sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Coletânea do 9º Concurso de Literatura de Canoas (RS) 2008



Coletânea do 9º Concurso de Literatura de Canoas (RS) 2008

Esta coletânea contém os trabalhos vencedores do 9º Concurso de Literatura / 2008, nas três categoria: Conto, Crônica e Poesia.

O Concurso de Literatura da FCC, nesta edição, recebeu 918 trabalhos de autores de 20 estados brasileiros e mais 5 países: México, Japão, Itália, Portugal e São Tomé e Príncipe.

O volume possui 120 páginas e as ilustrações da capa e internas são do artista plástico Darcy Morais.

O homenageado nesta edição foi O escritor Cícero Galeno Lopes.

A diagramação e formatação esteve a cargo da empresa TecnoArte e a impressão foi realizada pela Gráfica e Editora Tecnicópias.

DECLARAÇÃO DOS RESULTADOS

A Fundação Cultural de Canoas, através do Presidente de seu Conselho Diretor, divulga os resultados dos trabalhos inscritos no 9° Concurso de Literatura, coordenado por Clara Forell. A Comissão Julgadora foi composta por Antônio Mesquita Galvão, Valéria Brisolara, Luiz Gonzaga Lopes, Carmem Sílvia Machado Galvão e Nestor José Mayer, no gênero Conto; Isabella Vieira de Bem, Zilá Bernd e Luciana Volcato Panzarini Grimm, no gênero Crônica; Odiombar Rodrigues, José Édil de Lima Alves e Loreno Luiz Zambonin, no gênero Poesia.

GÊNERO CONTO

1° Lugar: “Carta encontrada em uma fresta”
Autor: ANÉSIO FERREIRA DOS REIS JÚNIOR (Anésio Júnior) - Embu das Artes/SP

2° Lugar: “O segredo do violinista”
Autora: LÍLIA DE OLIVEIRA ROSA (George Sand Brasil) - Campinas/SP

3° Lugar: “As laranjeiras de Sevilha”
Autora: LIS CLETO CEREJA (Lis) - São Paulo/SP

- Menções Honrosas -

“Rios de prata”
Autor: WILLIAN RABELO (O grande mentecapto) - Goiânia/GO

“Um conto de ônibus”
Autora: SOFIA KELLY GIAMBARBA FURMANSKI (Agnieska) - Velha Velha/ES

“Pequenos detalhes”
Autora: ANA CRISTINA DE S. L. DE MELO (Emma Assis) - Rio de Janeiro/RJ

- Melhor CONTO de autor canoense -

"O entrevero da barata no dia D de um colorado"
Autor: ADILAR SIGNORI ( Gaúcho)

GÊNERO CRÔNICA

1° Lugar: “O Sebo de Alexandria”
Autor: LUCAS JERZY PORTELA (Handel) - Salvador/BA

2° Lugar: “Recado”
Autor: TINÊ SOARES (Cataletra) - Caratinga/MG

3° Lugar: “Filha da Cadeia”
Autor: MARIA INÊS GUARDA TAFARELLO (Sentimento do Mundo) - Jundiaí/SP

- Menções Honrosas -

“Um anjo na internet”
Autor: MARIA ALEXANDRA MILITÃO RODRIGUES (Garça do Lago) - Brasília/DF

“Pés”
Autor: REGINA NADAES MARQUES (Beberibe Torres) - Milano/ITÁLIA

“Gestos Automáticos”
Autor: CORACY TEIXEIRA BESSA (Uiara) - Salvador/BA

- Melhor CRÔNICA de autor canoense -

"O tropeiro de Roca Sales"
Autor: ADILAR SIGNORI (Rocales)

GÊNERO POESIA

1° Lugar: “Os loucos é que vão pro céu”
Autor: RAPHAEL TRINDADE DOS SANTOS (Tamoio Graça) - Rio de Janeiro/RJ

2° Lugar: “Coração”
Autora: MARIANA OHLWEILER (América Vespúcio) - Ivoti/RS

3° Lugar: “A poesia”
Autor: LEONARDO DE LIMA DURVAL (Leo Durval) - Iputinga - Recife/PE

- Menções Honrosas -

“Receita para calar o rugido dos dedos enterrados uns entre os outros”
Autor: WHISNER FRAGA (Sunny Lane) - Ribeirão Preto/SP

“Ode ao ser passageiro”
Autora: KÁTIA CRISTINA MOTA (Kátia Mota) - Cerquilho/SP

“Pagu”
Autora: ANA CAROLINA EIRAS COELHO SOARES (Aurora) - Rio de Janeiro/RJ

- Melhor POESIA de autor canoense -

"Maria e as canoas"
Autor: JOSÉ LUÍS BIULCHI DE SOUZA (José Luiz)

Fonte:
http://www.fundacan.com.br/

Cicero Galeno Lopes



Cícero Galeno Urroz Lopes é natural de Uruguaiana, RS, reside em Porto Alegre e desenvolve o seu trabalho em Canoas, desde 1994.

Possui Graduação em Letras (português-espanhol) pela Universidade Católica de Pelotas (1971), Especialização em Letras (Literatura Brasileira) pela Universidade Federal de Santa Maria (1980), Mestrado em Letras (Teoria da Literatura) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1991) e Doutorado em Letras (Literatura Brasileira) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996). Atualmente é professor titular e pesquisador no Centro Universitário La Salle.

Tem experiência na área de Letras em todos os níveis de ensino; em delegacia e secretaria de educação. Dedica-se especialmente à Literatura Brasileira; atua principalmente nos seguintes temas: literaturas gaúchas de línguas portuguesa e espanhola, teoria e crítica literárias, dialogismo, hibridação cultural interamericana.

É autor de crítica e teoria em livros próprios e coletivos e em periódicos especializados; de ficção (contos), com três obras editadas; de livro didático sobre compreensão e interpretação de textos.

É colaborador em jornais diários e outros, sobre cultura, comportamento e literatura. Integra o Conselho Consultivo da revista Métis (UCS), o Conselho Editorial do Unilasalle e da revista Colabor@ (UCB); integra também a Comissão Científica de Pesquisa do Unilasalle. Tem atuado também como organizador, coordenador e executor de eventos culturais em Porto Alegre e Canoas, junto à Câmara Rio-grandense do Livro e à Fundação Cultural de Canoas.

Foi responsável pelo planejamento, instalação, edição e consolidação (1996-2004) das revistas acadêmico-científicas La Salle e Diálogo e da série Cadernos La Salle (Unilasalle-RS).

Integrou o Conselho Estadual de Cultura do RS (2006-2007) como representante da Associação Gaúcha de Escritores; exerceu a presidência do Conselho de Cultura de Uruguaiana e (três vezes) a vice-presidência do Califórnia da Canção Nativa do RS.

Publicou:
“Conto e ponto”. Porto Alegre: Movimento, 1999;
“A curva da estrada”. Porto Alegre: Movimento, 2000;
“O resto é o resto”. In: KIEFER, Charles (org.); “O livro dos homens”. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2000;
“A Viagem”. Porto Alegre: Movimento, 2005;
“Literatura e Poder”. Porto Alegre: UFRGS, 2005;
“Compreender e interpretar textos”. Porto Alegre: Sagra, 1977.

Colabora em periódicos acadêmicos-científicos e jornais do RGS e do país.

Patrono da 21ª Feira Municipal do Livro de Canoas, em 2005. Escritor homenageado na edição do 9º Concurso Internacional de Literatura da Fundação Cultural de Canoas, em 2008.

Fontes:
- Currículo Lattes
- Fundação Cultural de Canoas -
http://www.fundacan.com.br
Foto =
http://www.cicerogalenolopes.com/

Cícero Galeno Lopes (Poemas)

A gaiola

Que coragem tens ou cruel brutalidade,
que incauto inocente, pelo alimento,
condenas à prisão pela vida inteira
e dele usufruis financeiros resultados?

Ainda ontem pelo verde e pelo azul voava,
o encanto da vida e o aconchego dos seus
podia usufruir em plena natureza...
hoje o tens mísero, pequeno e dominado.

A gaiola o prende em reclusão perpétua,
e há de cantar e olhar a luz e o verde,
fechado entre grades, ruídos e estranhos;

o silêncio e a cor da mata e dos seus o canto
serão torturas amargas daqui em frente
a quem duas asas tinham poder de céu
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A chuva

Flocos líquidos transparentes descem
pequenos, leves e inofensivos,
um, depois mais um, depois tantos crescem,
que a terra toda alagam, e os rios

se elevam, veias da natureza,
e levam a vida a todos os seres.
Ah, quem me dera ter essa firmeza:
de gota em gota construir saberes.
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As rosas, Dafne

As rosas são belas, Dafne, e como,
A quem por deleite só as cultive,
Por prazer apenas!
A quem as cultive, que delas viva,
Não serão tão belas: quanto esforço
Por menores penas!

Sol mesmo ou água de um regato
Não se dão igual a folha e raiz:
Estão, não estão!
Mata uma por falta, outro por demasia;
O tempo se esvai no só cultivar,
E a rosa é pão!

De onde tempo, Dafne, onde o tempo
Para admirá-las brotar, colorir,
Se é mister fazê-las!
O homem, pois, que tem na rosa ofício,
Rosas não vê, senão o que delas tem:
Regá-las n'é tê-las!
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Cicero Galeno Lopes (Enrestando)

Se o senhor toma mate, sirva-se. Se fuma crioulo, sirva-se. Mas esses assuntos não são do meu dia, não há com quem conversar. A gente não pratica, se é que aprendeu algum dia. Até acho que certas falas doem. São como manga de chuva de enxurrada: são de bonança como de malença.

Nessas coisas sou como peixe fora d'água, na terra plana. Não tenho nem como nem que lhe responder. Minha vida é dos arredores. Me esforço no arrimo, como faz o que joga a bocha. Mal sei das coisas que posso e faço. A ciência do saber de tudo é coisa pra estudado. A sabedoria duns como eu é o que disse o Martín Fierro: Deve saber mui poco aquel que no aprendió nada. É ver um bicho, um cachorro. Que pode saber o cachorro senão o que já lhe vem na cabeça, o que lhe está nos instintos, o que a vida da busca faz aprender, por força? O cachorro olha a pessoa passando de calça comprida e pensa que aquilo que se mexe é o próprio que se move. Ele pensa, lá no pensar dele: esse aí é mole, os lados abanando. Ele vê a pessoa passar hoje, amanhã... O mesmo cheiro. Vai preparando a ação, a experiência. Num certo dia, por alguma razão que só cada um é que sabe, ele avança, pega a calça, rasga, tira um pedaço. Pensa: aqui vou eu com um pedaço dele. Era mole mesmo, até mais do que dava pra ver. Aquilo não tem firmeza nenhuma. Aqui vou eu com um pedaço.

A mim me parece - ainda que mal compare - que a gente no mundão é mais ou menos isso. Acha, pensa, examina, confirma. Acha e então proclama: tal coisa é isso, por isso e por aquilo outro. Quem demove? Quem explica que a parte não é o todo?

Senhor deve de pensar: mas é claro que a roupa não é a pessoa. Nós sabemos, mas o cão diz que é. Eu retoco: e por que não seria? Mude a roupa, mude o jeito. Examine. Vá primeiro num auto desses que parece que nem tocam no chão. Depois, pegue uma carrocinha velha, um cavalinho magro suado, ponha roupas de desalinho com remendos e manchas, use chapéu velho desabado ou uma boina ruça ensebada do uso. Experimente os dois modos. Vá ao povo, vá aonde estão as pessoas da cidade, bem vestidas, com tratos de fala, de bancos, de sociedade. Aí o senhor vai confirmar. Ou não? Senhor deve de estar pensando: Claro, você está fazendo como o cachorro da sua história. Eu lhe confirmo: é pelo mesmo conseguinte. Assim é que os homens vêem o mundo, assim escorregamos por esse mundão sem limites. O senhor acha que tem limites? Então o senhor vai me dizer que tem, por isso e por aquilo e outros mais. Eu, querendo ser de acordo com o senhor, vou lhe responder - Sim, senhor. Mas não será. Vou é ficar pensando como o senhor está enganado. Vou ficar com pena do senhor, pensando que acha rastro de pereá no meio das chircas. Aí os rastros são tantos e as marcas tão iguais, que o senhor acaba pensando de novo e se perguntando por que as coisas são tão diversas. Aí eu vou pensar que o senhor é um homem maduro, já combinado com nosso mundo.

Desse modo é que penso. Comadre Matilde, também conhecida por Mazinha, e comadre Zildinha, dita também Ildinha, que tiveram casa montada, aqui do lado, estão sempre, nas tardes, no seu mate. No verão, na sombra das árvores, onde bate vento fresco da lagoa. No inverno, ao lado do fogão a lenha, uma olhando pra outra, conversando das pessoas. Sabe o que dizem? Dizem sempre quase as mesmas coisas. Uma confirma a outra. O senhor desejando, vá ali. Elas recebem bem, são de bom trato, acostumadas. Antes tinham muitos fregueses, bom comércio de divertimentos, bons bailes. Era uma casa alegre, de tangos e boleros, Nélson Gonçalves do Livramento e outros na vitrola, bem alto, até a madrugada. O mundo delas foi quase sempre o mesmo, não dava tempo pra outros pensares. Então isso ficou sendo o mundo pra elas. A perna da calça na boca. O senhor deve agora de estar pensando: Claro, pois só viram isso. Eu lhe afianço: assim também fui eu. Até acho que é assim qualquer que seja. Vou lhe dizer: elas nem são daqui, vieram do Cacequi, ainda moças, quando o trem fazia parada longa pra sopa quente no inverno e pro passeio na estação, nos tempos quentes. Foi aqui que encontraram seu modo de vida. Viram o mundo se mexendo, pararam pra ver melhor como era. O outro mundo, de lá, de antes, não é mais mundo, é como um sonho sonhado, que não se tem onde pegar, por onde se chegar. Sonho se desmancha no tempo. Falar dele como, agora? Falar de que agora? Elas falam das pessoas que foram, das pessoas que passaram, mais perto. É a perna da calça na boca, a confirmação. Demais, ver o que mais, agora? O cachorrinho com o pedaço de pano da calça vai se deitar, ruminar suas certezas, envelhecer sabendo das coisas, sem esperança de outros passantes, porque são todos iguais, todos moles, sem firmeza. Coisas que não importam mais agora, porque o sabido fica guardado, quando se vê na altura das pernas das calças. Se fixe nisso. Que mais vou lhe dizer? Meus pensares se encerram nessas coisas que vejo nos bichos. Neste lugar as pessoas são poucas. Aqui ficam os velhos, as mães e alguns poucos pais, os defeituosos de nascença e do trabalho. Esse pontão de mundo é quase arrodeado de água. O olhar da gente fica enrestado pra um lado só, pra lá da lagoa que se perde de vista. Até os cachorros aqui são por demais de dorminhocos, quem sabe porque vêem sempre as mesmas pessoas passarem e sabem que todos são o que parecem, pra eles.

Fonte:
http://www.msmidia.com/cicero/

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Luis Kandjimbo (Breve História da Ficção Narrativa Angolana nos últimos 50 anos) Parte 3

2. A geração de 1890:
Pedro Féliz, José de fontes Pereira e Joaquim Dias Cordeiro da Matta

Em virtude da ausência quase absoluta de pesquisa no domínio da historiografia literária em Angola, é ainda hoje bastante escasso o volume de informações sobre algumas das figuras relevantes da literatura angolana, particularmente aquelas que marcam a segunda metade do século XIX. Por isso, não abundam referências respeitantes ao autor de Scenas de África. Todavia, é sabido que Pedro Félix Machado traz a público o seu romance em 1880 nas páginas da Gazeta de Portugal. Doze anos depois, em 1892 publica uma segunda edição, que é dado à estampa em Lisboa, comportando dois volumes.

Partindo da expendida noção de narrativa, não poderemos ignorar a mais brilhante das penas que exercitam o discurso em prosa no jornalismo angolano na primeira metade do século XIX.

Trata-se de José de Fontes Pereira que nasceu em Luanda no mês de Maio de 1823. Aí fez os estudos primários. Dotado de um grande sentido autodidata, realizou estudos de direito, tendo chegado a advogado provisionário, após obtenção de correspondente habilitação.
Joaquim Dias Cordeiro da Matta (1857-1894) é natural de Icolo e Bengo onde nasceu em 25 de Dezembro de 1857 na povoação de Cabiri. Possuindo apenas uma formação primária elementar, é um outro exemplo de autodidatismo que fizeram a história do jornalismo e da investigação em Angola. Numa nota necrológica publicada no jornal O Arauto Africano, diz Mamede de Sant’Ana e Palma: “ Não cursou universidade, nunca esteve em colégio nenhum da Europa, nem em escola nenhuma de Loanda e é por isso mesmo que tem juz (…) à estima dos seus patríocios e ao respeito dos homens ilustrados, porque à força de muita vontade tem querido honrar o seu país legando à posteridade o fruto da sua dedicação (…)”. Partilho a opinião de Mário António segundo a qual Cordeiro da Matta possuía na prosa um estilo mais vivo e ágil do que o que se encontra na poesia.

3. Os narradores da Geração de 48
O caso de Domingos Van-Dúnen e Uanhenga Xitu

DOMINGOS VAN-DÚNEM

Domingos Van-Dúnem nasceu em 1925 na localidade de Mbumba, em Caxito. Passou parte da sua infância em Luanda, onde fez os seus estudos primários. Em 1945 desempenhou funções de secretário de redacção do Jornal O Farolim, que era publicado na capital angolana desde 1932. Intensificou a sua atividade jornalística em Luanda, na segunda metade da década 40, tendo sido igualmente colaborador de jornais publicados em Lourenço Marques, atual Maputo e Lisboa.

Da sua dispersa colaboração a título de ilustração o seu primeiro conto A PRAGA publicado no Diário de Luanda em Agosto de 1947, dois artigos inseridos no Jornal Acção nomeadamente Breves considerações a roda de um grande tema e Notícia sobre o poeta Rui Noronha, datados de Junho e Setembro de 1947. Publicou Um História Singular, Milonga, Dibundu e Kuluka. Apesar de publicadas depois de 1974, as obras deste autor, tal como acontece com a de outros escritores, carregam marcas da experiência individual da sua geração em que avulta contexto da situação colonial.

Com Uma História Singular, publicado em 1975, inicia o tratamento de um tema que ressurge em narrativas posteriores, com algumas variações de intensidade. Este texto breve parece constituir uma paródia do destino das mulheres que, originárias das franjas inferiores da escala social, entram em amancebia com homens detentores de algum estatuto social, para contornar obstáculos da sua condição económica.

Milonga é um livro que inclui três contos cujas histórias decorrendo no período colonial se inscrevem no espaço urbano de Luanda e na região do Kuanza-Norte. Merece, no entanto, destaque O Processo, um conto que repete a história de uma criatura que vive as peripécias de uma indigência idílica.

O tecido novelesco de Dibundu comporta igualmente um feixe de ações que descambam no drama de uma mulher. Hébu é o nome da sacrificada personagem cuja infelicidade parece estar predeterminada por uma relação sexual episódica com um administrador colonial e que a expõe ao opróbio do seu meio.

Por outro lado, na obra de Domingos Van-Dúnem constrói e atribui às personagens o uso de expressões idiomáticas motivadas pela co-presença da língua kimbundu, no espaço em que os eventos narrativos se inscrevem. Em síntese, a obra de Domingos Van-Dúnem produz um traço de originalidade em razão da sua recorrência temática: a mulher, a personagem feminina e motivos associados aparecem em representações realistas, atuando em situações que lhes conferem sentido, mas destituídas tendencialmente de qualquer imagem patética.

UANHENGA XITU

A integração deste autor no grupo da geração de 48 é de certo modo inusitada, na medida em que ele revela-se para a literatura na década de 70. Ora, operando nós com um conceito de geração literária em que se dá relevância à experiência, não hesitamos em enquadrá-lo aí. É que a sua narrativa carrega as vivências de décadas anteriores, não podendo a sua escrita traduzir facilmente a permeabilidade relativamente às motivações diferencialistas dos narradores de 60 e 70.

Uanhenga Xitu, nome próprio em língua Kimbundu de Agostinho André Mendes de Carvalho, nasceu a 29 de Agosto de 1924. Em 1959 foi preso pela polícia política portuguesa. Publicou Mestre Tamoda (1974), Bola com Feitiço ( 1974), Manana (1974), Vozes na Sanzala- Kahito (1976), Maka na Sanzala (1979) Os Sobreviventes da máquina colonial depõem (1980), Discursos do Mestre Tamoda (1984)O Ministro (1989), Cultos Especiais ( 1997).

Do conjunto da obra deste autor, a crítica e o público celebram com frequência Mestre Tamoda e Discursos do Metres Tamoda . Tamoda, simbolizando, o mimetismo cabotino é uma personagem típica do mundo rural que através da exibição de maneirismos expõe à hilaridade o uso da língua portuguesa perante uma audiência com a jovens e crianças, transformando-se em modelo no que diz respeito ao emprego e manipulação do vocábulos portugueses.

Mas do meu ponto de vista é a narrativa Manana que merece uma atenção particular. Trata-se de uma história cujo interesse reside na incorporação de universos da tradição oral e na sua concentração à volta do tema da constituição da família e motivações da sua ruptura. Os sinais da oralidade impregnam o texto com alguma intensidade. O que pode ser verificado pela utilização de determinados códigos da oralidade: o musical, o cinésico, o onomástico.

O código musical rege os trechos cantados mais ou menos longos. O código onomástico rege os nomes de algumas personagens. Assim, o código musical associa-se ao código linguístico.

O funcionamento e as regras do código onomástico verificam-se, por exemplo, na decifração do nome Manana . O sentido e o procedimento de nominação é referido pelo personagem-narrador nos seguintes termos: “Soube mais tarde que o nome dessa Manana não é de origem portuguesa. É de quimbundo. Significa ninfa ou larva de abelhas. Alimento dos jithuxi, dos caçadores e de mais pessoas que fazem vida permanente nas matas”.

O código onomástico e as suas regras funcionam igualmente em relação a grande parte das personagens de segundo plano que têm nomes em kimbundu. Do mesmo modo os topónimos. No elenco dessas personagens destacam-se as seguintes: avô Mbengu, velha Kazola, Kalunga, velha Kifila, avô Matadi, Kunda Nzenze.

A oralidade há de ser um sistema de pressupostos e determinismos que, dada a sua omnipresença virtual em manifestaçãoes verbais representa uma memória em que coexistem elementos de natureza histórica e outros de natureza meta-histórica. Nestes últimos avultam determinados aspectos relevantes da ontologia e do imaginário.O tema permite identificar a interacção mantida com textos verbais não escritos incorporados na cultura angolana.

Na qualidade de escritor com um envolvimento directo na atividade política, pois é deputado à Assembleia Nacional, na sua bibliografia destacam O Ministro e Cultos Especiais duas obras consagradas à crítica social, ao culto da personalidade e a outros comportamentos dos políticos.
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continua... 4. O Exercício diferencialista da linguagem, a sátira a ironia e a verdade histórica na geração de 60
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Fonte:
http://www.nexus.ao/kandjimbo/breve_historia.htm

Lou de Olivier (Poesias Avulsas)

O tempo e os funerais

O tempo que tudo apaga
E a todos arrasta
Que a beleza estraga
E torna impura a jovem casta...

Esse tempo comanda o vento
E tudo o que há na natureza
Seca a vida a cada momento
Deixa a morte como única certeza...

Cada segundo que se vai
Não volta mais em tempo algum
É sempre o vento que atrai
E repele sem remorso nenhum...

Família, amor, trabalho
Tudo o que se vive aqui
O tempo condensa no orvalho
Resta uma essência a reluzir...

Lágrimas, dores, perdas:
É sempre igual
Mudam só cenário e personagens
E assiste o soberano temporal
A mais uma das últimas viagens...

Da vida então resta nada
Os mortos viram antepassados
Só resta uma data comemorada
O tempo anuncia: É dia de finados...
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Demônios da paz

Que a luz da liberdade
Brilhe sempre em nós
Em qualquer cidade
Nunca estejamos sós...

Em meio aos bombardeios
Estejamos lúcidos e fortes
Sejamos, sem rodeios,
Maiores que a dor e as mortes...

Sejamos para o mundo a alegria
Buscando a paz ao Universo
Fazendo canto em harmonia
Semeando amor em versos...

Pensemos no futuro almejado
No conforto de um novo caminhar
Pois ser poeta é sonhar acordado
Entre tantos que dormiram sem sonhar...

Sejamos a harmonia que encanta
Certeza que a segurança traz
E, se esta guerra é santa
Sejamos nós, demônios da paz...
(escrita após o atentado de 11 de setembro de 2001)
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Brasil

Tempo louco que vivemos
Sem saber do futuro
Se na paz venceremos
Ou, para sempre, só escuro...

Vida contrária a que sonhamos
Num universo em chamas
Não temos quem amamos
Outros se deitam em nossas camas...

Máquinas param de funcionar
Trabalhadores vão-se embora
Desfaz-se a força para lutar
Para o bem de quem os explora...

Sobe e desce dos palanques
Dança em eterna harmonia
Arrasta o povo, suga seu sangue
Na brincadeira da politicaria...

Bons livros empoeirando-se em prateleiras
Esperam pela platéia selecionada
Em meio a um bando de asneiras
Elegem-se reis e rainhas do nada...

Se outros mundos eu visito
Tudo em ordem, sem igual
Sinto pena desse país
Decadente, em eterno carnaval...

E, se a rima me ajuda
Penso montar um grande musical
O tema: Deus nos acuda!
Elenco da beira do lamaçal...

Reunirei todos os desistentes
De todas as áreas e afins
Será a produção independente
Dos rejeitados tupiniquins...

Em letreiros coloridos
Veremos, finalmente, nosso nome
Expondo nossos sonhos doloridos
Ao público que passa fome...

No cartaz, escrito em anil
Ao público que lê meio tonto
Assistam todos: Nossa terra Brasil
Patrocínio: Lojas passa-se o ponto...
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Sobre a Autora
Lou de Olivier (1961)
Nasceu em São Paulo, em 21 de fevereiro de 1961. Psicopedagoga, Psicoterapeuta, precursora da Multiterapia. Pós-graduada em Medicina Comportamental e Psicopedagogia, Bacharel em Artes Cênicas, é também graduada em Educação Artística e tem extensões universitárias em Neuropsicologia e Musicoterapia. Especialista em distúrbios de aprendizagem e de comportamento. É também escritora, dramaturga e pesquisadora. Suas publicações e escritos lhe renderam dois prêmios na Inglaterra: "Award Echo of Literature", como uma das escritoras contempladas e Lancaster House Award, como pesquisadora. No Brasil, foi laureada com o prêmio "Mulher, Linda Mulher", entregue em solenidade na Câmara Municipal de São Paulo em 18/03/08

É autora de uma série de romances destacando-se "O preço de um sonho", "Paixão virtual", "Tua força é meu destino, teu destino é minha missão" e "Romance policial" e o inédito "Mística, perversa, sensual", que reúne o melhor de seus contos e crônicas.
Autora de quatorze textos teatrais/cinematográficos, destacando-se "Siga aquele voto", "Nunca em Los Angeles" , "Eu inteiro, metade de mim", "A Cinderela que não era Bela por que era Branca demais", já encenada em diversas cidades brasileiras, tendo recebido vários prêmios em festivais e "Os alienados", sendo este o mais conhecido, esteve em temporada profissional com grande sucesso e já foi montado por diversos grupos de teatro amador tendo sido aplaudido e premiado em festivais por todo o Brasil e na Europa, destacando-se a montagem em Portugal. Neste segmento, além da personagem Soraya Estrada, que encanta a todos com seus apimentados romances, destacam-se a sensitiva Ana, sempre envolvida em estórias belas e surpreendentes, Selena, uma verdadeira deusa grega...
E tantas outras personagens que emprestam a Lou suas estórias em contos e crônicas inesquecíveis, numa modalidade de escrita que, sem dúvida, a Lou domina como ninguém. É também autora de mais de seiscentas poesias, publicadas em várias coletâneas e, eventualmente em jornais como "Café Literário". Participou da coletânea UKBrazil - Antology of Poems na Inglaterra e, no Brasil, participou das Antologias Livre Pensador (Scortecci), Caminhos do amor (Oficina Editora) e quatro antologias pela REBRA (Rede de Escritoras Brasileiras), de onde foi Conselheira, exercendo cargo voluntário (não remunerado por varios anos). Atualmente, Lou não mais pertence a esta associação.
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Fonte:
http://www.loudeolivier.com.br/

Paulo Bearzoti Filho (A Palavra que não Pára de Crescer)

Qual é a maior palavra da língua portuguesa? Há quem diga que é ANTICONSTITUCIONALISSIMAMENTE.

Mas há também umas palavras técnicas, sobretudo das áreas biológicas e químicas, que não deixam por menos. Tipo: NEO-AREOLOMAMILOPLASTIA.

Segundo o dicionário Aurélio, tal “palavrão” deriva de ne(o) + aréola + o + mamil(o) + plast(o) + ia. É um substantivo feminino que designa uma “intervenção cirúrgica destinada a reconstruir, parcial ou totalmente, aréola e mamilo”.

Mas sabe de uma coisa? Nós também podemos criar uma palavra bem grande. Acompanhe a história e, ao final, diga se não é verdade.

“Era uma vez, um estranho e misterioso país chamado Eldorado. Eldorado pertencia ao bloco de países denominado Terceiro Mundo ou países em desenvolvimento, cuja principal característica é a pobreza.

Ainda por cima, os habitantes de Eldorado deram o azar de falar o eldoradês, idioma considerado o mais difícil do mundo. E essa é a história de como o eldoradês provocou o caos político em Eldorado. Havia em eldoratim – a língua-mãe do eldoradês – um vocábulo que significava “filhos”. Era o vocábulo PROLE.

Em Eldorado, havia pessoas tão pobres, que, para elas, a única riqueza eram os filhos. Esses foram chamados de PROLETÁRIOS.

Mas, originalmente, muitos não eram pobres. Existiram tantos planos econômicos e tantas crises, que alguns “não-proletários” se tornaram proletários. Surgiu, então, um verbo para indicar essa ação de “tornar-se proletário”, o verbo PROLETARIZAR.

O fato era tao frequente que produziu até um substantivo. O “ato ou efeito de proletarizar” gerou a PROLETARIZAÇÃO.

E isso era muito comum em Eldorado. Tao comum a ponto de parecer um movimento orquestrado, o movimento do PROLETARIZACIONISMO.

Os agentes ou responsáveis por esse movimento foram então denominados de PROLETARIZACIONISTAS.

Eles eram os desalmados, os que proletarizavam o povo e promoviam o proletarizacionismo.

Mas havia um problema ainda maior em Eldorado. Muitas pessoas, na origem, eram idealistas, queriam fazer bem ao povo. Convivendo, contudo, com os proletarizacionistas, tornavam-se também malvados. Essa ação originou o verbo PROLETARIZACIONISTIFICAR.

E isso era muito frequente. Proletarizacionistificavam-se tantos homens idealistas em Eldorado, que pareceu um verdadeiro movimento organizado, o movimento denominado PROLETARIZACIONISTIFICACIONISMO.

E essa era a razão político-linguística do caos em Eldorado”

A possibilidade de criar palavras assim imensas foi demonstrada pelo linguísta romeno Eugenio Coseriu. Segundo ele, uma língua é um sistema “aberto”, formada não apenas por elementos efetivamente realizados mas também por todo um potencial que busca a criação de elementos.

No nosso exemplo, criamos vocábulos com base no radical latino prole. Até o quarto “passo” - proletarização – atuamos dentro do que a língua já realizou. A partir desse ponto, inovamos dentro do sistema da Língua Portuguesa.

Então: existe mesmo a maior palavra de um idioma?
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"pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico", está registrada no novo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tendo por definição «estado de quem é acometido de uma doença rara provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas». (notas de J. Feldman)
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Sobre o Autor:
Paulo Bearzoti Filho é professor de língua portuguesa, supervisor dessa disciplina nas Escolas do Grupo Positivo (Curitiba,PR) e autor, entre outras obras, de Formação Linguística do Brasil (Positivo, 2002).
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Fonte:
Revista Discutindo Língua Portuguesa. Ano 1. n.1 São Paulo: Editora Escala. p.66.

Convite para Participar de Antologia para a XIV Bienal Internacional do Livro 2009

Prezado(a) colega e amigo(a) escritor(a)

Com muita honra fui convidada a organizar/coordenar uma antologia com aproximadamente 64 páginas que será lançada, provavelmente, para o dia das mães. Estou te convidando a integrar este belissimo projeto que, além de ser um maravilhoso presente para o dia das mães, irá coloca-lo no seleto grupo de escritores publicados em parceria comigo e teremos este livro na XIV Bienal Internacional do Livro de 2009, em outras feiras de igual importância literária. E também disponivel para vendas online em sites como Submarino, Saraiva, Americanas.com e outros.

Para que este projeto possa se concretizar, preciso que me envie a resposta com urgência citando sua participação e sua disponibilidade para enviar seu texto o mais rapido possivel, pois haverá uma pré seleção de textos. Não é necessário ser escritor profissional nem é preciso ter publicado nenhum texto para participar deste projeto.

O numero de aprovados será no minimo 15 (quinze) e, no maximo 30 (trinta) escritores e todos terão direito a publicar seu texto aprovado nesta antologia, desde que respeitem os seguintes critérios:

O tema: Dia das mães ou, simplesmente, mãe;

O gênero: Serão aceitos tanto prosa quanto verso (crônica, conto ou poesia), que deverão caber em uma ou três paginas. Além destas, haverá uma pagina de biografia, ou seja, cada participante terá uma pagina de biografia mais uma para poesia ou três para conto/crônica, totalizando duas paginas para poesia ou quatro paginas para conto/crônica. Não serão aceitos textos que fujam deste padrão de paginas;

OBS: Para a publicação, será enviado um modelo de pre formatação, muito facil de manusear e será preciso apenas escrever dentro do espaço estipulado e me enviar o texto para analise.

O prazo: Para participar da pre seleção, deverá enviar seu texto para analise até dia 26/01 (vinte e seis de janeiro de 2009), o prazo para seleção será de 26/01 a 10/02 e os aprovados serão anunciados em listagem a partir do dia 10/02 (dez de fevereiro de 2009), quando ja poderão assinar contratos e reservar sua vaga neste livro.

E ATENÇÃO: Para participar da pre-seleção, não há custos, é inteiramente gratis. Somente os aprovados terão o custo de duas ou quatro paginas de impressão como está especificado a seguir:

Valores: (com direito a 10 exemplares (autores de poesias) ou 20 exemplares (autores de contos/cronicas) incluindo:

Revisão ortográfica via software (Word), produção e impressão do livro em formato 14X21, com capa colorida e com orelhas, diagramação, criação da capa, impressão no sistema digital, acabamento, marcadores de página para divulgação. convites coloridos para o lançamento . Inclui também o ISBN, que é o registro na Biblioteca Nacional, Ficha Catalográfica, que é o registro na Câmara Brasileira do Livro e o Depósito Legal junto à Biblioteca Nacional. Incluindo também espaço cultural para o lançamento e coquetel em São Paulo e Assessoria de imprensa e divulgação em nivel nacional

O valor: Há duas opções de valor:

Duas paginas (para poesia): R$ 160,00 (cento e sessenta reais) Esta modalidade da direito a 10 exemplares para o autor distribuir a quem quiser;
Quatro paginas (para contos/crônicas): R$ 320,00 (trezentos e vinte reais) Esta modalidade da direito a 20 exemplares para o autor distribuir a quem quiser.

A preferência é para pagamento à vista, mas é possivel parcelar em dois cheques, sendo um cheque no ato de aprovação de seu texto e outro pré datado para trinta dias. Os dois cheques deverão ser entregues no ato de assinatura de nossos contratos, em data a definir de comum acordo com todos os participantes.

Gostou da idéia? Participe conosco, Tem algum amigo que gosta de escrever, avise-o. Envie para suas listas e dê uma chance aos novos talentos, entre eles, você!!!

Solicite mais informações respondendo a este e-mail ou enviando mensagem para louevoce@terra.com.br

Lou de Olivier - Psicopedagoga, Psicoterapeuta, Dramaturga, Escritora, Especialista em Medicina Comportamental e Precursora da Multiterapia
http://www.loudeolivier.com.br/ ou http://www.loudeolivier.com/

Fonte:
Douglas Lara.
http://www.sorocaba.com.br/acontece

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Gabinete de Leitura Sorocabano comemora hoje 142 anos

Para marcar os 142 anos de atividades do Gabinete de Leitura Sorocabano, comemorados oficialmente hoje, está sendo preparada uma outorga de medalhas, que visa homenagear principalmente os que colaboraram com a entidade ao longo dos anos.

Conforme o coronel da reserva João Oliveira Verlangieri, presidente da instituição, o governo do Estado de São Paulo criou uma medalha cultural para homenagear personalidades de destaque na sociedade. A medalha, que recebeu o nome de Luiz Matheus Maylaski, será destinada a ex-presidentes do Gabinete que estão vivos, a associados que se destacaram durante esses anos de existência do Gabiente, e pessoas que se entregaram de forma diferenciada em apoio à entidade.

Entre as personalidades que serão contempladas com a medalha, Verlangieri afirma que está o cônsul geral da Alemanha em São Paulo. Ele lembra que o Gabinete de Leitura surgiu a partir da iniciativa de alemães, que se reuniam em uma associação fechada e resolveram abrir essa sociedade para o povo sorocabano. Eles tornaram essa sociedade um órgão cultural e o Gabinete de Leitura continua com essa finalidade até hoje, por isso fazemos questão de distinguir o povo alemão na principal personalidade que existe no Estado de São Paulo, afirma o presidente da entidade.

Após dois anos na presidência do Gabinete de Leitura Sorocabano, o coronel da reserva João Oliveira Verlangieri deixa o cargo, quando uma nova diretoria assume, para o biênio 2009-2010.

A expectativa, conforme Verlangieri, é de continuidade dos projetos anteriores. A nova equipe é formada por pessoas que desejam fazer o melhor para o Gabinete, como sempre foi, afirma.

Durante o período que esteve à frente da entidade, Verlangieri conseguiu realizar diversos projetos, como a campanha pelo aumento do número de associados e a digitalização do acervo antigo do jornal Cruzeiro do Sul, em propriedade do Gabinete. Agora o próximo passo é digitalizar outros jornais, diz.

Conforme ele, sua equipe trabalhou bem afinada. Fizemos muitas coisas positivas, ressalta, lembrando ainda que conseguiram revitalizar o salão nobre e também restaurar as obras de arte da entidade, como o quadro de Dom Pedro II. Além disso, na gestão de Verlangieri, o Gabinete recebeu uma nova mesa diretora, doada por uma marcenaria da cidade, e a troca das persianas, que contou com a colaboração da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA).

Através de parceria com a Abril Cultural, a entidade passou a receber revistas com reportagens especiais. Também recebemos a doação de 1.200 livros antigos e até mesmo uma coleção do Pasquim. Pedimos autógrafo para o Ziraldo justamente no número que a equipe tinha sido presa, então esse é o único exemplar que leva assinatura, comenta Verlangieri.

O Gabinete foi também contemplado com um acervo de DVDs, através de doação de uma locadora que destinou à entidade mais de 600 títulos, que estão disponíveis para os associados. Antes de terminar a minha gestão, ainda pretendo firmar convênio com a Santa Casa de Sorocaba, para levar uma biblioteca circulante aos doentes, para que possam ter o prazer da leitura. É claro que existe uma norma, para não prejudicar a saúde desses pacientes. Os livros, por exemplo, tem de ser novos, entre outros detalhes. E foi pensando no bem-estar dos associados que passamos a adotar o procedimento de uso de luvas e máscara para aqueles que desejam fazer pesquisa em nosso material antigo, afirma.

Verlangieri faz questão de ressaltar que durante sua gestão o Gabinete de Leitura realizou diversas atividades culturais e de entretenimento, entre elas o lançamento de livros, a abertura da casa para palestras, a promoção de desfiles de modas e a comemoração das principais datas do ano. Tem gente que questiona algum tipo de evento, mas eu acho válido e sempre faço questão de prestigiar, diz.

Para Verlangieri, independente de suas realizações, o importante é que as pessoas vejam que o Gabinete está vivo e que segue em frente.

Apesar de deixar a presidência, Verlangieri ainda estará envolvido com o Gabinete de Leitura, já que fará parte do Conselho Fiscal. Integram a nova chapa Nassib Stefano (Diretor de Patrimônio), José Ademar Rodrigues (1º Secretário), Ari José Brandão (2º Secretário), Guerrino Peretti (1º Tesoureiro), Pedro Benedito Paiva Júnior (2º Tesoureiro), Rosali Alves (Diretor Cultural) e Antonio Francisco Mascarenhas (Diretor Social). No Conselho Fiscal, além de Verlangieri, estarão Laor Rodrigues e Sidney Benedito de Oliveira.
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Conheça a história do Gabinete em http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/01/gabinete-de-leitura-sorocabano.html
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Fontes:
Notícia publicada na edição de 13/01/2009 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno B.
Douglas Lara.
http://www.sorocaba.com.br/acontece

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

José Rodrigues dos Santos (Estante de Livros)

A Vida num Sopro

Através da história de uma paixão que desafia os valores tradicionais do Portugal conservador, este fascinante romance transporta-nos ao fogo dos anos em que se forjou o Estado Novo.
Portugal, anos 30.

Salazar acabou de ascender ao poder e, com mão de ferro, vai impondo a ordem no país.
Portugal muda de vida. As contas públicas são equilibradas, Beatriz Costa anima o Parque Mayer, a PVDE abafa a oposição.

Luís é um estudante idealista que se cruza no liceu de Bragança com os olhos cor de mel de Amélia. O amor entre os dois vai, porém, ser duramente posto à prova por três acontecimentos que os ultrapassam: a oposição da mãe da rapariga, um assassinato inesperado e a guerra civil de Espanha.
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A Filha do Capitão

Decorrendo durante a odisseia trágica da participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial, A Filha do Capitão conta-nos a aventura de um punhado de soldados nas trincheiras da Flandres e traz-nos uma paixão impossível entre um oficial português, o capitão Afonso Brandão e uma bonita francesa Agnés Chevallier. Mais do que uma simples história de amor, esta é uma comovente narrativa sobre a amizade, mas também sobre a vida e sobre a morte, sobre Deus e a condição humana, a arte e a ciência, o acaso e o destino.

Até ao final de 2007, esta obra de José Rodrigues dos Santos já havia alcançado uma tiragem de 85.000 exemplares o que constitui um grande sucesso editorial no mercado português. No entanto, as obras seguintes, tais como O Codex 632, A Fórmula de Deus e O Sétimo Selo, ultrapassaram em muito aquele número.
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O Sétimo Selo

Um cientista é assassinado na Antártida e a Interpol contata Tomás Noronha para decifrar um enigma com mais de mil anos, um segredo bíblico que o criminoso rabiscou numa folha e deixou ao lado do cadáver: 666.

O mistério em torno do número da Besta lança Tomás numa aventura de tirar o fôlego, uma busca que o levará a confrontar-se com o momento mais temido por toda a humanidade.

O apocalipse.
De Portugal à Sibéria, da Antártida à Austrália, O Sétimo Selo transporta-nos numa empolgante viagem às maiores ameaças que se erguem à sobrevivência da humanidade.
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A Ilha das Trevas

Paulino da Conceição é um timorense com um terrível segredo. Assistiu, juntamente com a família, à saída dos portugueses de Timor-Leste e a todos os acontecimentos que se seguiram, tornando-se um mero peão nas circunstâncias que mediaram a invasão Indonésia de 1975 e o referendo de 1999 que deu a independência ao país.

Só há uma pessoa a quem Paulino pode confessar o seu segredo - mas terá coragem para o fazer?

A vida e tragédia de uma família timorense serve de ponto de partida para aquele que é o romance de estréia de José Rodrigues dos Santos,.

Um romance pungente onde a ficção se mistura com o real para expor, num ritmo dramático, poderoso e intenso, a trágica verdade que só a criação literária, quando aliada à narrativa histórica, consegue revelar.
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A Formula de Deus

Contratado para decifrar um manuscrito de Einstein só agora descoberto, Tomás Noronha, professor universitário, envolve-se num jogo duplo entre o Ministério da Ciência Iraniano e a CIA, procurando desvendar a prova científica da existência de Deus, descoberta por Einstein, embora o Irão e os EUA julguem que o documento do cientista expõe a fórmula para fabricar facilmente uma bomba nuclear.

Com a ajuda de Ariana Pakravan, por quem se apaixona, ele tenta sair ileso de mais uma aventura. Enquanto o seu pai tem os dias contados devido a um cancro do pulmão, Tomás tem de escapar às perseguições dos iranianos, após os ter traído para ajudar a CIA. É Ariana quem o ajuda, acabando por se deixar levar pelos seus sentimentos relativamente ao português.

Após uma viagem que vai desde o Irão ao Tibete, e ainda em Portugal, eles conseguem provar, precisamente no dia do funeral do pai de Tomás, que o documento de Einstein não contém a fórmula para o fabrico para uma bomba nuclear, mas sim uma tese científica relativa à existência de Deus.

Personagens
Tomás Noronha: protagonista da trilogia, Tomás é professor de História na Universidade Nova de Lisboa e criptanalista, divorciado desde há cerca de cinco anos. É contratado por Ariana Pakravan em nome do Ministério da Ciência iraniano para decifrar o Die Gottesformel, o documento de Einstein que tematiza a existência de Deus. Mais tarde, é forçado a espiar os iranianos para a CIA, uma vez que quer esta quer o Irão, pensam que o Die Gottesformel dá a fórmula para a criação de uma bomba nuclear fácil, barata e destrutiva como nunca antes visto. Acaba por se apaixonar por Ariana.
Ariana Pakravan: física nuclear a trabalhar para o Ministério da Ciência do Iran. Ajuda Tomás a decifrar o manuscrito de Einstein e chega a trair o seu país para salvar o português. Apesar de apaixonada por ele, Ariana resiste às investidas de Tomás devido às severas leis iranianas e à diferença cultural entre ela e ele.
Frank Bellamy: dirige o Diretório de Operações da CIA. Pensando que os iranianos estão a tentar fabricar uma nova arma nuclear, obriga Tomás a fazer um jogo duplo, ajudando os iranianos, mas revelando todas as informações à agência americana.
Manuel Noronha: pai de Tomás, fica com um cancro pulmonar devido ao tabagismo. Apesar de morrer por causa da doença no final, Manuel, professor de Matemática na Universidade de Coimbra, revela-se uma ajuda importante na investigação de Tomás, com quem nunca teve uma relação tão próxima como deveria ser entre pai e filho.
Luís Rocha: assistente do professor Augusto Siza, que colaborou com Einstein na criação de Die Gottesformel e foi raptado pelos iranianos, ajuda Tomás na interpretação dos resultados na investigação acerca do manuscrito.

Temática
Este romance trata principalmente as provas para a existência de Deus. Expõe também argumentos contra o modo como a Bíblia caracteriza Deus, embora mostre cálculos que mostram a existência de certas verdades científicas no Gênesis.
Trata ainda temas como a diferença entre culturas (Irã, Tibete, Portugal), o plano nuclear iraniano, o modo como a CIA opera, as semelhanças entre a ciência ocidental e o pensamento oriental e o cancro pulmonar.

Tese principal: a existência de Deus
A tese exposta no livro é baseada em teorias verdadeiras, algumas até conhecidas, como a Teoria da Relatividade, de Einstein, o Princípio Antrópico, ou o Teorema da Incompletude. Há um grande foco sobre o Big Bang, devido à comparação entre este e a famosa frase do Gênesis: "faça-se luz!".

Neste livro, defende-se a existência de um Deus não antropomórfico, como afirma a Igreja, mas sim como uma inteligência superior e com uma determinada intenção na criação do Universo e no surgimento da Humanidade.
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O Códex 632

Baseado em documentos históricos genuínos e fundamentalmente no trabalho do historiador Augusto Mascarenhas Barreto (The Portuguese Columbus: Secret Agent of King John II, 1992, McMillan Edition), (“Cristovão Colombo – Agente Secreto de EL Rei D.João II”, em 1988, Editora Referendo), ao longo das suas 552 páginas, "O Codex 632" conta a história de uma investigação em torno da possibilidade de Cristóvão Colombo ser português, apoiando-se em lacunas do percurso do navegador cuja identidade e missão continuam a suscitar dúvidas.

Em 2005, José Rodrigues dos Santos estabeleceu um acordo com uma das principais editoras a operar nos Estados Unidos da América, a Harper Collins, com o objectivo de lançar "O Codex 632" naquele país. O livro foi apresentado na Book Fair America de 2007 como um dos principais lançamentos daquela editora, estando agendada a sua publicação para o dia 1 de Abril de 2008 sob a chancela da William Murrow, um dos principais selos do grupo. O livro estará à venda na Barnes & Noble e na Borders, as duas principais livrarias dos EUA. Entretanto, outro acordo foi obtido pelo autor e e pela Gradiva com o Gotham Group, uma empresa de Los Angeles ligada às principais produtoras de Hollywood, tal como a Paramount, Twentieth Century Fox ou a Universal Studios, com o objectivo de adaptar "O Codex 632" ao cinema. A acontecer, José Rodrigues dos Santos será o segundo autor português, a seguir a José Saramago com "Ensaio sobre a Cegueira", a ver uma obra ser transposta para o cinema pelos estúdios de Hollywood.

Até ao final de 2008, "O Codex 632" já havia alcançado a sua 32ª edição, com uma tiragem total de 175.000 exemplares. Encontra-se editado em Portugal, no Brasil, Espanha, Itália e Reino Unido.

Fontes:
http://www.portaldeliteratura.com.br
http://pt.wikipedia.org

José Rodrigues dos Santos (1964)



José António Afonso Rodrigues dos Santos (Beira, 1 de Abril de 1964) é um jornalista e escritor português nascido na antiga colônia portuguesa de Moçambique.

Anos iniciais em África

Natural da província de Sofala, Cidade da Beira, na antiga colônia de Moçambique do Império Português, mudou-se ainda bebê para a cidade de Tete onde permanece até aos nove anos, convivendo com a Guerra Colonial. Tal como a esmagadora maioria dos portugueses, alguns dos seus antepassados estiveram envolvidos na Primeira Guerra Mundial, na Flandres e na Guerra Colonial em África, sendo que o seu segundo romance, intitulado "A Filha do Capitão" é assumido como um tributo que lhes é prestado.

Percurso durante a adolescência

Após a separação dos seus pais, vai para Lisboa onde vive com a mãe. No entanto, as dificuldades econômicas da mãe levam-no a mudar-se para a residência do pai, em Penafiel, no norte de Portugal. A difícil adaptação do pai a terras lusas motivou a partida para Macau. Já no oriente, participa na elaboração de um jornal escolar, que desperta o interesse dos responsáveis da rádio local e leva o jovem estudante a ser entrevistado por uma jornalista que acabara de chegar a Macau: Judite de Sousa, hoje outra bem conhecida jornalista portuguesa e sua colega na RTP. Em 1981, aos 17 anos, o jovem José Rodrigues dos Santos inicia-se verdadeiramente no Jornalismo, ao serviço da Rádio Macau.

Carreira como jornalista

Em 1983, regressa a Portugal para frequentar o curso de Comunicação Social da Universidade Nova de Lisboa. Terminado o curso, candidata-se a um estágio na BBC, (British Broadcasting Corporation), a bem conhecida emissora britânica de televisão. A resposta é positiva mas não lhe é concedido qualquer financiamento. Aplica então a herança do pai, entretanto falecido, em três meses de experiência profissional em Inglaterra.

Regressa a Portugal, onde obtém duas distinções: o Prêmio Ensaio do Clube Português de Imprensa, em 1986 e o Prêmio de Mérito Académico do American Club of Lisbon, em 1987. Devido a essas credenciais é convidado pela BBC World Service para trabalhar em Londres, onde fica durante três anos, até 1990.

Da BBC seguiu para a RTP, onde começou a apresentar o noticiário "24 Horas". Em 16 de Janeiro de 1991, as forças coligadas de 28 países liderados pelos Estados Unidos da América dão início ao bombardeio aéreo de Bagdad, no Iraque, dando início à Primeira Guerra do Golfo. José Rodrigues dos Santos protagoniza então uma maratona televisiva de cerca de 10 horas, sobre o ataque americano ao Iraque, acabando posteriormente por se tornar o rosto mais conhecido da televisão pública.

Em 1991 passou para a apresentação do diário "Telejornal", o principal jornal diário da televisão portuguesa, no ar já por quarenta anos, e tornou-se colaborador permanente da CNN (Cable News Network), a cadeia norte americana de informação em contínuo, de 1993 a 2002. Hoje continua a apresentar o telejornal, em conjunto com Judite de Sousa e José Alberto Carvalho.

Doutorado em Ciências da Comunicação, com uma tese sobre reportagem de guerra, é professor da Universidade Nova de Lisboa e jornalista da RTP, ocupando por duas vezes o cargo de Diretor de Informação da televisão pública portuguesa. É um dos mais premiados jornalistas portugueses, tendo sido galardoado, além dos prêmios já referidos, com o Grande Prêmio de Jornalismo, em 1994, atribuído pelo Clube Português de Imprensa. Internacionalmente, venceu três prêmios da CNN: o Best News Breaking Story of the Year, em 1994, pela história "Huambo Battle" relacionada com a Guerra de Angola; o Best News Story of the Year for the Sunday, em 1998, pela reportagem "Albania Bunkers"; e o Contributor Achievement Award, em 2000, pelo conjunto do seu trabalho, aquele que é considerado o Pullitzer do jornalismo televisivo.

Romancista

José Rodrigues dos Santos é hoje um dos jornalistas mais influentes para as novas gerações e no panorama informativo nacional. No entanto, além da sua mais conhecida faceta como jornalista, José Rodrigues dos Santos é também um ensaísta e romancista. Especialmente nesta última vertente, tornou-se dos escritores portugueses contemporâneos a alcançar maior número de edições com livros que venderam mais de cem mil exemplares cada. Até ao final de 2007 publicou quatro ensaios e cinco romances. O romance de estréia, intitulado "A Ilha das Trevas" foi reeditado pela Gradiva, em 2007, atual editora do autor.

Em 2005, José Rodrigues dos Santos estabeleceu um acordo com uma das principais editoras a operar nos Estados Unidos da América, a Harper Collins, com o objetivo de lançar naquele país a obra "O Codex 632". O livro foi apresentado na Book Fair America de 2007 como um dos principais lançamentos daquela editora, estando agendada a sua publicação para o dia 1 de Abril de 2008 sob a chancela da William Murrow, um dos principais selos do grupo. O livro estará à venda na Barnes & Noble e na Borders, as duas principais livrarias dos EUA. Entretanto, outro acordo foi obtido pelo autor e e pela Gradiva com o Gotham Group, uma empresa de Los Angeles ligada às principais produtoras de Hollywood, tal como a Paramount, Twentieth Century Fox ou a Universal Studios, com o objetivo de adaptar "O Codex 632" ao cinema. A acontecer, José Rodrigues dos Santos será o segundo autor português, a seguir a José Saramago com "Ensaio sobre a Cegueira", a ver uma obra ser transposta para o cinema pelos estúdios de Hollywood.

Conforme é descrito no site da RTP, José Rodrigues dos Santos é um homem que perante os sérios problemas de um mundo em constantes convulsões não perde o sentido de humor, sendo-lhe atribuída a frase irônica: "Ainda não percebo porque é que o meu boneco do Contra Informação tem as orelhas tão grandes..."

Obras publicadas

Ensaio
• Comunicação, Difusão Cultural, 1992; Prefácio, 2001
• Gradiva, 2001; Círculo de Leitores, 2002
• Crónicas de Guerra II - De Saigon a Bagdad, Gradiva, 2002; Círculo de Leitores, 2002
• A Verdade da Guerra, Gradiva, 2002; Círculo de Leitores, 2003

Ficção
• A Ilha das Trevas, Temas & Debates, 2002; Prefácio e Círculo de Leitores, 2003; Gradiva, 2007
• A Filha do Capitão, Gradiva, 2004
• O Codex 632, Gradiva, 2005
• A Fórmula de Deus, Gradiva, 2006
• O Sétimo Selo, Gradiva, 2007
• A Vida Num Sopro, Gradiva, 2008

Fonte:
http://pt.wikipedia.org

Katherine Martins de Oliveira (Pela Estrada da Vida)



Andar pela estrada da vida;
Seguir sem ter medo do que vem à frente;
Acreditar na sorte seguida;
Espero que tente:

Juntar os amigos,
Rir a noite inteira,
Nunca ficar sozinho,
Ser aquilo que queira.

A viagem contínua
Feita por todos nós
É você que tem que escolher.

Onde for
Sempre estará alguém
Que te guie, que te cuide,
Que te ame, que te ajude,

Que queira seguir
O caminho escolhido por ti,
Que queira apenas viver
Sem saber a razão e o porquê.

Se decida
Aqui e agora
Na estrada da vida
O caminho tem várias saídas.

Não olhe para trás
Se arriscar é assim
O medo vai embora
Você pode ser feliz.

Onde for
Sempre estará alguém
Que te guie, que te cuide,
Que te ame, que te ajude,

Que queira seguir
O caminho escolhido por ti,
Que queira apenas viver
Sem saber a razão e o porquê.

Sempre que estiver sozinho
Lembre-se de seus amigos
Aqueles que não se importam
De você ser como é.

Amigos Fiéis...
Que te ajudam.
Amigos Fiéis...
Que te cuidam.
Amigos Fiéis...
Que sempre irão te seguir.
Amigos Fiéis...
Que sempre estarão aqui.

Onde for...
Sempre estarão aqui!
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Sobre a autora
Katherine Martins de Oliveira (1994)
Possui 13 anos de idade e mora na cidade de Sorocaba/SP. Seu primeiro livro sem figuras que leu, foi "O Cachorrinho Samba na Fazenda", de Maria José Dupré. Seus autores favoritos são Fernando Sabino, Pedro Bandeira, Marcos Rey, Carlos Drumnmond de Andrade, Mario Quintana, Paulo Coelho, Sidney Sheldon, Agatha Christie, Emily Rodda, entre outros.
Katherine escreve quando dá vontade, quando uma idéia vem na cabeça, quando necessita fazer. Não fica horas na frente de um papel. "Se a idéia vem, pronto, num pedaço já anoto e o resto é moleza".
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Fonte:
MORAES, Cintian e LARA, Douglas (organizadores). Antologia Rodamundinho 2008. Itu(SP): Ottoni Editora, 2008. p. 67-68.

O Nosso Português de Cada Dia (Senão e Se Não)



Temos aí um caso comum que causa bastantes confusões. No entanto, é bastante fácil de resolvermos esse problema.

A expressão SE NÃO é formada pela conjunção condicional SE mais a palavra NÃO, que é um advérbio de negação.

Portanto, essas palavras devem ser usadas sempre que a frase indicar a condição da segunda frase. Observe os seguintes exemplos:
1. Se não estudar, você não será aprovado.
2. Se não ganhar na loteria, será pobre pelo resto da vida.

Em TODOS os outros casos, você usará sempre SENÃO. Observe os seguintes exemplos:
1. Seu currículo possui um senão.
2. Ele não conhece senão as garotas bonitas da escola.
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Fonte:
Prof. Dr. Ozíris Borges Filho.
http://www.movimentodasartes.com.br/

Luis Kandjimbo (Breve História da Ficção Narrativa Angolana nos últimos 50 anos) Parte 2

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1. Narrativa Literária Angolana e a sua Identidade

O CONCEITO DE LITERATURA ANGOLANA

Ora, ao cuidarmos da narrativa literária angolana temos como objeto um segmento da arte verbal angolana. Donde ressalta uma idéia preliminar que reputamos fundamental, segundo a qual a narrativa angolana é anterior ao uso da língua portuguesa. O que do ponto de vista estético, ajuda a compreender o fato de estar subjacente uma realidade pré-existente que deve articular-se a novas elaborações ontológicas e epistemológicas que visem a autonomização da literatura angolana e a fundamentação substantiva do adjetivo que qualifica a narrativa e a ficção. Por outras palavras, teremos de responder à seguinte interrogativa: como e quando é que a narrativa e a ficção literária podem ser consideradas angolanas?

A resposta àquela questão sugere o que pode ser designado por identidade narrativa que, traduzindo a idéia de algo permanente, seja numa pessoa individual, seja numa comunidade histórica, permite, no dizer de M. a. M. Ngal, consagrar a expressão de uma “coesão totalizadora indispensável ao poder da distinção”. É neste sentido que aplicada à história das narrativas literárias, a referida noção “ conforma o caráter durável de uma personagem (…) construindo o tipo de identidade dinâmica própria da intriga que faz a identidade da personagem”. Mas a identidade narrativa não se circunscreve exclusivamente à personagem.

Em Literatura Angolana e Texto Literário, Jorge Macedo detecta quatro tipos de discursos narrativos apresentando as seguintes características concorrentes:

- textologia angolanizada na forma e na expressão ( Luandino Vieira, Jofre Rocha, Boaventura Cardoso);

- angolanidade no quadro do uso vernáculo da língua portuguesa ( Arnaldo Santos, António Cardoso);

- prosa de veridicção ( Uanhenga Xitu, Raúl David , Pepetela);

- texto de reduplicação cultural ou texto de motivação histórica e etnográfica ( Manuel Pedro Pacavira, Henrique Abranches e Pepetela).

A perspectiva de Jorge Macedo permite sustentar que as características distintivas são múltiplas, pois à personagem juntam-se elementos como a linguagem e outros recursos correlatos do texto narrativo.

Ora, seguindo de perto a noção de identidade narrativa, concluiremos que só no quadro do conceito de literatura angolana se pode compreender o alcance da “coesão totalizadora”. Semelhante conceito há de comportar o extensional e o intensional. O que entender então por literatura angolana?

Será literatura angolana aquele conjunto que compreende os textos orais, as versões escritas dos textos orais em línguas nacionais, os textos escritos em línguas nacionais, língua portuguesa ou outras línguas européias, produzidos por autores angolanos com recurso às técnicas da ficção narrativa, de outros modos da escrita desde que se verifique neles uma determinada intenção estética, crítica ou histórico-literária, veiculando elementos culturais angolanos.

Na sua dimensão extensional, este conceito cobre o seguinte:
• textos orais;
• versões escritas de textos orais;
• textos escritos em línguas angolanas, língua portuguesa ou outras europeias.

Do ponto de vista intensional compreende:
• angolanidade literária;
• expressão de elementos culturais angolanos;
• utilização de técnicas e modos da escrita poética, narrativa ou outra;
• intencionalidade estética.

Do ponto de vista ontológico os autores são angolanos no sentido de que são objetos e sujeitos da experiência angolana.
============
continua... A Geração de 1890:Pedro Féliz, José de fontes Pereira e Joaquim Dias Cordeiro da Matta
============
Fonte:
http://www.nexus.ao/kandjimbo/breve_historia.htm

Sandoval Ferreira (Poesia da Água)


Chuva que cai maneira
Deixando a terra molhada
O orvalho da madrugada
Sereno molhando a planta
Uma criança que dança
Sentindo o seu rosto molhado

O chão inteiro encharcado
Marcando o fim do verão
É uma nova canção na boca.
Do sertanejo é como ganhar
Um beijo de uma linda donzela...
A sensação é aquela

De ver uma criança nascer
Ver a vida florescer
Brotando frutos da terra
Água pura e cristalina
Que pura chega na fonte
Que jorra do horizonte

Como uma benção de DEUS
Que enche os olhos meus
Barragens rios e nascente
Que numa linda corrente
Faz a gente perceber
Que não dá pra viver

Sem vê-la jorrar no chão
Pois tudo vira torrão
Sem ela pra beber
E tudo pode morrer
Sem ela pingar no chão
Sou em forma de união

É que podemos conter
Juntar a água e beber
Esse líquido das colinas
Água pura e cristalina
Que faz a gente viver
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Sobre o Autor
Sandoval Ferreira (1983)
Nasceu em 27 de fevereiro de 1983, em Iati, Pernambuco. Morou no povoado da zona rural chamado Bela Vista até os 21 anos. Filho de pais pobres, morava numa casa sem energia onde a principal atração à noite era à luz do candeeiro a gás, folhetos (literaturas de cordel). O pai reunia os vizinhos e seu irmão mais velhoera quem lia os folhetos. Depois, Sandoval passou a ler e aidespertou o interesse pela poesia.

Aos 18 anos fez uma apresentação de cordel em sua escola parao Secretário de Educação de Pernambuco, sendo que todos gostaramo que lhe deu motivação para seguir em frente.
Hoje, aos 26 anos, mora em Garanhuns, PE. Possui 12 cordéis escritos em um CD que serve para divulgação do seu trabalho.

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Fonte:
Colaboração do autor por e-mail.
Imagem = http://inatitude.wordpress.com/

domingo, 11 de janeiro de 2009

Aventuras de Pedro Malasartes



De como Malasartes fingiu que se matava

Vendo que a vitima vinha em sua perseguição, deu tudo quanto tinha e, ao aproximar-se de um riacho, encontrou uma mulher a lavar roupa. Estava perdido, porque a lavadeira daria ao perseguidor a sua direção.

Mais que depressa tocou a carneirada a atravessar o riacho, e tomando um dos carneiros, tirou-lhe as tripas e meteu-as debaixo da camisa. Quando a manada passou, ele arrancou da faca, fingiu que abriu o ventre e deixou cair na água as tripas do carneiro, que ali levou ocultas.

A lavadeira deu um grito, caiu desmaiada ao presenciar tal cena e Malasartes desapareceu.

Quando o perseguidor chegou à toda, e perguntou à lavadeira se tinha visto passar um homem tocando uma carneirada, ela respondeu, quase sem poder falar, que Pedro Malasartes havia feito o que ficou dito.

E, porque Pedro já estava longe com o rebanho, o homem voltou soltando um milhão de pragas.

De como Malasartes passa adiante a carneirada

Já muito longe, encontrou um porqueiro que vinha tocando também. Pedro Malasartes que já previa que o fazendeiro havia de vir no seu rasto, propôs troca dos carneiros, (que valiam menos, pelos porcos, que valiam mais).

Fecharam o negócio, tendo o porqueiro feito uma volta em dinheiro.

Malasartes seguiu com a porcada e o outro com os carneiros, em direção oposta.

O porqueiro foi pousar em casa do dono dos carneiros. Ao ver o seu rebanho, o homem avançou para o porqueiro, e exigiu entrega do que era seu. O porqueiro quis resistir, mas vendo que o homem estava armado até os dentes e tinha muitos capangas, não teve outro remédio senão fazer a restituição, ficando no prejuízo, e tocou pra trás a ver se encontrava o Malasartes que já estava longe, tendo tomado por um atalho que foi dar numa fazenda. E, vai então, vendeu a porcada por um precinho barato, mas com a condição de o comprador deixar que ele cortasse a ponta do rabo de cada porco.

Fecharam o negócio e Pedro Malasartes meteu no embornal os rabinhos dos porcos e bateu o pé na estrada.

De como Malasartes rouba as jóias de uma família.

E foi dar no castelo de um ricaço que era casado e tinha uma filha, e ofereceu-se para empregado. E foi aceito. Como era tempo de chuva, o chiqueiro estava que era mesmo um lameiro. E Malasartes teve logo uma idéia. De noite tocou para longe a porcada do ricaço e, voltando, espetou no lameiro as caudas dos porcos. E, quando de manhã o dono da casa veio ver a porcada, Malasartes lhe apontou o lameiro e disse-lhe que os porcos estavam atolados, apenas com os rabos de fora.

O dono da casa mandou-o logo que fosse em casa buscar duas enxadas a ver se podiam desenterrar os animais. Pedro Malasartes foi numa corrida e, lá chegando, viu a dona e a filha passeando no jardim e lhes disse:

- O patrão mandou que as senhoras me acompanhem. Elas duvidaram, mas Malasartes gritou, perguntando ao patrão que estava lá embaixo:

- As duas, patrão?

- Sim, as duas, e sem demora! As duas, pateta!

E, então, as senhoras não puseram mais diferença e acompanharam Pedro que tomou com elas outra direção. Já longe o velhaco amarrou-as numa árvore, tirou-lhes todas as jóias que eram de grande preço, fugiu e foi tocar a porcada que tinha ocultado no dito retiro.

E, quando o ricaço, cansado de esperar, foi a casa e não encontrou a mulher e a filha, bateu a procurá-las até que as achou amarradas onde Malasartes as havia deixado.

Quando voltou é que viu que dos porcos só havia os rabinhos, que ele é que era um pateta de marca.

A muitas léguas dali, o Malasartes negociou a porcada, recebeu o cobre, comprou um bom terno de roupa e foi parar em certa cidade, onde, logo na entrada, havia uma bonita chácara que era do dr. Juiz de Direito.

De como Malasartes faz mais uma que parecia duas

Eram já por umas dez da noite. O Malasartes bateu à porta e pediu pousada, dando o nome de doutor Fulano, que vinha visitar aquela terra. O Juiz costumava entrar tarde, pois ficava até à meia-noite fora de casa, jogando marimbo com um seu compadre. E vai então o filho do Juiz na sua simplicidade, mandou entrar o hóspede e, depois de um bom chá, deu-lhe pousada, no quarto da sala, onde o Juiz costumava se vestir. E quando o Juiz chegou, o filho lhe contou o que se tinha passado e o tolo ficou muito satisfeito daquela hospedagem.

E vai então lá pela madrugada o Malasartes começou a sentir umas coisas na barriga...Procurou o vaso e, não o encontrando, abriu a janela... mas lá fora havia uma cachorrada, que foi um barulho de latidos que nunca se viu.

O Malasartes estava suando frio: Mas nisto avistou na prateleira uma caixa. Abriu, havia dentro uma cartola de pelo. Estava salvo! Tirou a cartola, fez nela o que quis, pôs outra vez na caixa e esta no lugar onde antes estava.

De manhã, quando ouviu tropel dos criados saiu e... este mundo é meu!...

Quando vieram chamar o Malasartes para o café, não o acharam mais.

À hora do almoço, o Juiz saiu do quarto e foi para o cômodo em que se costumava vestir.

Era dia de júri. Vestiu a sobrecasaca, e, distraído, tirou a cartola que enterrou, de um golpe, na cabeça.

Para que tal fizeste! Ficou com a cara enlameada e sentiu um cheiro que quase o afogou. Começou então a gritar. A família veio toda, pensando que tinha acontecido alguma desgraça.

Ao vê-lo naquele estado, correram todos a buscar socorro. O filho trouxe-lhe um banho, a filha água florida, a mulher sabonete de cheiro.

E depois houve risada que não foi brinquedo, enquanto o Juiz bufava de raiva. E os jurados já estavam cansados de esperar por ele...

Mas o Malasartes já estava longe. Até parecia que tinha parte com Beizebum.

Fonte:
http://victorian.fortunecity.com/postmodern/135/pedromala.htm
Imagem =
http://climashopping.jacotei.com.br

Murilo Mendes (Poesias Avulsas)

Pintura de Flávio de Carvalho (1951)
A Tesoura de Toledo

Com seus elementos de Europa e África,
Seu corte, inscrição e esmalte,
A tesoura de Toledo
Alude às duas Espanhas.

Duas folhas que se encaixam,
Se abrem, se desajustam,
Medem as garras afiadas:
Finura e rudeza de Espanha,
Rigor atento ao real,
Silêncio espreitante, feroz,
Silêncio de metal agindo,
Aguda obstinação
Em situar o concreto,
Em abrir e fechar o espaço,
Talhando simultaneamente
Europa e África,
Vida e morte.
In: MENDES, Murilo. Antologia poética. Sel. João Cabral de Melo Neto. Introd. José Guilherme Merquior. Rio de Janeiro: Fontana; Brasília: INL, 1976
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Canção do Exílio

Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.

A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
In: MENDES, Murilo. Poesias, 1925/1955. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1959
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Somos todos Poetas

Assisto em mim a um desdobrar de planos.
as mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.

Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.

In: MENDES, Murilo.. Poesia Completa e Prosa. Organização, preparação do texto e notas, por Luciana Stegagno Picchio. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995.

Fontes:
http://www.lusofoniapoetica.com/
Pintura = http://i-digitais.blogspot.com

Murilo Mendes (1901 - 1975)



Murilo Monteiro Mendes nasceu em Juiz Fora, Minas Gerais, em 13 de maio de 1901 e morreu em Lisboa, no dia 13 de agosto de 1975. Jamais escreveu um verso ou poema banal. Foi barroco e surrealista. Moderno e tradicional; sempre mantendo uma independência e um certo desprezo, pelo enquadramento dos manifestos.

Defensor da liberdade, Mendes se declarou inimigo pessoal de Hilter, como foi e seria sempre de quaisquer tiranos. Talvez, por isso, o governo General Franco o tenha considerado "persona non grata", quando deveria ir à Espanha. Em tudo Murilo foi revolucionário. Até sua conversão para o cristianismo, tão incompreendida, na polaridade angelismo/demonismo, foi ao contrário um ato de resistência, (que estava ao mesmo tempo acontecendo na Europa, principalmente na França) e não se tratava de aceitação e sim, uma nova proposição: a saber, a proposta de um catolicismo mais voltado para os problemas humanos, terrenos.

Veio à luz como poeta no mesmo ano (1930) que Drummond, e foi logo saudado por Mario de Andrade. Publicou Poemas, seu primeiro livro, e ligou-se a Manuel Bandeira, Carlos Drummond, Oswald de Andrade, Raul Bopp, Ismael Nery e outros combatentes do modernismo. Ele participava, eventualmente, nas revistas do movimento. Aos 24 anos, escreveu na publicação Antropofagia o poema Mapa, onde diz não se enquadrar em nenhuma teoria.

Em 1941, conheceu Maria da Saudade Cortesão, filha do grande historiador português, Jaime Cortesão, exilado no Brasil. Seis anos depois Murilo e Saudade casaram-se.

Em 1956, ele e Saudade mudaram-se para a Itália e Murilo foi ser professor de Cultura Portuguesa e Literatura Brasileira em Roma, onde ficou bastante conhecido como poeta, tradutor e crítico de arte. Responsável pela apresentação de várias exposições de pintura, mantinha contato e relações de amizades com Ezra Pound, Camus, Miró, Breton, entre outros. O casal formou um círculo lítero-artístisco-cultural (no mesmo prédio morava Audrey Hepburn, amiga do casal), freqüentado por músicos, artistas plásticos, atores, homens de letras e artes; críticos, como o linguista Roman Jakobson, que muito o admirava.

Influenciou e foi reverenciado por alguns dos maiores poetas brasileiros de sua época. Foi um arrebanhador de poetas futuros. Com seus poemas, grafittis e murilogramas, o Poeta era apenas e sempre *o Poeta*. Um Imperador das Palavras, que sofreu, se atormentou sempre, com o descaso e a indiferença com que o Brasil costuma tratar e dedicar a seus filhos grandiosos.

Fonte:
http://www.lusofoniapoetica.com/

Pearl S. Buck (A Boa Terra)



Segundo romance da escritora norte-americana Pearl S. Buck, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura, este livro é um clássico que retrata a vida na China numa época em que grandes mudanças políticas e sociais transformaram um país agrário em uma potência mundial. Tendo como fio condutor a trajetória de um camponês e sua família, A Boa Terra traça todo o ciclo da vida , os horrores, as paixões, as ambições desmedidas e as recompensas. Best-seller nos Estados Unidos, onde vendeu quase 2 milhões de exemplares apenas em 1931, ano de seu lançamento, o livro foi traduzido para mais de trinta línguas e adaptado para o teatro e para o cinema.

A história começa no dia do casamento do jovem camponês Wang Lung com O-lan, uma escrava da abastada família Hwang. Juntos, eles trabalham duro no campo, até o nascimento de seu primeiro filho. No Ano Novo, a mãe orgulhosa leva o bebê para seus antigos senhores conhecerem. É quando descobre que os Hwang estão em dificuldades financeiras e querem vender suas terras. Com as economias de um ano de boa colheita, o jovem casal compra parte da propriedade. A vida prospera, nascem mais dois filhos, mas as dificuldades logo chegam.

Um tio inescrupuloso, investimentos equivocados e uma seca inclemente trazem a primeira crise financeira e forçam a família a vender os móveis para ter o que comer. A miséria leva O-lan a estrangular a terceira filha, assim que a criança nasce, para evitar que morra de fome. Wang Lung recusa-se a abrir mão de suas terras, mas se vê obrigado a migrar com a mulher e os filhos para a cidade, onde sobrevivem mendigando. Quando grupos de revolucionários saqueiam a casa de uma família rica, o casal aproveita a oportunidade. Com o dinheiro e as jóias do saque, eles voltam para o campo, onde uma sucessão de boas colheitas lhes proporciona nova fortuna. A riqueza, no entanto, não garantirá felicidade a Wang Lung e O-lan.

Fonte:
http://www.quebarato.com.br/classificados/a-boa-terra-pearl-s-buck__190402.html
Capa do livro = http://livrarianaftalina.blogspot.com

Pearl S. Buck (1892 - 1973)



Pearl Sydenstricker Buck, nascida Pearl Comfort Sydenstricker (Hillsboro, 26 de junho de 1892 – Danby, 6 de março de 1973), também conhecida por Sai Zhen Zhu foi uma sinologista e escritora estado-unidense, ganhadora do Prémio Pulitzer de 1932 e do Prémio Nobel de Literatura de 1938.

Biografia

Filha de pais missionários presbiterianos, foi levada em 1892 com eles com apenas três meses de idade e criada na China, país cuja vida e ambiente evoca em suas obras. Estudou em Xangai até os quinze anos, tendo um preceptor confucionista, e trabalhou em um abrigo chinês para mulheres escravas e prostitutas.

Foi estudar Psicologia nos Estados Unidos, em 1910, onde se formou em 1914, para depois retornar à China para lecionar na Escola Presbiteriana e cuidar da mãe doente. Casou-se com um especialista americano em agricultura que lá trabalhava. Sua primeira filha nasceu deficiente mental. Viveu na China até a Guerra Civil no fim da década de 1920, quando, em 1934 foi removida para o Japão e de lá para os Estados Unidos da América, nunca mais retornando à China, tendo ficado desgostosa da política chinesa após a guerra.

Mestre em Literatura pela Universidade de Cornell em 1926, escreveu em 1930 Vento Leste, Vento Oeste, que obteve grande reconhecimento da crítica. Sua obra A Boa Terra, de 1931, vendeu 1,8 milhão de cópias somente no primeiro ano e, por ela, recebeu o Prémio Pulitzer em 1932. Venceu também o Prémio Nobel de Literatura em 1938.

Escreveu mais de 110 livros e várias novelas de rádio. Era contemporânea de Sinclair Lewis e Eugene O'Neil, dois grandes escritores norte-americanos. Era tão prolífica que em 1945 escreveu cinco livros e duas novelas de rádio. Muitos de seus livros foram transformados em filmes. Seu estilo combinava prosa bíblica com a saga narrativa chinesa, cuja vida e ambiente eram constantemente presentes em suas obras. Seu tema mais recorrente era sobre o amor interracial. Seu livro A Flor Escondida tem o mesmo insight da ópera Madame Butterfly, pois a história narra os problemas de uma família japonesa cuja filha se enamora por um soldado americano. Vários de seus livros foram escritos sob o pseudônimo de John Sedges.

Amiga de Eleanor Roosevelt, advogou muito pelos direitos que deveriam ser concedidos às mulheres e pela igualdade racial bem antes dos movimentos dos direitos civis, nos Estados Unidos. Fundou e dirigiu o "Movimento de Auxílio à China". Pearl S. Buck fez com que a China moderna se tornasse compreensível para os povos ocidentais. Morreu em 1973, aos oitenta anos.

Informações recentes dão conta que, na verdade, nunca conseguiu voltar à China, porque até poucos meses antes de sua morte, o governo chinês ainda lhe negava um visto de entrada, por ela ser considerada 'agente imperialista', e a queda de Mao ocorreu em 1976. Seus livros mostram aquilo de que os próprios chineses ainda não tocam bem: A China rural, de estrutura ainda medieval, na época, o desdém pelas mulheres, a hierarquia da vida em família. Atualmente, os chineses se empenham na sua reabilitação, tanto que em sua antiga residência, na cidade de Zhenjiang, próximo de Xangai, o governo chinês forma um museu em sua homenagem.

Obras principais
Romances:
East Wind: West Wind(1930) (Trad. "Vento Leste, Vento Oeste")
The House of Earth (Trad. "A Casa da Terra") - formado pela trilogia:
The Good Earth (1931) (Trad. "A Boa Terra" ou, no Brasil, "Terra dos Deuses")
Sons (1932) (Trad. "Os Filhos de Wang Lung")
A House Divided (1935) (Trad. "A Casa Dividida")
The Mother (1933) (Trad. "A Mãe")
Fighting Angel (1935) (Trad. "O Anjo Guerreiro") - biografia de seu pai Absalom Sydenstricker
The Exile (1936) (Trad. "A Exilada") - biografia de sua mãe Caroline
The Patriot (1939) (Trad. “O Patriota”)
This Proud Heart (1938)
Other Gods (1940)
China Sky (1941)
Dragon Seed (1942) (Trad. “A Estirpe do Dragão) (Filmado em 1944, sob a direção de Harold S. Bucquet e Jack Conway, tendo no elenco Katharine Hepburn, Walter Huston, Akim Tamiroff, Agnes Moorehead)
The Promise (1943)
The Townsman (1945) – sob o pseudônimo de John Sedges
Portrait of a Marriage (1945) (Trad. "Retrato de um Casamento")
Pavilion of Women (1946) (Trad. "Pavilhão de Mulheres")
The Angry Wife (1947) – sob o pseudônimo de John Sedges
Peony (1948)
The Big Wave (1948)
A Long Love (1949) – sob o pseudônimo de John Sedges
God's Men (1951)
The Hidden Flower (1952) (Trad. “A Flor Escondida”)
Come, My Beloved (1953)
Voices in the House (1953) – sob o pseudônimo de John Sedges
My Several Worlds (1954) (Trad. "Meus Diversos Mundos")- autobiografia.
Imperial Woman (1956) (Trad. "A Mulher Imperial")
Letter from Peking (1957) (Trad. "Cartas de Pequim")
Command the Morning (1959)
Satan Never Sleeps (1962)
A Bridge for Passing (1962) - autobiográfico
The Living Reed (1963)
Death in the Castle (1965) (Trad. “Morte no Castelo”)
The Time Is Noon (1966)
Matthew, Mark, Luke and John (1967)
The New Year (1968)
The Three Daughters of Madame Liang (1969) (Trad. “As três filhas da Sra. Liang”)
Mandala (1970)
The Goddess Abides (1972)
All Under Heaven (1973) (Trad. “Debaixo do Céu”)
The Rainbow (1974)
Não ficção:
Of Men and Women (1941)
How It Happens: Talk about the German People, 1914-1933, com Erna Pustau (1947)
The Child Who Never Grew (1950) (Trad. "A Criança que nunca cresceu") - sobre a filha excepcional.
For Spacious Skies (1966)
The People of Japan (1966)
The Kennedy Women (1970)
China as I See It (1970)
The Story Bible (1971)
Pearl S. Buck's Oriental Cookbook (1972)
Contos:
The First Wife and Other Stories (1933) (Trad. “A Primeira Mulher e outras Histórias”)
Today and Forever: Stories of China (1941)
Twenty-Seven Stories (1943)
Far and Near: Stories of Japan, China, and America (1949)
Fourteen Stories (1961)
Hearts Come Home and Other Stories (1962)
Stories of China (1964)
Escape at Midnight and Other Stories (1964)
The Good Deed and Other Stories of Asia, Past and Present (1969)
Once Upon a Christmas (1972)
East and West Stories (1975)
Secrets of the Heart: Stories (1976)
The Lovers and Other Stories (1977)
Mrs. Stoner and the sea and others works (1978) (Trad. "A Sra. Stoner e o mar (Livro de contos onde figura seu último conto, escrito em janeiro de 1973, dois meses antes de morrer, The Miracle Child ("A Estrela do Menino"))
The Woman Who Was Changed and Other Stories (1979)

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pearl_S._Buck