sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Vereda da Poesia = 204 ARRUMANDO


Poema de
MACHADO DE ASSIS 
Rio de Janeiro/RJ, 1839 – 1908

Gonçalves Crespo

Esta musa da pátria, esta saudosa
Níobe dolorida,
Esquece acaso a vida,
Mas não esquece a morte gloriosa.

E pálida, e chorosa,
Ao Tejo voa, onde no chão caída
Jaz aquela evadida
Lira da nossa América viçosa.

Com ela torna, e, dividindo os ares,
Trépido, mole, doce movimento
Sente nas frouxas cordas singulares.

Não é a asa do vento,
Mas a sombra do filho, no momento
De entrar perpetuamente os pátrios lares.
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Outono em taça

Do ombro de vidro desliza
Sem pressa, uma gota de vinho
E  chega  envolvente e arrepia
O rótulo com cachos de uva,
Sob, o olhar sedutor da taça vazia-
À espera do aroma encorpado,
Suavemente, adocicado...

Entre a verde garrafa
E transparência do cristal
O silêncio e recato
Da folha de plátano.
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

Foram levando qualquer coisa minha
(Mário Quintana, in “Rua dos Cataventos”)

Foram levando qualquer coisa minha
Os ocasos que eu tanto apreciava
Como se o sol morrendo envolto em lava
Me roubasse o que em minha alma eu tinha.

De cada vez que a luz, régia rainha
Do meu olhar carente se ocultava
Levava o que mais rico em mim achava
Até do meu ser não restar nadinha.

Corpo seco, sou concha de molusco
Solto à beira da praia onde eu busco
A minha alma por quem ando a penar,

E se o destino não me deixar tê-la
No fim de cada tarde eu venho vê-la
À hora em que o sol cá se vem deitar.
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Soneto de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918

Velhas árvores

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo”! Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
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Hino de 
ILHÉUS/ BA

De todos os amores que eu já tive
Você foi o meu primeiro
Ilhéus, minha cidade, minha terra
Meu orgulho, meu amor
Alguém já contou nossa história
Mostrando São Jorge dos Ilhéus
Com cheiro de cravo e canela
Com o ouro do nosso cacau
E um céu tão azul
Essas praias tão lindas, morenas, não tem nada igual

Nossa gente vai cantar
Pra você esta canção
Vai louvar, vai festejar
A sua renovação

Porque a cada dia que se passa
Vai crescendo essa certeza
De todas as riquezas de Ilhéus, a nossa gente é a maior
Juntos vamos caminhando
Juntos vamos construir
Novas histórias de glória
Pra meu São Jorge dos Ilhéus
Terra de grande passado, que faz no presente um futuro melhor.
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