Qual é a maior palavra da língua portuguesa? Há quem diga que é ANTICONSTITUCIONALISSIMAMENTE.
Mas há também umas palavras técnicas, sobretudo das áreas biológicas e químicas, que não deixam por menos. Tipo: NEO-AREOLOMAMILOPLASTIA.
Segundo o dicionário Aurélio, tal “palavrão” deriva de ne(o) + aréola + o + mamil(o) + plast(o) + ia. É um substantivo feminino que designa uma “intervenção cirúrgica destinada a reconstruir, parcial ou totalmente, aréola e mamilo”.
Mas sabe de uma coisa? Nós também podemos criar uma palavra bem grande. Acompanhe a história e, ao final, diga se não é verdade.
“Era uma vez, um estranho e misterioso país chamado Eldorado. Eldorado pertencia ao bloco de países denominado Terceiro Mundo ou países em desenvolvimento, cuja principal característica é a pobreza.
Ainda por cima, os habitantes de Eldorado deram o azar de falar o eldoradês, idioma considerado o mais difícil do mundo. E essa é a história de como o eldoradês provocou o caos político em Eldorado. Havia em eldoratim – a língua-mãe do eldoradês – um vocábulo que significava “filhos”. Era o vocábulo PROLE.
Em Eldorado, havia pessoas tão pobres, que, para elas, a única riqueza eram os filhos. Esses foram chamados de PROLETÁRIOS.
Mas, originalmente, muitos não eram pobres. Existiram tantos planos econômicos e tantas crises, que alguns “não-proletários” se tornaram proletários. Surgiu, então, um verbo para indicar essa ação de “tornar-se proletário”, o verbo PROLETARIZAR.
O fato era tao frequente que produziu até um substantivo. O “ato ou efeito de proletarizar” gerou a PROLETARIZAÇÃO.
E isso era muito comum em Eldorado. Tao comum a ponto de parecer um movimento orquestrado, o movimento do PROLETARIZACIONISMO.
Os agentes ou responsáveis por esse movimento foram então denominados de PROLETARIZACIONISTAS.
Eles eram os desalmados, os que proletarizavam o povo e promoviam o proletarizacionismo.
Mas havia um problema ainda maior em Eldorado. Muitas pessoas, na origem, eram idealistas, queriam fazer bem ao povo. Convivendo, contudo, com os proletarizacionistas, tornavam-se também malvados. Essa ação originou o verbo PROLETARIZACIONISTIFICAR.
E isso era muito frequente. Proletarizacionistificavam-se tantos homens idealistas em Eldorado, que pareceu um verdadeiro movimento organizado, o movimento denominado PROLETARIZACIONISTIFICACIONISMO.
E essa era a razão político-linguística do caos em Eldorado”
A possibilidade de criar palavras assim imensas foi demonstrada pelo linguísta romeno Eugenio Coseriu. Segundo ele, uma língua é um sistema “aberto”, formada não apenas por elementos efetivamente realizados mas também por todo um potencial que busca a criação de elementos.
No nosso exemplo, criamos vocábulos com base no radical latino prole. Até o quarto “passo” - proletarização – atuamos dentro do que a língua já realizou. A partir desse ponto, inovamos dentro do sistema da Língua Portuguesa.
Então: existe mesmo a maior palavra de um idioma?
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Mas há também umas palavras técnicas, sobretudo das áreas biológicas e químicas, que não deixam por menos. Tipo: NEO-AREOLOMAMILOPLASTIA.
Segundo o dicionário Aurélio, tal “palavrão” deriva de ne(o) + aréola + o + mamil(o) + plast(o) + ia. É um substantivo feminino que designa uma “intervenção cirúrgica destinada a reconstruir, parcial ou totalmente, aréola e mamilo”.
Mas sabe de uma coisa? Nós também podemos criar uma palavra bem grande. Acompanhe a história e, ao final, diga se não é verdade.
“Era uma vez, um estranho e misterioso país chamado Eldorado. Eldorado pertencia ao bloco de países denominado Terceiro Mundo ou países em desenvolvimento, cuja principal característica é a pobreza.
Ainda por cima, os habitantes de Eldorado deram o azar de falar o eldoradês, idioma considerado o mais difícil do mundo. E essa é a história de como o eldoradês provocou o caos político em Eldorado. Havia em eldoratim – a língua-mãe do eldoradês – um vocábulo que significava “filhos”. Era o vocábulo PROLE.
Em Eldorado, havia pessoas tão pobres, que, para elas, a única riqueza eram os filhos. Esses foram chamados de PROLETÁRIOS.
Mas, originalmente, muitos não eram pobres. Existiram tantos planos econômicos e tantas crises, que alguns “não-proletários” se tornaram proletários. Surgiu, então, um verbo para indicar essa ação de “tornar-se proletário”, o verbo PROLETARIZAR.
O fato era tao frequente que produziu até um substantivo. O “ato ou efeito de proletarizar” gerou a PROLETARIZAÇÃO.
E isso era muito comum em Eldorado. Tao comum a ponto de parecer um movimento orquestrado, o movimento do PROLETARIZACIONISMO.
Os agentes ou responsáveis por esse movimento foram então denominados de PROLETARIZACIONISTAS.
Eles eram os desalmados, os que proletarizavam o povo e promoviam o proletarizacionismo.
Mas havia um problema ainda maior em Eldorado. Muitas pessoas, na origem, eram idealistas, queriam fazer bem ao povo. Convivendo, contudo, com os proletarizacionistas, tornavam-se também malvados. Essa ação originou o verbo PROLETARIZACIONISTIFICAR.
E isso era muito frequente. Proletarizacionistificavam-se tantos homens idealistas em Eldorado, que pareceu um verdadeiro movimento organizado, o movimento denominado PROLETARIZACIONISTIFICACIONISMO.
E essa era a razão político-linguística do caos em Eldorado”
A possibilidade de criar palavras assim imensas foi demonstrada pelo linguísta romeno Eugenio Coseriu. Segundo ele, uma língua é um sistema “aberto”, formada não apenas por elementos efetivamente realizados mas também por todo um potencial que busca a criação de elementos.
No nosso exemplo, criamos vocábulos com base no radical latino prole. Até o quarto “passo” - proletarização – atuamos dentro do que a língua já realizou. A partir desse ponto, inovamos dentro do sistema da Língua Portuguesa.
Então: existe mesmo a maior palavra de um idioma?
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"pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico", está registrada no novo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tendo por definição «estado de quem é acometido de uma doença rara provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas». (notas de J. Feldman)
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Sobre o Autor:
Paulo Bearzoti Filho é professor de língua portuguesa, supervisor dessa disciplina nas Escolas do Grupo Positivo (Curitiba,PR) e autor, entre outras obras, de Formação Linguística do Brasil (Positivo, 2002).
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Fonte:
Revista Discutindo Língua Portuguesa. Ano 1. n.1 São Paulo: Editora Escala. p.66.
Sobre o Autor:
Paulo Bearzoti Filho é professor de língua portuguesa, supervisor dessa disciplina nas Escolas do Grupo Positivo (Curitiba,PR) e autor, entre outras obras, de Formação Linguística do Brasil (Positivo, 2002).
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Fonte:
Revista Discutindo Língua Portuguesa. Ano 1. n.1 São Paulo: Editora Escala. p.66.
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