quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Daniel Maurício (Devaneios Poéticos) = 9 =


A aranha
firmou a rede
Pra caçar
Raios de sol.
Mas nela
Quem ficou presa
Foi a chuva
De cristal.
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Ai, quase esqueci
dos nomes das famílias
Da rua onde cresci.
Mas na cortina do tempo
ainda há rabiscos de memória
E a rua calada me olha
Como a se lembrar de mim.
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Ausência...
O tempo
Descolore
A janela
Mas a esperança
Da tua chegada,
Ainda mantém
Um fio
De brilho
No meu
Olhar.
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Declaração...
Nas mãos,
Mais que flores...
Com os
Olhos da alma
Verás
Que te ofereço
meu pequeno
Coração.
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Ecoam cantigas na memória...
À sombra da árvore
Brincam de roda as targets.
Crianças traquinas...
Em movimento, mesclam-se as cores
Entre os raios do sol.
Tontos com tanta beleza
Os olhos sorriem satisfeitos
Pois brincando de roda foi o jeito
Que encontrei pra segurar as tuas mãos.
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Fui ali
Emprestar um pouco
De pó das estrelas
Pra que
Com meu abraço,
Teus olhos
Voltem
A
Brilhar.
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Índios,
Ao longo
Dos séculos
Sambaquis
De almas...
Na natureza,
A vida
Clama
Em silêncio.
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Lá se vão as águas do rio...
Às vezes entre pedras soluçam,
Assustadas,
Despencam nas corredeiras.
Noutras vezes,
Tão serenas apreciam a paisagem
Com a certeza de que é a última vez,
Lá se vão as águas do rio...
Água é vida,
A água do rio é como a vida
Caminho sem volta,
Jamais tocará a mesma margem
Por mais de uma vez.
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Momento fofura...
Na tarde preguiçosa
A almofada fofa
Nem afunda,
Pois leve
É a alma
E o sono
Sereno.
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Não sou quero-quero
Mas repito
Até o infinito
Te quero, te quero, te quero...
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Na
Símplicidade
A verdade
Floresce
E a silhueta
Da alma
no
Espelho
Se
Vê.
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Navego o meu olhar
Neste teu azul bonito
Que deve ser tua alma
Pois eis que tão infinito
E quanto mais eu fito
Mais distante pareço estar.
Mas quem sabe um dia
A palavra da minha poesia
De azul também se tinja
E de cheio a ti atinja
E num azul só
Possamos enfim ficar.
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No espelho do tempo
Vejo minh 'alma
Tão terna
Embalada pelas ondas da praia
Como uma fada
Encantada
Dançando um eterno ballet.
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Nos
Longos
Cílios
Da açucena
Adormeço
Sonhando
Com
Os teus
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Que quem casa
Quer ter casa
João-de-barro já sabia
Por isso fez a sua
Pra abrigar sua família.
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Sem nenhum sacrifício
Pra ver o sol brilhar
No espelho dos teus olhos
Mastigo a nuvem
Que encobre o sol
Como se fosse
A copa de uma árvore
De algodão-doce.
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Sob os olhos dos pais
Aprendem-se os primeiros passos
Ensaiam-se os primeiros voos
Sob os olhos dos pais.
Mas é sob a proteção do Divino
Que cada um escolhe o seu caminho
Cumprindo o seu destino
Sob os olhos dos pais.
E na hora da partida
Que sempre é doída
Escorre uma lágrima sentida
Sob os olhos dos pais.
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Toque...
Ao sentir
A maciez
Das pétalas
A joaninha ficou
Até com
A alma
Arrepiada.
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Tu és bela
E eu fera
Já quase cansado da espera
Finalmente te encontrei.
Ante a tua beleza
Tão digna de realeza
Me ponho de joelhos no chão.
Sem resistência
Minha força silencio
E em paz reverencio
A tua aparição.
Alma tão leve
Me deixo entregue
Voa feliz o meu coração.

Fontes: 
Daniel Maurício. Gotas Poéticas. São Carlos/SP: Pedro & João Ed., 2021. Enviado pelo poeta.
Daniel Maurício. Poemininos. Curitiba/PR: Ed. do Autor, 2021. Enviado pelo poeta.

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