segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Célia Evaristo (Poemas Avulsos) - 1


A LAGARTA MARIA MARTA APRENDE A DANÇAR

A lagarta Maria Marta
gosta muito de dançar.
Mas é muito desajeitada,
passa o tempo a tropeçar.

Com tantas patas é difícil
o passo coordenar.
A lagartinha já pensa
este hábito alterar.

Coitadinha, até já chora,
nem consegue dormir.
Ter tantas patas é uma tormenta,
não se consegue divertir.

Maria Marta vai a uma aula
de danças de salão.
Mal começou a dançar:
que grande trambolhão!

Mas a Maria Marta não desiste,
é muito persistente.
Tem de haver uma solução
para dançar feliz e contente.

Devagar, devagarinho
lá se começa a ajeitar!
Muito cuidado com cada passinho
e já começa a dançar.

Cem aulas depois, que surpresa!
A Maria Marta já sabe dançar.
Já não chora, já não cai,
até já sabe rodopiar.

É importante não desistir
e nunca deixar de sonhar.
Assim fez a Maria Marta
que já aprendeu a dançar!
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FALA-ME…

Fala-me ao nascer do dia,
no primeiro raio de Sol.
Fala-me com o perfume das flores
e eu pintarei o arco-íris com outras cores.

Fala-me ao entardecer,
quando o céu encontra o mar.
Fala-me com o voar das andorinhas
e eu mandar-te-ei lembranças minhas.

Fala-me no silêncio da noite,
na tranquilidade da cidade.
Fala-me com um simples olhar
e eu deixar-me-ei por lá ficar.

Porque entre nós as palavras são escassas,
são os nossos gestos que falam por si.
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FALTA DE MIM

Não me sinto há muito,
desapareci,
voei.

Levei de bagagem de mão
o meu coração
e não prometi regressar.

Chorei,
gritei
e até à dor me dei,
sem me conseguir resignar.
O que sinto só eu sei,
não me quero enganar.

Por isso fui
e não voltei…
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MAIS

O teu coração nunca me amou,
o teu olhar nunca me encontrou.
E as vezes em que a tua pele a minha tocou,
foram vezes vazias, 
de ti nada ficou…

E eu queria receber mais, 
apenas uma réstia
do que sempre te dei.

As horas, os minutos e os segundos,
o tempo que te dediquei,
deitaste fora sem pensar
que me poderias magoar.

Dei-te o que nunca tive em troca,
porque quem ama
também espera ser amado.
Mas em vez de amor
recebi a dor 
de um ser abandonado.

E eu queria receber mais, 
apenas uma réstia
do que sempre te dei.

Os passos lentos que davas
quando eu corria
e caía nos teus braços.
Sorria-te,
ignoravas-me.

Pedia-te tempo,
dizias ter pressa.
E a cada momento
uma promessa.

E eu queria receber mais, 
apenas uma réstia
do que sempre te dei.

Nunca soubeste o que era o amor.
A vida, para ti, sempre foi fugaz,
intensa de coisas banais.
Nunca perdeste o teu tempo
para ser mais.
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NO SILÊNCIO DE UM OLHAR

É na distância de um primeiro olhar
que se dá o primeiro beijo,
tímido, 
desajeitado,
por vezes estranho
e outras delicado,
deixando um arrepio na pele,
sem que os lábios 
se tenham verdadeiramente tocado.

Palavras ditas no silêncio,
gestos sentidos sem tocar,
um misto de sentimentos
sentidos num simples olhar. 

Sem fronteiras,
outras barreiras,
sem obstáculos a transpor.
Apenas um coração aberto,
tão cheio de amor.

Por mais breve que seja um olhar
poderá prender, 
cativar,
poderá ser, 
estar,
querer,
sonhar.

Olha-me com atenção
e, no pleno silêncio das nossas vozes,
ouve o meu coração.
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O GATO BERNARDO

O gato Bernardo
mia, mia sem parar.
Quer apanhar uma estrela,
mas não sabe como a ela chegar.

Faz contas e mais contas,
calcula distâncias em vão.
Não sabe como chegar ao céu:
se a pé ou de avião.

Recomendei-lhe um foguetão
ou uma nave espacial.
O gato Bernardo está confuso
pois escolher não sabe qual!

A força da gravidade
está a deixá-lo preocupado.
Diz que já não tem idade
para andar pendurado.

Talvez peça a uma empresa
para lhe trazer o seu desejo.
Vai deixá-la no seu quarto
e com ela será um festejo.

A estrelinha vai-lhe contar
histórias para adormecer.
Serão os melhores amigos
até o Sol nascer!
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VOA COMIGO

Sou ave,
voo sem condição.
Sou leve como uma pena,
levo o mundo na minha mão.

Tenho asas para voar,
não aceitarei ficar presa
e que escape sempre ilesa
a um qualquer predador.

Vem, 
voa comigo, 
meu amor.

Um comentário:

Célia Evaristo disse...

Grata pela divulgação da minha escrita.