Aurolina Araújo de Castro (1933 - 2004)
Aurora Pierre Artese
Auta de Souza (1876 - 1901)
Bardos da Trova - 01
Bardos da Trova - 02
Bastos Tigre (1882 - 1957)
Baú de Trovas – 1
Baú de Trovas - 2 
Baú de Trovas 22
Baú de Trovas 23
Baú de Trovas 24
Baú de Trovas 25
Baú de Trovas 26
Baú de Trovas 27
Baú de Trovas 28
Baú de Trovas 29
Baú de Trovas 30
Baú de Trovas 31
Baú de Trovas 32
Baú de Trovas 33
Baú de Trovas 34
Baú de Trovas 35
Baú de Trovas 36
Baú de Trovas 37
Baú de Trovas 38
Baú de Trovas 39
Baú de Trovas 40
Baú de Trovas 41
Baú de Trovas 42
Baú de Trovas 43
Baú de Trovas 44
Baú de Trovas 45
Baú de Trovas 46
Baú de Trovas 47
Baú de Trovas 48
Baú de Trovas 49
Baú de Trovas 50
Baú de Trovas 51
Baú de Trovas 52
Baú de Trovas 53
Baú de Trovas 54
Baú de Trovas 55
Baú de Trovas 56
Baú de Trovas 57
Baú de Trovas 58
Baú de Trovas 59
Baú de Trovas 60
Baú de Trovas 61
Baú de Trovas 62
Baú de Trovas 63
Baú de Trovas 64
Baú de Trovas 65
Baú de Trovas 66
Baú de Trovas 67 – Dia do Trovador
Baú de Trovas 68
Baú de Trovas 69
Baú de Trovas 70
Baú de Trovas 71
Baú de Trovas 72
Baú de Trovas 73
Baú de Trovas 75
Baú de Trovas 76
Baú de Trovas 77
Baú de Trovas 78
Baú de Trovas 79
Baú de Trovas: Natal
Belmiro Braga (1872 - 1937)
Benedito de Góis
Brandina Rocha Lima
Calazans Alves D’Araújo (1902 - 1976)
Campos Sales
Cantinho do Assis (Pausa para Reflexão)
Cantinho do Assis (Trovaterapia)
Carlos Guimarães
Carlos Ribeiro Rocha (Ipupiara/BA, 1923 - 2011, Salvador/BA)
Carolina Ramos
Casimiro de Abreu (1839 - 1860)
Cassio Magnani (1921 - 1990)
Célia Aparecida Marques da Silva
Célia Cerqueira Cavalcanti (1910 - 2003)
Célio Grunewald (1923 - 1991)
César Torraca
Cesídio Ambrogi
Cidoca da Silva Velho (1920 - 2015)
Clarindo Batista de Araújo (1929 - 2010)
Cláudio de Capua (1945 - 2021)
Cláudio Derli
Clenir Neves Ribeiro
Clodoaldo de Abreu Filho
Colbert Rangel Coelho (1925 - 1975)
Colombina (1882 - 1963)
Concurso de Trovas "Memorial Cláudio de Cápua" (Trovas Premiadas)
Cônego Benedito Vieira Telles
Conrado da Rosa (1930 - 2003)
Conselhos para Fazer a Boa Trova
Cornélio Pires
Cristina Cacossi
Dagmar Aderaldo de Araújo Chaves (1908 - 2002)
Dáguima Verônica
Dalva de Araújo Sales
Darly O. Barros
Delcy Canalles (RS)
Diamantino Ferreira
Dimas Lopes de Almeida (1915 - 1994)
Dinair Leite
Divenei Boselli (1938 - 2020)
Domitilla Borges Beltrame
Doralice Gomes da Rosa
Dorothy Jansson Moretti
Dorothy Jansson Moretti (Tertúlia da Saudade) I
Dorothy Jansson Moretti (Trovas ao Entardecer) – 3
Dorothy Jansson Moretti (Trovas...e Trovões...)
Dulcídio de Barros Moreira Sobrinho
Durval Mendonça (1906 - 2001)
Edgar Barcellos Cerqueira (1913 - ????)
Edmar Japiassú Maia
Edna Ferracini
Eduardo Toledo
Edy Soares (Vila Velha/ES)
Elane Rangel / RJ (O Pinheiro e a Gralha Azul)
Elbea Priscila de Souza e Silva
Élen Novais Felix (1946 - 2015)
Eliana Dagmar
Elisa Alderani
Elisabete do Amaral Albuquerque Freire Aguiar
Elisabeth Souza Cruz
Elton Carvalho (1916 - 1994)
Ercy Maria Marques de Faria
Ester Figueiredo
Eulinda Barreto
Fabiano Wanderley (RN)
Ferdinando Fernandes (Portugal)
Fernando Câncio de Araújo (Fortaleza/CE, 1922 - 2013)
Fernando Vasconcelos (1937 - 2010)
Filemon Francisco Martins
Filemon Martins (Escadas de Trovas) II
Flávio Roberto Stefani (Querência de Trovas) = 1
Flávio Roberto Stefani (Querência de Trovas) = 3
Flávio Roberto Stefani (Querência de Trovas) = 4
Flávio Roberto Stefani (Querência de Trovas) = 5
Flávio Roberto Stefani (RS)
Francisco José Pessoa (Fortaleza/CE, 1949 - 2020)
Francisco Macedo
Frazão Teixeira (1902 - ????)
Gamaliel Borges Pinheiro
Geraldo Pimenta de Moraes (1913 - ????)
Gérson César Souza (PR)
Gilson Faustino Maia
Gilvan Carneiro
Giselda de Medeiros Albuquerque (Fortaleza/CE)
Gislaine Canales
Gislaine Canales (Glosas Diversas) LVIII
Glória Tabet Marson
Harley Clóvis Stocchero (1926 - 2005)
Haroldo de Castro (1936 - 2003)
Haroldo Lyra (Fortaleza/CE)
Hegel Pontes (1932 - 2012)
Hélio Pedro Souza (RN)
Heloisa Zanconato Pinto
Helvécio Barros
Hely Marés de Souza (1923 - 2013)
Henriette Effenberger (Trovas Temáticas)
Hermoclydes S. Franco (1929 - 2012)
Hermoclydes S. Franco (Oração de São Francisco em Trovas)
Héron Patrício
Humberto Del Maestro (Vitória/ES)
Humberto Rodrigues Neto
I Concurso de Trovas “Singrando Horizontes” (Resultado Final)
I Concurso de Trovas de São Luís do Maranhão (Trovas Premiadas)
Ialmar Pio Schneider
Ieda Lucimar Mastrângelo Corrêa
II Concurso de Trovas "Memorial Luiz Otávio" (Resultado Final) Nacional / Internacional
Irene Lopes Guimarães
Istela Marina Gotelipe Lima
Izo Goldman
Izo Goldman (O Uso do Computador)
Izo Goldman (Orientação para Participação em Concurso de Trovas) Sistema de Envelopes
J. B. Xavier
J. G. de Araujo Jorge (1914 - 1987)
J. G. de Araújo Jorge (1914 - 1987) (2)
J. G. de Araújo Jorge (Trovas sobre Saudade)
Jacinto Campos (1900 - 1972)
Janske Niemann Schlenker
Jaqueline Machado (Cachoeira do Sul/RS)
Jeremias Ribeiro dos Santos (Gentio do Ouro/BA, 1926 - 1999, Ipupiara/BA)
Jerson Brito (Magia das Trovas) – 1
Jessé Nascimento
Jessé Nascimento (Analecto de Trovas)
Jessé Nascimento (Sementes de Trovas)
Joamir Medeiros
Joana Darc da Veiga
Joao Batista Xavier Oliveira
João Freire Filho (1940 - 2012)
João Ney Rodrigues Damasceno (1924 - 2005)
João Rangel Coelho (1897 - 1975)
JOGOS FLORAIS
Jogos Florais de Bragança Paulista (Trovas Premiadas)
Josafá Sobreira da Silva
José de Ávila (1904 -????)
José Gilberto Gaspar
José Lucas de Barros (RN)
José Maria Machado de Araújo (1922 - 2004)
José Messias Braz
José Paulo Corrêa de Souza (Jardim de Trovas)
Jose Tavares de Lima
José Valdez de Castro Moura
Josué de Vargas Ferreira (1925 - 2017)
Joubert de Araújo e Silva (1915 - 1993)
Judith Cocarelli
Julieta Wendhausen de Carvalho Gomes
Julimar Andrade Vieira (SE)
Lairton Trovão de Andrade (PR)
Lavínio Gomes de Almeida (???? - 2009)
Lélia Miguel Moreira de Lima (Caderno de Trovas)
Leonilda Yvonetti Spina (PR)
Lia-Rosa Reuse (1947 - 2011)
Licínio Antônio de Andrade (Canteiro de Trovas)
Lilinha Fernandes (1891 - 1981)
Lisete Johnson (1950 - 2020)
Lóla Prata Garcia
Lourdes Gutbrod
Lourice Conceição Saliba
Luci Barbijan
Lucilia Alzira Trindade DeCarli
Lucy Sother de Alencar Rocha (1928 - 2006)
Luiz Carlos Abritta (Álbum de Trovas)
Luiz Damo (As Faces da Trova) - 1 -
Luiz Damo (As Faces da Trova) - 2 -
Luiz Damo (RS)
Luiz Damo (Trovas do Sul) XLVII
Luiz Frazão (???? - 1998)
Luiz Gonzaga da Silva (Natal/RN)
Luiz Gonzaga da Silva (Trova e Cidadania) – 20
Luiz Gonzaga da Silva (Trova e Cidadania) Ecologia - Consciência Ecológica
Luiz Gonzaga da Silva (Trova e Cidadania) Fome e Miséria
Luiz Gonzaga da Silva (Trova e Cidadania) Guerra e Paz (?)
Luiz Hélio Friedrich
Luiz Machado Stábile
Luiz Máximo de Souza
Luiz Otávio
Luiz Otávio (Aspectos da Trova Humorística)
Luiz Otávio (Jardim de Trovas) 2
Luiz Otávio (Jardim de Trovas) 3
Luiz Otávio (Jardim de Trovas) I
Luna Fernandes
Luzimagda Martin Ramos da Fonseca (Canteiro de Trovas)
Lydia Lauer (???? - 2004)
Madalena Castro (Canteiro de Trovas)
Magdalena Léa (1913 - 2001)
Manita (1922 - 2011)
Manoel Cavalcante (RN)
Manoel Monteiro (Canteiro de Trovas)
Mara Melinni (RN)
Maria Apparecida Picanço Goulart
Maria da Conceição A. P. Abritta (1941 - 2015)
Maria Helena Calazans Machado Duarte
Maria Helena Ururahy Campos da Fonseca (Caderno de Trovas)
Maria Lúcia Daloce
Maria Madalena Ferreira
Maria Nascimento Santos Carvalho
Maria Thereza Cavalheiro
Maria Thereza Cavalheiro (Trovas para Refletir) – 2 -
Maria Thereza Cavalheiro: O Bom Trovar (I - Rima: elemento imprescindível)
Maria Thereza Cavalheiro: O Bom Trovar (II - Os ictos - o ritmo - a cadência)
Maria Thereza Cavalheiro: O Bom Trovar (III - Figuras na Trova)
Maria Thereza Cavalheiro: O Bom Trovar (IV - O que evitar)
Marilúcia Rezende
Marina Bruna
Marina Bruna (O Nome Próprio na Trova)
Marina Gomes Valente
Marisa Vieira Olivaes
Marlê Beatriz Jardim Araújo (Viamão/RS)
Massilon Silva (Aracaju/SE)
Maurício Norberto Friedrich (1945 - 2020)
MIFORI
Miguel Perrone Cione
Miguel Russowsky (1923 - 2009)
Milton Nunes Loureiro (1923 - 2011)
Milton Souza
Moreira Cardoso (Caderno de Trovas)
Myrthes Mazza Masiero
Myrthes Neusali Spina de Moraes (Caderno de Trovas)
Nádia Huguenin (1946 - 2008)
Nadir Giovanelli
Nei Garcez (O Paraná em Trovas)
Nei Garcez (PR)
Neide Rocha Portugal
Neiva Fernandes
Nemésio Prata (Fortaleza/CE)
Neoly O. Vargas
Neuci da Cunha Gonçalves
Newton Vieira
Nilton da Costa Teixeira (1920 - 1983)
Nilton Manoel (Como Fazer Trovas) 1a. Parte
Nilton Manoel (Como Fazer Trovas) 2a. Parte
Nilton Manoel (Como Fazer Trovas) 3a. Parte, final
Nilton Manoel Teixeira
Octávio Babo Filho (1915 - 2003)
Oefe Souza
Oficina de Trovas do Assis
Olavo Dantas Coelho (1901 - 1997)
Olivaldo Júnior
Olympio da Cruz Simões Coutinho
Onildo Barbosa de Campos (1924 - 2002)
Origens (Quem são os Trovadores?)
Orlando Brito (Niterói/RJ, 1927 - 2010, São Luís/MA)
Orlando Woczikosky
Oswaldo Soares da Cunha (1921 - 2013)
Otávio Venturelli
Ozório Porto
P. de Petrus (1920 - 1999)
Paulo Emílio Pinto (1906 - ????)
Paulo Roberto de Oliveira Caruso
Pedro Mello (Considerações sobre a trova humorística)
Pedro Melo (Caderno de Trovas)
Petrarca Maranhão (1913 - 1985)
Plágio em Concursos
Prof. Garcia (Caderno de Trovas) 2
Professor Garcia (Jardim de Trovas) - 1 -
Professor Garcia (Poemas do Meu Cantar) Trovas – 11–
Professor Garcia (Reflexões em Trovas) 1
Professor Garcia (Reflexões em Trovas) XXXIX
Professor Garcia (RN)
Professor Garcia (Trovas que sonhei cantar) XIII
QUEM FOI O TROVADOR LUIZ OTÁVIO?
Raul Poli (1946 – 2004)
Reinaldo Moreira de Aguiar
Relva do Egypto Rezende Silveira
Renata Paccola
Renato Alves (RJ)
Renato Baptista Nunes (1883 - 1965)
Renato Benvindo Frata
Ricardina Yone
Rita Marciano Mourão
Rita Mourão (Trovas Premiadas) I
Rita Mourão (Trovas Premiadas) II
Roberto Pinheiro Acruche
Roberto Resende Vilela
Roberto Tchepelentyky
Rodolpho Abbud (1926 - 2013)
Romeu Gonçalves da Silva (1914 - 1984)
Rômulo Cavalcante Mota
Ronnaldo de Andrade (SP)
Ruth Farah
Sady Maurente (1928 - 2004)
Santiago Vasques Filho (Teresina/PI, 1921 - 1992, Fortaleza/CE)
Sarah Mariani Kanter
Selma Patti Spínelli
Sérgio Bernardo
Sérgio Corrêa Miranda Filho
Sérgio Ferreira da Silva
Silvia Araújo Motta
Sílvia Svereda (Jardim de Trovas) - 1
Sinclair Pozza Casemiro
Solange Colombara (Tertúlia Trovadoresca) I
Sonia Maria Ditzel Martelo (1943 - 2016)
Sophia Irene Canalles (1911 - 2004)
Sotero Silveira de Souza (1957 - 2010)
Sylvio Ricciardi
Talita Batista
Thalma Tavares
Thalma Tavares (Jardim de Trovas) 2
Thalma Tavares (Luiz Otávio)
Therezinha Dieguez Brisolla (SP)
Therezinha Tavares
Tobias de Sousa Pinheiro (Brejo/MA, 1926 - 2019, Engenheiro Coelho/SP)
Trovadores de Campinas/SP
Trovadorismo
Trovas de Portugal
Vanda Alves da Silva
Vanda Fagundes Queiroz
Vânia Ennes (PR)
Vidal Idony Stockler (1924 - 2014)
Wadad Naief Kattar (Canteiro de Trovas)
Waldir Neves (1924 - 2007)
Wanda de Paula Mourthé
Wanda de Paula Mourthé (Canteiro de Trovas) 1
Wandira Fagundes Queiroz
Wilma Mello Cavalheiro
XXXI Concurso Nacional/Internacional de Trovas da UBT Bandeirantes/PR (Trovas Premiadas)
Zaé Junior (1929 - 2020)
Zélia de Nardi
Zelinda Slomp (1931 - 2014)
Zilda Cormack