sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

José Feldman (Fábulas) O Burro, o Cavalo, o Cão, a Vaca e o Homem

Havia um tempo em que os animais falavam entre si e com os homens.

Era uma vez, em uma pequena fazenda, um burro chamado Tobias, que era conhecido por sua força, mas também por sua falta de esperteza. Ele trabalhava duro, carregando sacos de ração e ajudando no transporte de mercadorias. No entanto, seus amigos, um cavalo chamado Estrela, um cão chamado Rex e uma vaca chamada Margarida, sempre riam de suas confusões.

Um dia, o dono da fazenda, Paulo, decidiu organizar uma competição para ver quem era o mais útil entre os animais. 

“Vou premiar o que me ajudar mais”, disse ele, com um sorriso no rosto. 

Todos os animais ficaram animados com a ideia, exceto o burro Tobias, que já tinha uma ideia de que as coisas poderiam não sair bem para ele.

Na manhã da competição, Estrela, o cavalo, começou a correr em círculos, puxando um carro cheio de fardos. “Olhem como sou rápido e forte!” exclamou ele, enquanto todos o aplaudiam. 

Rex, o cão, decidiu mostrar sua agilidade. Ele correu atrás de uma bola que o Paulo lançou, pegando-a rapidamente e trazendo-a de volta. “Eu sou o melhor amigo do homem!” latia Rex, orgulhoso.

Margarida, a vaca, por sua vez, decidiu impressionar o homem com seu leite fresco. Ela se posicionou ao lado do balde e, com um movimento elegante, produziu um litro do melhor leite da região. “Olhem, eu sou essencial para a alimentação!”, disse ela, enquanto todos a elogiavam.

Tobias, o burro, observava seus amigos com um olhar triste. “O que eu posso fazer para ajudar o Sr. Paulo?”, pensou ele. 

De repente, uma ideia lhe ocorreu. Ele se aproximou do homem e disse: “Posso carregar todos os fardos que você precisar, senhor!”

Paulo, surpreso com a oferta, aceitou. O burro Tobias começou a carregar os fardos, mas logo se distraiu com uma borboleta colorida que passou voando. Ele começou a persegui-la, esquecendo completamente do que estava fazendo. Os fardos começaram a cair e a bagunçar o lugar. 

O homem, irritado, gritou: “Tobias, você é o burro mais burro que conheço! Olhe o que está fazendo!”

Os outros animais riram e zombaram de Tobias. 

“Viu? O burro não serve para nada!”, disse o cavalo Estrela. 

“Nem para carregar fardos direito!”, completou o cão Rex. 

A vaca Margarida, mesmo rindo, sentiu um pouco de pena do amigo.

No entanto, enquanto os animais se divertiam, Paulo começou a perceber que, apesar de sua força, ele mesmo estava cometendo um erro. Ao se distrair com a confusão dos animais, ele deixou o portão da fazenda aberto. Um grupo de ovelhas decidiu aproveitar a oportunidade e saiu correndo pelo campo.

Quando o homem percebeu o que havia acontecido, ficou desesperado. 

“Minhas ovelhas! Voltem aqui!”, gritou ele, correndo atrás delas. 

Tobias, o burro, vendo o caos, teve uma ideia. Ele se apressou e começou a conduzir as ovelhas de volta para a fazenda, usando sua força e agilidade. Com determinação, conseguiu reunir todas as ovelhas e guiá-las de volta.

Quando o homem viu o que Tobias havia feito, ficou em choque. 

“Eu estava tão preocupado em avaliar a utilidade dos outros que não percebi que o verdadeiro burro aqui sou eu!”, disse Paulo, envergonhado. “Tobias, você é mais sábio do que pensei! Obrigado por me salvar!”

Os outros animais, que antes riam de Tobias, agora o viam com respeito. 

“Às vezes, a força não é tudo. A sabedoria pode vir de onde menos se espera”, refletiu Margarida, a vaca.

Moral da Fábula:
A verdadeira sabedoria e utilidade não estão apenas na aparência ou nas habilidades, mas também na humildade e na capacidade de agir em momentos de necessidade.
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José Feldman nasceu na capital de São Paulo. Formado técnico de patologia clínica, não conseguiu concluir o curso superior de psicologia. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais; trovador da UBT São Paulo e membro da Casa do Poeta “Lampião de Gás”. Foi amigo pessoal de literatos de renome (falecidos), como Artur da Távola, André Carneiro, Eunice Arruda, Izo Goldman, Ademar Macedo, Hermoclydes S. Franco, e outros. Casado com a escritora, poetisa e tradutora professora Alba Krishna mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, radicou-se definitivamente em Maringá/PR. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras e de trovas, fundador da Confraria Brasileira de Letras e Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, possui o blog Singrando Horizontes desde 2007, com cerca de 20 mil publicações. Atualmente assina seus escritos por Campo Mourão/PR, onde pertence a diversas entidades. Publicou mais de 500 e-books. Em literatura,. Dezenas de premiações em trovas e poesias.

Fontes: 
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

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