sábado, 24 de outubro de 2015

Rosimeire Leal de Mota (1969)




.          Rosimeire Leal da Motta nasceu no município de Vila Velha/ES, em 1969. Professora, Técnica em Contabilidade e Secretária. Casada. Portadora de deficiência auditiva, faz leitura labial. Começou a escrever aos 15 anos, seguindo o exemplo da mãe, que usava a escrita como uma maneira de expressar seus problemas pessoais. A outra influência foi a leitura, pois por ser tímida, passou a maior parte da minha adolescência lendo. Seu primeiro trabalho literário foi "MEU IDEAL DE POESIA" (prosa), escrito aos 15 anos.

            Desenvolve o estilo Simbolismo, onde a vida interior é revelada por meio de símbolos. Existe a postura romântica, centralizada no "eu", explorando as camadas mais profundas do subconsciente e inconsciente... interioridade... poesias endereçadas à emoção... romantismo... ideias envoltas em sombra, em névoa..

   Nas palavras da poetisa:
            “O mais gratificante na arte de escrever é poder espalhar nossos pensamentos ao mundo, transmitindo uma parte de nós aos demais; sim, porque aquilo que uma pessoa escreve revela muito sobre si mesmo. É gratificante quando escrevo um texto e observo que ali está muito de mim, foi uma parte da minha individualidade que doei aos demais.
Eu sinto a poesia como se fosse um pedaço da alma, um ser vivo que transmite um sentimento. Ler uma poesia é como abrir um frasco de perfume e aspirar seu aroma... A fragrância é totalmente absorvida por nosso íntimo. Penso que a realização do poeta se faz na alma, pois ele já nasce com este dom, ou seja, não há como participar de um curso para se tornar um profissional da poesia... Ele poderá se inscrever num curso para aperfeiçoar a escrita com base na gramática e somente isto. Ser poeta é um dom que a pessoa tem, que a torna capaz de transformar letras em sentimento.”
            Participou de dezoito Antologias de Poesias, quatro de Contos e cinco de Crônicas.
 LIVROS PUBLICADOS:
- "Voz da Alma", 2005 (Poesia e Prosa);"Eu Poético" , 2007 (Poesia e Prosa.); "O Cair da Tarde", 2012 (Poesia e Prosa)

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Sérgio Corrêa Miranda Filho (Caderno de Trovas)

A glória não mais me acena...
Mas, por amor à ribalta,
eu sou artista que encena,
mesmo se o público falta!…
Ao ver, com creme vermelho,
da esposa o rosto emplastado,
teve impressão o Botelho
de que entrou no inferno errado!
A vida nada me entrega...
mas quando durmo, a teu lado,
sonho ter o que ela nega
sempre que sonho acordado!!!
Carteiro, que se desculpa
por frustrar o meu anseio,
esquece... Tu não tens culpa
se a carta dela não veio!…
Celular eu não tolero
desde um pré-pago que eu tinha,
que tocou "Mamãe eu quero..."
no velório da vizinha!
Comprovo, num pranto mudo,
após a espera frustrada,
que o depois promete tudo
mas não cumpre quase nada!
Depois de um sonho frustrado
que a própria vida desfez,
insiste... volta ao passado
e sonha tudo outra vez!…
"Depois", disseste... E apreensivo,
lembrando o amor de nós dois,
hoje eu sinto que só vivo
porque espero esse depois!
Depois... muralha inclemente
que insiste em nos separar
do sonho de amor que a gente
não pode ainda alcançar!…
Desde o namoro ao casório,
a sogra foi sentinela.
E hoje, enfim, no seu velório,
sou eu quem "segura a vela"!…
Envelhecemos... Nós dois...
E hoje é que voltas, por fim...
Não pensei que o teu "depois"
fosse tão depois assim…
Falta-me a fé...e, na estrada
onde sigo, não me iludo,
pois não me faltando nada
eu sei que me falta tudo!…
Feitos de instantes tristonhos,
se os meus dias são banais,
não é porque faltam sonhos,
mas porque há mágoas demais!…
Fico ante a vida calado,
sem pergunta... sem proposta...
- Meu sonho já está cansado
de ouvir 'não" como resposta!
Meu sonho, num louco intento,
quis o céu e, em gesto aflito,
prendeu-se à pipa que o vento
despedaçou no infinito!…
Na campa do tal rapaz
que no batuque era um bamba,
em vez de pôr: – "Aqui jaz"...
alguém gravou: – "Aqui samba"…
Na espera a angústia me invade...
E depois, num devaneio,
vejo chegar a saudade,
trazendo alguém que não veio!…
Na festa de caridade,
Zé, com cara de tragédia,
tirando a média de idade,
foi parar na Idade Média!
Nas cavalgadas que eu faço
quando a insônia não aceito,
apanho os sonhos a laço
e arrasto o sono a meu leito!…
Nas horas de desencanto,
não me falta um bom amigo
que, se não seca o meu pranto,
ao menos, chora comigo!…
Num sonho envolto em ternura,
de tua ausência hoje farto,
viajo à tua procura,
sem deixar o nosso quarto!…
O candidato: - Em quem votas?
- Em você!, diz, sem engodos...
E explica: - Dos idiotas,
prefiro o maior de todos…
O Pacote é bom, Batista?
- Pra mim é, pois dá dinheiro...
- Ah, o amigo é economista?
q Não, senhor... sou pipoqueiro!
O Zé segue o enterro... E ao ver
seu rosto, um verme diz, sério:
– Quando esse "troço" morrer,
eu fujo do cemitério!…
Piada foi quando o Augusto
entrou no armário, apressado,
e quase morreu de susto
quando alguém disse: - Ocupado!
"Procuro amor"... deixo escrito
no meu sonho... mas, quem vê,
se eu ponho este anúncio aflito
num jornal que ninguém lê?!
Quando um cão grã-fino olhou
sua cadela, de esguelha,
meu cão pulguento ficou
"com a pulga atrás da orelha"!
Se estás num sonho indagando
se te adoro, e eu digo sim,
crê, amor, mesmo sonhando,
no que o sonho diz por mim!
Sempre que a vida me assalta,
eu luto com tanto empenho,
que é quando a força me falta
que eu meço a força que tenho!
Se o meu sonho vem errado,
acordo... e, insone, bendigo
poder sonhar acordado
um sonho inteiro contigo!…
Silêncio!  Dorme a saudade
e acordá-la não convém...
Já é demais a ansiedade
para esperar quem não vem!
Tudo alcancei, com ardor...
E, hoje, a mágoa que me assalta
é sentir falta de amor
quando mais nada me falta!…
Velório estranho, comadre,
o da sogra do Miranda...
em vez de chamar um padre
ele chamou uma banda!

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

José Feldman (Algumas Dicas de Trovas para Concursos ou Não)



Seguem algumas trovas de trovadores que usaram palavras incorretamente, o que poderá prejudicar uma boa trova e desclassificá-las em concursos:
Vendo este mundo de dor,
com violência, sem Norte
peço sempre ao Salvador:
– Paz, amor e boa sorte.
         Se não for vendedor/a, não utilizar vendo como no primeiro verso, a não ser que queira vender o mundo, e atualmente até de graça tem que pensar muito.
______________________
A neve desce, flutua,
cai sobre tudo e se espalha
sobre a estrada imensa e nua
como uma branca toalha.
    Esta é para os comilões. No quarto verso, como, se a intenção não era comer a toalha branca, preste muita atenção ao utilizar esta palavra.
________________
Alguns anos atrás, quando ainda estava engatinhando na trova, fiz a trova abaixo (depois corrigi, claro)
Como a Gralha Azul que voa
cultivando o Paraná,
a trova, a Terra povoa,
espalhando o seu maná.
         Agradeço ao povo paranaense, ao IBAMA, etc. por ter entendido que não estava mal intencionado, foi ignorância minha em algumas questões da trova, se não já teria sido linchado por comer a Gralha Azul, símbolo do Paraná.