quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Lou de Olivier (Poesias Avulsas)

O tempo e os funerais

O tempo que tudo apaga
E a todos arrasta
Que a beleza estraga
E torna impura a jovem casta...

Esse tempo comanda o vento
E tudo o que há na natureza
Seca a vida a cada momento
Deixa a morte como única certeza...

Cada segundo que se vai
Não volta mais em tempo algum
É sempre o vento que atrai
E repele sem remorso nenhum...

Família, amor, trabalho
Tudo o que se vive aqui
O tempo condensa no orvalho
Resta uma essência a reluzir...

Lágrimas, dores, perdas:
É sempre igual
Mudam só cenário e personagens
E assiste o soberano temporal
A mais uma das últimas viagens...

Da vida então resta nada
Os mortos viram antepassados
Só resta uma data comemorada
O tempo anuncia: É dia de finados...
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Demônios da paz

Que a luz da liberdade
Brilhe sempre em nós
Em qualquer cidade
Nunca estejamos sós...

Em meio aos bombardeios
Estejamos lúcidos e fortes
Sejamos, sem rodeios,
Maiores que a dor e as mortes...

Sejamos para o mundo a alegria
Buscando a paz ao Universo
Fazendo canto em harmonia
Semeando amor em versos...

Pensemos no futuro almejado
No conforto de um novo caminhar
Pois ser poeta é sonhar acordado
Entre tantos que dormiram sem sonhar...

Sejamos a harmonia que encanta
Certeza que a segurança traz
E, se esta guerra é santa
Sejamos nós, demônios da paz...
(escrita após o atentado de 11 de setembro de 2001)
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Brasil

Tempo louco que vivemos
Sem saber do futuro
Se na paz venceremos
Ou, para sempre, só escuro...

Vida contrária a que sonhamos
Num universo em chamas
Não temos quem amamos
Outros se deitam em nossas camas...

Máquinas param de funcionar
Trabalhadores vão-se embora
Desfaz-se a força para lutar
Para o bem de quem os explora...

Sobe e desce dos palanques
Dança em eterna harmonia
Arrasta o povo, suga seu sangue
Na brincadeira da politicaria...

Bons livros empoeirando-se em prateleiras
Esperam pela platéia selecionada
Em meio a um bando de asneiras
Elegem-se reis e rainhas do nada...

Se outros mundos eu visito
Tudo em ordem, sem igual
Sinto pena desse país
Decadente, em eterno carnaval...

E, se a rima me ajuda
Penso montar um grande musical
O tema: Deus nos acuda!
Elenco da beira do lamaçal...

Reunirei todos os desistentes
De todas as áreas e afins
Será a produção independente
Dos rejeitados tupiniquins...

Em letreiros coloridos
Veremos, finalmente, nosso nome
Expondo nossos sonhos doloridos
Ao público que passa fome...

No cartaz, escrito em anil
Ao público que lê meio tonto
Assistam todos: Nossa terra Brasil
Patrocínio: Lojas passa-se o ponto...
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Sobre a Autora
Lou de Olivier (1961)
Nasceu em São Paulo, em 21 de fevereiro de 1961. Psicopedagoga, Psicoterapeuta, precursora da Multiterapia. Pós-graduada em Medicina Comportamental e Psicopedagogia, Bacharel em Artes Cênicas, é também graduada em Educação Artística e tem extensões universitárias em Neuropsicologia e Musicoterapia. Especialista em distúrbios de aprendizagem e de comportamento. É também escritora, dramaturga e pesquisadora. Suas publicações e escritos lhe renderam dois prêmios na Inglaterra: "Award Echo of Literature", como uma das escritoras contempladas e Lancaster House Award, como pesquisadora. No Brasil, foi laureada com o prêmio "Mulher, Linda Mulher", entregue em solenidade na Câmara Municipal de São Paulo em 18/03/08

É autora de uma série de romances destacando-se "O preço de um sonho", "Paixão virtual", "Tua força é meu destino, teu destino é minha missão" e "Romance policial" e o inédito "Mística, perversa, sensual", que reúne o melhor de seus contos e crônicas.
Autora de quatorze textos teatrais/cinematográficos, destacando-se "Siga aquele voto", "Nunca em Los Angeles" , "Eu inteiro, metade de mim", "A Cinderela que não era Bela por que era Branca demais", já encenada em diversas cidades brasileiras, tendo recebido vários prêmios em festivais e "Os alienados", sendo este o mais conhecido, esteve em temporada profissional com grande sucesso e já foi montado por diversos grupos de teatro amador tendo sido aplaudido e premiado em festivais por todo o Brasil e na Europa, destacando-se a montagem em Portugal. Neste segmento, além da personagem Soraya Estrada, que encanta a todos com seus apimentados romances, destacam-se a sensitiva Ana, sempre envolvida em estórias belas e surpreendentes, Selena, uma verdadeira deusa grega...
E tantas outras personagens que emprestam a Lou suas estórias em contos e crônicas inesquecíveis, numa modalidade de escrita que, sem dúvida, a Lou domina como ninguém. É também autora de mais de seiscentas poesias, publicadas em várias coletâneas e, eventualmente em jornais como "Café Literário". Participou da coletânea UKBrazil - Antology of Poems na Inglaterra e, no Brasil, participou das Antologias Livre Pensador (Scortecci), Caminhos do amor (Oficina Editora) e quatro antologias pela REBRA (Rede de Escritoras Brasileiras), de onde foi Conselheira, exercendo cargo voluntário (não remunerado por varios anos). Atualmente, Lou não mais pertence a esta associação.
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Fonte:
http://www.loudeolivier.com.br/

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