sábado, 10 de fevereiro de 2024

José Feldman (Analecto de Trivões) 22

 

Mensagem na Garrafa = 102 =

Therezinha Dieguez Brisolla
São Paulo/SP

UM BRINDE À VIDA

A pergunta me pegou de surpresa: — Bisa, você é velha ou idosa? Sorri... e, com a mesma paciência com que respondi a centenas de alunos, em trinta anos de magistério, expliquei ao bisneto que as duas palavras têm o mesmo significado, porém para sermos educados com as pessoas em idade avançada, as chamamos de idosas. A explicação o convenceu... deu-me um beijo e voltou ao jogo de videogame. Mas, a mim não convenceu!...

Um estudo recente que causou polêmicas, concluiu que: Velho é aquele que não tem mais planos futuros e, com resignação, espera o seu fim. Idoso é aquele que, apesar da idade, é ativo, sente prazer na leitura, ouve e lê notícias para manter-se atualizado, tenta adaptar-se à tecnologia moderna, acredita no amor e ainda sonha!

A conversa levou-me a vigiar meu comportamento no convívio com os quatro filhos, sete netos, seis bisnetos, dois genros, a nora e dezenas de amigos.

Tenho a idade da Revolução Constitucionalista de 1932. É claro que pela idade – 89 anos – eu sou de ontem!... Sou do tempo em que o meio de transporte era o trole. Acomodei-me nos bancos das jardineiras, em estradas poeirentas, experimentei a emoção do bonde elétrico, em trilhos nas ruas calçadas com paralelepípedos e encantei-me com a magia do trem, em vagões puxados pela máquina a vapor, a Maria Fumaça.

Vivi o tempo do rádio, as notícias dadas pelo Repórter Esso “o primeiro a dar as últimas” e ouvindo e cantando as músicas cujas letras sabia de cor.

Sou do tempo do telefone preso à parede e da vitrola, com discos de vinil – Long Plays e Compactos... ambos os aparelhos movidos a manivelas. Do circo mambembe, que alegrava nossos finais de semana. Do fotógrafo de rua, o Lambe-lambe e das idas aos estúdios fotográficos, para as fotos em preto e branco, registrarem os eventos sociais.

Dancei as cirandas, na praça da cidade, com a banda militar tocando dobrados, no coreto e, depois, as valsas e os boleros, em clubes, ao som de conjuntos musicais. Frequentei quermesses, à espera do “correio elegante” (uma declaração de amor, velada), alegrei-me com a Dança da Quadrilha, em festas juninas... Vesti a roupa da moda para fazer o “footing”, viver a emoção do flerte, do primeiro amor, do namoro de mãos dadas...

Morei em casas térreas, com portas e janelas abertas para a rua, em um tempo em que o contrato de locação era a palavra dada.

À noite, após o trabalho, os vizinhos se reuniam na calçada – as cadeiras em roda – e comentavam os acontecimentos do dia. As crianças corriam pelas ruas brincando de esconde-esconde, de boca de forno, de roda... Os brinquedos eram feitos por nós: a peteca, a boneca de pano, a bola de meia, as pipas coloridas...

E a alegria para se preparar para fazer ou receber visitas! O lanche feito com carinho, o pão quentinho, assado no forno de pedra construído no quintal, os bolinhos de chuva, o suco para as crianças e o café para os adultos, feito no fogão a lenha e servido no bule de ágata.

Ah, nossos Natais! O presépio com as figuras principais, os patinhos de celuloide sobre os cacos de um espelho, imitando lagos, montado na sala de visitas, onde nos reuníamos com os vizinhos para a novena do Advento. A inocência de acreditar em Papai Noel...

A chegada do Carnaval era uma festa! Os pais levavam as crianças para apreciar os corsos carnavalescos, com Pierrôs e Colombinas, em carros abertos, as marchinhas “na ponta da língua”.

Sou de um tempo em que se pedia a bênção aos pais, tios, avós e padrinhos. Em que os alunos se levantavam quando o professor entrava na sala de aula e em que a professora era “a segunda mãe”.

A chegada da televisão já havia revolucionado o mundo, quando assistimos emocionados o homem pisar no solo da Lua, em 1969. Anos depois, a televisão em cores e o programa do Chacrinha, com suas chacretes, era líder de audiência e usava e abusava do meu nome: Alô, alô Terezinha...

O rádio foi desligado e esquecido. Em compensação, a minha máquina Remington trabalhava sem parar, quando datilografava meus escritos para os concursos de trovas, crônicas, contos e haicais.

Um dia, ouvi falar que o computador viera para agilizar esse trabalho mas, não me interessei... Até o momento em que recebi da filha e genro um presente que foi ligado à tomada e me explicaram que as mensagens chegariam em meu e-mail.

Pediram que eu lesse um que já havia sido enviado e que dizia: “Agora vai ter que aprender”.

E aprendi: por telefone fixo, com o monitor ligado e ouvindo as explicações: — Mãe, está vendo aquele botão lá no alto, à direita? Aperte e me diga o que apareceu na tela... Pouco tempo depois já sabia o que chamo de “o básico do básico”.

Meus trabalhos, agora, são digitados. Assim editei meu livro de trovas e sonetos “À Procura de Estrelas”, aos 80 anos.

Hoje tenho uma senha, um e-mail, recebo e envio textos... E quando tenho dúvidas, as pesquisas são feitas no Google.

A máquina Remington foi guardada, com o carinho que merece e ainda a uso quando a Internet falha.

Não satisfeitos, a filha e o genro, me “presentearam” com um celular e que trabalho me deu! Guardei, ao lado da Remington, as três máquinas fotográficas, desliguei o telefone fixo e empilhei meus álbuns de fotografias na estante – as fotos agora ficam “armazenadas” no computador e quando quero vê-las basta abrir a pasta onde estão. E aqui estou eu tentando adaptar-me a um mundo completamente diferente para poder dialogar, principalmente, com netos e bisnetos.

O ritual começa logo cedo, antes das 6 horas da manhã. Coloco água para o café, no fogão a gás e ligo o celular na tomada. Pronto, já estou on-line... Mando e respondo as mensagens mais urgentes pois, de manhã, sou “dona de casa. Após o almoço, ligo a TV para as notícias e fico a par do que acontece lá fora. Ouvi falar que alguns idosos fazem a sesta – um cochilo após o almoço – mas não faz parte da minha agenda. À tarde quem trabalha é a mente: leio, escrevo, faço trovas, navego na Internet...

Faço parte de quatro grupos que se comunicam, diariamente, pelo WhatsApp: dois de Recife e dois da UBT porque sou a Secretária Nacional da entidade. Da memória não me queixo e lembro-me, com facilidade, de datas históricas, números de telefones e aniversários.

Ao completar 89 anos concluí que, apesar de “ser de ontem” eu não sou velha, e sim, idosa: amo a vida, tenho sonhos e vivo com alegria o momento presente, porque como disse Mia Couto: “A vida passa tão depressa que, às vezes, a alma não tem tempo de envelhecer”.

Fonte: Flávia Suassuna (coord.).Rede Solidária. Coletânea de textos. Recife/PE: 2021. Enviado pela Therezinha.

Cantiga Infantil de Roda (O ba-be-bi-bo-bu)


É uma roda de meninas e uma delas no meio. Cantam as da roda:

O ba-be-bi-bo-bu }
Vamos todos aprender } bis
Soletrando o b-a-bá, }
Na cartilha do a-b-c } bis

A menina que está no centro da roda escolhe, mentalmente, a primeira letra do nome de uma das amiguinhas, como por exemplo o B, e canta:

O b é uma letra }
Que se escreve no a-b-c } bis
Fulana você não sabe }
Quanto eu gosto de você } bis

A menina do centro abraça a escolhida, que passa para o meio da roda. Então, recomeçam todas a cantar o primeiro verso, etc.

Fonte: Veríssimo de Melo. Rondas infantis brasileiras. São Paulo: Departamento de Cultura, 1953.

Eduardo Martínez (O Leitor)

Lia tudo! Sempre leu, antes mesmo de ser alfabetizado, quando ainda desconhecia a ordem certa das letras nas palavras. Era desse tipo que gostava de ler até nas entrelinhas, mesmo que elas fossem apenas espaços vazios para a maioria. Mesmo aquelas letras minúsculas nos rótulos de cosméticos eram minuciosamente exploradas. 
    
Ele se entretinha com tudo que possuía letras, palavras, frases pequenas e enormes. Não que ligasse para o tamanho delas, haja vista conseguia vislumbrar beleza em qualquer bula de remédio. Sua mãe não se conformava, parecia até falta de educação. Quantas e quantas vezes havia sido repreendido por ela: "Largue esse livro, menino! Não vê que temos visita?"

As crianças na rua corriam de um lado para outro, enquanto a sua mente viajava o mundo nas páginas, muitas vezes amareladas, dos livros da estante da avó. Não que ele também não brincasse com a galerinha, pois o suor chegava a pingar da sua testa, caía nos olhos e ardia. Ele esfregava as vistas com o dorso da mão, balançava a cabeça e, então, algo parecia guiá-lo para a leitura, mesmo que na imaginação. Nessa idade já trocava algumas figurinhas com o Machado de Assis, com o Lima Barreto, arriscava até umas investidas na Clarice Lispector.

A adolescência foi entrando, os interesses aumentaram, começou a namorar. Quando ia ao cinema com a namorada, ele não queria sair após o final da película. Ah, os letreiros eram o máximo para ele. A namorada tentava arrastá-lo pelo braço, mas ele, firme, resistia. "Quem é que se importa com os créditos de um filme?", insistia a namorada. Ah, para ele era a parte principal, seus olhos corriam a tela na frustrada tentativa de captar todas as palavras. 
    
Tanto é que, já caminhando pela calçada, ele tentava adivinhar o que era aquilo que ele deixou de ler. "George de quê? Produzido por quem?" Nem prestava atenção no som que cismava em continuar saindo da boca da namorada. Ele apenas olhava aqueles lábios vermelhos se abrindo e se fechando, pois, pensava, talvez as respostas para os seus questionamentos pudessem sair dali a qualquer momento. Mas nada! 

Quando já estava na sua cama, muitas vezes a madrugada lhe fazia companhia. Todavia, a sua mãe, sempre a sua mãe, lembrava-o que a hora de ir para a escola havia chegado. "Que sono!!!" Seus pés, quase pregados, arrastavam-no até o banheiro, já que os olhos pareciam que ainda estavam fincados no cinema na frustrada tentativa de captar todas as letrinhas, por mais miúdas que fossem, cismavam em correr pela telona.

Chegou a vida adulta! E como chegou rápido esse tempo de tantos compromissos inadiáveis! Não tinha carro, ia a pé pro trabalho. Lia todas as placas, todas as ruas, mal entrava no trabalho, uma montanha de papéis lhe eram atiradas na mesa pela chefe: "Leia tudo e me faça um relatório!". Ela era carrancuda, ele se divertia com a montanha de palavras espalhadas à sua frente. Todos os outros empregados olhavam com pena para aquele infeliz. Nem desconfiavam que aquilo era seu oásis.

Acabou se casando. Não foi com aquela namorada que cismava em puxá-lo pelo braço. Não que ligasse para isso. Os filhos vieram com o tempo, seus cabelos foram perdendo a cor, sua barriga não cresceu como a da maioria dos maridos, pois ele se alimentava principalmente de palavras, frases, orações subordinadas, verbos transitivos e intransitivos, vocativos. Até que um dia, sentado na cadeira de balanço da varanda, suas mãos fraquejaram e soltaram o volume, que despencou sem qualquer cerimônia no piso gelado. A cabeça pendeu para o lado, seus óculos escorregaram até a ponta do nariz. 

O enterro foi breve, não havia muita gente, a chuva era fina. Todos foram embora antes mesmo do coveiro começar a jogar a terra sobre o caixão. O silêncio tomou conta do cemitério São João Batista, até mesmo os passarinhos pararam de cantar. Lá embaixo, seu corpo rijo e gelado parecia se incomodar com algo. Tentou se mexer, mas sem sucesso. "Cadê meus óculos?", A angústia o tomava por inteiro. Ele não conseguia decifrar as palavras na sua lápide.

Poetas amigos entre versos - 1


 Antonio Castilho
Avaré/SP

A CHUVA 

Bendita a chuva que cai
Para molhar a poeira e a poluição
Para melhor a gente respirar

Bendita a chuva que cai
Para evitar as secas
Salvar as lavouras
Para termos arroz e feijão
Para se alimentar

Bendita a chuva que cai
Para salvar as matas
Para os bichos
Não exterminar

Bendita a chuva que cai
Para os rios não secarem
Para termos água
Para beber e o banho tomar

Bendita a chuva que cai
Que é para nos refrescar
E o planeta não acabar

Bendita a chuva que cai
Pode até demorar
Mas nunca deixe de aparecer
Pois sem você
Todos nós vamos deixar de viver

Bendita a chuva que cai
Bendita a chuva que cai
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Célia Evaristo
Lisboa/Portugal

Quem ousou?
Um abraço teu
calar-me-ia a saudade,
alimentar-me-ia a alma
e sossegar-me-ia esta ansiedade.

Mas quem ousou afastar-te de mim?
Se eu não o queria,
tu não o pedias
e, de repente, ditou-nos o fim?

Quem ousou levar-te para longe
nesta estranha condição?
Deixando frio e ferido
o meu pobre coração.

Quem ousou?
Quem nos ditou tamanha maldição?
Quem nos afastou?
Quem atirou as nossas vidas ao chão?

Quem ousou intrometer-se
nos destinos já traçados
de dois seres inacabados
que estavam a conhecer-se?

Quem? Quem ousou?
Quem teve tal atrevimento?
Quem tanta dor nos causou,
deixando-nos neste sofrimento?

Mas quem?
Quem?
Quem ousou?
Não sei quem se antecipou ao tempo
e matou o nosso amor.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Cris Anvago
Lisboa/Potugal

Uma pétala,
um beijo,
arrepio de desejo.

Rosa que navega
num desconhecido rio,
gargalhadas na rua
piso escorregadio.

A minha mão na tua
Já não existe frio…
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Daniel Maurício
Curitiba/PR

SARA RUS
(Homenagem a Sara Rus, nascida em Lodz - Polônia em 25/01/1927 e falecida em Buenos Aires – Argentina em 24/01/2024.)

Schejne Miriam Laskier de Rus,
Mas o mundo a conheceria
Por Sara Rus
Que se fosse cristã,
Diriam que carregou uma pesada cruz
Sem nunca envergar a alma
Mesmo quando perdia a calma
Pois havia nela,
Algo mais do que luz.
Por certo um anjo forte a protegia
Senão como ela sobreviveria
Aos horrores do holocausto
Onde um caminhar em falso
Era motivo para vida perder.
Teve a adolescência roubada
E quando pensava ter as feridas fechadas
Outro golpe tomou.
Da Praça de Maio,
Uma daquelas mães se tornou.
Em Auschwitz
Carregou a estrela de Davi no peito
Sobreviveu à dor e aos maus feitos
Como um crente
Se apegando na fé.
Dona de um sorriso terno
E lágrimas lentas
Contava a sua história inteira e intensa
Pois falar lhe trazia a libertação.
Sonhava em tocar violino
Mas como um sinistro hino
Nunca esqueceu o ruído
Do seu violino sendo esmagado
Por um soldado alemão.
Como “todo dia tem uma vida”
No gueto descobriu o amor
Bernardo, com quem se casaria
E para a Argentina,
O filho Daniel daria
Sem nunca poder uma flor
Em seu túmulo levar.
Ah, Sara!
Quem lhe sara?
A sua memória
Viverá para sempre entre nós.
(Fonte: Bonde
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Isabel Furini
Curitiba/PR

MEDO PRIMITIVO

às vezes a luz da Lua
sobre o cabelo da Medusa

às vezes o olho da Lua
sobre os túmulos

ora o coração acelera
seu passo noturno

ora os olhos ficam fixos
na linha do horizonte

sempre os ponteiros do relógio
e o renovado medo
de permanecer na margem 

da página do ontem

para observar as letras de um poema
e perceber a barca de Caronte
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Izabel Rodrigues
Americana/SP

Poetizando...
Dotada
 do dom da imaginação 
 Nunca chego ao fundo do poço 
Afinal
Sempre posso tirar uma flor do bolso
Abastecendo assim de alegria
Meus dias
Que nem sempre são perfeitos
Pois as inquietações e as angústias 
Vão entrando em nossa vida
Quase sempre sem pedir licença..
É nessa hora que a poesia chega voando por ser alada
Para sarar e curar as dores da alma
Que são grandes e tantas...
Quase sempre imensuráveis …
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Maria Antonieta Gonzaga Teixeira
Castro/PR

Minha Inspiração
Minha maior inspiração é o teu sorriso.
Teu sorriso é farol
que me potencializa a ter esperança.
Teu sorriso… É a ponte do TU…
E a ponte do EU…
É a ponte do nosso bem-querer.
Teu sorriso… É a melhor fonte
É a luz da minha inspiração.
Teu sorriso é a flor mais atraente
do jardim de meu coração.
Com teu sorriso planto flores.
Perfumo as estradas dos caminhos.
Teu sorriso, é a bússola certa para o meu versejar.
Teu sorriso, minha inspiração, que me enche de amor.
É o vento bom abastecendo as velas do nosso barco.
O nosso barco de sonhos.
Para o nosso amor
o teu sorriso é a melhor música na partitura da vida.
Com teu sorriso,
a inspiração para meus versos nunca será desafinada
Será sempre!
No ritmo!
E
No compasso envolvente.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Sonia Cardoso
Curitiba/PR

LUTA 

Se você não luta 
Diariamente, você 
É sim invisível 

Seja qual for o 
Motivo para se 
Armar e de pé ficar 

Enfrentamento é o 
Grande trunfo que 
Nos torna dignos 

Da vida, então luto 
Com a palavra, às
Vezes flor, na maioria, pedra.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 
Fonte> Grupo do Facebook: Poetas amigos de Isabel Furini

Silmar Bohrer (Croniquinha) 105

Viver a pureza dos dias.  Verdade. Mas lembrar que ela vem junto com a gente no dia a dia .  Abrimos o pote de pureza logo cedo com um sorriso em frente ao espelho.

Quem faz a pureza somos nós. Os ingredientes são variados e variáveis.

Um bom dia com os olhos quase rindo, aperto de mão caloroso, entusiasmo no trabalho, aquele bom humor que atravessa paredes onde alguém houve conversas saudáveis, ou atraentes, ou hilariantes.

Porque os dias são puros na sua essência, eles chegam com o olhar que damos em nossa volta, onde vemos uma natureza que entrega de graça pedacinhos de fundamentos. Somos "purificados" pela mãe-natureza, passemos adiante o nosso "puro".  A vida será melhor.

Fonte: Enviado pelo autor 

Calendário Trovadoresco = Fevereiro

 

Hinos de Cidades Brasileiras (Guarapari/ES)


Quer viver o sonho lindo
Que eu vivi?
Vá viver a maravilha
De Guarapari.

Um recanto que os poetas
E os violões
Não conseguem descrever
Nas mais lindas canções.

Pelas suas noites claras,
A lua serena
Vem brindar os namorados
Na areia morena.

Ninguém poderá sonhar
Nem viver o que eu vivi
Longe desta maravilha
Que se chama Guarapari.

Aparecido Raimundo de Souza (E agora, Jose??!!)

SEMPRE GOSTEI de cachorros. Melhor dito, de cachorras. Desde que passei a morar sozinho, adquiri uma amiga de quatro patas que me acompanha em todas as brincadeiras. Ela se chama Bergamota. Bergamota nada mais é que o nome da mexerica no Rio Grande do Sul. A simpática é uma Shitzu Xícara de Chá. Chama a atenção pelo seu tamanho. De pelo totalmente branco crescendo em todas as direções, traz as orelhas caídas e o rabinho em constante estado de abano. Extremamente carinhosa, adora me dar lambidas no rosto. Eu não me importo. Acho tratar a nossa relação de uma forma “cachorral” literalmente especial e amada em demonstrar o seu amor incondicional por mim.

Dia desses, estava aqui em casa a minha avó, e ela me viu beijando a Bergamota na boca. Aquele beijo cinematográfico que faz qualquer língua por mais quieta que seja, sair do sério e mergulhar num mundo de salivas em ebulição deixando ao final um amontoado de lembranças imorredouras. Vovó, entretanto, ficou horrorizada e me deu um sermão. Disse que aquilo se fazia extremamente perigoso. Que eu poderia pegar doenças e parasitas da cachorra. Argumentou que a saliva da minha cadelinha (como a de outros animais) armazena uma série de bactérias e vírus. Que eu poderia, num futuro próximo, ter problemas nos dentes, na pele, no estômago, e até mesmo na cabeça. Ela me mostrou alguns artigos na Internet que falavam sobre os riscos de beijar um animal (por mais limpo e asseado) na boca.  

Fiquei meio que assustado e confesso, ainda ando deveras cabreiro e confuso, notadamente quando ela esclareceu que, de repente, eu poderia passar a latir. Brincadeira ou não, me imaginei latindo em meio aos amigos nas peladas de domingo, ou mesmo quando estivesse com a Brisa, a minha namorada. Será que a Bergamota se constituía numa ameaça para a minha saúde? Será que eu tinha que parar de beijá-la? Resolvi pesquisar mais sobre o assunto. Descobri que havia opiniões diferentes. Alguns especialistas diziam que se fazia um gesto seguro dar um beijo em seu pet, desde que ele estivesse saudável, vacinado e vermifugado. 

Outros acrescentavam que seria de entendimento mais benigno, evitar. Havia sempre um risco, mesmo que pequeno, de transmissão de doenças. Também li que algumas pessoas se tornavam mais vulneráveis do que as outras, o mesmo acontecendo com bebês, crianças, idosos, grávidas e criaturas com o sistema imunológico baixo. A meu ver, não me encaixava em nenhuma dessas categorias. Ainda assim, fiquei com um certo receio. Eu não sabia o que fazer. Amava Bergamota e não queria deixar de beijá-la. Também não queria ficar doente por sua causa. 

Decidi conversar com o meu veterinário. Ele estava viajando. Optei em ter um papo franco com meus pais. Eles, como sempre, metidos até o pescoço, trabalhando. Por derradeiro, os meus amigos. Por azar, os idiotas não entendiam nada de cachorros. Senti-me sozinho e angustiado. Foi então que tive uma ideia. Resolvi conversar com a própria cidadã em pessoa. Cheguei mais cedo em casa, chamei a Bergamota para o meu quarto.  Sentei na cama. Ele veio correndo, abanando o rabo e pulou em cima de mim. Eu a abracei e olhei nos seus olhos. Comecei rodeando:
— Berga... preciso te falar uma coisa... 

Ela, de rabinho em total abanação deu carta branca:
— Fala, meu amor... sou toda ouvido, nariz, boca, e etc...
— Engraçadinha. Você sabe que te amo muito, né? Você é a minha melhor amiga. A minha melhor companheira. Indo mais longe, minha irmã... sua pessoinha alegre e saltitante sempre esteve comigo nos momentos bons e ruins me fazendo rir e me consolando. Você é a melhor criatura do mundo. Porém, entre mortos e feridos, tenho um problema. Estou com uma dúvida tremenda. Melhor dizendo: não sei que decisão tomar. Descobri que beijar você na boca, entre outras coisas, pode fazer mal para mim. Pode me causar uma série de transtornos, ou contrair doenças e infecções. Pode me deixar doente. E eu não quero isso. Eu quero e não só quero, pretendo ficar bem para poder brincar com você, passear com você, cuidar de você... etc... etc... e tal... 

Tomei fôlego e fui em frente:
— Então, minha amiga, eu careço que você me ajude. Necessito que me diga o que fazer. Devo continuar beijando você na boca ou não?
Bergamota me olhou bem dentro dos olhos e meio entristecida, respondeu:
— Gato, com toda certeza você está me tirando. Que mal posso lhe fazer? Sou uma cachorra saudável. Pior é você beijando a língua da sua namoradinha. Aquela lambisgóia da Brisa. Acaso sabe me dizer onde a sua sirigaita (me perdoe a franqueza) mete aquela abertura oral quando não está com você? Duvido!

Fiquei um momento em silêncio e obtemperei:
— Berga, ela é gente...
— E eu, o que sou?
— Uma cachorra... ora bolas...
— Mas na hora do bem bom, você larga a sua amadinha e vem balançar as pulgas comigo. Uma vez você, numa de nossas “excitações,” me disse que as minhas pulgas são as melhores. Mordem pra valer... e a coceira no corpo dura mais...
— Bergamota, entenda...
Bergamota começou a chorar. Me olhou com uma expressão de curiosidade e inocência. Inclinou a cabeça para o lado e soltou um latido. 

Em seguida, lambeu meu rosto todo, da testa ao queixo, passando pelo nariz, pela boca, pelas bochechas. Me deu, no mesmo impulso, os maiores beijos (aqueles como já mencionei, cinematográficos, de novelas) ósculos arrojados e incitantes. Sucções alucinantes como jamais recebera na vida. 
— Estou apaixonado por você. Seu cuspe, seu jato salival, sua baba, ou qualquer outro nome que queira dar, me faz viajar em sonhos. 
Repetiu os beijos, desta vez mais demorados. Na sequência, latiu, digo, falou:
— Meu gato, te amo, te amo, te amo... 
 Sorri e chorei ao mesmo tempo. Eu entendi o que ela quis dizer. 

Na verdade, Bergamota deixou claro que me amava muito. Que acima de qualquer coisa, confiava em mim. Não queria, em hipótese nenhuma me fazer mal. Ela quis dizer (e na verdade disse) que aquele trocar de línguas impulsivos e ousados se fazia no jeito mais humano de me demonstrar seu amor. Sinalizou que não entendia nada de doenças e infecções. Todavia, assimilava o bastante sobre sentimentos e emoções. Quis deixar óbvio (e deixou) que, como cadela, só queria, só desejava, só pleiteava ser feliz comigo, e que esperava, do fundo do seu coração, que também fosse feliz com ela.
Eu abracei a Berga com mais força e disse:
— Berguinha, eu te entendo. Você é uma cadela e eu sou um ser humano. Nós somos diferentes, mas como os seres humanos, nós nos amamos. 

Voltei a tomar fôlego:
— Nós temos nossas formas de expressar o amor, e nós respeitamos isso. Nós não precisamos de palavras. Nossa comunicação se dá através de pequenas trocas de gestos e mimos vindos de dentro do nosso mais profundo. Nós, minha linda, não precisamos de regras. Seguimos o instinto. Não precisamos sentir medo. Nós temos coragem. Nós não ficamos em cima do muro remoendo dúvidas. Temos dentro de nós, a certeza. E eu tenho a convicção de um ponto importante: nunca vou deixar de beijar você na boca. E de fazer outras coisas... tipo tirar suas pulgas, coçar sua barriguinha... porque eu sei que você nunca vai me fazer mal. Em contrapartida, sei que você nunca vai me deixar. Sei que você é a minha melhor amiga e companheira. 

Bergamota me interrompeu com uma das patinhas dianteiras em meus lábios:
— Por minha conta, é porque sei que você é o autor dos meus melhores beijos.
Sem que eu dissesse o que pretendia, Bergamota lambeu o meu rosto mais uma vez e deitou a cabeça no meu peito. Eu fiz um carinho na sua orelha e fechei os olhos. Ficamos assim por um tempo, em silêncio, apenas sentindo o calor um do outro. Estávamos felizes. Ao nosso redor, a paz falava mais alto. Afinal, vivíamos o nosso amor.

— Sabe aquele segredo que eu queria te revelar?
— Não, Berga. Que segredo?
— Duas chances...
— Desistiu do Tigrão, o cachorro chato do nosso vizinho do 601?
— Não. Falta uma... 
— Está de olho no Labrador do sujeito tampinha do segundo andar?
— Errou feio... 
— OK, minha fofa. Entrego os pontos. Abra o jogo de uma vez. 
Antes de trazer à tona o tal segredo, me beijou longamente na boca: 
— Eu vou ser mãe... estou esperando um filhote seu...

Fonte> Texto enviado pelo autor 

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

A. A. de Assis (Jardim de Trovas) 40

 

Mensagem na Garrafa = 101 =

Ialmar Pio Schneider
Porto Alegre/RS

CIGARRAS E FORMIGAS

Nos primeiros anos de escola primária, se não me falha a memória, no terceiro, aprendíamos a fábula “A cigarra e a formiga”, de La Fontaine, traduzida pelo poeta português Belchior M. Curvo Semedo, expressa com as seguintes estrofes: 

Tendo a cigarra em cantigas 
Folgado todo o verão, 
Achou-se em penúria extrema 
Na tormentosa estação. 

Não lhe restando migalha 
Que trincasse, a tagarela 
Foi valer-se da formiga, 
Que morava perto dela. 

Rogou-lhe que lhe emprestasse, 
Pois tinha riqueza e brio, 
Algum grão com que manter-se 
Té voltar o aceso estio. 

“Amiga, (diz a cigarra) 
Prometo, a fé d’animal, 
Pagar-vos antes de agosto 
Os juros e o principal.” 

A formiga nunca empresta, 
Nunca dá, por isso ajunta... 
“- No verão em que lidavas? “
À pedinte ela pergunta.

Responde a outra: “Eu cantava 
Noite e dia, a toda a hora.” 
“Oh! Bravo! (torna a formiga) 
Cantavas? pois dança agora!”

Ensinavam-nos que se não fizéssemos nosso pé de meia no verão, quando chegasse o inverno iríamos ter dificuldades insuperáveis para nossa sobrevivência. De fato, aquela filosofia ficou impregnada em meu subconsciente por diversos anos até que, bem mais tarde, conheci os sonetos de Olegário Mariano, entre os quais o “Conselho de amigo”, que assim se expressa: 

Cigarra! Levo a ouvir-te o dia inteiro, 
Gosto da tua frívola cantiga, 
Mas vou dar-te um conselho, rapariga: 
Trata de abastecer o teu celeiro. 

Trabalha, segue o exemplo da formiga, 
Aí vem o inverno, as chuvas, o nevoeiro, 
E tu, não tendo um pouso hospitaleiro, 
Pedirás... e é bem triste ser mendiga! 

E ela, ouvindo os conselhos que eu lhe dava 
(Quem dá conselhos sempre se consome...) 
 Continuava cantando... continuava…
Parece que no canto ela dizia: 
- Se eu deixar de cantar morro de fome... 
Que a cantiga é o meu pão de cada dia.

Foi deste modo que a literatura explicava-me por dois prismas como deveria ser encarada a existência das cigarras e das formigas. Comecei a aceitar que Deus as fez para que cumprissem seus destinos já traçados. Nem por isso julguei transpor ao homem esta fatalidade, pois este é dono do livre-arbítrio, o que o leva a diferenciar o certo de o errado, ou melhor dizendo, escolher o caminho que deverá trilhar para seu bem-estar e o de sua família. Estamos aqui de passagem, mas podemos discernir as coisas existentes ao nosso redor, sem fugir da responsabilidade que nos pesa.

Se não conseguir realizar tudo o que desejava, por que me frustrar? Posso, contudo, desenvolver as atividades por mim exequíveis de acordo com as minhas forças. Dizem por aí que, nos dias atuais, empatando já é a conta.; outros falam em não deixar cair a peteca; e assim por diante. São expressões populares que despertam um sentimento de aceitação. Quero crer que é a maneira mais adequada de enfrentar a vida.

Cantiga Infantil de Roda (Boi Barroso)


Eu mandei fazer um laço 
do couro do jacaré
Pra laçar o boi barroso, 
num cavalo pangaré

Refrão: 
Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga
O teu lugar, ai, é lá na cana
Adeus menina, eu vou me embora
Não sou daqui, ai, sou lá de fora

Meu bonito Boi Barroso,
Que eu já dava por perdido
Deixando rastro na areia
Logo foi reconhecido

Refrão:
Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga
O teu lugar, ai, é lá na cana
Adeus menina, eu vou me embora
Não sou daqui, ai, sou lá de fora

George Abrão (Amores das nossas vidas)

Hoje eu me peguei refletindo sobre os amores da minha, da sua, da nossa vida. 

Quando nascemos conhecemos o nosso primeiro e eterno amor: nossos pais. Amor natural, incondicional, imensurável!

Depois vem o amor fraterno, diferente, cheio de divergências, pequenas rusgas ou até mesmo brigas. Mas mantêm-se para sempre, superando o tempo e a distância.

Um amor engraçado: no caso de nós (homens) pela primeira professora. É uma fascinação por seus gestos, pelo seu modo de falar, por sua sabedoria. E por mais que o tempo passe jamais a esquecemos!

Aí fazemos nossas amizades e para que sejamos ou tenhamos amigos ou amigas, é primordial que exista amor recíproco, pois do contrário é simples convivência. Amor sincero, sem exigências, puro!

E a primeira namorada, que coisa incrível o primeiro toque de mãos, o primeiro e rápido beijo, a vontade de se estar juntos, a inocência e a pureza no relacionamento.

Até que encontramos a nossa outra metade. Apercebemo-nos que acabou a procura, que queremos ficar a vida toda ao seu lado. E o amor completa-se com a paixão, com o sexo. E nos completamos, e saciamos a nossa sede, e vivemos plenamente.

E os filhos, que durante os nove meses da gestação aprendemos a amá-los, a esperá-los com ansiedade e mesmo com sofreguidão. E quando nascem o nosso amor explode em risos e lágrimas, e nos julgamos o mais afortunado dos mortais. Esse amor é crescente, é exigente, é responsável!

Todos esses amores são fáceis de explicar, bons de sentir, razão de viver.  

Agora, inexplicável é a dimensão do amor pelos netos. Aí a coisa pega, é um amor que ultrapassa todas as barreiras, que transcende a própria razão. E então voltamos a ser criança, a exigir de nós mesmos uma vitalidade que talvez já não possuímos, a querer mostrar ao mundo os nossos “troféus”. Sim, porque neto representa o apogeu de nossas vidas, a coroação por tudo que vivemos ou fizemos!

Fonte: George Roberto Washington Abrão. Momentos – (Crônicas e Poemas de um gordo). Maringá/PR, 2017. Enviado pelo autor.

“Spinas” Entre-Nuvens – 1 -


Ana Meireles
Belém/PA

VERSÃO SEM IGUAL 

Convoca meus versos
— Versão sem igual
 Lenta faina doce…

Qual gosto ao comer sapoti
A língua criteriosa não trava
 Remexe como se ágil fosse
Busca a rima para sonorizar
O amor no poema agridoce.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Artur José Carreira
São Paulo/SP

AMORES

Amores são diferentes
Amores são diversos:
Inversos são rancores.

Seus versos rimam meio assim,
Nos perplexos olhares, não sós,
Se prestam pelos seus favores.
Amores são divinos, sem alarde
Apenas pétalas ao chão, flores.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Beth Iacomini
Ponte Nova/MG

LEVEZA EM NÓS 

Gostoso é viver...
só nós, sempre
plenos de amor!

Nas manhãs, regarmos o jardim,
amar as nossas rosas amarelas...
realidade tão assim, pouca dor!
deitarmos aos pés da mangueira  
bendito Sol, mais tardinha, por…
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Carla Bueno Oliveira
São Paulo/SP

ESQUEÇO DE TUDO

Esqueço de tudo
Desde que conheci
Você, meu universo.

Você tornou-se a minha vida
A razão de tudo, enfim,
De existir cada novo verso
Foi tão bom isso acontecer
Não poderia ser o inverso!
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Cleusa Piovesan
Capanema/PR

SALDO FINAL 

Velhice sem idade,
Idade sem traumas,
Medo? Só sobreviver.

Saldo de noites mal dormidas,
Bem vividas em poesia insone,
Instigam minha ânsia de viver.
Tive amores, paz, medo, dores...
Tenho benção de não esquecer!
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Isabel Pernambuco
Maceió/AL

LUA…

Banhando a noite,
bela lua cheia...
Infinda de beleza

Tão linda lua, traz-me você.
Ela é dos namorados... enamorados
Basta admirá-la, foge a tristeza.
Suas fases, as tenho também
Segue sempre brilhando, só boniteza.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Mari Ane Araújo
João Pessoa/PB

ELA, PERSISTE NO SORRISO

Coração, alma leve
Persiste no sorriso 
Apreciadora do mar.

Assim, coração aberto para amar;
Encantada da vida, busca alegrias.
Ela, intensidade. Ah! Sempre solar
Das estações... Prioriza o VERÃO;
Conserva, nos detalhes: O olhar!…
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Olema Mariz
Porto/Portugal

LENDO OLHARES

Ainda bem pequena 
Já admirava olhares,
Decifra-los ali começava...

Percebia a linguagem dos olhos,
Cedo entendeu os seus sinais...
A tristeza, alegria, via, repensava.
Quantos pares ela absorta intuiu.
Encantada com a leitura avançava.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Ronnaldo de Andrade
São Paulo/SP

ALMA FRUSTADA 

Revejo meu espírito
distante, a caminhar,
olhando a paisagem.

Os passarinhos vão fazendo traquinagem,
semeando semente altiva em opulência.
Espalham no caminho esquisita ramagem;
atônita amargura estremece... Minha alma 
antagônica, zen, segue pedindo passagem.