segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Davi Machado (O Relogio e a Areia levada pelo Vento)

Salvador Dali (A Presistência da Memória)
Eu era o pobre, o pastor de ovelhas, o rude...
Eu nunca quis aquilo que chama, ilude
E descompassa o coração por uma surpresa...
( Fui caçador do tempo, hoje sou presa.)

Eu era o incenso ascendido para seu Deus,
Eu não podia conter as lágrimas nos meus
Olhos cansados hoje tão cheios de mágoas
(Fui homem pairando sobre às águas!)

Quis te querer em mim por uma vontade
Que por todas as noites traria a "metade"
E cedo, n'alvorada, levaria de volta a dor...
(Fui incrédulo ao ver o sol se por...)

Na desventurada avenida da inoscência
Eu era o pedinte que clamava com veemência,
Rogando aos anjos que eu não pude amar
(Fui o desague de sangue no frio mar!)

E na tempestade de areia eu quis tê-la
Para mim; esta escarlate e terna estrela,
Erguendo as mãos aos céus, de joelhos
(Fui todos os rostos nos teus espelhos!)

No Éden e em Shangri-la eu era o fruto
Guardado no teu coração como o luto,
Feito da força e do avesso de viver
(Fui o eclipse que não pudes-tes ver!)

E do temor apocalíptico fui forjado...
Tive a cruz da solidão como legado...
Como pomba que por flecha atingida
(Fui a mão que não aponta a saída!)

E o assombro que assobia à janela
Feito luz da lua de íris amarela
Não poderia ser outro além de mim.
(Fui o grito de agonia antes do fim!)

Na tua cama a escuridão da meia noite
Eu trazia aos seus ouvidos o açoite
Transmutado em brisa quase matutina...
(Fui das chagas da paixão tua vacina!)

Por todas as vezes nos corpos todos fui
O que o alquimista da vida dilui
E molda a cada era com esmero...
(Fui o vinho envelhecido em desespero!)

E seguindo a aventura longa e mística
Indo contra a fé cristã e metafísica,
D'outras vidas eu nasci reencarnado
(Sou aquele que adormece a teu lado!)

Um comentário:

Davi Machado disse...

Olá prezado José!
vejo que gostou do meu poema!
ou não?
nem eu lembrava deste poema rsrsrss
Abraço!

Davi Machado