sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Dicas de Escrita (Formas de Escrever Diálogos) – 2

ESCREVENDO DIÁLOGOS

1 – Seja simples. 

Use "ele disse" ou "ela respondeu" em vez de termos chiques como "ele protestou" ou "ela exclamou." 

Você não quer tirar a  atenção do diálogo entre os personagens com palavras ou frases incomuns. A palavra "disse" é discreta o suficiente para não distrair o leitor. Ocasionalmente você pode quebrar o ritmo do "disse" ou "respondeu", quando for apropriado. Por exemplo, você poderia usar "interrompeu", "gritou", "sussurrou", mas apenas se fizer sentido na história — e só de vez em quando.

2 – Avance a história com os diálogos. 

Eles devem fornecer informações ao leitor ou espectador. Diálogos são ótimos recursos para mostrar como um personagem se desenvolveu e informar o leitor de coisas que ele não poderia saber.

Não faça conversas fiadas sobre o tempo ou como o personagem fulano tem passado, mesmo que seja algo natural em uma conversa. 

Agora, um jeito que dá pra incluir esse tipo de papo é para criar a tensão. 

Por exemplo, um personagem precisa muito de uma informação sobre outro personagem, mas o interlocutor dele fica enrolando e insiste nesse ritual do papo furado. Isso fará com que o seu personagem e o seu leitor roam as unhas de ansiedade!

Todos os seus diálogos devem ter um propósito. Quando estiver escrevendo um, pergunte-se "O que isso acrescenta à história?", "O que eu estou tentando mostrar ao leitor sobre o personagem ou sobre a trama?" 

Se você não souber responder essas simples questões, risque esse trecho.

3 – Não encha seu diálogo com informações da história. 

Isso é algo que todo mundo tende a fazer. Você pensa "Quer jeito melhor de passar a informação para o leitor do que fazer os personagens discutirem isso detalhadamente?", mas pare agora! Informações e histórico dos personagens devem ser distribuídos ao longo da trama!

Um exemplo do que não fazer: Joana olhou para Carlos e disse "Oh Carlos, lembra que meu pai morreu de causas misteriosas e que minha família foi despejada pela minha tia malvada Ana?"; "Lembro sim Joana, você tinha apenas 12 anos e teve que abandonar a escola para ajudar sua família!".

Uma versão melhor dessa conversa seria: Jane virou para Carlos, seus lábios quase sorrindo: "Falei com tia Ana hoje." Carlos se lembrou — "Não foi ela que despejou sua família? O que ela queria?"; "Vai saber, mas ela me deu pistas sobre a morte do meu pai."; "Pistas?" Carlos ergueu uma sobrancelha. "Parece que ela não acredita que a morte dele foi natural".

4 – Inclua entrelinhas. 

Conversas, especialmente em histórias, são assuntos em camadas. Geralmente tem mais de uma coisa acontecendo, tente captar as sutilezas de cada situação.

Existem várias formas de falar as coisas. Se você quer que o seu personagem diga algo como "Eu preciso de você", tente fazer com ele diga a mesma coisa, sem usar essas palavras especificamente. 

Por  exemplo: "Carlos ligou o carro. Joana repousou a mão em seu braço; ela mordia o lábio." — "Carlos, eu... você realmente tem que ir tão cedo?" ela perguntou, retirando a mão. "Nós nem sabemos o que vamos fazer ainda."

Não faça seus personagens falarem tudo que se passa na cabeça deles ou tudo que estão sentindo. Isso dará informação demais e não dará espaço para o suspense.

5 – Misture! 

Você quer que o seu diálogo seja interessante, para manter seu leitor engajado na trama. Isso significa pular as conversas vazias de ponto de ônibus, sobre o tempo e o passado, e incluir mais conversas com conteúdo importante, como Joana confrontando a sorrateira tia Ana.

Faça seus personagens discutirem ou falarem coisas surpreendentes. Os diálogos devem ser interessantes. Se todos concordam ou fazem questões simples e as respondem, o diálogo pode ficar entediante.

Intercale a conversa com ação. Quando as pessoas conversam elas ficam mexendo nas coisas, dão risada, lavam os pratos, tropeçam etc. Adicionar esses elementos aos diálogos os deixará mais reais.

Por exemplo: "Você não acha que um homem forte e saudável como o seu pai teria simplesmente adoecido e morrido, não é?" disse tia Ana com uma risada. Joana se agarrou ao resto de sua paciência, dizendo "Às vezes as pessoas ficam doentes". "E às vezes elas têm uma ajudinha externa." Tia Ana foi tão convencida que Joana quis alcançá-la pelo telefone e estraçalhar seu pescoço. "Se alguém o matou, tia Ana, você sabe quem foi?"; "Ah, eu tenho uma ideia, mas vou deixar você adivinhar."
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continua…


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