domingo, 4 de janeiro de 2009

Paul Auster (1947)


Paul Benjamin Auster (Newark, 3 de fevereiro de 1947) é um escritor norte-americano autor de vários best-sellers como Timbuktu, O Livro das Ilusões, A Noite do Oráculo e A Música do Acaso.

Aos 15 apaixona-se pela literatura e é então que começa a ler Dostoiévsky, Hemingway, Fitzgerald, Faulkner, Kafka, Hodërlin e Proust. Por força da leitura decide começar a escrever com o objetivo de decifrar o mundo recriando-o.

Frequentou a Universidade de Columbia e viveu durante quatro anos em França. A sua proximidade à literatura francesa haveria de marcá-lo para sempre. Foi confesso admirador de André Breton, Paul Éluard, Stéphane Mallarmé, Sartre e Blanchot, alguns dos quais traduziu para a língua inglesa. O seu gosto pela tradução é muitas vezes referido pelo próprio, que aconselha os jovens escritores a traduzir poesia para entenderem melhor o significado intrínseco das palavras. Além destes autores, Paul Auster refere ainda como suas influências Dostoiévsky, Ernest Hemingway, Fitzgerald, Faulkner, Kafka, Hodërlin, Samuel Beckett e Marcel Proust.

Em 1998, realizaria o seu primeiro filme, "Lulu on the Bridge". Nos seus livros é evidente a influência cinematográfica norte-americana e as suas histórias desenrolam-se numa sucessão que faz lembrar um thriller, usando igualmente o método da "caixa chinesa", sucessão de histórias no interior umas das outras. A sua obra parece ser mais apreciada na Europa do que no seu país natal.

Boa parte da sua história é contada por ele como se fosse uma autobiografia. "Da Mão para a Boca" reúne relatos de sua vida, um jogo criado pelo escritor chamado action baseball, e mais três peças, consideradas por ele mesmo como "fracas".

Atualmente vive em Brooklin com Siri, a sua segunda mulher, que descreve como "alta, loura e exultantemente bela", os seus dois filhos, a poesia, dentro dos livros e para os livros. Paul Auster tem inúmeras obras publicadas em Portugal pela Presença.
================
HOMEM NO ESCURO (2008)

Cruzando as memórias de um homem de 72 anos que viveu intensamente cada instante de sua vida com as realidades iníquas e violentas de um mundo em pé de guerra, e ainda por cima encontrando espaço para uma subtrama labiríntica de corte fantástico e orwelliano, Auster mostra aqui,em grande estilo, toda a sua maestria ficcional. August Brill, crítico literário aposentado, recupera-se na casa da filha, em Vermont, Estados Unidos, de um acidente de carro em que quase perdeu uma perna. Quando o sono se recusa a dar as caras, Brill permanece na cama e libera a imaginação para tecer histórias que o ajudem a desviar o foco mental das vicissitudes que ele gostaria de esquecer: a morte recente da mulher, o assassinato do namorado da neta no Iraque e a dolorida solidão da única filha, abandonada pelo marido.

Em meio a divagações de toda ordem, Brill constrói um mundo paralelo, em que os Estados Unidos se acham mais uma vez numa guerra civil sangrenta. À medida que a noite em claro avança, adensa-se a trama do insone, ameaçando engolfar seu próprio criador numa delirante vertigem autopunitiva. No fim da madrugada angustiante, a neta Katya vem lhe fazer companhia, com perguntas incisivas que o remetem a um torvelinho de lembranças, boas e más, do casamento dele com a falecida Sonia, cantora lírica e mãe de Miriam, com quem dividiu os grandes momentos de sua vida. Com sua prosa a um tempo refinada e contundente, Homem no escuro é o romance dos tempos atuais, um livro que força o leitor a se confrontar com a noite sombria até mesmo quando celebra uma existência feita de alegrias comuns.
--------------------------
VIAGENS DO SCRIPTORIUM (2007)

Fechado num pequeno quarto e vigiado o tempo todo por câmeras e microfones, um homem de certa idade busca reconstituir sua memória. Ele não sabe onde está - hospital, prisão, asilo? - e muito menos o que faz ali. Todos os dias recebe a visita de uma enfermeira que lhe desperta lembranças imprecisas e dolorosas e, mais esporadicamente, de um ex-policial. Aos poucos, descobre que no passado foi alguém com o poder de enviar pessoas a missões difíceis e perigosas das quais muitas não voltaram com vida. Sobre a escrivaninha do quarto o homem encontra um manuscrito inacabado. É a história de um agente de uma grande potência, numa época indeterminada, que ultrapassa clandestinamente a fronteira entre seu país e as terras bárbaras a fim de investigar uma possível insurreição dos povos independentes. Uma história ilumina obliquamente a outra, e o protagonista sai de sua letargia ao imaginar uma continuação para o manuscrito.

Ao lado do persistente desejo sexual, a fabulação literária parece ser a única força que o mantém vivo. Desse início intrigante, mero fiapo de história que sugere uma trama de espionagem, Paul Auster torna a surpreender seu leitor, encaminhando-o sutilmente a uma reflexão sobre o ato de escrever ficção. Não por acaso, o nome do protagonista é Blank, que em inglês indica o papel em branco, o espaço vazio, o vácuo a ser preenchido, o alvo a atingir. Um dos encantos dessa pequena narrativa está justamente no fato de colocar o leitor numa posição análoga à de Blank, que tem que descobrir aos poucos quem é e o que faz naquele local. Saindo um pouco de seu registro habitual, de ambientação realista, urbana e contemporânea, mas sem perder o encanto envolvente de sua prosa, o autor compartilha com o leitor, em Viagens no scriptorium, as agruras e delícias do ofício de inventar e escrever histórias.
=====================
A HISTORIA DE MINHA MAQUINA DE ESCREVER (2006)

A História da Minha Máquina de Escrever é um tributo à relação – intensa e muitas vezes determinante - entre um escritor e a sua máquina de escrever. Ao longo de 30 anos, a velha máquina Olympia de Paul Auster foi a corrente de transmissão dos romances, contos e textos de um dos mais emblemáticos escritores norte-americanos.

Paralelamente, os vigorosos e obsessivos desenhos e pinturas que Sam Messer dedica ao autor e à sua máquina de escrever conseguiram, como escreve Paul Auster, «converter um objeto inanimado num ser com personalidade, com uma presença no mundo».
========================

DESVARIOS NO BROOKLYN (2006)

Prestes a completar sessenta anos, Nathan Glass acha difícil vislumbrar um futuro para si. Compulsoriamente aposentado devido a um câncer aparente processo de remissão, recém-saído de um casamento falido e rejeitado pela única filha, busca um lugar tranqüilo para morrer. Muda-se então para o bairro nova-iorquino do Brooklyn, onde nasceu, onde espera encontrar um final silencioso para uma vida triste e absurda.

Quer o acaso, porém, que Nathan não só não morra como se meta em Várias peripécias, como a desencadeada por sua paixonite por uma jovem garçonete - e a conseqüente ameaça de morte que lhe dirige o marido brutamontes da moça - e confrontos involuntários com um membro de uma seita cristã ultrafundamentalista. Além disso, sua amizade com um vigarista falsificador de obras de arte dará origem a outra série de encrencas.

A narrativa tem início durante a primavera que antecede a controvertida eleição para a presidência dos Estados Unidos, em 2000. Por uma das inúmeras coincidências que se sucedem ao longo do romance, Nathan encontra o sobrinho Tom Wood, a quem não vê há anos. Assim como o tio, Tom esta sem rumo, fugindo do que poderia ter sido uma carreira acadêmica promissora, do amor e da vida em geral. O reencontro dos dois e seguido de perto pela entrada em cena da sobrinha de Tom, garota esperta de nove anos de idade que surge do nada na soleira do quartinho onde vive o tio, sem bagagem nenhuma, recusando-se a revelar o paradeiro da mãe. Na verdade, recusando-se literalmente a falar.

Criada essa ponte entre três gerações do clã, descrito por Nathan como um bando de almas confusas e atrapalhadas, a trinca protagoniza uma história cheia de reviravoltas, com cenas hilariantes e comovedoras, nas quais se destaca o desencanto de Nathan e Tom com os rumos políticos dos Estados Unidos a partir do resultado das eleições. Enquanto entretem o leitor com as aventuras desses e de outros personagens cujas vidas se esbarram e se entrelaçam, Paul Auster explora com brilho o terreno mais vasto da América contemporânea - em que sonhos desfeitos e desatinos humanos se combinam de maneira única.
================

MR. VERTIGO (1995)

"Tinha doze anos a primeira vez que caminhei sobre as águas." Assim começa este romance de Paul Auster. Ele próprio afirmou que ao escrevê-lo "qualquer coisa de diferente aconteceu", talvez marcando uma virada no seu percurso criativo. A ação inicia-se em Saint Louis, Missouri, nos anos 20, e mergulha na memória coletiva americana, tecendo-se desses acasos, tão ao gosto do autor, que fazem coincidir de certa forma a vida do Rapaz Maravilha com a própria história da América. Auster arquitetou-o como um livro de memórias, escrito pelo herói já no fim da vida, mas pode também ser entendido como um romance iniciático onde o tema da solidão é tratado com uma lucidez fulgurante. «Mr. Vertigo» confirma Paul Auster como um dos mais singulares escritores do nosso tempo, levando ousadamente mais longe a sua sedutora arte de narrar que, desta vez, atinge uma dimensão quase épica.
=================

LEVIATAN (1993)

O autor renova de forma cativante o tema central do eu-sombra, do Outro. Quando Peter Aaron, o narrador, lê a notícia de que um homem não identificado explodiu numa estrada do Norte de Wisconsin, sabe tratar-se de Benjamin Sachs, o seu melhor amigo e um promissor romancista. A partir desse momento Aaron impõe-se a si mesmo a árdua missão de desvendar o mistério que envolve a vida e morte de Sachs, empreendendo uma jornada que é, simultaneamente, uma autodescoberta. Com o objetivo único de repor a verdade, revive a amizade que o ligara durante quinze anos a Sachs. «Leviathan» é uma história sobre a amizade, a traição, o desejo, as incursões do imprevisto no quotidiano, mas é, sobretudo, uma história audaciosa pela complexidade dos mundos criados, pelo intrincado dos enredos, pelas coincidências bizarras, pelas perturbantes ambiguidades. Um romance onde Auster dá asas à sua arte de criar ambientes densos e envolventes
====================

A MUSICA DO ACASO (1992)

A Música do Acaso» é um dos mais intrigantes romances de Paul Auster. Nele conta-se a história de alguém que inesperadamente recebe uma herança, decide abandonar tudo e viajar sem rumo. Disposto a continuar enquanto tiver dinheiro, não estabelece nenhum ponto de chegada, deixando-se conduzir pelo acaso. Este torna-se a força motriz que determina a sua vida, transformando-a numa sucessão de acontecimentos aparentemente sem significado. Assente sobre este jogo perverso, o autor desenrola a história dos seus personagens de acordo com os seus próprios temas-obsessões, definindo o indivíduo simultaneamente pela sua impotência e pela sua capacidade de viajar até aos limites da solidão. Paul Auster é um autor que recolhe o melhor da tradição ficcional americana, fundindo-a com influências várias, entre as quais podemos citar Kafka, Mallarmé ou Blanchot, que marcaram o seu próprio percurso na ficção.
=====================

PALACIO DA LUA (1990)

«Palacio da Lua» é a narração do processo de crescimento do jovem Marco Fogg, a um passo do estado adulto. Marco está neste romance um pouco como Marco Polo quando iniciou a sua viagem até ao Extremo Oriente. Fogg, por outro lado, tem algo de Phileas Fogg que partiu para a volta ao mundo em 80 dias para tudo ver e experimentar. Apenas, a viagem de Marco Fogg é, não tanto uma viagem física, mas uma viagem no espaço interior da personagem. Esta viagem tem as etapas essenciais da morte e do amor, e a estrutura do ser vai-se construindo. Nos princípios da vida de Marco Fogg, ínicios dos anos 60, acontece a primeira viagem à Lua e, desde então, a Lua é a presença constante num firmamento nem sempre límpido. A Lua que representa a força do imaginário do autor e a mudança de fase na vida de Marco Fogg.
===================

ACHEI QUE MEU PAI FOSSE DEUS; E OUTRAS HISTORIAS DA VIDA AMERICANA (2005)

Achei Que Meu Pai Fosse Deus é uma coletânea de centenas de histórias reais escritas por pessoas de todos os cantos dos Estados Unidos e organizadas pelo renomado escritor Americano Paul Auster. Tudo começou quando Auster foi convidado a fazer um programa mensal numa rede de emissoras públicas de rádio dos Estados Unidos. Não estava disposto a aceitar o convite, mas sua esposa lhe deu uma idéia: em vez de escrever histórias, pedir aos ouvintes que mandassem as suas. O romancista selecionaria os melhores para ler no ar. Assim nasceu o National Story Project.

O resultado superou todas as expectativas: em um ano, Paul Auster recebeu mais de 4 mil histórias. Eram relatos engraçados, coincidências dolorosas, encontros milagrosos, sofrimentos, sonhos, quase sempre narrados de forma direta e crua, sem pretensões literárias. Diante da riqueza da material e da impossibilidade de ler todos os textos na rádio, Auster decidiu publicar um livro com as melhores histórias.
===================

TIMBUKTU

Timbuktu conta a amizade entre um vira-lata (Mr.Bones) e um poeta indigente (Willy) que perambulam pelo mundo.

Através dos olhos e pensamentos de Mr.Bones acompanhamos as extravagâncias e fracassos de Willy.

O cão sofre pelo dono, mas não deixa de amá-lo, nem quando este parte para Timbuktu - lugar onde vão os mortos - e parte para uma busca desesperada por um novo dono, sempre lembrando ternamente as lições de Willy, e esperando reencontrá-lo.
=======================

O LIVRO DAS ILUSÕES

Em O Livro das Ilusões, David Zimmer entra em depressão após a morte da mulher e dos filhos num acidente de avião. Para fugir ao desespero, David entrega-se à escrita de um livro sobre Hector Mann, um virtuoso do cinema mudo dado como desaparecido em 1929. Após a publicação da obra, David aceita traduzir as "Memórias do Túmulo", de Chateaubriand, e refugia-se num lugar perdido para fazer face à hercúlea tarefa que se impôs. É então que recebe uma estranha carta proveniente de uma pequena cidade do Novo México, supostamente escrita pela mulher de Hector: «Hector leu o seu livro e gostaria de encontrá-lo. Está interessado em fazer-nos uma visita?». Zimmer, incrédulo, hesita. Mas uma noite uma jovem mulher bate-lhe à porta e obriga-o a decidir-se, transformando para sempre a sua vida.

Narrada pela jovem mulher, a história do extraordinário e misterioso Hector Mann é o fio condutor de "O Livro das Ilusões". Mas o poder descritivo de Paul Auster transporta-nos bem para lá da magia do cinema mudo e mergulha-nos num universo muito pessoal, em que o cômico e o trágico, o real e o imaginado, a violência e a ternura se misturam e se dissolvem.

Fontes:
http://www.portaldaliteratura.com/
http://www.submarino.com.br
http://pt.wikipedia.org

Nenhum comentário: