sábado, 11 de setembro de 2010

Roberto Pinheiro Acruche (Encanto)

Fonte:
Colaboração do Autor

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas VIII)


Acabou-se da memória
o desejo de te amar,
mas ninguém me rouba a glória
de em meus versos te cantar!...

Amiga de muitos anos,
companheira de verdade,
enfrentando os desenganos,
ela se chama: saudade.

Cada paixão que me invade
surge do amor que não tive;
e representa a saudade
de quem neste mundo vive.

Cresce a planta no jardim
por força da natureza;
e cresce dentro de mim
o amor à tua beleza.

Desejo fazer somente
o que deveras me apraz,
levando os sonhos em frente,
deixando as mágoas pra trás.

Devo te dizer cantando
para que escutes sorrindo
e assim vás acreditando
que eu não esteja fingindo...

Esse amor que tu me deste
foi efêmero, fugaz...
Por isto a tristeza investe,
arrebatando-me a paz.

Eu agora não me espanto
e nem me causa pavor,
o terrível desencanto
que sofri por teu amor.

Eu fui ficando distante
e vivendo da saudade,
pois desejo, doravante,
somente a sinceridade...

Eu fui vivendo meus dias,
procurando te olvidar,
e quantas horas vazias
se arrastavam devagar...

Eu não sou navegador,
mas enfrento o mar da vida,
por causa do nosso amor
que não teve despedida.

Fiquei contente ao saber
que realizaste teu sonho,
pois fazes por merecer
um futuro assaz risonho.

Foste a morena brejeira
que surgiu em meu amor
como o botão da roseira
que agora não dá mais flor.

Fui feliz antigamente,
quando era um pobre menino;
e só vivia o presente,
sem me importar com o destino.

Hoje não tenho alegria
por sentir esta saudade
que nasce de quem fazia
a minha felicidade.

Mesmo depois de velhinho,
se Deus me der esta graça,
quero sentir o carinho
do amor total que não passa...

Meu amor simples em tudo
não te convenceu bastante,
porque permaneço mudo
ao te ver tão deslumbrante.

Não foram horas perdidas
as que passei junto a ti;
são lembranças bem vividas
que nunca mais esqueci...

Não há poder que consiga
me demover da vontade,
de tê-la só como amiga
quando me assalta a saudade.

O amor à primeira vista
visitou meu coração,
mas no instante da conquista
vi que tudo foi em vão.

Para sofrer tanto assim
fora melhor não revê-la;
está tão longe de mim
como se fosse uma estrela.

Para te amar me concentro,
esperando chegar a hora;
pois quem não ama por dentro,
não adianta amar por fora.

Para tê-la novamente
andei por muitos caminhos
e retornei descontente
sem conseguir seus carinhos...

Para viver com carinho
procurei amar alguém;
hoje sinto que sozinho
eu vivia muito bem.

Pelos caminhos da vida
fui deixando para trás,
como em cada despedida
um sonho que se desfaz.

Perambulando sozinho
pelas ruas da cidade,
procuro achar o caminho
que leva à felicidade.

Perto de ti me convenço
que nada posso fazer,
sem empregar o bom senso
para afinal te esquecer.

Posso perder-te... que importa
se não queres me aceitar...
Há muito tempo está morta
a vontade de te amar.

Quantos amores têm fim
por falta de persistência,
não concretizando assim
a base da convivência.

Quem quiser ser trovador,
seja primeiro aprendiz,
mesmo em matéria de amor
se aprende pra ser feliz.

Roubei-lhe um beijo, ao passar
ao meu lado, sorridente;
e lembrando seu olhar,
de noite, dormi contente...

Se amar causa sofrimento;
é preciso suportar...
pois não há pior tormento
do que sofrer sem amar...

Se tens amor e resistes
às ligações perigosas,
teus dias não serão tristes
e viverás entre rosas...

Se te querer foi loucura,
eu serei um triste louco,
por te dar tanta fartura
e ter em troca tão pouco.

Sofro por ti, me atormento
a cada instante que passa;
e neste martírio lento
vou vivendo na desgraça...

Vai-se um amor... outro vem...
e assim se passam os dias.
Os nossos sonhos também
são de mágoas e alegrias.

Vive de amor, se te apraz,
e nunca percas a calma;
porque a verdadeira paz
só se encontra dentro da alma.

Fonte:
O Autor

I Concurso de Poemas Cultura Revista, tema Primavera (Classificação Final)



Nesta edição, estamos divulgando a relação dos vinte primeiros classificados do “I Concurso de Poemas Cultura Revista, tema Primavera”, conforme previsto no regulamento.

A entrega dos prêmios está prevista para 24 de setembro de 2010, em razão de estarmos no início da Primavera. Local e horário serão divulgados, até trinta dias antes da data prevista para entrega, aqui na Cultura Revista.

Mais informações podem ser obtidas solicitando via e-mail
redacao@culturarevista.jor.br ou via telefone 0..27 8155-3446.
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CLASSIFICADOS ATÉ O 20º COLOCADO

1º –
Luiz Antonio Cardoso (Taubaté/SP)
CHEGASTE...

Chegaste em meu destino, de repente,
com poucas palavrinhas, a sorrir.
Chegaste no meu mundo e docemente,
fizeste a minha vida refulgir.

Chegaste, completando o meu presente...
traçando com detalhes meu porvir.
fazendo renascer, efervescente,
a vida - que queria inexistir !

Chegaste, numa noite irretocável,
alimentando sonhos magistrais
de um tempo de carícia incomparável.

Chegaste... e amanheceu neste jardim...
e aquele que era triste? Não é mais...
fizeste florescer dentro de mim !

2º –
Rosana Banharoli (Santo André/SP)
ESPERA

Pendurada no tempo,
Balanço entre outonos
À sua espera

Você, verão
Desperta em sóis
Apresenta-me à vida

Fechada em passados
Eu, gris
Em invernos

Você, primavera
Planta futuros
Em Viagens

No recorte das estações
Nos encontramos
Na zona de confluências
Embebidas em fotografias


António José Barradas Barroso (Parede/Portugal)
PRIMAVERA EM FLOR

Mostrando, muito leve, um tom de rosas,
Todas brancas, algumas mais lilases,
Ondulam, com a brisa, tão formosas,
Que os olhos, de as deixar não são capazes.

Essas flores que brotam, tão vivazes,
Tão belas, tão puras, tão vistosas,
Em momentos de vida tão fugazes,
São só belezas de alma, milagrosas!

E enquanto tronco e ramo sem mais nada,
A amendoeira só vive esperançada
Na rima das flores que não se queixam;

Que nascem por amor, com alegria,
E que, ao morrer, dão lições de poesia
Nos frutos que, afinal, elas nos deixam!


Eduardo de Paula Nascimento (São Paulo/SP)
AS QUATRO ESTAÇÕES

“Desejo-te o amor no universo
Disperso em cada etéreo sonho humano
E por mais que pareça controverso
Desejo gritar bem alto que eu te amo

Desejo uma paixão tão elevada
Que a estrela mais distante alcançaria
Mesmo a deusa mais linda e desejada
Ser você, ao deus do amor, imploraria

Desejo que nosso amor seja eterno
Em todo ano, em todas as estações
No outono mágico, quente no inverno

Na primavera forte em emoções
E no verão, no calor dos seus beijos
Desejo que me guardes seu desejo”


Denise Moraes (Vitória/ES)
PRIMAVERA

É primavera
teço uma tela.
Pinto os frondosos ipês,
que já estavam a minha espera.
Os pincéis, as tintas...
Aguardavam a inspiração na quimera.

Os ipês amarelos
iluminam,
ofuscam
e roubam a cena

A cor amarela
sente - se a mais bela.
Envaidecida
causa fuzuês,
ansiosa,
para ter vida na tela.

ganham vida os ipês amarelos,
reluzentes como ouro.

Ao desabrochar,
seus cachos despontam
confundindo - se com o raiar do sol.
Iluminando a madrugada que adentra
umedecida pelo orvalho,
o seu perfume vem exalar.

Silenciosa chega a aurora!


Nilton Silveira (Porto Alegre/RS)
SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA

Em carruagem de estrelas,
Num tilintar de magia,
Desabrocha a Primavera
Ante o castelo da Vida
Que com festejo celebra
A sua digna chegada.
Para a entrada triunfal,
O tapete que a enobrece
Não é de carmim veludo,
Mas a terra que se doa
E dadivosa a abençoa
Em sua divinal missão
De, por onde quer que passe,
Deixar rastros de empatia,
Respeito e aceitação,
Todos ornados de flores
Que deem ensejo ao milagre
Da olorada beleza
Que estabelece a nobreza
Na evolução do humano
E atrai os seres alados,
Das borboletas aos anjos.
Ao toar de clarinadas
Escancara-se o portal
E adentra a Primavera,
Que luzente ascende ao trono
Onde Ígor Stravinski,
Com fato de Sinfonia,
Cinge-lhe a fronte com poesia
E a consagra rainha.


Ivan Frederico Lupiano Dias (Londrina/ PR)
PRIMAVERA E UM QUERER

Primavera
Que aos olhos dela
Me conduz
Em uma caravela
Para dentro dos olhos dela
Onde outra primavera
Se reduz
A um verde tanto verde
De um verde que não me lembro
A não ser o de setembro
De um certo dia
Que traduz
O seu ver de fantasia
Um verde que eu sabia
Ser o ver de do olhar dela
Um verde de aquarela
Que reluz
Como uma estrela que revela
O caminho da primavera
Para o verde do olhar dela
E me seduz!


Solange Firmino de Souza (Rio de Janeiro/RJ)
SETEMBRO

Um poema-deserto
Vê um oásis
Na primavera florida

Descobre cores
Olores
E o silêncio
Da semente
Rasgando o ventre
Da estação repetida

Um poema-fruto
Brota na ruga
Do tempo
Cíclico


Tatiana Alves Soares Caldas (Rio de Janeiro/RJ)
SAZONAL

Mirava os bosques, de todo sem vida
Em sua existência, um ar sepulcral
Era como um cais, já em despedida,
O vento na face batia, glacial.

Saudoso do estio dos braços de outrora
Dos tempos do vinho, hoje já vinagre,
Contava as perdas, do tempo que chora
Clamava aos céus por santo milagre.

Lembrando o Outono, de folhas caídas,
Chorou pela vida deixada pra trás
Agarra-se às dores, mesmo as sofridas,
Mostrando-lhe tudo de que era capaz.

Percebe, enfim, que, nesse umbral,
Há ritmo, hora, e tempo de espera
Se as sombras trouxeram-lhe a dor hibernal,
Aguarda, risonho, pela Primavera!

10º
Nilson Vieira Moreno (São Carlos/SP)
PRIMAVERA

Eu sinto como fosse um reinício
Que o mundo convidasse o olhar e o ócio
Em setembro, passado do equinócio
Tudo ao fundo das almas mais propício

Beleza se fazendo mais que indício
Desfilando mais leve, doce e dócil
Primavera zelosa, um sacerdócio
Que só finda em dezembro, no solstício

Celebrando estação de mais amores
Assaltam nossas ruas vivas cores
Céu azul, tempo ameno, belos dias

Tantos ninhos, abelhas, girassóis
Sensação que eu e um outro somos nós
Natureza declama poesias.

11º
Regina dos Anjos Sousa Gouveia (Porto - Portugal)
PRIMAVERA

Floriu a magnólia e nem me apercebi.
Por certo nem para ela olhei
eu que, ansiosamente, sempre aguardo que dê flor
e em frente a ela me sento, comovida ao vê-la tão florida.
Floriu a magnólia e nem me apercebi.
Por certo andava distraída com a vida
quem sabe a pensar em ti, que nem conheço
e que, por certo, não mereço,
tão perfeito esse “ti” que imaginei.
Um ser dotado de tão grande perfeição
quiçá nunca existiu em toda a criação.
Estou a pensar na lua e em Galileu
que nela viu crateras e montanhas,
e foi julgado por dizer heresias tão tamanhas
pois no pensar dos homens que o julgaram a lua,
porque celestial, não poderia ter qualquer imperfeição.
E afinal Galileu tinha razão.
Floriu a magnólia e nem me apercebi
mas as flores da magnólia, que eu não vi,
de tão simples e belas, provocam em mim tal sensação
que fico extasiada só de vê-las.
Floriu a magnólia e nem me apercebi.
Não havia mais flores quando para ela olhei.
Também elas não cumprem o ideal da perfeição.
As que ainda restavam, tombadas no chão,
já não eram as flores da minha magnólia
apenas seres em decomposição.
Floriu a magnólia e eu não vi.
Fico à espera do pré- dealbar da nova primavera.

12º
Reginaldo Costa de Albuquerque (Campo Grande/MS )
O IPÊ

Sob a esfolhada pele dos teus ramos
fomos os mais ditosos dos mortais:
havia em nós, ipê, risos demais,
havia em ti, pesar que lamentamos.

Sobre outonais corolas nos amamos,
e tu que assim nos viste tão sensuais,
do amor às mil volúpias divinais,
invejaste os momentos que gozamos...

Veio a separação que nos surpreende
e assomou-te em regalo a primavera,
que em dourado matiz e aroma, esplende.

E agora, ante os teus pés quanta mudança:
há em ti as flores e o frescor de outra era,
há em nós um pranto, um luto, uma lembrança...

13º
Paulo Tórtora (Rio de Janeiro/RJ)
MAIS UMA VEZ, PRIMAVERA...


Primavera! Eclode a natureza
Numa profusão de ninhos e flores,
Numa pujança de gozo e de amores,
Num frêmito de júbilo e beleza!

Há em cada canto festas e risos.
Há em cada coração, esperança,
E, até onde a vista alcança,
Descortina-se o sol do paraíso.

Sinfonia de casais enamorados,
Amando-se sem pudor ou pecado,
Pelos parques e alamedas dispersos.

E o poeta só, sorrindo, indulgente,
E fingindo não sentir o que sente,
Ilude a solidão, tecendo versos...

14º –
Jayme Cardozo dos Santos Junior (Mogiguaçu/SP)
O JARDIM

Eu quero um jardim na primavera
Com toda sua luz, suas cores
Seu cheiro - cheiros que inebriam
Seu envolver em minh'alma, sua calma.

O jardim, os jardins na primavera
São a prova mais nítida de que há paz
Paz na turbulência, nos espaços sós
Paz que se vê, que quem quer faz.

Qual é a mais linda flor do jardim?
Será enfim que já sabemos ser todas?
Irmãos são o amor e a fraternidade
São um só a humanidade e flores.

Tem que ter chegado a esperada Era
E como a primavera têm seu tempo
O ser racional também tem um vento
Que sopra levando as cinzas; refazendo.

A vida tem que ser mais importante
Do que a morte no centro, no morro
Do que os tanques lá na faixa de Gaza.
A vida é primavera em rebento.

Que seja a Terra então um Jardim
De belas flores e odores suaves
Onde se possa reconhecer não só uns
Mas todos os comuns que nela viajam.

15º
Marisa Helena Carneiro Ribas (Curitiba/PR)
ESTAÇÃO

Suave canto invade a madrugada,
Não é a cotovia de Romeu.
O regional canto ora transformado
em alegre trinado do sabiá
Anúncio que o dia já vem
Colorindo todo o céu
com todas as cores do arco-íris.
O pintor que ora amanheceu
a brincar com as cores,
no céu e na terra
repletos de muitas flores.
Assim como o paraíso,
falado e descrito
nos sonhos dos homens.
É hora de novas vidas
Surgirem na Terra
Na estação do amor.

16º
Tânia Diniz (Belo Horizonte/MG)
FEITO FLOR

Trepadeira
dama-da-noite
em cantos e muros
varanda e escuro
a vida enfeita
e perfuma

germina e apruma
floresce desejos
corpos-deleite
buquês de beijos
mordentes-de-leão

Verdegestação

Em lençóis d'água
alastra, propaga
carícia-folhagem
larga ramagem
cobrindo o leito
em arranjos
de amor-perfeito
Indecorosa
Delírio
Jas em in.
Eu, jardim.

17º
Fernando Catelan (Mogi das Cruzes/SP)
VEM, PRIMAVERA

Vem, primavera, que tanto te anseio,
'inda hoje a esfolar a carne o inverno
Se de minha investidura, vê, eu apeio
é por te adiares em desenlace eterno!

Vem, primavera, que tanto te anelo,
se, ajardinada, vens num riso florido,
'inda cá mui se dê as costas ao Belo,
'inda cá o versejar há tanto, crê, ido!

Vem, primavera, cessa de vez vento,
vento que, impiedoso, rói as vísceras
Traz-nos tua brisa por dádiva, alento,
acende sóis, ora da palidez de ceras!

Tu, ausente, 'inda cá o peito te ama,
o facho de luz que irradias tudo para
Vem, primavera, flor na verde rama,
se verdes são teus olhos, coisa rara!

Vem, primavera, noite ébria de perfume,
'inda lancem garras sobre botão em flor
Se desejo campos cheios de teu lume,
mais ainda és, ó primavera, meu amor!

Vem, primavera, vem em doce vestal,
traja lírios, e nada mais, pois, te cubra
Desce de vez desse teu régio pedestal,
ou deusa caída cá verve, sei, elocubra!

Vem primavera, verdes olhos em diva,
espargindo da Terra vez mais a flora
Se minh'alma da tua, ora sei, se priva,
teu prisco amante vinda tua implora!

18º
Edinan de Almeida Preisigke (Aracruz/Espírito Santo)
PRIMAVERA

Flores de todas as cores e tons
Rosas, tulipas e alecrins.
Flores da primavera
Que enfeitam o jardim

O Beija Flor
Encanta-se com tanta beleza
E agradece ao pai da natureza
Por todas as cores das flores

Os passarinhos
Nos galhos verdes e pequeninos
Constroem seus ninhos.

As borboletas, quase que se perdem
No meio de tantas cores.
Misturam-se na paisagem
Deixando mas linda a sua imagem.

E todos os animais da floresta
Em um só tom, numa só orquestra
Cantam alegres pelo verde que os cerca

19º
Ruth Hellmann Claudino (Dourados/MS)
É SETEMBRO

Abra a janela e veja
Como o panorama se transforma,
O que estava seco e sem forma
Com mito vigor verdeja.

É setembro, é vida, tudo cresce.
É primavera de alegria e paz.
E em cada criatura capaz
É tempo em que o amor floresce.

Natureza, enorme palco especial
Onde impera o verde encanto
Dos pássaros a arte do canto,
Dos insetos a dança espacial.

É hora de conscientização e ação;
Sem plantas tudo fica imundo.
Semeia, para colher neste mundo
Bons frutos e paz no coração.

20º
Lia Abreu Falcão (Pernambuco)
SOL DE PRIMAVERA

Da solitude da sua vida
pressentiu o que era nunca

E pendurou cascas de ovos
no pé seco da umburana

Fez cortinas para a sala
com flor de chitão guardado

No sagrado de sua casa
fincou o sempre de uma rosa

E colheu flores campestres
para alguém vindo dos longes

Trajou-se de branco-lírio
para a ceia derradeira

E viu o mar reluzente
pela luz do Sete Estrelo

E chorou todo o seu pranto
vendo o Sol da Primavera

Que semeia a Vida sempre
com Verdade e Esperança.

COMISSÃO JULGADORA

Rose Vieira Tunala - Poetisa, cronista, delegada da UBT em Cachoeiro de Itapemirim-ES, colunista da Cultura Revista-ES.

Maria Catherine Rabello - poetisa, colunista do Jornal da Cidade On Line www.jornaldacidadeonline.com.br

Andrade Sucupira Filho - jornalista, poeta, cronista, delegado da UBT em Vila Velha-ES, editor da Cultura Revista- ES

Falecimento de Antonio José Giacomazzi

Antonio José Giacomazzi (1941 - 2010)


Giacomazzi nasceu em Salto/SP 21 de março de 1941 radicando-se em Canoas/RS. Faleceu em Canoas/RS, em 9 de setembro de 2010.

Militar da Reserva da Força Aérea, cursou Jornalismo na Fundação Casper Líbero, Artes Plásticas no Liceu de Artes e Ofícios, e Teatro, curso Eugênio Kusnet.

Com Vinício Cassiano e Voldinei Lucas introduziu em Canoas as Exposições Coletivas. Artista plástico premiado, participou de exposições em Canoas, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza.

Escritor e poeta, tendo seus trabalhos inseridos em uma dezena de coletâneas.

Recebeu onze prêmios literários nacionais e um prêmio internacional. Entre eles:
Moutonnée de Poesia (USP- Universidade de São Paulo/SP);
Conto e Poesia (UCS-Universidade de Caxias do Sul);
Conto ( Editora Taba/RJ);
Conto ( Alphas - Cruz Alta/RS);
Concurso Poetrix (Salvador/BA); e
Poesia ( Tietê - São Paulo, Curitiba e Ponta Grossa).

Antônio José Giacomazzi foi o patrono da 25ª Feira do Livro de Canoas, em 2009, e da II Feira do Livro de Niterói, sendo escolhido entre representantes de movimentos e entidades literárias da cidade, e poder público municipal. Na oportunidade, o nome do canoense foi sugerido ao longo dos encontros que defiram detalhes sobre o evento, junto com o de profissionais como Nelsi Urnau e Neida Rocha. Eleito pela maioria, Giacomazzi esteve à frente dos trabalhos da feira temática pelos 70 anos de Canoas, entre os meses de junho e julho do ano passado.

Publicou os livros:
Seita Diabólica (aventura, infanto-juvenil);
Tu e eu (poesias);
Como Vicente Praguetone Venceu o Diabo e Ficou Rico (sob pseudônimo);
25 anos do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Canoas (livro comemorativo).

Sócio-fundador da Associação Canoense de Escritores (ACE) e da Casa do Poeta de Canoas

Fontes:
http://www.canoas.rs.gov.br/Site/Feira/AntonioJoseGiacomazzi.asp
http://www.deniteroi.blog.br/2010/09/morre-antonio-jose-giacomazzi.html

Antonio José Giacomazzi (Escuna)


Doce roteiro
Aquele em que navego
Tripulante
Da escuna leve de teu corpo

A me envolver na espuma
Flutuante
Ondulante
De um prazer sem fim.

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Antonio Brás Constante (Você Reconhece os Presentes que Ganha?)


NOTA DO AUTOR: Nesta data (09.09.2010) morreu um grande escritor Canoense, Antonio José Giacomazzi, e para prestar uma homenagem ao nobre amigo das letras, envio o texto abaixo, extraído e forjado em uma conversa casual com ele, em uma bela tarde de sol, tendo como platéia uma legião de livros. Espero que apreciem.
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Bons presentes muitas vezes não custam dinheiro, mas em virtude disto, custamos a reconhecê-los como presentes. Uma troca de palavras pode ser bem mais preciosa do que uma jóia. Foi o que aconteceu em um dos dias em que estive prestigiando a feira do livro de Canoas de 2009. Estava eu na praça vendo as pessoas rodeadas pelas árvores e as árvores rodeadas de pessoas, tendo os livros preenchendo todos os demais espaços vazios. Naquele dia tive a oportunidade de conversar um pouco com o patrono do evento.

Para quem não o conheceu, posso descrever o patrono daquela feira do livro, Antonio José Giacomazzi, como um jovem de um pouco mais de sessenta anos, poeta, artista plástico, escritor e dono de uma mente indomável, capaz de criar obras lindíssimas, usando os papéis ou pincéis ao seu dispor. Ele me agraciou com uma história, dessas que ocorrem durante a valsa entre dois dançarinos hindus chamados de: espaço e tempo.

A história falava sobre a amizade entre um menino e um golfinho, e que graças a esta relação de amizade, o animal foi desenvolvendo acrobacias e malabarismos como forma de brincar e interagir com o garoto. Essas brincadeiras com ares de show circense foram atraindo pessoas de longe para conhecer e assistir ao espetáculo que ali acontecia.

Mas toda essa migração de pessoas de outras localidades começou a onerar o reino local, que se via obrigado a dar abrigo e comida para aquela multidão que ali se aglomerava, ansiosa para ver o menino e seu golfinho. O que o rei resolveu fazer então para sanar o problema? Matou o golfinho...

Antes que alguém possa pensar que esta história pretende falar sobre os políticos em geral, que com suas tantas atitudes cegas e burras acabam matando verdadeiros tesouros, no intuito simplista de resolver problemas administrativos, se enganou. Quero dizer que o rei está dentro de nós. Pois nossos atos geram políticos decepcionantes, matam golfinhos artistas e destroem presentes valiosos que deixamos de lado por não entendê-los como presentes. Ao cobiçar o jarro de ouro em um deserto, muitas vezes desperdiça-se a preciosa água guardada dentro dele, que poderia salvar uma vida.

Bons presentes devem ser partilhados, e por isso resolvi compartilhar de forma escrita esta bela história. E você? Já presenteou alguém, ou recebeu de presente algo que considera especial?

Fonte:
O Autor
Imagem = http://utopia-artes.bloguedobebe.com

Sylvio Von Söhsten Gama (Sonetos Parnasianos)


AQUELA FLOR
Maceió / 1938
Em um dos primeiros namoros meus houve troca de mimos.

Achei aquela flor, já desbotada,
que um dia, perfumada, recebi.
Um pouco... Um muito a relembrar de ti
nas páginas de um livro agasalhada.

Nós dois... Uma ilusão que foi guardada,
é tudo que esta flor resume em si;
ilusão em que a vida conheci,
num amor de criança... Só, mais nada.

Talvez contigo não conserves inda,
mesmo que ressequida quem foi linda,
a outra flor que dei apaixonado.

Eu a minha guardei tendo a certeza
de um dia recordar toda beleza
do que depressa se tornou passado.

DECEPÇÃO
Maceió / 1938

Uma desejada vingança.

Muito desejo confessar-te tudo,
dizendo-te o tanto que te quero
e, aguardando o momento, calo e espero,
na agonia de ter que ficar mudo.

Ignoras o quanto sou sincero
e tua indiferença é conteúdo
que torna meu desejo mais agudo.
Não o posso reprimir e desespero.

Não suporto viver mais de desejos,
pensando noite e dia nos teus beijos
que, certo, me encheriam de emoção...

Por isso, agora, sinto diferente,
o que me agradaria no presente
era o teu sim, para dizer um não.

ENGANO
Maceió / 1938

Na adolescência, quase infância, o exagero dominava os sentimentos.

Tentei vê-la outra vez. Melhor seria
que eu houvesse ficado na ilusão,
pois os sonhos que tinha, com emoção,
decorriam de mera fantasia.

Como a encontrei mudada! Parecia
que não era você. Desilusão!
Nos olhos seus a procurei em vão
não reencontrando aquela que eu queria.

Foi triste constatar acabrunhado
que só eu conservava do passado
o nosso amor, meu sonho, a sua jura...

Não me conformo em ter fingido tanto
pra mim que acreditava, lhe garanto,
ser você das mulheres a mais pura.

PRIMEIRA DESVENTURA
Maceió / 1939

Felizmente as desventuras não foram muitas.

Descamba a tarde a se arrastar tristonha,
envolve a Terra um tom esmaecido.
A Natureza perde o colorido,
é quase anoitecer... O mundo sonha.

Por entre as nuvens, pálido, perdido,
um brilho que escondeu-se de vergonha...
e a escuridão a se espalhar medonha
deixam, no espaço, o negro difundido.

Esperei por você com ansiedade,
custa-me acreditar que na verdade
o seu alheamento me tortura.

Nosso encontro não foi realizado.
Em mim ficou um coração magoado
e o gosto da primeira desventura.

INSPIRAÇÃO
Maceió / 1939

Eu ainda não sabia que poesia não se faz, se liberta, e que está em todas as coisas.

Saí pra fazer versos, procurando
em tudo que encontrava uma inspiração.
Estrelas, céu, luar, escuridão,
e a tudo indiferente ia passando.

Horas vaguei mal inspirado... Em vão
tentei o espaço percorrer voando,
e as imagens que ia formulando,
se as erguia, rolavam pelo chão.

Desditosa ventura de poeta!
Se acaso quer sonhar – coisa dileta –,
o mundo o contraria e lhe diz não.

Se resolve viver na realidade,
força estranha lhe tolhe essa vontade
e o envolve no manto da ilusão.

ENCONTRO MARCADO
Maceió / 1940

Naquele tempo o namoro era proibido.
Acontecia, furtivamente, na entrada e saída dos colégios.

Meio-dia, poeira, solo ardente.
O sol se apraz em espalhar mormaço,
e este, com forte e tenebroso abraço,
me envolve e me angustia horrivelmente.

Demoras... Apreensivo, olhando o braço,
vejo o relógio que anda lentamente.
Me aborreço. Nervoso, impaciente,
entro em luta, debato-me, fracasso.

Sou todo exaltação de ansiedade.
Minutos se transformam em eternidade
e lentos se sucedem... Desespero!

Mas o desejo de te ver é tanto
que venço a impaciência e, num recanto,
fico sereno, acalmo-me, te espero.

ADEUS
Rio de Janeiro / 1941

O porto de Maceió não existia e os navios ficavam ao largo.
O embarque e o desembarque eram feitos em barcos a remo.

Adeus foi o que lhe disse... Adeus, parti.
Parti e, do navio a praia olhando,
vi seu vulto nas águas mergulhando...
E as lágrimas deter não consegui.

Longos dias se vão... Triste, pensando
nos momentos de angústia que vivi,
fecho os olhos pra vê-la tal a vi,
linda, na tarde triste, e chorando.

Busco em tudo lembranças do passado.
Horas vivo no tédio mergulhado,
mergulhado em tristeza como quê.

A recordá-la com carinho e encanto,
quase, quase a ver, vertida em pranto,
a saudade que sinto de você.

ESPADIM
Realengo(RJ) / 1941

Juramento que fiz no recebimento do espadim – miniatura do Sabre de Caxias –,
depois de rigoroso teste, na Escola Militar do Realengo.

Ah! Que sonho eu sonhei, quando desperto,
que te incluía, Escola Militar!
Um projeto de vida a modelar
pro qual o coração estava aberto.

Consegui em teu seio ingressar.
Formidável conquista foi... Decerto.
Porém, outro maior feito concreto,
eu confiava, ia se realizar.

Realizou-se entre alegria pura,
quando apuseram, em minha cintura,
o que eu julgava ser demais pra mim.

Prometo vida plena em ousadias
– miniaturas, porém, das de Caxias,
como é a dimensão desse espadim.

LONGE
Rio de Janeiro / 1941

Um cadete, no Rio de Janeiro, morria de saudades da namorada que deixara em Maceió.

Parto deixando-te. E, em partir somente,
o pensamento fica atordoado.
Não sei... Quero falar, porém, calado,
te deixo o coração, levo-te em mente.

De longe, te relembro. Ao meu lado
sinto-te em tudo, em tudo que se sente:
tristeza ou alegria... E, em ter-te ausente,
o alegre pelo triste vem trocado.

Tenho fé que na vida serás minha,
porquanto a cada dia mais se aninha
no fundo do meu eu esse desejo.

Eu sei que minha vida será tua.
Isso fica evidente e se acentua,
pois sonhando somente a ti eu vejo.

PRIMEIRO BEIJO
Palmeira dos Índios / 1942

O cadete, no hotel, recordava o lindo dia que fez acontecer.

Agora aqui, neste cair de tarde,
hora da dúvida, hora da incerteza,
busquei uma alegria na tristeza,
na tristeza feliz que tudo invade.

Em você e em nós dois pensei... Verdade.
É verdade, querida. Com certeza
deste dia completo de beleza
ficou lembrança para a eternidade.

É verdade e foi hoje! Um sonho ousado,
que sonhei tanto tempo acordado
alimentando a chama de um desejo.

Tomei-a nos meus braços palpitante...
E aconteceu, marcando aquele instante,
o seu, o meu, nosso primeiro beijo.
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Fonte
Gama, Sylvio von Söhsten. Meus sonetos: 211 parnasianos. Maceió,AL: [S N], 2005

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Associação Gaúcha de Escritores


História

Em 1981, um grupo de escritores iniciou as atividades da AGES, entidade que busca reunir e representar os escritores; preservar seus interesses e direitos; preservar nosso patrimônio cultural; estimular quaisquer expressões e atividades culturais; atuar em defesa das liberdades democráticas e da livre manifestação de pensamento em todas as suas formas; combater os preconceitos e promover a convivência pacífica com base em justas relações de intercâmbio; participar no desenvolvimento e no progresso cultural do RS e do Brasil.

Relação dos sócio-fundadores
Alfredo Nery Paiva
Alfredo Roberto Bessow
Antonio Carlos Resende
Antonio Hohlfeldt
Ary Quintella
Carlos Carvalho
Carlos Reverbel
Carlos Saldanha Legendre
Celso Pedro Luft
Cesar Alexandre Pereira
Dilan Camargo
Donaldo Schüler
Humberto Zanatta
Ivette Brandalise
Ivo Bender
Jaime Cimenti
Jayme Paviani
Jorge Rein
José Eduardo Degrazia
José Guaraci Fraga
Kenny Braga
Laci Osório
Luiz Antonio de Assis Brasil
Luiz Coronel
Luiz de Miranda (primeiro presidente da Associação)
Luiz Pilla Vares
Lya Luft
Mario Quintana
Moacyr Scliar
Ozy Pinheiro Souto
Paulo Kruel de Almeida
Ruy Carlos Ostermann
Sergio Faraco
Sergio Jockymann
Sergio Napp
Tarso Genro
Tau Golin

Diretoria atual:

Presidente: Maria Eunice (Marô) G. Barbieri
Vice-Presidente Administrativo: Marcelo Spalding
Vice-Presidente Social: Sérgio Napp
Vice-Presidente Cultural: Waldomiro Manfrói
Secretaria Geral: Ana Maria de Souza Mello
Tesouraria: Christian David
Diretoria de Comunicação: Lu Thomé
Diretoria de Relações Públicas: Celso Sisto

ATIVIDADES

CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA
Com muita satisfação, vimos comunicar que a AGEs foi inscrita para as Eleições do Conselho Estadual de Cultura, biênio 2004/2005, no Segmento Cultural Livro e Literatura. Por conseqüência, desde janeiro temos no Conselho um membro titular, a poeta Maria Carpi, e sua suplente, a escritora Marô Barbieri. Sem dúvida, esta é uma grande conquista para a AGEs e todo seu corpo associativo.

PALAVRA NOVA
O Palavra Nova é um evento mensal organizado pela AGES com o objetivo de reunir seus sócios e degustar um pouco do mundo da palavra. A cada edição um escritor gaúcho é homenageado com a leitura de trechos de sua obra e responde a algumas curiosidades dos espectadores. Em 2002, quando o evento começou a ser realizado, foram homenageados autores como Sérgio Napp, Liberato Vieira da Cunha, Ruy Carlos Ostermann e Fernando Neubarth.

JANTAR DOS PATRONÁVEIS
Desde 2002 a Associação tem a tradição de promover o Jantar dos Patronáveis, realizado em parceria com a CDL. O jantar é uma oportunidade única de se conhecer pessoalmente os 10 indicados para patrono da Feira do Livro de Porto Alegre do corrente ano.

JANTAR DE CONFRATERNIZAÇÃO
A cada seis meses os sócios da Associação se reúnem ao redor de uma bela mesa para conversar sobre literatura e rever os amigos. Estes jantares também são belas ocasiões para se prestar justas homenagens. No inverno de 2002 homenageou-se os indicados a Patrono da Feira do Livro, e em Dezembro de 2002, início do verão, final do ano, foi a vez de homenagear os ex-Presidentes da AGES.

ENCONTRO GAÚCHO DE ESCRITORES
O Encontro Gaúcho de Escritores é uma tradição da AGEs desde as primeiras gestões. Os sócios são convidados a participar de um ciclo de palestras durante o fim de semana em determinada cidade do interior do estado. Em 2003 foi realizado o I Encontro Gaúcho de Escritores em Bento Gonçalves.

FEIRAS DO LIVRO
A Associação Gaúcha de Escritores é convidada a participar de diversas Feiras do Livro ou eventos culturais do Rio Grande do Sul e até de outros Estados. A sua diretoria representa a Associação nestes eventos. A partir de 2003 a idéia é convidar os sócios a também participar em nome da AGES para que possamos estar presentes num maior número destes eventos.

PRÊMIO 'LIVRO DO ANO'
O prêmio é uma escolha de escritores para escritores onde todo livro publicado pode ser indicado. No entanto, a escolha será feita apenas por associados da AGEs em sete categorias: Narrativa Longa, Narrativa Curta, Crônica, Poesia, Literatura Juvenil, Literatura Infantil e Não-ficção.

Os premiados

NARRATIVA LONGA
2009: A parede no escuro - Altair Martins
2008: Contramão - Henrique Schneider
2007: Por que sou gorda, mamãe? - Cíntia Moscovich
2006: O reino de Macambira - José Eduardo Degrazia
2005: Estudo das teclas pretas - Luiz Paulo Faccioli
2004: A Margem Imóvel do Rio - Luiz Antonio de Assis Brasil
2003: Dores, amores e assemelhados - Claudia Tajes

CONTO
2009: Trocando em miúdos - Luiz Paulo Faccioli
2008: Olhos de morcego - Leonardo Brasiliense
2007: Transversais do tempo - Tailor Diniz
2006: O gato escarlate - Luiz Coronel
2005: Arquitetura do Arco-íris - Cintia Moscovich
2004: Mínimos Múltiplos Comuns - João Gilberto Noll
2003: A rua dos secretos amores - Jane Tutikian

CRÔNICA
2009: Agora eu era - Cláudia Laitano
2008: Cartas à minha neta - Armindo Trevisan
2007: O amor esquece de começar - Fabrício Carpinejar
2006: O olhar médico - Moacyr Scliar
2005: A lei primordial - Franklin Cunha
2004: Tipo Assim - Kledir Ramil
2003: Todos os meses - Valesca de Assis e Ana Maldonado

POESIA
2009: Prosa do mar - Marlon de Almeida
2008: Meu filho, minha filha - Fabrício Carpinejar
2007: O herói desvalido - Maria Carpi
2006: As sombras da vinha - Maria Carpi
2005: O sonho nas mãos - Armindo Trevisan
2004: A Força de Não Ter Força - Maria Carpi
2003: Biografia de uma árvore - Fabrício Carpinejar

NÃO-FICÇÃO
2009: A matéria encantada, por Xico Stockinger: ode a um guerreiro - Armindo Trevisan
2008: Crianças no asfalto - Marcelo Spalding
2007: O crepúsculo da arrogância - Sergio Faraco
2006: Crônica: o vôo da palavra - Walter Galvani
2005: Travessia da Amazônia - Airton Ortiz
2004: O Rosto de Cristo - Armindo Trevisan
2003: Lágrimas na chuva - Sergio Faraco

INFANTIL
2009: Cida, a Gata Maravilha - Luiz Paulo Faccioli
2008: Iberê menino - André Neves e Christina Dias
2007: A almofada que não dava tchau - Celso Gutfreind
2006: Bolacha Maria - Carlos Urbim
2005: O cavaleiro da mão-de-fogo - Mario Pirata
2004: Pestilóide e o Sumiço da Chuva - Marô Barbieri
2003: Fera domada - Celso Gutfriend

JUVENIL
2009: A cor do outro - Marcelo Spalding
2008: Mais ou menos normal - Cíntia Moscovich
2007: Adeus conto de fada - Leonardo Brasiliense
2006: Debaixo de mau tempo - Caio Riter
2005: Atrás da porta azul - Caio Riter
2004: J F e a Conquista de Niu Ei - Jane Tutikian
2003: Aconteceu também comigo - Jane Tutikian

Fonte:
Associação Gaúcha de Escritores

domingo, 5 de setembro de 2010

Balaios de Trovas VII


Se acaso seu filho abusa,
diga-lhe um “não”, que faz bem.
Muita vez uma recusa
salva o futuro de alguém.
A. A. DE ASSIS – PR

De uma forma desmedida,
muita gente, a toda hora,
dizendo gozar a vida,
vai jogando a vida afora!…
ALFREDO DE CASTRO - MG

Quanta gente em devaneios,
buscando instantes risonhos,
vive dos sonhos alheios
e esquece dos próprios sonhos!...
ANTÔNIO JURACI SIQUEIRA-PA

Se entre guizos, eu componho
meu disfarce de Arlequim,
há sempre um Pierrô tristonho,
que chora dentro de mim!
CAROLINA RAMOS – SP

Eu peço que não me iludas,
nem me deixes com infarto
com essas pernas desnudas
na penumbra do teu quarto.
CLÊNIO BORGES – ES

E desde o raiar do dia,
entre rocha, musgo e lua,
vou te fazendo poesia,
morta de saudade sua.
DÁGMA VERÔNICA -MG

Onde a lei torta vigora
e o povo ao jugo se presta,
o rico só comemora
e o pobre é quem paga a festa.
DIVENEI BOSELI - SP

A dor materializou-se,
nestas lágrimas sem cor.
Meu orgulho evaporou-se...
Rendi-me à força do amor!
FRANCISCO NEVES MACEDO-RN

Existe amor sem sequelas,
na união de um casal,
nos romances e novelas,
nunca na vida real.
GERALDO AMÂNCIO PEREIRA - CE

E’ de ternura o momento
em que o Sol sorri no espaço,
se faz vida e sentimento
e lança ao mar seu abraço!
GISLAINE CANALES - SC

Quando chegar, vou sorrir;
sorrirás, quando eu chegar.
Não chores quando eu partir,
para eu partir... sem chorar...
IZO GOLDMAN - SP

Sonhei um sonho tão triste!...
Sonhei que o mundo acabou...
- Logo depois, tu partiste,
e o sonho se confirmou...
JOSÉ OUVERNEY - SP

Para ser feliz, na vida,
bem alegre, a todo instante,
sem causar qualquer ferida,
o equilíbrio é importante.
NEI GARCEZ-PR

Sem rodeio e sem firula
deixo a todos essa dica:
Impostor sempre bajula,
amigo às vezes critica!
PEDRO ORNELLAS - SP

Você pode até amar
aos limites do impossível,
mas ao se relacionar,
equilíbrio, imprescindível.
RAYMUNDO SALLES BRASIL-BA

Quando à noite, a solidão
e a saudade trazem dor,
vou dizendo ao coração:
-é o preço por tanto amor.
ROBERTO PINHEIRO ACRUCHE - RJ

Na vida, em toscos degraus,
entre tropeços a sustos,
mais que a revolta dos maus,
temo a revolta dos justos!
RODOLPHO ABBUD - RJ

Um coração congelado
pega fogo, de repente,
quando o amor, fósforo alado,
risca faíscas na gente!
ROSA DE OLIVEIRA - PR

Fonte:
ACRUCHE, Roberto Pinheiro. Trovas e Poemas. n.19. setembro de 2010.

Athayr Cagnin (Poemas Avulsos II)

Terra Virgem do pintor
capixaba Levino Fanzeres (1884-1956)
PRIMAVERA

Farfalham folhas e despertam ninhos.
Acorda o dia em rútilos fulgores.
O sol abre a cortina dos caminhos
para a festa das aves e das flores.

Por toda a parte a voz dos passarinhos
confunde-se com a voz dos trovadores.
Namorados permutam-se carinhos...
Há uma feérica explosão de cores.

Aromas pairam no ar. Nuvens graciosas
evoluem no espaço, preguiçosas...
A conversar com os pássaros me arrisco...

É a primavera! E eu sinto dentro em mim
um desejo de amar que não tem fim,
como se eu fora um novo São Francisco!

INSÂNIA

Este amor impossível que me invade
a alma, enchendo-a de loucas fantasias,
troca minutos de felicidade
por semanas e meses de agonias.

Para beber a doce claridade
que dos teus negros olhos irradias,
em permanente estado de ansiedade
sou condenado a ruminar meus dias.

Em vão tento esquecer-te. Em vão invento
mil formas de arrancar-te da memória,
como se fora fácil meu intento.

Medito, raciocíno, persevero,
mas cada vez me afundo mais na inglória
luta de querer tanto a quem não quero.

CHAMA EXTINTA

Se ela me amasse como amou outrora.
com aquele mesmo ardor com que me quis,
eu mandaria esta tristeza embora
e voltaria até a ser feliz.

Versos de amor faria sem demora,
como jamais, em qualquer tempo, fiz,
e não vegetaria como agora,
acabrunhado, apático, infeliz.

Se ela me amasse como antigamente,
com o mesmo anhelo, o mesmo amor enfim,
minha vida seria diferente.

-Pedi-lhe que voltasse e ela voltou,
mas que me vale tê-la junto a mim,
se já não me ama mais como me amou!...

IN MEMORIAM

Homenagem a Benjamim Silva

Num dia assim, de céu tão meigo e brando,
Velho Itapemirim, por que soluças
E no leito das poedras te debruças,
Como uma grande lágrima rolando?

E Itabira, montanhas dominando,
Por que para o infinito o olhar aguças
E os espaços longínquos esmiúças,
Como que algo de grave adivinhando:
Que estranho mal vos traz tanto amargor?...

...E a tudo eu continuo perguntando,
Sem ver que a natureza está chorando,
Porque morreu o seu maior cantor!

Fonte:
http://www.poetas.capixabas.nom.br/

Ialmar Pio Schneider (Devaneios Poéticos)

Pintura de John Constable (1776 - 1837)
SE EU TE DISSESSE...

Se eu te dissesse que sinto a angústia de saber que existes
e não consigo te alcançar porque me pareces uma estrela distante...
Que os versos que componho se tornam cada vez mais tristes
e não posso te atingir como quisera e tenho que seguir adiante...

Se eu te dissesse que mesmo assim és a musa que me inspira
nos momentos de aflição, nas horas mais difíceis da vida...
Compreenderias talvez os soluços que magoada murmura a lira
do poeta que sou, maluco por tua presença inatingida ?!..

Se eu te dissesse também que representas o antes e o depois
de tudo que caminhei nas páginas de minha história...
que eu desejava, mesmo almejava, que fosse de nós dois
este feliz caminho, esta venturosa trajetória....

Se eu te dissesse que os dias custam a passar quando não estás
falando comigo e permaneço ouvindo tuas palavras ardentes...
Que em lugar nenhum consigo ficar, por assim dizer, em paz
e faço parte do rol nada agradável dos descontentes...

Sentirias a saudade que chega sem avisar, na hora
em que talvez estejas a fazer solitária, a tua prece
de amor por quem sentes bater o coração agora
pulsando ingovernável e bravio... Se eu te dissesse ....

FORAS CAPAZ....

Deixarias que eu entrasse em tua vida assim sorrateiramente
como chega um ladrão para roubar teu coração ?
Quiseras que eu fosse alguém desconhecido de ti, diferente
dos demais, e viesse para tua aceitação ?!

Se assim o desejas e vives sem preconceitos,
eu me apresento agora à tua contemplação,
embora trazendo em meu ser mil defeitos
próprios dos que amam ardentemente com tanta emoção !

Foras capaz enfim de projetares uma aventura louca
que descortinasse um mundo que nem sonhas existir,
e tivesses que enfrentá-lo, saturada de beijos em tua boca,
e dos outros que falassem te pusesses a rir...

Nós transporíamos todos os obstáculos possíveis e imagináveis
e seriamos dois em um, como sói acontecer aos amantes,
por assim dizer, enamorados e amáveis,
que querem desfrutar juntos todos os instantes...

Fonte:
O Autor

Silviah Carvalho (Tristeza)


Se minha tristeza tivesse fim, poderia mudar meu teor,
E virar a página do que há incontido no desfazer-se do nó.
No nascer de um novo dia, eu perceberia sua real beleza,
Eu poderia viver e amar, se não fosse esta tristeza.

Por ela me escondo e com ela sobrevivo e me divido,
Não há dor que não sinta, ou mal que não tenha conhecido,
Às vezes parece amiga, dorme e acorda comigo, não me deixa,
Mas de sua presença, minha alma reclama e a mim se queixa.

Dela escrevo por ela me inspiro, nela Deus se manifesta,
É a presença reflexiva que nos poemas exprime grandeza,
Perder a graça de viver é tão fácil, quanto não achar um
Motivo para tal. Finar-se, é da tristeza o estágio terminal.

Como a “Narciso” foi-me dado uma sentença, mas no espelho
D’água não vejo minha aparência, foi-se o que chamam de beleza,
Ficaram lembranças saudosas de um tempo que não volta por
Nunca ter existido que foi sonhado e não foi vivido... Tristeza!

Agora, tornar-se-á real o que parecia apenas sutileza,
Vais partir e nada terei por sua ausência, não vi teu rosto e já sinto
Saudade. Cativou-me algo tão raro, considerando sua frieza,
Restou-me esta certeza, nada sou para ti, e eterniza esta tristeza.

Fonte:
A Autora