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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Silmar Bohrer (Croniquinha) 128
O verão tem os seus aromas, as delícias e as adversidades da vida. Constâncias e inconstâncias. Um azul de doer os olhos, de repente o horizonte escurece, ouve-se o ribombar de trovoadas. Mudanças.
A vida também é feita de variáveis no dia a dia para tantos viventes. Manhãs de sol, tardes nubladas, noites insólitas. Conquistas e vitórias envoltas nas dúvidas, nas incertezas, nos sucessos e insucessos.
A crônica dos dias nos mostra que o verão e a vida são feitos do mesmo caldo - sóis e ventanejares, chuvas densas, júbilos, calmarias, amarguras, regozijos, dissabores, viveres altaneiros em qualquer circunstância.
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SILMAR BOHRER nasceu em Canela/RS em 1950, com sete anos foi para em Porto União-SC, com vinte anos, fixou-se em Caçador/SC. Aposentado da Caixa Econômica Federal há quinze anos, segue a missão do seu escrever, incentivando a leitura e a escrita em escolas, como também palestras em locais com envolvimento cultural. Criou o MAC - Movimento de Ação Cultural no oeste catarinense, movimentando autores de várias cidades como palestrantes e outras atividades culturais. Fundou a ACLA-Academia Caçadorense de Letras e Artes. Membro da Confraria dos Escritores de Joinville e Confraria Brasileira de Letras. Editou os livros: Vitrais Interiores (1999); Gamela de Versos (2004); Lampejos (2004); Mais Lampejos (2011); Sonetos (2006) e Trovas (2007).
Fontes:
Texto enviado pelo autor.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
Geraldo Pereira (Gostosas Saudades)
Aqui deste canto, onde me encanto, ainda, na antiga e paradisíaca praia de Pau Amarelo, onde os pássaros entoavam o cântico dos cânticos, posso parar nesta manhã de sábado e deixar que o imaginário ganhe as asas do tempo, reavendo minhas vivências e minhas convivências, meus convívios, enfim, de anos que se foram. O telefone celular que me acompanha, trazendo boas notícias e às vezes informações dolorosas, não faz ligação para o outrora e nem promove o desejado reaver das lembranças que me inquietam e que alimentam fantasias desses impossíveis retornos nas décadas e até no século. É irrealizável, então, à ciência do homem no presente das coisas essa viagem de volta. À infância – quem sabe? -, à adolescência ou à juventude! Fui feliz, creio firmemente, porque amei e fui amado!
Gostaria de me sentar, outra vez, no alpendre de casa, de fazer a arrumação dos brinquedos, os carrinhos de madeira e os apetrechos de guerra, de plástico já. Arranjar o batalhão de soldadinhos de chumbo no chão e prepará-los para a batalha de Monte Castelo, alguns com as armas aos ombros, poucos com o telefone de campanha e a maioria simplesmente em guarda, como deve convir mesmo às criaturas assim, resultantes da imaginação alheia. Sou nascido durante a beligerância mundial e criado no pós-guerra! Sonhar de novo, como fazia dantes, com a vizinha de defronte, bonitona e noiva. Mudar o conteúdo desses devaneios oníricos, como sucedeu, acompanhando o passar da idade, o evoluir dos sentimentos, num crescente apelo do inteiramente sensual.
Ah, que saudades de minha adolescência, de minhas paixões impossíveis e de meus amores plausíveis, das minhas férias e de meu futebol, dos meus canários abrindo as asas e entoando o pranto meloso das perdas! Que saudades das festas de rua, das quermesses e das quadrilhas, dos flertes e dos encontros furtivos, dos beijos roubados num girar qualquer de um carrossel dos ares. Lembranças gostosas do tempo dos tempos, do viço da idade que se esvai mais e mais, da leveza d’alma e do levitar do espírito, dos dias e das noites daqueles inícios! Esperanças a povoarem a força do pensamento, promessas vãs, nunca cumpridas, vontades guardadas e desejos reprimidos, recalcados tantos! Descobertas mil, de sentimentos emergentes e de carícias bem cuidadas, de afetos e de afagos, da saudade que foi surgindo logo, logo!
E a minha juventude? Começo difícil da arte do existir ou do exercício do viver, recomeço, muitas vezes, reflexões impostas à consciência no julgamento pessoal, rigor nas interpretações dos gestos, dos atos e dos fatos! Contato com o bem e o mal, a saúde e a doença, a morte, enfim. Identificação pesarosa do caráter de outros, dos semelhantes que trazem a inquietação e o desamor, artífices das desuniões planejadas, que de nada gostam e por ninguém suportam nutrir o sentimento maior. Falsos e desleais! Empregos conseguidos às custas de um esforço enorme, salários em baixa sempre, inquietudes assim, de natureza pecuniária, as compras do mês comprometidas e as aquisições maiores adiadas! Sonhos desfeitos e devaneios perdidos entre os percalços sentidos! Talvez, nem queira voltar às experiências de jovem!
As minhas gostosas saudades são aquelas, as da infância e as da adolescência, quando o meu ser viveu a completude do tempo! Por isso, nesta nublada manhã de um sábado qualquer, em minhas férias regulares, retorno nas décadas e no século e vou pairar nos meados dos anos cinquenta ou nos inícios dos mágicos dias de sessenta, resgatando pretéritos e retomando passados. Sou um nostálgico, pois! Executo a sinfonia das voltas e tomo assento nos antanhos vividos. Viro menino de calças curtas e me visto, em seguida, com o velho brim coringa não encolhe, uso as alpargatas Rhodia dos agrados de minha tia velha. O grupo escolar e o colégio, a rua de casa e a festa do parque, os passeios no Quemmequer e as fantasias do cinema, um abraço e um beijo! Abro a caneta Compactor, vou escrever, afinal, as letras de meu futuro, que é o hoje dos meus dias.
Feliz século aos homens de boa vontade, aos que têm gostosas saudades!
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GERALDO JOSÉ MARQUES PEREIRA nasceu em Recife/PE, em 1945 e faleceu na mesma cidade em 2015, formou-se em Medicina na UFPE em 1986. Fez o mestrado no Departamento de Medicina Tropical da instituição, do qual se tornou coordenador posteriormente. Foi diretor do Centro de Ciências da Saúde e fundou o Núcleo de Saúde Pública e Desenvolvimento Social (Nusp) da universidade. Vice-reitor da instituição de 1996 a 2004 e, quando o reitor precisou se afastar entre março e novembro de 2003, foi reitor em exercício. Fora da universidade, integrou a Comissão Estadual de Saúde, a Comissão Científica de Combate à Dengue do Governo do Estado e a Comissão de Cólera da UFPE e da Cidade do Recife, além de participar do Conselho Científico do Espaço Ciência da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco. Por conta dos inúmeros artigos científicos publicados, ainda foi membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores e do Conselho Estadual de Cultura e presidente da Academia Pernambucana de Medicina. Escrevia crônicas e, em março de 2011, assumiu a cadeira de número 16 da Academia Pernambucana de Letras, que já havia sido ocupada pelo seu pai, o escritor Nilo Pereira.
Fontes:
Geraldo Pereira. Fragmentos do meu tempo. Recife/PE. Disponível no Portal de Domínio Público
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Miríade de Trovas “05”
A saudade sintetiza
sonhos, glórias, sentimentos,
como um filme que eterniza
nossos melhores momentos.
A. A. DE ASSIS
202
É certo dizer que a idade
não se conta pelos anos.
— Eu, já desde a mocidade,
sou velho... de desenganos!
ABREU CARVALHO
203
Num afago em seus cabelos,
num carinho em sua face,
vi que, através de desvelos,
um grande amor também nasce...
ADEMAR MACEDO
204
Eu creio em Deus, com profundo
sentido de lucidez,
mas, no Deus que fez o mundo,
não no deus que o mundo fez!
ALFREDO DE CASTRO
205
Este alguém que no passado
fez-se Musa em minha lira,
vive em peito guardado
e as minhas trovas inspira.
ALYDIO C. SILVA
206
Não é uma santa, entretanto,
murmuram, quando ela passa:
- Maria cheia de encanto...
- Maria cheia de graça...
ANA MARIA MOTTA
207
"Quem canta, os males espanta".
Mas na sonata do amor
minha alma é triste, pois canta
somente as notas de dor.
ANTONIO ROBERTO FERNANDES
208
Este amor que te declaro
é tão puro e tão bonito
que, ao medi-lo, eu o comparo
à grandeza do infinito!
ANTONIO TORTATO
209
Vendo aquilo em que se crê
e sentindo o que se nega,
somente um cego não vê
que a humanidade está cega!
APARÍCIO FERNANDES
210
Desvelo é aquele cuidado
com que o poeta, a seu jeito,
passa uma noite acordado
buscando um verso perfeito.
ARLINDO TADEU HAGEN
211
Esta vida é uma pomada
da maciez do veludo...
— Eu já não sofro de nada,
de tanto sofrer de tudo!
ASSIS GARRIDO
212
Tens a placidez dos lagos...
Mas... eu temo, por nós dois,
que, entre carícias e afagos,
venha o dilúvio depois...
BATISTA SOARES
213
O velho meio caduco
olha o espelho e diz, por fim:
- Este espelho tá maluco,
eu não sou tão feio assim!
CAMPOS SALES
214
Quando o tempo massacrante
aponta o peso da idade,
todo o passado distante
é presente na saudade.
CARLOS DE SOUZA
215
Deus! que bom, se, de repente,
o pranto da humanidade
se transformasse em vertente
de Amor e Fraternidade!
CAROLINA RAMOS
216
Reler a carta guardada...
Minha mão agora oscila,
ante a gaveta trancada,
eu devo ou não devo abri-la?
CECÍLIA PATTI SILVEIRA
217
Cada dia mais tristonho
carrego o peso das eras,
vendo afogar-se meu sonho
num dilúvio de quimeras!
CLARINDO BATISTA DE ARAÚJO
218
Aflição... Ânsia... Incerteza...
têm meu peito enamorado
e é mais triste que a tristeza
não ter alguém ao meu lado.
CONSTANTINO GONÇALVES
219
Porteira batendo ao vento,
tão velha e desconjuntada,
é o rude e triste lamento
da fazenda abandonada!...
DANIEL DE CARVALHO
220
Desce o luar... Das calçadas,
eflúvios sutis se evolam...
É quando, em paz, de mãos dadas,
as crianças cantarolam.
DAVID DE ARAÚJO
221
Voltei. Ausência de tudo.
Em silêncio o casarão.
Somente um vestígio mudo:
- retrato dela no chão...
ENÉAS DE CASTRO
222
As esperanças da vida,
bem como os seus desenganos,
mudam de face à medida
que mudam de face os anos.
EXPEDITO PEREIRA
223
Eva.. esse anjo encantador
que em pecados se desdobra,
fez do Adão um pecador
e diz... "A culpa é da cobra"!
FERRER LOPES
224
Na vida que nós levamos,
o que nos tem mais valor
é que juntinhos sonhamos
um lindo sonho de amor!
GALDINO ANDRADE
225
Oh, mãe preta, a todo instante
relembro a tua humildade,
joia de brilho constante
do sacrário da bondade.
HELVÉCIO BARROS
226
O céu, o ar e o luar,
a mata, animais e flores...
E o homem quer acabar
essa harmonia de cores!...
HERMOCLYDES SIQUEIRA FRANCO
227
Um pobre estendendo a mão
invocou de Deus o amor.
- Quer esta rosa ou este pão?
- Prefiro a rosa, Senhor.
IDÁLIA KRAU
228
Enquanto a guerra inundar
num dilúvio, a Terra inteira,
onde a pomba irá buscar
outro ramo de oliveira?!...
IZO GOLDMAN
229
Quando te vejo, Teresa,
tão bonita e jovial,
eu considero a tristeza
mais um pecado mortal!
JACY PACHECO
230
Disseste adeus... e, à partida,
vi meus sonhos, sem os teus,
perdendo o rumo da vida
na travessia do adeus!
JOÃO FREIRE FILHO
231
Se o meu coração chorasse
toda a amargura que encerra,
talvez então provocasse
novo dilúvio na Terra...
JOÃO PAULO OUVERNEY
232
Qualquer que seja o motivo
pelo qual me abandonou,
em meu coração cativo,
o pranto nunca secou!
JOSÉ FELDMAN
233
No amor, meus amigos, vede:
sou um Tântalo, por certo,
pois vivo a morrer de sede,
com tantas fontes por perto!
JOSÉ LOURENÇO
234
O amor eterniza as vidas
e, a vida, vem nos lembrar:
- Correntes de mãos unidas
ninguém consegue quebrar!...
JOSÉ MARIA MACHADO DE ARAÚJO
235
Quantas vezes esquecemos,
chorando lembranças mortas,
que "Deus escreve direito,
embora por linhas tortas"!
LEOPOLDINA DIAS SARAIVA
236
Torna-se longo o momento
da mais breve despedida,
se atormenta o pensamento
no decorrer de uma vida!
LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DECARLI
237
Nossa Língua Portuguesa
bem menos rica seria
se não tivesse a riqueza
deste teu nome - Maria!
LUIZ OTÁVIO
238
Todo momento é perfeito
se traz consigo o pretexto
de incluir, com graças e jeito,
o teu vulto em seu contexto!
MARIA HELENA OLIVEIRA COSTA
239
Não me entrego ao desalento
nos momentos mais tristonhos...
Qualquer dilúvio eu enfrento,
com remos feitos de sonhos!...
MARILÚCIA REZENDE
240
Seria bem diferente
o mundo que se desfaz,
se houvesse dentro da gente
muitas correntes de paz...
MILTON NUNES LOUREIRO
241
Triste de quem, nesta vida,
pela estrada de onde vem,
nem uma vez deu guarida
às esperanças de alguém.
NICOLINO LIMONGI
242
Quando penso em falsidade,
teu nome logo me vem:
Teu nome: Felicidade!
- Felicidade? De quem?...
OCTÁVIO BABO FILHO
243
Feliz de quem não se furta
de lutar, pois vale a pena;
nossa travessia é curta,
mas não deve ser pequena.
OLYMPIO S. COUTINHO
244
A travessia mais rude,
que entre nós dois, eu desfiz...
Foi não ter tido a virtude
de fazê-la e ser feliz!
PROFESSOR GARCIA
245
Quando a feia se “embeleza”,
mas o resultado é trágico,
diz o espelho, que se preza:
- Ela pensa que eu sou mágico!...
RENATO ALVES
246
Sempre que a vida nos lança
nas trevas, o que conforta
é ver que a luz da esperança
vem pela fresta... da porta!
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
247
O calendário do peito,
em forma de sonho ou prece,
marca um momento perfeito...
mas que nem sempre acontece.
VANDA FAGUNDES QUEIROZ
248
Não parta saudade, agora...
Não fuja... E sabe por quê?
- Maria se foi embora...
- Maria agora é você!...
WALDIR NEVES
249
Sem temor, meu barco avança,
seja qual for a maré,
pois no mastro da esperança
iço a bandeira da fé.
WANDA DE PAULA MOURTHÉ
250
Nas trevas desta paixão,
me carregas, te carrego,
um cego sem direção,
sendo guia de outro cego!
ZAÉ JUNIOR
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José Feldman (Textos & Trovas) Amores na Mocidade
Texto construído tendo por base a trova do Professor Garcia (Caicó/RN)
Amores na mocidade!...
Depois, a contrapartida:
cansaço, dor e saudade
na curva extrema da vida!
Numa pequena cidade , onde o sol sempre brilhava e as flores coloridas enfeitavam as ruas, vivia uma jovem chamada Lara. Em sua juventude, era conhecida por sua beleza radiante e sua risada contagiante. Ela sonhava com grandes amores, com aventuras que a levariam a lugares distantes e emocionantes. Ao lado de suas amigas, costumava passar as tardes discutindo sobre os romances que lia e imaginando o príncipe encantado que um dia surgiria em sua vida.
Certa manhã, enquanto caminhava pelo parque, Lara encontrou um jovem chamado Lúcio. Ele era diferente de todos que conhecia: tinha um olhar profundo e um jeito tranquilo que a encantava. Os dois logo se tornaram inseparáveis, compartilhando risadas, sonhos e promessas de um futuro juntos. Os dias se transformaram em meses, e aqueles momentos de amor intenso pareciam eternos. Eles faziam planos, falavam sobre construir uma vida juntos e acreditavam que a felicidade seria infinita.
Contudo, com o passar do tempo, a paixão que os unia começou a se transformar. As diferenças entre eles se tornaram evidentes, e as pequenas desavenças que antes eram insignificantes começaram a se acumular. Lúcio, que sempre fora sonhador, agora se via pressionado a assumir responsabilidades que não desejava. Lara, por sua vez, aspirava por aventuras e desafios, enquanto ele buscava segurança e tranquilidade. O amor que antes parecia inabalável começou a fraquejar sob o peso das expectativas e da realidade.
Após alguns meses de tentativas frustradas de resolver suas diferenças, eles decidiram se separar.
O término foi doloroso, e ambos sentiram a perda de um futuro que acreditavam ser certo. Lara, em particular, sentiu uma onda de saudade que a envolveu como um manto pesado. As memórias dos momentos felizes pareciam agora uma sombra do que poderia ter sido. A cidade que antes vibrava com as cores de sua juventude agora parecia mais cinzenta e solitária.
Com o passar do tempo, ela buscou consolo em novas amizades, mas a dor da perda permanecia. Ela percebeu que, apesar da beleza dos amores da mocidade, havia uma contrapartida que não se podia ignorar: o cansaço emocional, a dor da saudade e a sensação de que algo precioso havia sido deixado para trás. Ela começou a refletir sobre o que realmente significava o amor e como, muitas vezes, ele podia ser fugaz e decepcionante.
Anos se passaram, e ela se tornou uma mulher mais madura. Ela viveu novos relacionamentos, cada um trazendo suas próprias lições e desafios. Aprendeu a valorizar não apenas os momentos de alegria, mas também as dificuldades que moldavam seu caráter. As cicatrizes emocionais que carregava se tornaram parte de sua história, e ela começou a aceitar que o amor, em suas diferentes formas, é uma jornada repleta de altos e baixos.
Um dia, durante um passeio pelo parque, encontrou Lúcio novamente. Ambos estavam mais velhos, com marcas de vida que contavam histórias de amores e perdas. Eles se cumprimentaram com um sorriso tímido, lembrando-se da intensidade da juventude. A conversa fluiu naturalmente, e logo estavam rindo das lembranças que compartilhavam.
“Você se lembra daquele verão?”, perguntou Lara, com um brilho nostálgico nos olhos. “Aquele em que prometemos que seríamos sempre felizes?” ele sorriu, mas havia uma tristeza em seu olhar. “Sim, eu me lembro. Mas a vida nos ensinou que a felicidade é feita de muito mais do que apenas promessas.”
A conversa se aprofundou, e os dois compartilharam suas experiências, seus erros e aprendizados ao longo dos anos. Ela percebeu que, apesar da dor e da saudade, havia algo belo na jornada que vivera. Cada amor, cada desilusão, havia contribuído para a mulher que se tornara. Ela compreendeu que, embora a vida pudesse ser desafiadora, cada capítulo era essencial para seu crescimento.
Ao final do encontro, Lara e Lúcio se despediram com um abraço sincero, cada um levando consigo uma sensação de paz. Ela percebeu que os amores na mocidade, com suas alegrias e tristezas, não eram em vão. Eles faziam parte dos retalhos da vida, cada tecido contribuindo para a imagem mais ampla de quem ela era.
E assim, com o coração mais leve, caminhou de volta para casa, sabendo que a vida, com suas curvas extremas, era uma jornada que valia a pena. A moral dessa história ficou clara em sua mente e coração:
Os amores da juventude, com suas alegrias e dores, são fundamentais para moldar quem nos tornamos, e mesmo na saudade, há beleza e aprendizado.
Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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domingo, 9 de fevereiro de 2025
Luiz Poeta (Nuvens de Sonhos) 10
José Feldman (Solidão: Ser e Estar)
A solidão é uma das experiências mais universais e, ao mesmo tempo, mais profundamente particulares da condição humana. Em um mundo hiperconectado, onde a comunicação flui instantaneamente através de telas e redes sociais, a ironia é que muitos se sentem mais sozinhos do que nunca. Esta contradição nos leva a refletir sobre o impacto da solidão no ser humano, suas nuances, suas dores, e, paradoxalmente, seus potenciais benefícios.
Para alguns, a solidão é uma sombra que se estende, envolvendo o ser em um manto de tristeza e abandono. A ausência de companhia, a falta de diálogo e a desconexão emocional podem se transformar em um labirinto sem saída. Ao olhar ao redor, muitos se deparam com o eco de suas próprias vozes, e a vida se torna um monólogo onde cada pensamento se torna um peso. A perda de vontade de viver é uma consequência comum - a solidão, em sua forma mais crua, pode corroer a esperança e o desejo de mudança.
Entretanto, a solidão não é apenas um estado de dor. Ela também pode ser um espaço de introspecção e autodescoberta. A solidão, quando bem administrada, oferece uma oportunidade ímpar de reflexão. Em momentos de quietude, o ser humano pode se voltar para dentro, questionar suas crenças, reavaliar seus valores e, quem sabe, encontrar um novo propósito. É nesse silêncio que muitos artistas, pensadores e filósofos encontraram sua voz. A solidão, nesse contexto, pode ser um terreno fértil para a criatividade e o crescimento pessoal.
Diante desse quadro, a questão que se impõe é: como podemos ajudar aqueles que se encontram presos na solidão? A resposta exige empatia, compreensão e ação. O primeiro passo é a escuta atenta. Muitas vezes, aqueles que se sentem sozinhos apenas desejam ser ouvidos. Um simples gesto de atenção pode fazer toda a diferença. Conversas informais, um convite para um café ou uma caminhada no parque podem quebrar a barreira da solidão e reacender a chama da conexão humana.
Além disso, é fundamental reconhecer que a solidão não é uma falha pessoal, mas uma condição da vida. Ajudar alguém a entender que não está sozinho em sua experiência é um presente poderoso. Compartilhar histórias, experiências e dificuldades pode criar um vínculo que transforma a solidão em uma jornada compartilhada. Muitas vezes, as pessoas se sentem mais confortáveis em abrir-se quando percebem que outros também enfrentam desafios semelhantes.
Outro aspecto importante é a promoção de atividades comunitárias. Grupos de leitura, oficinas de arte, ou até mesmo clubes de caminhada podem oferecer oportunidades para que os solitários se conectem com outros e encontrem um senso de pertencimento. A socialização, quando feita de forma gradual e respeitosa, pode ajudar a reestabelecer laços e a confiança em relacionamentos.
Por outro lado, é crucial respeitar o espaço do outro. Não se deve forçar a interação, pois isso pode resultar em mais angústia. Cada um tem seu tempo e seu modo de lidar com a solidão. O apoio deve ser oferecido, mas sempre de maneira sensível e atenta.
A solidão, portanto, é uma condição ambivalente. Ela pode ser uma fonte de dor profunda ou um espaço para o florescimento pessoal. O desafio está em encontrar um equilíbrio, em reconhecer quando a solidão se torna um fardo e em buscar formas de transformá-la em uma oportunidade de conexão e crescimento.
Viver sozinho pode ser um ato de resistência ou um convite ao autoconhecimento. A chave está em como cada um lida com essa experiência. Para muitos, a solidão é um estado transitório, um capítulo que pode ser escrito com novas histórias de amor, amizade e pertencimento. Para outros, pode ser um lugar de reflexão profunda, mas que, se não for cuidado, pode levar à ruína da vontade de viver.
Assim, cabe a nós, enquanto sociedade, cultivar uma cultura de acolhimento, onde a solidão não seja estigmatizada, mas compreendida. Ao estender a mão para aqueles que se sentem sós, podemos juntos construir um mundo onde cada ser humano se sinta visto, ouvido e amado. A solidão, quando compartilhada, não precisa ser um fardo, mas pode se tornar um espaço onde todos aprendem a se conectar com a essência do ser humano: o amor e a empatia.
Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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Vereda da Poesia = 214
JOSÉ CORRÊA VILLELA
Rio de Janeiro, 1899 – ????
Embora o frio, embrulhado
nos trapos do desabrigo,
dormi bem agasalhado
– a noite dormiu comigo…
= = = = = = = = =
Poema de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009
NOSSA LÍNGUA
(para o poeta Antoniel Campos)
O doce som de mel que sai da boca
na língua da saudade e do crepúsculo
vem adoçando o mar de conchas ocas
em mansa voz domando tons maiúsculos.
É bela fiandeira em sua roca
tecendo a fala forte com seu músculo
na hora que é preciso sai da toca
como fera que sabe o tomo e o opúsculo.
Dizer e maldizer do mel ao fel
é fado de cantigas tão antigas
desde Camões, Bandeira a Antoniel,
este jovem poeta que se abriga
na língua portuguesa em verso e fala
nau de calado ao mar que não se cala.
= = = = = = = = =
Trova de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP
Não importa a cor da pele
e nem a força dos braços;
mais vale o que nos impele
aos amorosos abraços!
= = = = = =
Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba / PR
Declaração...
Nas mãos,
Mais que flores...
Com os
Olhos da alma
Verás
Que te ofereço
meu pequeno
Coração.
= = = = = = = = =
Trova de
JESSÉ NASCIMENTO
Angra dos Reis/RJ
Os meus sonhos de menino,
cheios de esperança e cores,
os leva o trem do destino,
nos trilhos, por entre flores.
= = = = = =
Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
MEU IRMÃO, VEM COMIGO VER O MAR
(Glória Marreiros, in "Terra de Ninguém", p. 33)
Meu irmão, vem comigo ver o mar
Chão e calmo em constante movimento
Berço da vida e fonte de alimento
Com espuma que é renda de um altar.
Esquece a dor de um barco a naufragar
Abandona-te às ondas e ao bom vento
Que o mar é esse líquido elemento
Que os homens trazem de volta à luz do lar,
Mãe de lendas por tantas gerações
Ó mar tu é que irmanas as nações
Nascidas pelos cantos deste mundo.
Reino do céu azul, brumas e medos
Só tu sabes os bens e os segredos
Que guardas no teu seio tão profundo.
= = = = = = = = =
Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP
Irrequieto, o molecote,
no jeitinho turbulento,
parece um mini-quixote,
perseguindo um catavento.
= = = = = =
Poema de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918
MANHÃ DE VERÃO
As nuvens, que, em bulcões, sobre o rio rodavam,
Já, com o vir de manhã, do rio se levantam.
Como ontem, sob a chuva, estas águas choravam!
E hoje, saudando o sol, como estas águas cantam!
A estrela, que ficou por último velando,
Noive que espera o noivo e suspira em segredo,
Desmaia de pudor, apaga, palpitando,
A pupila amorosa, e estremece de medo.
Há pelo Paraíba um sussurro de vozes,
Tremor de seios nuns, corpos brancos luzindo...
E, alvas, a cavalgar broncos monstros ferozes,
Passam, como num sonho, as náiades fugindo.
A rosa, que acordou sob as ramas cheirosas,
Diz-me: “Acorda com um beijo as outras flores quietas!
Poeta! Deus criou as mulheres e as rosas
Para os beijos do sol e os beijos dos poetas!”
E a ave diz: “Sabes tu? Conheço-a bem... Parece
Que os Gênios de Oberon bailam pelo ar dispersos,
E que o céu se abre todo, e que a terra floresce,
- Quando ela principia a recitar teus versos!”
E diz a luz: “Conheço a cor daquela boca!
Bem conheço a maciez daquelas mãos pequenas!
Não fosse ela aos jardins roubar, trêfega e louca,
O rubor da papoula e o alvor das açucenas!”
Diz a palmeira: “Invejo-a! ao vir a luz radiante,
Vem o vento agitar-me e desnastrar-me a coma:
E eu pelo vento envio ao seu cabelo ondeante
Todo o meu esplendor e todo o meu aroma!”
E a floresta, que canta, e o sol, que abre a coroa
De ouro fulvo, espancando a matutina bruma,
E o lírio, que estremece, e o pássaro, que voa,
E a água, cheia de sons e de flocos de espuma,
Tudo, - a cor, o clarão, o perfume e o gorjeio,
Tudo, elevando a voz, nesta manhã de estio,
Diz: “Pudesses dormir, poeta! No seu seio,
Curvo como este céu, manso como este rio!”
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
Na imensa feira da vida,
as barracas da ironia:
- a das culpas - concorrida!...
a dos remorsos - vazia...
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Soneto de
MÁRIO A. J. ZAMATARO
Curitiba/PR
NA PRAÇA
À noite o movimento anima a praça,
garotos e garotas vão além
dos olhos camuflados de vidraça...
da busca de dinheiro e de algum bem.
A grana e a droga e a lisa da cachaça
embalam todo o gozo que eles têm.
Em meio ao gozo há o peso da carcaça,
e a vida oscila à beira... do que vem.
O tempo é companheiro do perigo.
Vacilo não perdoa nem amigo.
E é breve a sensação que vem de ser.
No centro, a velha mola do poder
e, em volta, a tola senha do freguês...
Na praça, todo sonho é insensatez!
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Trova de
BENEDITO ANGRENSE BRASIL DOS REIS VARGAS
Angra dos Reis/RJ
A saudade, é bem verdade,
como punge e faz sofrer!
Mas sem ter uma saudade,
quem é que pode viver?!
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Poetrix de
MARÍLIA BAÊTAS
Belém/PA
NO MUNDO DA LUA
Vagam meus pensamentos,
flutuam qual astronauta.
Na terra, tua falta.
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Poema de
CHARLES BAUDELAIRE
Paris/França 1821 – 1867
O ALBATROZ
Às vezes, por prazer, os homens de equipagem
Pegam um albatroz, enorme ave marinha,
Que segue, companheiro indolente de viagem,
O navio que sobre os abismos caminha.
Mal o põem no convés por sobre as pranchas rasas,
Esse senhor do azul, sem jeito e envergonhado,
Deixa doridamente as grandes e alvas asas
Como remos cair e arrastar-se a seu lado.
Que sem graça é o viajor alado sem seu nimbo!
Ave tão bela, como está cômica e feia!
Um o irrita chegando ao seu bico em cachimbo,
Outro põe-se a imitar o enfermo que coxeia!
O poeta é semelhante ao príncipe da altura
Que busca a tempestade e ri da flecha no ar;
Exilado no chão, em meio à corja impura,
A asa de gigante impede-o de andar.
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Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ
Guarda bem isto na mente,
se a mentira te norteia:
mais cedo ou mais tarde, a gente
colhe aquilo que semeia!...
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Hino de
CLEVELÂNDIA/ PR
Clevelândia longínquo recanto
De teus filhos precioso agasalho.
Sob o manto de um céu de turquesa
És colmeia de vida e trabalho.
Clevelândia meiga terra
És um sonho que se faz
Na riqueza de teus campos
Na alegria dos trigais
Que se estende pelos vales
Feito ouro, feito pão
Com benção do Senhor
Na tristeza do sertão.
Quando aurora desponta sorrindo
E os pinhais lacrimejam orvalho
Teus filhos alegres contentes
Buscam todos na vida o trabalho.
Clevelândia meiga terra
És um sonho que se faz
Na riqueza de teus campos
Na alegria dos trigais
Que se estende pelos vales
Feito ouro, feito pão
Com benção do Senhor
Na tristeza do sertão.
A teus filhos que seja a harmonia
E o trabalho fecundo a divisa
Tua grandeza e progresso futuro
Desta fonte de vida precisa.
Clevelândia meiga terra
És um sonho que se faz
Na riqueza de teus campos
Na alegria dos trigais
Que se estende pelos vales
Feito ouro, feito pão
Com benção do Senhor
Na tristeza do sertão.
Quando ao longe te avista sorrindo
Minha alma alegre conduz
Minhas preces à mãe padroeira
Virgem Santa Senhora da Luz.
Clevelândia meiga terra
És um sonho que se faz
Na riqueza de teus campos
Na alegria dos trigais
Que se estende pelos vales
Feito ouro, feito pão
Com benção do Senhor
Na tristeza do sertão.
Clevelândia longínquo recanto
Deste nobre e feliz Paraná
És parcela do nosso Brasil
Mas tão bela como outra não há.
Clevelândia meiga terra
És um sonho que se faz
Na riqueza de teus campos
Na alegria dos trigais
Que se estende pelos vales
Feito ouro, feito pão
Com benção do Senhor
Na tristeza do sertão.
Quando aurora desponta sorrindo
E os pinhais lacrimejam orvalho
Tuas quinhentas casinhas de pinho
Formam tudo na vida o trabalho.
Clevelândia meiga terra
És um sonho que se faz
Na riqueza de teus campos
Na alegria dos trigais
Que se estende pelos vales
Feito ouro, feito pão
Com benção do Senhor
Na tristeza do sertão.
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Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ
TARDE FELIZ (ABRINDO O BAÚ)
Em morna tarde de sol
Cheia de tanta beleza,
Podemos observar
Encantos da natureza.
No aconchego da varanda,
Contemplo este céu azul,
No rádio tocando a banda,
O vento sopra do sul.
No jardim todo florido
Crianças correm a brincar,
De pique pega escondido.
O gato mia no muro
A coruja voa a gritar
Enquanto o ouvido eu apuro.
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Trova de
BENEDICTO NUNES DE ASSIS
São José dos Campos/SP
Primavera, esta menina
brincando, a enfeitar a terra,
abre lírios na campina
e põe manacás na serra!
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Uma Lengalenga de Portugal
ARRE BURRO
(Várias versões)
Arre burro
De Loulé
Carregado
De água-pé
***
Arre burro
De Monção
Carregado
De requeijão
***
Arre burrinho
Arre burrinho
Sardinha assada
Com pão e vinho
***
Arre burrinho
De Nazaré
Uns a cavalo
Outros a pé
***
Arre burrinho
Para Azeitão
Que os outros
Já lá vão
Carregadinhos
De feijão
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Trova Popular de
AUTOR ANÔNIMO
Segunda-feira eu te amo,
terça te quero bem;
na quarta morro por ti,
quinta por mais ninguém.
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
ACONCHEGO
Imóveis
A pena
E a asa da borboleta
Sonham
Com o vento…
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Trova de
DINAIR LEITE
Paranavaí/PR
Foi o poeta! Se chora…
Quedou da rosa o perfume
que invadiu belo anjo que ora
pro poeta e acende lume!
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