NA LANCHONETE a garota pede a lista com a relação das guloseimas disponíveis para serem oferecidas aos clientes. A garçonete imediatamente a atende com um sorriso largo no rosto de princesa:
— Boa noite. Seja bem-vinda. — O que vai ser?
— Antes, me responda algumas perguntas.
— Pois não.
— O que vem no hambúrguer simples?
— A garçonete mostra o cardápio sobre a mesa.
— Veja aqui. Leia junto comigo. No hambúrguer simples: pão, duas carnes, alface, tomate, batata palha e molho...
— Legal. E no cachorro quente na chapa?
— Pão, salsicha, queijo, milho, batata palha e molho...
— Sério?
A garota não parece satisfeita. Insiste:
— E na porção de batatas fritas vem alguma coisa?
— Sim.
— E no filé mignon?
— Nesse filé mignon vem cebola, pimentão, farofa e se a senhorita quiser podemos acrescentar tomates.
— Cá entre nós. É filé mignon mesmo?
— Pode ter certeza. Fazemos com todo gosto e carinho.
— Tem certeza de que não é carne de segunda?
— De forma alguma.
— Nem de lombo de cavalo?
— Senhorita, nossa lanchonete é honesta e séria.
— Acredito.
— Então, o que vai ser?
— Sem querer ser desagradável. E a omelete de frango?
— O que tem minha jovem?
— É de frango mesmo?
— Claro.
— E o frango é novo ou velho?
A garçonete ri, embora por dentro esteja com vontade de explodir e mandar a cliente para o raio que a parta:
— Novo. Nossos frangos são de primeira. Saem direto da granja do meu patrão. Então, posso fazer o pedido?
— Pode.
— E o que vai ser?
— Me traga um copo vazio e um palito...
— Fala sério, moça. Tenho outros clientes para atender...
— Ok. Me prepara um cachorro quente simples, com duas salsichas.
Vinte minutos depois o lanche chega no capricho.
— Aqui, senhorita. Bebe alguma coisa?
— Sim.
— E o que você tem geladinho?
— Todos os refrigerantes que imaginar.
— Você tem Coca ou guaraná?
— Sim.
— Tem aquela coca sem açúcar?
— Claro. Posso lhe trazer uma?
— Tem cerveja?
— Da marca que escolher.
— Não, agradeço. Eu não bebo.
— E o que vai querer para acompanhar seu cachorro quente?
— Como você me atendeu bem, deixo a seu critério.
— Iria sugerir um guaraná.
— Não.
— Suco. Temos suco.
— De quê?
— Manga, uva, laranja, abacate, melancia, limão...
—Tem de graviola?
—Também... posso mandar vir o de graviola?
— Calma. Estou pensando...
A pior parte foi terrível. Final de alguns minutos, a inoportuna, no maior deboche, se abre numa cara de poucos amigos e manda bala:
— Olha, minha fofa. Me traga urgente um copo de água natural sem açúcar. Água natural, em garrafa. Por favor, não é da torneira. E com muito gelo. Estou faminta e seca de sede.
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Aparecido Raimundo de Souza, natural de Andirá/PR, 1953. Aos doze anos, deu vida ao livro “O menino de Andirá,” onde contava a sua vida desde os primórdios de seu nascimento, o qual nunca chegou a ser publicado. Em Osasco, foi responsável, de 1973 a 1981, pela coluna Social no jornal “Municípios em Marcha” (hoje “Diário de Osasco”). Neste jornal, além de sua coluna social, escrevia também crônicas, embora seu foco fosse viver e trazer à público as efervescências apenas em prol da sociedade local. Aos vinte anos, ingressou na Faculdade de Direito de Itu, formando-se bacharel em direito. Após este curso, matriculou-se na Faculdade da Fundação Cásper Líbero, diplomando-se em jornalismo. Colaborou como cronista, para diversos jornais do Rio de Janeiro e Minas Gerais, como A Gazeta do Rio de Janeiro, A Tribuna de Vitória e Jornal A Gazeta, entre outras. Hoje, é free lancer da Revista ”QUEM” (da Rede Globo de Televisão), onde se dedica a publicar diariamente fofocas. Escreve crônicas sobre os mais diversos temas as quintas-feiras para o jornal “O Dia, no Rio de Janeiro.” Acadêmico da Confraria Brasileira de Letras. Reside atualmente em Vila Velha/ES.
Fontes:
Texto enviado pelo autor.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
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