A alvorada se atavia
quando a noite ergue seu véu,
e abre o sorriso do dia
na rósea face do céu.
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Amor de mãe, sem medida,
em toda a criação é aquele
capaz de ao filho dar vida
e dar a vida por ele!
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Ao passar por mim, não para.
Sou a sombra de ninguém!
Que espaço enorme separa
meu amor do seu desdém!
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Brilho de falso talento,
que se vislumbra demais,
pode ofuscar um momento,
mas muito tempo... jamais!
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Buscando quimeras vãs
e redentoras auroras,
fui vivendo de "amanhãs"
e não vivi meus "agoras"...
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Com fé no poder divino,
traço meus rumos assim:
jamais permito ao destino
fazer escolhas por mim.
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De um amor que é só miragem,
finjo agora ter o assédio,
para escapar da engrenagem
desta moenda que é o tédio.
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Em nossas conversas calmas,
tem o amor recursos sábios:
palavras brotam das almas
bem mais que dos nossos lábios.
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Juntando restos de sonho
à fugaz felicidade,
tua imagem recomponho
com mosaico de saudade.
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Linda, a tarde se atavia
com fios de ouro do sol
e adorna a face, em magia,
com o rouge do arrebol.
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Luto por meus ideais
com audácia, ante os abalos,
que não abalam, jamais,
a esperança de alcançá-los!
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Meu abrigo é a solidão,
mesmo sob o nosso teto,
porque, aos laços da união,
falta o nó que prende o afeto.
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Meu amor, por ser incauto,
ocultá-lo não consigo,
pois meus olhos são arauto
das palavras que não digo.
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Não há censura que abale
nosso amor, que era segredo,
pois aliança de almas vale
bem mais que aliança no dedo.
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Não prometo, em nossa história,
meu amor por toda a vida,
porque a vida é transitória,
e meu amor, sem medida!...
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Nem nosso amor em conflito
justifica esse teu "não":
proferiste um veredito
sem direito à apelação!
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No cansaço da viagem,
quando me sinto exaurida,
sopro a brasa da coragem
e atiço o lume da vida.
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Nossas almas, com fervor,
habitam corpo comum.
Pela alquimia do amor,
nos tornamos... dois em um!
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Nosso amor sempre crescente,
mas tão distante da aurora,
é barco que, no poente,
no cais da ternura ancora.
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Num tempo em que mal se tolhe
tanta violência homicida,
bendito é o ventre que acolhe
a promessa de uma vida!
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Passa, veloz, a paisagem
pela janela do trem...
Só não passa tua imagem,
que vai comigo também!
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Pazes feitas, afinal!
E ao brindarmos, de improviso,
mais que o toque do cristal,
soa o cristal do teu riso!
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Retornas a casa... e, em cores,
ao pressentir os teus passos,
nosso jardim se abre em flores,
e abertos já estão meus braços!
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Se agora o ocaso me alcança,
ao desalento me oponho,
porque o lume da esperança
mantém aceso o meu sonho.
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Se de ousada passo a imagem,
vou confessar meu segredo:
às vezes, minha coragem
é só disfarce do medo...
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Se em conquistas eu fracasso,
ao desalento me oponho
e com fé em Deus eu traço
os rumos de um novo sonho.
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Tanto amor e afinidade
entre nós dois, já se vê,
que perdi a identidade:
ou sou eu... ou sou você?
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Terra, és planeta bonito,
que Deus, Supremo Escultor,
no ateliê do infinito,
modelou com esplendor!
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Você parte e nem me avisa!
Conto o tempo em ansiedade
pela areia que desliza
na ampulheta da saudade...
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"Volta, amor!" — Esse é o chamado
da saudade ao ver-te ausente —
"Em memória do passado,
eu te peço este presente!"
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Voltas! Com essa notícia,
atenta ao som dos teus passos,
eu antecipo a magia
de uma noite nos teus braços!
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Fonte> Wanda de Paula Mourthé. Com…passos de emoções. Belo Horizonte: Flux, 2013. Enviado pela Trovadora.
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