terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Jerson Brito (Asas da poesia) 07

  
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Jerson Lima de Brito, nasceu em Porto Velho/RO, em 1973, onde reside. Graduado em Administração e Direito pela Fundação Universidade Federal de Rondônia. Sonetista, trovador e cordelista, é membro fundador da Academia Brasileira de Sonetistas (Abrasso), integrante do Fórum do Soneto e Delegado da União Brasileira de Trovadores (UBT) em Porto Velho. Exerce o cargo de Técnico Federal de Controle Externo na SECEX-RO, tendo participado de algumas Mostras de Talentos do TCU. Neto de nordestinos, na infância teve os primeiros contatos com os versos, lendo os folhetos de cordel que seu pai comprava. Já na fase adulta, depois dos 30 anos, deu os primeiros passos na literatura escrevendo sobretudo cordéis. Posteriormente, aderiu aos sonetos e outras modalidades poéticas. Premiado em diversos concursos de trovas, sonetos e cordéis.

José Feldman (Trovas & Textos) Mais um adeus

Texto construído tendo por base a trova de Eliana Palma (Maringá/PR)

Adeus com dores combina,
adeus inspira piedade.
Adeus de amor, triste sina
de quem vive de saudade!

O sol estava se pondo em Maringá, tingindo o céu de laranja e rosa, como se o próprio dia estivesse se despindo para dar lugar à noite. As ruas começavam a se esvaziar, e o movimento frenético do centro da cidade diminuía, dando espaço a um silêncio que parecia carregar a melancolia de tantos “adeus” que haviam sido ditos ao longo dos anos. Em cada esquina, um pedaço de história, um resquício de amor ou amizade, ecoava na memória dos que por ali passavam.

Naquela tarde, Maria, uma jovem de cabelos cacheados e olhos brilhantes, caminhava pela Avenida XV de Novembro. Seu coração pulsava descompassado. Ela sabia que estava prestes a se despedir de Humberto, seu primeiro amor, que decidira se mudar para outra cidade em busca de novas oportunidades. O anúncio da partida havia caído sobre ela como uma tempestade de verão: repentino e avassalador.

"Quando você vai embora mesmo?", ela perguntou, tentando esconder a tristeza na voz. Humberto, com um sorriso nostálgico, respondeu que partiria na manhã seguinte. O que era uma nova chance para ele, tornava-se um abismo para ela. O amor, que havia sido uma doce melodia, agora era um lamento que ecoava pelas ruas de Maringá.

Enquanto Maria caminhava, lembranças dançavam em sua mente. O primeiro encontro no Parque do Ingá, com suas árvores majestosas e o perfume das flores. As tardes passadas em um banco à sombra, onde eles trocavam promessas e risadas, como se o mundo ao redor não existisse. E agora, todas aquelas memórias pareciam pesadas, como se cada risada carregasse um peso insuportável.

O "adeus" que se aproximava era uma verdadeira sina. Maria sentia o coração apertar ao pensar nas despedidas que já havia vivido — a partida do pai para o exterior, a saída da melhor amiga que se mudara para a capital, as idas e vindas da vida. Cada adeus trazia consigo um rastro de saudade, e ela se perguntava se um dia aprenderia a lidar com isso.

Na esquina da Avenida XV com a Avenida São Paulo, um grupo de amigos se despedia. Riam e se abraçavam, mas Maria percebia que, por trás das risadas, havia um fundo de tristeza. O “adeus” sempre vinha acompanhado de uma sombra. "Adeus com dores combina, adeus inspira piedade", pensou. As despedidas em Maringá eram como melodias que se repetiam, sempre com a mesma harmonia triste.

Com o coração pesado, ela decidiu encontrar Humberto uma última vez. Dirigiu-se ao café onde costumavam ir, um pequeno lugar aconchegante, com mesas de madeira e um cheiro inconfundível de café fresco. Ao entrar, avistou Humberto na mesa do canto, olhando pela janela. Ele parecia distante, perdido em pensamentos, e Maria percebeu que ele também estava sentindo o peso da partida.

— Oi, você veio! — Ele sorriu, mas a alegria não alcançou seus olhos.

— Precisamos conversar — disse Maria, sentando-se à sua frente. 

O clima estava carregado, e as palavras pareciam não querer sair. O garçom trouxe os pedidos, mas o café esfriou enquanto eles trocavam olhares que falavam mais do que mil palavras.

— Eu não sei como vou lidar com isso — ela finalmente desabafou. — Vai ser tão difícil te ver partir.

— Eu também não sei, Maria. É como se estivéssemos vivendo um sonho e agora temos que acordar. — ele hesitou. — Mas isso não significa que o que tivemos não foi real.

A conversa fluiu entre risos nervosos, lembranças e promessas de que tudo ficaria bem. Mas, no fundo, ambos sabiam que a vida os levaria por caminhos diferentes. O café esvaziou-se em suas xícaras enquanto as horas passavam, e o sol começava a se esconder, deixando uma sombra sobre a cidade.

Quando finalmente se levantaram para sair, Maria sentiu que aquele momento se tornaria mais uma memória, mais um “adeus” a ser guardado na caixa de saudades. Eles caminharam lado a lado, sem saber se deveriam se abraçar ou apenas se despedir com um aceno. O medo da dor os impedia de se aproximar.

Na porta do café, Humberto parou e, em um gesto inesperado, puxou Maria para perto. O abraço foi apertado, cheio de sentimentos não ditos. Era um “adeus” que transbordava dor, mas também gratidão. Um “adeus” que, mesmo triste, celebrava o que haviam vivido juntos.

— Adeus, Maria. Cuide-se! — ele disse, com a voz embargada.

— Adeus. E não se esqueça de mim — respondeu ela, enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto. 

O “adeus” ecoou, pesado e doce como um canto de despedida, deixando no ar a promessa de que, apesar da distância, as memórias permaneceriam.

Enquanto ele se afastava, Maria ficou ali, observando o homem que um dia fora seu amor. O céu estava agora escuro, e as luzes da cidade começavam a brilhar. Em cada ponto luminoso, ela via uma lembrança, uma risada, um abraço.

E, assim, em Maringá, onde os adeus são sempre acompanhados de saudade, Maria aprendeu que a vida segue, mesmo entre dores e despedidas. O amor se transforma, mas nunca desaparece completamente. E, ao final, cada “adeus” traz consigo a semente de um novo “olá”, mesmo que, por ora, a saudade seja a única companhia.
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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Formado em patologia clínica, não concluiu o curso superior de psicologia. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais; trovador da UBT São Paulo e membro da Casa do Poeta “Lampião de Gás”. Foi amigo pessoal de literatos de renome (falecidos), como Artur da Távola, André Carneiro, Eunice Arruda, Izo Goldman, Ademar Macedo, e outros. Casado com a escritora, poetisa e tradutora professora Alba Krishna mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, radicou-se definitivamente em Maringá/PR em 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras e de trovas, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Academia de Letras Brasil-Suiça, Academia de Letras de Teófilo Otoni, Confraria Brasileira de Letras, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia Virtual Brasileira de Trovadores, União Brasileira dos Trovadores, etc, possui o blog Singrando Horizontes desde 2007, com cerca de 20 mil publicações. Atualmente assina seus escritos por Campo Mourão/PR, onde pertence a entidades da região. Publicou mais de 500 e-books. Dezenas de premiações em trovas e poesias.

Fontes:
 José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing 

Vereda da Poesia = 201


Trova de
ALCIDES CARNEIRO
Princesa Isabel/PB (1906 – 1976)

Mulher feia dá sossego,
mulher bonita aflição;
descobri que andar aflito
me faz bem ao coração...
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Poema de
MACHADO DE ASSIS 
Rio de Janeiro/RJ, 1839 – 1908

Mundo interior

Ouço que a natureza é uma lauda eterna
De pompa, de fulgor, de movimento e lida,
Uma escala de luz, uma escala de vida
De sol à ínfima luzerna.

Ouço que a natureza, — a natureza externa, —
Tem o olhar que namora, e o gesto que intimida
Feiticeira que ceva uma hidra de Lerna
Entre as flores da bela Armida.

E contudo, se fecho os olhos, e mergulho
Dentro em mim, vejo à luz de outro sol, outro abismo
Em que um mundo mais vasto, armado de outro orgulho,

Rola a vida imortal e o eterno cataclismo,
E, como o outro, guarda em seu âmbito enorme,
Um segredo que atrai, que desafia — e dorme. 
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Trova de
FÉLIX AIRES
Buriti Bravo/MA (1904 – 1979)

 Por esses campos azuis,
 Ó lua do meu sertão,
 tu és um pente de luz
 nas tranças da escuridão!
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Casulo de vidro

Ofusca-me a visão
Esses encontros com o espelho
A dualidade entre o passado
E o  presente, repleto de ausências,
Dos traços envoltos em brumas
O doloroso mergulho:
Quebrar o espelho
Sem fragmentar a essência
Sentir na pele, a lâmina que corta
E recorta - cura -
Desfalecer de dor
No silenciar da alma,
Na solidão do "casulo de vidro"
Buscando respostas
Na sequência de pétalas eternas-
“Flor da Vida”-
Aroma de bálsamo –
Aquietando meu coração.
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Poetrix de
PEDRO CARDOSO
Brasília/DF

Outono 

as folhas amareladas
dizem que o meu coração
mudou de estação
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

Sou um cansaço que findou no sono
(Narciso Alves Pires, in “Para além do adeus”)

Sou um cansaço que findou no sono
Da tarde triste em que morreu o dia
E quando a noite o meu corpo acolhia
O sol desceu do seu dourado trono.

A doce paz nasceu desse abandono
Mistura de mistério e nostalgia
E, aos poucos, o meu ser desfalecia
Como folha que tomba pelo Outono.

A mansidão abraça-se ao sossego
E eu fico numa luz, num aconchego
Como nunca, em meus dias, eu vivi.

O tempo foi passando devagar
E não sendo eu capaz de me acordar
Só então é que eu soube que morri.
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Trova de
JOSÉ OUVERNEY
Pindamonhangaba/SP

Há mentiras proferidas,
bem piores que punhais,
porque provocam feridas
que não se fecham jamais...
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Soneto de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918

Ida

Para a porta do céu, pálida e bela,
Ida as asas levanta e as nuvens corta.
Correm os anjos: e a criança morta
Foge dos anjos namorados dela.

Longe do amor materno o céu que importa?
O pranto os olhos límpidos lhe estrela...
Sob as rosas de neve da capela,
Ida soluça, vendo abrir-se a porta.

Quem lhe dera outra vez o escuro canto
Da escura terra, onde, a sangrar, sozinho,
Um coração de mão desfaz-se em pranto!

Cerra-se a porta: os anjos todos voam...
Como fica distante aquele ninho,
Que as mães adoram... mas amaldiçoam!
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Trova de 
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN

A distância nos redime 
se a saudade nos escolta; 
ir pra longe é tão sublime 
como sublime é a volta!
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Poema de
ANTERO JERÓNIMO
Lisboa/ Portugal

Teu nome

Fecho os olhos pela luz dos teus
A escuridão tem o teu nome
Quando chegas sem pedir licença.

Trazes nos gestos a graciosidade da açucena
Um brilho distinto de beleza sem mácula
Vontade projetada pelo fulgor dos sentidos.

Tudo o que vejo, tudo o que sinto
É um sorriso, um ansiado aroma teu
Um olhar suspenso no tempo
Naquele dia onde esmoreceu.

Abro os olhos de ofuscada saudade.
O que me falta em palavras
Sobra-me de teus gestos ausentes!
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Haicai de
GUILHERME DE ALMEIDA
Campinas/SP 1890 – 1969 São Paulo/SP

O Pensamento

O ar. A folha. A fuga.
No lago, um círculo vago.
No rosto, uma ruga.
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Poema de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS

Saudade

Que me dizias, Augusto Meyer,
naquele tempo que não passa,
na mesa, junto à vidraça,
naquele bar que era um barco?

Por ela passavam mares,
passavam portos e portos,
ali que os ventos ventavam,
dos quatro cantos do mundo!

O que dizíamos? Sei lá!
não falemos em nossas vidas...
nem, por nós, se salvou o mundo...

Mas, Amigo, eu sei que tenho
— naquelas horas perdidas —
o meu ganho mais profundo!
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Trova de
ADAUTO GONDIM
Pedra Branca/CE (1915 – 1980) Fortaleza/CE

No teu jardim, entre flores,
feliz estou ao teu lado
meu calendário de dores
hoje marcou feriado.
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Hino de
ANAHY/ PR

Neste solo gentil dadivoso
Onde outrora o café imperou
O pioneiro com seu braço valoroso
O agreste sertão desbravou
Na clareira do mais puro encanto
A capela de Sant'Ana se ergueu
e anunciando o progresso ao recanto
Anahy majestosa nasceu

Na lavoura a magia singela
O algodão canta um hino de amor
Com o milho e a soja tão bela
Revezando com o trigo em flor
Qual presentes da mãe natureza
A irrigar as riquezas daqui
Correm rios da mais alva beleza
Irmanados ao rio Piquiri

Tuas portas estão sempre abertas
Acolhendo com carinho e afeição
Todo aquele que procura rotas certas
Aqui encontra abrigo e união
Anahy és um exemplo seguro
A inspirar este povo gentil
No labor construindo o futuro
E a grandeza do nosso Brasil
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Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ

Meu primeiro amor

Lembras nosso primeiro carnaval?
Eu dançava no corso na avenida...
Ao me vês acenaste da calçada
A música era bela e original.

Ao ver-te disparou meu coração,
O amor que despertava no momento
Sob o som da marchinha, e o sentimento,
Trouxe à minha alma muita inquietação.

Cheguei naquele dia no trabalho,
Mas teu olhar em fuga deixou o meu
Percebi que sentias tal qual eu.

Meu amor que nasceu sob o orvalho,
Deu frutos, em dois filhos que gerou,
E em cinco netos o amor eternizou
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Trova de
CLÁUDIO DE CÁPUA
São Paulo/ SP, 1945 – 2021, Santos/ SP

Imensidões veneráveis, 
que me fazem navegar, 
céu e mar, inseparáveis, 
na linha do meu olhar.
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Uma Lengalenga de Portugal
O QUE ESTÁ NA GAVETA?
 
 O que está na gaveta?
Uma fita preta.
O que está na varanda?
Uma fita de ganga
O que está na panela?
Uma fita amarela
O que está no poço?
Uma casca de tremoço
O que está no telhado?
Um gato malhado
O que está na chaminé?
Uma caixa de rapé
O que está na rua?
Uma espada nua
O que está atrás da porta?
 Uma vara torta
 
O que está no ninho?
Um passarinho
Deixa-o no morno
 Dá-lhe pãozinho.
Vamos ver se ele pia?
Piuuuuuuuuuuuuuu!
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Quadra Popular de
FERNANDO MÁXIMO
Avis/ Portugal

Cria um filho para ser
paladino das verdades,
não o cries para ter
vícios… defeitos… maldades…
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Soneto de
MÁRIO A. J. ZAMATARO
Curitiba/PR

Ingenuidade

Quero ter a minha voz
pra dizer abertamente
que uma farsa aperta os nós
e disfarça impunemente!

E direi como é feroz,
como faz tranquilamente
o papel doce de algoz
e se crê ser inocente.

Usa a lei como sofisma,
tem acordo com a ilusão
pra fazer cavilação.

Quer impor sempre o seu prisma
e não vê nisso maldade,
deve ser ingenuidade!

José Deolindo Albuquerque da Silva “Caiçara” (A Lenda do Sol e da Lua)

Certa vez, há muito tempo atrás, num lugar muito distante onde só havia os verdadeiros brasileiros habitando o Brasil, e ali por muito tempo permaneceram até que com a colonização apareceram os homens brancos, que a todo custo queriam dominar as riquezas do país e, sem escrúpulos, iam se embrenhando e dominando os habitantes que ali viviam.

Chegando nesse lugar, que vou chamar de lugar desconhecido, e que era habitado por muitas tribos o homem branco, que se dizia civilizado, começou o conflito com as tribos que sempre  habitaram naquele lindo lugar, preservando a natureza, os animais, os pássaros, os peixes, as caças, os minerais, enfim, preservando tudo que Deus havia lhes deixado. Mas o homem branco, sem escrúpulos, começou a destruir as árvores, a tirar os minérios, a depredar os rios e igarapés, afugentando e matando a caça e o peixe que era a fonte de sobrevivência dos índios. Então, o tuxaua da tribo Pauxis muito triste com aquela situação, chamou dois habitantes da tribo que eram um menino e uma menina e lhes deu uma missão dizendo: “Olhem meus dois jovens, vocês estão vendo a situação em que estamos vivendo. O homem branco destruindo o nosso habitat desordenadamente, e nós que, por todos esses anos, vínhamos a preservar. Pois bem, o que lhes devo dizer, é que nós aqui ficaremos e lutaremos pelo que é nosso, mas não sabemos o que pode acontecer, por isso a missão que lhes confio é bastante difícil, mas não impossível de realizar. Eu quero que vocês saiam daqui e escolham um lugar, não importa a distância, mas quero que sigam o nosso lema. Esse lugar tem que ser preservado a todo custo, pois só assim vocês estarão cumprindo a missão que lhes confio.”

Então, os dois jovens Pauxis despediram-se do tuxaua, prometendo a ele que fariam tudo para cumprir com o que lhes era determinado, e saíram em sua canoa rio abaixo, rio acima, e, durante muitas luas, seguiram em busca desse lugar tão sonhado e sempre cantando assim:

Trá-lá-lá-lá-lá-lá-lá vamos juntos viajar;
Rumo à terra prometida, onde tem muita beleza;
Onde a preservação, nós iremos encontrar;
Onde o lema é plantar e cuidar da natureza;
Onde o Uirapuru encanta, onde canta o sabiá;
Trá-lá-lá-lá-lá-lá-lá.

Em uma bela manhã, quando eles seguiam em um lindo rio, hoje denominado Rio Amazonas, ficaram deslumbrados com um dos mais belos amanheceres de suas vidas! O sol vinha raiando por de trás de uma montanha, e seus raios dourados refletiam um brilho encantador, os dois olharam-se  e falaram: - Ali está a terra prometida o lugar que iremos zelar e ficar eternamente.

A montanha que eles avistaram hoje é chamada de Serra da Escama. E ao chegarem mais próximos, depararam também com um maravilhoso lago onde encontraram muitos peixes e pássaros das mais variadas espécies, onde havia  com abundância a vitória-régia, o murerú, os belos anhingais, enfim; tudo o que eles precisavam para sobreviver. Esse lago recebeu o nome de lago Pauxis em homenagem aos primeiros habitantes deste lugar, que aqui formaram família e povoaram esta terra e que por muitos anos foi habitada por eles, sempre acreditando e cumprindo a missão que lhes foi confiada que era somente trabalhar na terra com respeito e usar os lagos e a mata para tirar apenas o seu sustento, não derrubando árvores desordenadamente, não fazendo queimadas, não poluindo os rios, lagos e igarapés, sempre preservando a natureza.

Mas com a chegada do homem branco, eles, reviveram o pesadelo de seus antepassados e aí o homem branco, que sempre se diz civilizado, invadiu o espaço dos Pauxis, e, com o seu espírito de destruição, começou a devastar a floresta desordenadamente, afugentando e até matando muitos índios que eram os verdadeiros habitantes desse lugar. Mas mesmo muito tristes, o Sol e a Lua como eram chamados os dois primeiros habitantes da tribo Pauxis, resolveram ficar e lutar pela preservação, principalmente da Serra e do Lago, e, por muitos anos, ali permaneceram, até que em um determinado tempo o homem não conformado só com a destruição da mata e da caça, resolveram  a acabar com que lhes era mais precioso; o belo Lago, o qual foi cruelmente destruído, ficando assim sem os aningais, sem os pássaros, sem os peixes, sem os animais que dele sobreviviam. O belo Lago foi transformado apenas numa lagoa a céu aberto, onde a vida já não mais existia, e além disso, o próprio homem começou a poluí-lo desordenadamente.

Então o Sol e a Lua inconformados com tanta destruição, só faziam chorar, e em uma noite de lua, eles saíram meio que enlouquecidos de tanta tristeza e caminharam até onde hoje é o porto de cima, e ao chegarem bem no alto da barreira, olhando para o céu e pediram: - Ho mãe Lua nós te imploramos que nos liberte desse sofrimento, pois não queremos sair deste lugar, mas não aguentamos ver tanta destruição, por isso, gostaríamos que acabasse com o nosso sofrimento. 

Então, a mãe lua, compadecida  e ouvindo o clamor dos dois, os encantou no alto da barreira, e ali eles permanecem para sempre, preservando assim a raiz de origem dos Pauxis. Diz a lenda que no local do encante, próximo ao pingo d’água no porto de cima, as pessoas que por ali passam sempre percebem umas gotas de água que surgem cristalinas do alto da barreira, e que são as lágrimas dos dois que continuam a chorar por ver tanta destruição da natureza.

Segundo os sábios, dizem que quem passar no local onde a água fica pingando, e pegar alguns desses pingos e fizer uma cruz do lado esquerdo do peito, é tocado pelo espirito do Sol e da Lua, e para sempre será um preservador da Natureza.
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JOSÉ DEOLINDO ALBUQUERQUE DA SILVA "Caiçara" nasceu em 1958, em Óbidos/PA. Formado em administração. Durante a sua vida de estudante já gostava de escrever. Em 2003, escreveu uma biografia do saudoso pai que faleceu em Setembro de 2000, e junto com a biografia escreveu algumas “presepadas” dele, muito conhecidas pelos os obidenses,  como: O Homem de Fibra. O Carrinho de Mão, Plainada Brasileira,  Piranhas Buxudas, Paulada Escabriativa, as quais foram divulgadas em Óbidos para alguns amigos. Em junho de 2004, ano do Sesquicentenário, escreveu sobre Óbidos, como diz ele, “ minha terra tão amada”, então escreveu poesias que  falam de pontos históricos e culturais. Escreveu como uma forma de demonstrar a sua gratidão e o seu amor a terra  que lhe serviu de berço.

Fontes:
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

7º Prêmio Scortecci de Poesia 2025 (Inscrições: até 31 de maio de 2025)

 
O 7° Prêmio Scortecci de Poesia 2025 tem por objetivo prestigiar a literatura brasileira e revelar novos talentos. O tema é livre. Podem participar: poetas brasileiros, residentes ou não no Brasil, maiores de 16 anos.

Inscrições: até 31 de maio de 2025.

CATEGORIAS

a) Poeta estreante: seleção de 5 (cinco) autores premiados: Entende-se por “autor estreante” aquele que nunca publicou nenhum de seus poemas por meio impresso ou digital, seja em livro individual, seja de modo avulso, em antologias ou coletâneas, jornais, sites, blogs, redes sociais ou outra forma similar de publicação.

b) Poeta com obra publicada: seleção de 45 autores premiados: Autor com livro individual ou coautoria, em antologias ou coletâneas, jornais, sites, blogs, redes sociais ou outra forma similar de publicação.

REGULAMENTO

Cada AUTOR participante poderá enviar para o concurso apenas 1 (uma) POESIA, inédita, de sua autoria, em língua portuguesa, o que não impede o uso de termos estrangeiros no texto. 

Cada inscrição deverá ter apenas um AUTOR. 

Não serão aceitos trabalhos coletivos. 

O AUTOR participante responderá legal e individualmente por plágio, publicação não autorizada, calúnia, difamação e não autoria, isentando a Scortecci Editora, promotora do prêmio literário, de qualquer responsabilidade sobre o conteúdo da obra. 

Não haverá para os AUTORES participantes do concurso taxa de inscrição, frete ou qualquer despesa de publicação da obra. 

Todas as despesas serão custeadas pela Scortecci Editora. 

Não haverá cessão de Direitos Autorais, ou seja, os trabalhos continuarão pertencendo aos AUTORES. 

Cada AUTOR premiado receberá pelo correio, gratuitamente, no endereço da inscrição 5 (cinco) exemplares da obra. Poderá, caso queira, não é obrigatório, adquirir mais exemplares da Antologia do 7º Prêmio Scortecci de Poesia 2025, junto à editora com preço especial: R$ 40,00 com desconto de 25% cada. 

PREMIAÇÃO

Serão selecionados pela Comissão Julgadora do prêmio 50 (cinquenta) trabalhos poéticos, a serem publicados em Antologia do 7º Prêmio Scortecci de Poesia 2025. 

Os trabalhos serão organizados por ordem alfabética de nome de autor, sendo: 5 (cinco) poetas estreantes e 45 (quarenta e cinco) poetas com obras publicadas. 

SOBRE A ANTOLOGIA

Formato 14 x 20,7 cm, impressão em equipamento digital, miolo preto e branco, papel Avena ou Pólen, capa 4 cores - cartão 250 gramas -, com orelhas de 7 cm cada, laminação fosca, com ISBN, Ficha Catalográfica e logomarcas da Scortecci Editora e Apoiadores, se houver. 

Os AUTORES participantes residentes fora do Brasil deverão preencher a Ficha de Inscrição com um endereço no Brasil. NÃO serão enviados livros para o exterior. 

SELEÇÃO E COMISSÃO JULGADORA

Serão selecionados pela Comissão Julgadora do concurso, formada por três jurados, indicados pela Scortecci, 50 (cinquenta) trabalhos poéticos, a serem publicados na Antologia do 7º Prêmio Scortecci de Poesia 2025. 

Os trabalhos premiados serão organizados por ordem alfabética de nome de autor. 

Atenção: Para os 50 (cinquenta) autores vencedores será solicitada, posteriormente, cópia do RG.

CRONOGRAMA

1) Inscrições: Até 31 de maio de 2025.

2) Seleção dos trabalhos de 01 de junho a 30 de junho 2025;

3) Resultados: até 15 de julho de 2025.

4) Lançamento da Antologia do 7º Prêmio Scortecci de Poesia 2025: agosto de 2025, no evento de aniversário de 43 anos da Scortecci Editora.

FICHA DE INSCRIÇÃO

AUTORES INSCRITOS NO CONCURSO

Mais informações:
WhatsApp: (11) 97548-1515