sábado, 19 de novembro de 2011

Trova Ecológica 47 - Wagner Marques Lopes (MG)

Carlos Drummond de Andrade (O Poeta Singrando Horizontes XIII)


DESTRUIÇÃO

Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.

Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.

Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.

E eles quedam mordidos para sempre.
deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.

DOMICÍLIO

... O apartamento abria
janelas para o mundo. Crianças vinham
colher na maresia essas notícias
da vida por viver ou da inconsciente

saudade de nós mesmos. A pobreza
da terra era maior entre os metais
que a rua misturava a feios corpos,
duvidosos, na pressa. E de terraço

em solitude os ecos refluíam
e cada exílio em muitos se tornava
e outra cidade fora da cidade
na garra de um anzol ia subindo,
adunca pescaria, mal difuso,
problema de existir, amor sem uso.

DURAÇÃO

O tempo era bom? Não era.
O tempo é, para sempre.
A hera da antiga era
roreja incansavelmente.

Aconteceu há mil anos?
Continua acontecendo.
Nos mais desbotados panos
estou me lendo e relendo.

Tudo morto, na distância
que vai de alguém a si mesmo?
Vive tudo, mas sem ânsia
de estar amando e estar preso.

Pois tudo enfim se liberta
de ferros forjados no ar.
A alma sorri, já bem perto
da raiz mesma do ser.

ELEGIA

Ganhei (perdi) meu dia.
E baixa a coisa fria
também chamada noite, e o frio ao frio
em bruma se entrelaça, num suspiro.

E me pergunto e me respiro
na fuga deste dia que era mil
para mim que esperava
os grandes sóis violentos, me sentia
tão rico deste dia
e lá se foi secreto, ao serro frio.

Perdi minha alma à flor do dia ou já perdera
bem antes sua vaga pedraria?
Mas quando me perdi, se estou perdido
antes de haver nascido
e me nasci votado à perda
de frutos que não tenho nem colhia?

Gastei meu dia. Nele me perdi.
De tantas perdas uma clara via
por certo se abriria
de mim a mim, estela fria.
As árvores lá fora se meditam.
O inverno é quente em mim, que o estou berçando,
e em mim vai derretendo
este torrão de sal que está chorando.

Ah, chega de lamento e versos ditos
ao ouvido de alguém sem rosto e sem justiça,
ao ouvido do muro,
ao liso ouvido gotejante
de uma piscina que não sabe o tempo, e fia
seu tapete de água, distraída.

E vou me recolher
ao cofre de fantasmas, que a notícia
de perdidos lá não chegue nem açule
os olhos policiais do amor-vigia.
Não me procurem que me perdi eu mesmo
como os homens se matam, e as enguias
à loca se recolhem, na água fria.

Dia,
espelho de projeto não vivido,
e contudo viver era tão flamas
na promessa dos deuses; e é tão ríspido
em meio aos oratórios já vazios
em que a alma barroca tenta confortar-se
mas só vislumbra o frio noutro frio.

Meu Deus, essência estranha
ao vaso que me sinto, ou forma vã,
pois que, eu essência, não habito
vossa arquitetura imerecida;
meu Deus e meu conflito,
nem vos dou conta de mim nem desafio
as garras inefáveis: eis que assisto
a meu desmonte palmo a palmo e não me aflijo
de me tornar planície em que já pisam
servos e bois e militares em serviço
da sombra, e uma criança
que o tempo novo me anuncia e nega.

Terra a que me inclino sob o frio
de minha testa que se alonga,
e sinto mais presente quanto aspiro
em ti o fumo antigo dos parentes,
minha terra, me tens; e teu cativo
passeias brandamente
como ao que vai morrer se estende a vista
de espaços luminosos, intocáveis:
em mim o que resiste são teus poros.
Corto o frio da folha. Sou teu frio.

E sou meu próprio frio que me fecho
longe do amor desabitado e líquido,
amor em que me amaram, me feriram
sete vezes por dia, em sete dias
de sete vidas de ouro,
amor, fonte de eterno frio,
minha pena deserta, ao fim de março,
amor, quem contaria?
E já não sei se é jogo, ou se poesia.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 399)


Uma Trova Nacional

Ao casar, perdeu a fala
o pobre do Manoel,
achando a sogra na mala
em plena lua de mel...
–ANTÔNIO COLAVITE FILHO/SP–

Uma Trova Potiguar

Lá na granja do Zé Novo
foi montada a sentinela...
O galo que não faz ovo
vai pro fundo da panela.
–DJALMA MOTA/RN–

Uma Trova Premiada

1988 - Inter Sedes/RJ
Tema: COROA - Venc.

Tenho coroa no dente.
Sendo assim, não beijo à-toa...
coroa de beijo quente
derrete qualquer coroa...
–ALOÍSIO ALVES DA COSTA/CE–

Uma Trova de Ademar

A mulher por malandragem,
desfila com um “tampão”!
Fecha a porta da garagem
mas não empata a visão!...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Vive o Domingos feliz
sem o trabalho enfrentar,
que os "domingos" - ele diz –
são feitos pra descansar...
–CARLOS GUIMARÃES/RJ–

Estrofe do Dia

Querosene numa lata,
Pão guardado num caixote,
Solda preta e cocorote,
Pentide, pasta, e batata,
Sola pra fazer chibata,
Melhoral e formicida,
Tem mercúrio pra ferida,
Um balconista gaiato;
Uma bodega no mato
De muita coisa é sortida!
–HÉLIO CRISANTO/RN–

Soneto do Dia

Consagração
–PEDRO MELLO/SP–

Cansado do "jejum" que a sua idade
lhe impôs à atividade sexual,
o vovô se animou com a novidade
de que o Viagra não faria mal...

Cheio de amor pra dar e de Ansiedade,
Alfredo foi pular o Carnaval...
E na Sapucaí, uma beldade
fá-lo sentir-se forte e jovial...

Mas na hora "H"... seu coração se abate...
Alfredo é posto fora de combate,
mas sucumbe feliz nosso ancião:

É velado com grande galhardia
e, escondendo o "tamanho" da alegria,
flores a mais enfeitam seu caixão...

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Urda Alice Klueger (No Tempo das Tangerinas)


Romance narrado em 3ª pessoa. Regionalismo alemão - histórico e ficcional. É a história de Guilherme Sonne, neto de Julius Sonne, filho de Julius Humberto Sonne, descendentes do 1º colonizador alemão vindo para Blumenau no século XVIII. Humberto Sonne é protagonista do romance Verde Vale; No Tempo das Tangerinas é, portanto, uma seqüência da colonização de Blumenau.

O livro se inicia com a bela descrição da paisagem local, da família Sonne, o pai, a mãe Lucy, que teria vindo para o Brasil fugindo da 1ª Guerra Mundial, e seus 10 filhos: Humberto-Gustavo, Guilherme, Wilhelm, Julius, Arnaldo, as irmãs Margeritha, Emma, Anneliese, Priscila e a temporã Kátia.

É neste cenário que a família recebe notícias de uma 2ª Guerra Mundial, que seguem ouvindo informações pela emissora alemã. Blumenau ainda era extensão da Alemanha, falavam a mesma língua, tinham as mesmas tradições; a diferença é que lá reinava a miséria, a doença, aqui a fartura.

No mês de maio, as tangerinas carregavam as árvores dos morros e exalavam um aroma inesquecível por gerações; para lá que as crianças se dirigiam, faziam suas brincadeiras e discutiam as dificuldades da guerra.

Com o ingresso do irmão mais velho no Exército, Guilherme fará os serviços mais pesados; Cristina, bisneta de Humberto Sonne, viria para o Brasil fugindo da guerra, e Guilherme nutrirá paixão platônica pela prima até se apaixonar por Terezinha, descendente de italianos, provinda de Biguaçu, motivo de rejeição da mãe por considerá-la miscigenada.

Também foi por racismo que Guilherme não soube do parentesco com o mulato Alex Westarb, seu primo, fruto da união do tio Reno e Elisa, uma mulata brasileira. Lucy se abate ao saber que o navio Bismarck fora afundado e não via a hora de a Alemanha se reerguer e ser vingada (lembrou-se da 1ª Guerra). Guilherme servirá o Exército e saberá da gravidez de sua mãe, seu décimo irmão, na verdade Kátia, uma irmã.

No serviço, Emma o substituirá e, com tino para os negócios, prosperará. Em janeiro de 1942 o Brasil rompe relações com o Eixo - Alemanha, de ameaça passará para a condição de inimiga para os brasileiros, motivo de muita dor para quem tinha dupla nacionalidade. Soldados brasileiros invadem a casa dos Sonne e o Brasil declara guerra à Alemanha.

Humberto-Gustavo será obrigado a ir para a guerra, mas Guilherme, na véspera, contrairia malária, o que o poupou de ir a campo e o medo de perder o filho, fez Lucy aceitar seu namoro com Terezinha.A guerra continuava assustadora, Emma é presa por estar falando Alemão com outras moças. Guilherme e Terezinha se casam, mas quando é novamente convocado para se alistar, a febre reaparece, salvando-o.

Humberto volta da guerra, marcado por granadas, deixa para trás os companheiros Klaus e Dirceu. Nasce em 1945, Lucy Maria Sonne, filha de Guilherme e Terezinha. 30 anos após a guerra, o herói está amadurecido, perceberia que a guerra não acabava nunca e que o tempo das tangerinas, marca de sua infância e inocência, voltava sempre, fazendo-o esquecer, com seu aroma, as dificuldades do dia-a-dia.

Fonte:
http://www.livrosgratis.net/categoria-resumos/43/Resumos/

Paraná em Trovas Collection - 6 - Apollo Taborda França (Curitiba/PR)

Emiliano Perneta (Ilusão) Parte 5


CORRE MAIS QUE UMA VELA...

Corre mais que uma vela, mais depressa,
Ainda mais depressa do que o vento,
Corre como se fosse a treva espessa
Do tenebroso véu do esquecimento.

Eu não sei de corrida igual a essa:
São anos e parece que é um momento;
Corre, não cessa de correr, não cessa,
Corre mais do que a luz e o pensamento...

É uma corrida doida essa corrida,
Mais furiosa do que a própria vida,
Mais veloz que as notícias infernais...

Corre mais fatalmente do que a sorte,
Corre para a desgraça e para a morte...
Mas eu queria que corresse mais!

***

QUADRAS

À memória do Albino Silva

Eu de certo não sei, se venho d’um gorila,
Ou se venho talvez do paraíso terreal...
Em todo caso pó, e quando muito argila...
Achei-me um dia aqui; quem sabe por meu mal!

Eu não sei d’onde vim; mas viesse d’onde viesse,
Da poeira ou da luz, do gorila ou de Adão,
Toda a minha ânsia é de subir como uma prece,
Toda a minha ânsia é de brilhar como um clarão.

Para onde vou? Não sei. Qual é o meu destino?
Também não sei. Porém desejo caminhar
Por essa estrada além, bem como um peregrino,
E o meu instinto é como um pássaro a voar!...

***

DONA MORTE

entrando num albergue:
......................................................................

– Mãe, que és tão pobre e não tens leite,
Ó dor crescente! ó Lua cheia!
Vida – candeia sem azeite,
Olha-me, vê, não sou tão feia!
Pé ante pé,
Queres? olé !

Glacial, esguia, num momento,
Eu entro, sopro essa candeia...
Queres? olá !
Quem foi? quem foi?
– o norte, o vento...
Ah! ah! ah! ah! ah! ah! ah! ah!
…………………....……………………

***

INCOERÊNCIA

Quando eu aperto assim mais leve que uma pluma,
Ó meu desejo bom, ó minha flor-de-lis,
Esse teu seio nu, de carne que perfuma,
Em abraços, em beijos loucos e febris,

Não sei dizer por que, mas vem-me à fantasia,
Que em vez de estar aqui, abraçando-te nua,
Por sobre este peplum de seda, eu poderia
Andar inquieto aí, pelo meio da rua,

Exposto ao vento, à chuva, à neve, ao frio, ao lodo,
Pálido de suor, carregado de tédio,
A procurar em vão, nervoso e quase doido,
Para um irmão, que morre, um extremo remédio !

***

SOLIDÃO

Ao J. H. de Santa Rita

Desde os mais tenros anos, Solidão,
Que adivinhei que eu era teu irmão.

Onde quer que eu, andando, te encontrasse,
Ó sombra, ó sonho, ó ilusão falace,

Fosse na imensidade azul do mar,
Todo num fim de luz crepuscular,

Ou na deserta e solitária praia,
Quando o vento soluça e a onda desmaia,

Sempre que te enxergava, em vez de ter
Medo, como outros têm, tinha prazer.

Tinha um secreto gozo, uma alegria,
Tão esquisita que eu não definia.

Era como se acaso visse alguém
Que conhecesse, que quisesse bem...

Tal a misteriosa afinidade
Que havia entre nós dois, ó Soledade!

Entretanto, não sei que sucedeu,
Não foste minha, e nem pude ser teu.

E era, bem compreendo, era no meio
Desse florido e aveludado seio,

Que eu devera passar a vida, e não
Como a passei, aqui, ó Solidão,

Entre enganos cruéis e desenganos,
Dias e dias e anos e anos!

Era em teu seio, sim, como um enfermo,
Teu seio triste, e vasto, e nu, e ermo...

Era em teu coração, que para mim
Foi sempre aberto em flor, como um jardim...

Inda tenho, porém, frescuras d’alma,
Lírios e rosas, violeta e palma...

Inda te posso amar, ó minha flor,
Com a mesma graça, com o mesmo ardor,

Com o mesmo gesto, a mesma inquietude,
Com que eu amei na flor da juventude...

Pois serei teu, e tu, a embriaguez
De quando amei pela primeira vez.

E teu somente, ó flor silenciosa,
Coroada de mirtos e de rosa,

Nós fugiremos, pombos ideais,
Longe destes abutres e chacais,

Para o fundo dos vales e dos montes,
Ao pé dos lírios, em redor das fontes,

Enlaçados no mesmo abraço pois,
No mesmo beijo luminoso os dois,

Ó doce paz, ó meu dourado asilo,
De um azul melancólico e tranquilo,

Ó ilusão, ó mãe das ilusões,
Filosofias e religiões,

Mãe de tudo que é belo e que irradia,
Mãe do Silêncio e da Sabedoria!

Dezembro – 1907

Fonte:
Emiliano Perneta. Ilusão e outros poemas. Re-edição Virtual. Revista e atualizada por Ivan Justen Santana. Curitiba: 2011

Reinaldo Pimenta (Origem das Palavras 4)


AMIGO DA ONÇA
Amigo da onça é o amigo hipócrita, falso.
A expressão surgiu quando um caçador mentiroso contava mais uma de suas histórias: acuado por uma onça, sem nenhuma arma ou objeto para se defender e sem caminho para escapar, ele deu um berro tão forte, que a onça fugiu apavorada. Um ouvinte deu um risinho de mofa e comentou que isso era impossível. O caçador, indignado, retrucou: "Afinal de contas, você é meu amigo ou amigo da onça?".

AMIGO URSO
Outro amigo falso. A expressão veio da fábula de La Fontaine em que um homem e um urso ficam amigos. Um dia o urso vê o homem dormindo com uma mosca pousada no nariz. Para espantá-la, o urso atira vigorosamente uma pedra que bate no meio da testa do homem e o mata. Moral da fábula: um inimigo inteligente é menos perigoso que um amigo ignorante.

ANTÁRTICA
O indo-europeu rksos, urso, originou árktosem grego eursusem latim (daíurso). Em grego, árktos gerou arktikós, relativo ao urso. Foram os gregos que batizaram de Árktos as constelações de Ursa Maior e de Ursa Menor, ambas próximas ao pólo norte. Assim, o pólo norte é o pólo ártico (do latim arcticu), e o pólo sul, o oposto, é o pólo antártico (do latim antarcticu, que veio do gregoantarktikós, formado de anti, oposto + arktikós, ártico).
Por isso, o nome correto do continente que fica no pólo oposto é Antártica (e não "Antártida", já que não existe, opostamente, uma região "ártida"). Por lembrar grosseiramente a forma de uma carroça puxada por bois, a constelação de Ursa Maior, que tem sete estrelas, era chamada pelos romanos de septem triones (sete bois). Das palavras latinas daí derivadas septentrione e septentrionale vieram setentrião (o pólo norte) e setentrional (situado no Norte).

ANTEPASTO
EM PORTUGUÊS, A PALAVRA PASTO (do latim pastu, pasto, sustento, alimento) pode significar (a) terreno onde o gado se alimenta, (b) alimento, comida. Daí, antepasto é o que se serve nas refeições antes do primeiro prato, antes do pasto, sem necessidade de mugir.

APANHEI-TE, CAVAQUINHO!
Expressão usada quando se surpreende alguém num flagrante. Ficou popularizada graças a uma polca, com esse título, do grande compositor Ernesto Nazareth (1863-1934). Nazareth exclamou a frase quando, depois de muito esforço, conseguiu transcrever uma composição. Nazareth era um homem muito educado.

ARÁBIAS
Antigamente, alguns nomes de países eram empregados no plural em razão de suas divisões políticas ou naturais: as Itálias, as Espanhas. Dizia-se as Arábias, porque a Arábia se dividia em três partes: a pétrea (noroeste), a desértica (centro) e a feliz (sul) - essa divisão assim aparece em "Os lusíadas", de Camões (canto IV, LXIII).
Uma pessoa das arábias é uma pessoa espantosa, excêntrica, incompreensível, tal como era a Arábia para navegantes e escritores, na época das grandes navegações.

Fonte:
PIMENTA, Reinaldo. A casa da mãe Joana 2. RJ: Elsevier, 2004

Monteiro Lobato (Reinações de Narizinho) O Marquês de Rabicó I – Os Sete Leitõezinhos


Eram sete leitõezinhos. Bem sei que sete é conta de mentiroso, mas eram mesmo sete, todos ruivos, com manchas brancas pelo corpo. Quando a mamãe deles saía a passeio, os sete leitõezinhos acompanhavam-na em fila — rom, rom, rom...

O tempo foi passando e os leitões foram crescendo, e à medida que iam crescendo iam entrando...

— Para a escola, já sei!

— Sim, para a escola do forno.

— Que horror!

— Pois é verdade. Vida de leitão no sítio do Pica-pau Amarelo não é das mais invejáveis. Está o lindo animalzinho brincando no terreiro, feliz, gordo como uma bola. Dona Benta olha e diz:

— Tia Nastácia, a prima Dodoca vem jantar hoje aqui. Acho bom pegar “aquele um”! e aponta para o coitado.

A negra vai ao paiol, toma uma espiga de milho e grita no terreiro — xuque, xuque, xuque!

Os bobinhos ouvem e vêm correndo atrás do milho que ela começa a debulhar, e comem, comem, comem. De repente a malvada se abaixa e — nhoc! segura pela perna o tal “aquele um”. E pode o coitadinho espernear e berrar quanto queira! Não tem remédio. Vai arrastado para a cozinha, onde é assassinado com uma faca de ponta.

E se fosse só isso! Depois de assassinado é pelado com água fervendo, é destripado, temperado e, afinal, assado ao forno.

Na hora do jantar reaparece na mesa, mas muito diferente do que era. Vem num grande prato, rodeado de rodelas de limão, com um ovo cozido na boca. E ninguém lamenta a sorte do coitadinho.

Todos tratam mas é de cortar o seu pedaço e comê-lo gulosamente, dizendo:

— “Está delicioso!”.

E ainda por cima lambem os beiços, os malvados!... Foi esse o triste destino daquela irmandade de sete leitões. Da irmandade inteira menos um, o Rabicó, assim chamado porque só possuía um toquinho de cauda. Rabicó salvou-se porque Narizinho costumava brincar com ele desde bem pequenino e acabaram amigos.

— Fique sossegado que não deixo “ela” te assassinar, tinha-lhe dito a menina. “Ela”, sem mais nada, queria dizer tia Nastácia.

Uma tarde Narizinho ouviu dona Benta dizer à preta:

— Amanhã, dia dos anos de Pedrinho, temos de dar um jantar melhor. Há ainda algum leitão no ponto?

— Só Rabicó, sinhá, mas esse Narizinho não quer que mate. É o ai Jesus dela.

— Sim, mas você dá um jeito. Mata escondido, sabe — e piscou para a negra. As duas velhas eram danadas para se entenderem.

A menina, entretanto, ouvira a conversa e fora correndo em procura do leitãozinho. Encontrou-o no pasto, fossando a terra como sempre — rom, rom, rom. Agarrou-o ao colo e disse-lhe ao ouvido:

— Vovó deu ordem a tia Nastácia para assassinar você amanhã. Mas eu não deixo, ouviu? Vou escondê-lo, bem escondido, num lugar que só eu sei, até que o perigo passe.

E assim fez. Levou-o para o tal lugar que só ela sabia, amarrou-o pelo pé a uma árvore; depois trouxe-lhe várias espigas de milho, uma abóbora e uma lata d’água.

— Fique aí bem quietinho. Nada de berreiros, se não tudo está perdido. Quando não houver mais perigo, virei soltá-lo.

Chegada a hora de pegar o leitão, tia Nastácia revirou o sítio inteiro de pernas para o ar. Procurou-o como quem procura agulha; por fim veio dizer a dona Benta que com certeza algum ladrão o havia furtado, ou alguma onça o tinha comido.

— Que maçada! — exclamou a velha. — Nesse caso mate uma galinha bem gorda. E Rabicó fica para o Ano Bom, se aparecer.

No dia seguinte, assim que todos se levantaram da mesa depois de comido o “jantarzinho melhor”, a menina correu ao lugar que só ela sabia e soltou o leitão.

— Está salvo por uns tempos — disse-lhe. – Mas na véspera do Ano Bom tenho de prender você aqui outra vez, porque “ela” promete coisas para esse dia.

Dali a pouco, muito serelepe, como se nada houvesse acontecido, Rabicó surgiu no terreiro, rom, rom, rom. Chegando à porta da cozinha para lambiscar umas cascas que a negra havia botado fora.

— Ué! — exclamou tia Nastácia, admirada. — Olhe quem está aqui! Rabicó em pessoa!... Você escapou desta vez, seu maroto, mas de outra não me escapa. Uma semana antes do Ano Bom já te tranco no paiol e quero ver!...

Rabicó não ligou a mínima importância àquelas palavras. Tratou mais foi de encher a barriguinha com as cascas, deitando-se depois ao sol para uma daquelas sonecas gozadas que só porco sabe dormir.
––––––––
Continua... O Pedido de Casamento

Fonte:
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. I. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 398)


Uma Trova Nacional

Ter amor é coisa boa
por alguém que está presente,
pois indo embora a pessoa...
Leva um pedaço da gente.
–ROBERTO TCHEPELENTYKY/SP–

Uma Trova Potiguar

Voam meus sonhos querendo
um mundo justo e bonito
e voando vão batendo
pelas portas do infinito.
–RODRIGUES NETO/RN–

Uma Trova Premiada

2009 - Baurú/SP
Tema: LIMITE - Venc.

Sou vaso, às vezes quebrado...
mas, cada vez, Deus permite
que eu volte a ser restaurado,
com Seu amor sem limite!
–VANDA FAGUNDES QUEIROZ/PR–

Uma Trova de Ademar

Se a vida é apenas passagem
quero que me façam jus;
na minha última viagem
deixem que eu veja Jesus!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Não sei porque, quando canto,
por mais alegre a canção,
tem uma gota de pranto
que vem do meu coração.
–ADELMAR TAVARES/PE–

Simplesmente Poesia

Nossos Olhos
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Meus olhos nos teus olhos...
... Uma viagem sem custos.
Sinto-me em voos rasantes,
desdenho da vida,
das horas
da dor.

Seus olhos nos meus olhos...
Ponte,
encontro
mergulho...

De repente, a unidade, unanimidade...
Uma miríade de sonhos
risonho
transponho
componho!...

Estrofe do Dia

Dê uma volta no carro da amizade
puxe oitenta quilômetros de amor,
se desvie da estrada do rancor
dê banguela descendo a humildade
e acenda os faróis da caridade,
ilumine a estrada de um irmão,
baixe o vidro da porta e dê com a mão;
esse gesto é tão simples mais conforta:
amizade é a chave que abre a porta
do castelo onde mora o coração.
–ANTONIO FRANCISCO/RN–

Soneto do Dia

O Protesto do Rio
–CAROLINA RAMOS/SP–

Quando Deus fez surgir, do nada, o mundo,
recortou-o de rios que, em Seu plano,
tinham valor imenso e tão profundo
quanto o fluxo arterial do corpo humano!

A terra floresceu! O amor, fecundo,
povoou lares. E o homem, sempre ufano,
o Éden, que recebeu, tornou imundo,
semeando em cada canto o desengano!

Ar e água poluiu e, os próprios veios,
com seus desmandos, vícios e mazelas!...
-Hoje, os rios, ocultam nos seus seios,

as angústias das vozes sufocadas
pelos surdos gemidos das sequelas,
num protesto de artérias enfartadas!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Trova 209 - Francisco Pessoa Reis (CE)

Carlos Drummond de Andrade (O Poeta Singrando Horizontes XII)


O AMOR ANTIGO

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém,
nunca fenece e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste?
Não.
Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

O ANO PASSADO

O ano passado não passou,
continua incessantemente.
Em vão marco novos encontros.
Todos são encontros passados.

As ruas, sempre do ano passado,
e as pessoas, também as mesmas,
com iguais gestos e falas.
O céu tem exatamente
sabidos tons de amanhecer,
de sol pleno, de descambar
como no repetidíssimo ano passado.

Embora sepultos, os mortos do ano passado
sepultam-se todos os dias.
Escuto os medos, conto as libélulas,
mastigo o pão do ano passado.

E será sempre assim daqui por diante.
Não consigo evacuar
o ano passado

O ARCO

Que quer o anjo? Chamá-la
O que quer a alma? perder-se
Perder-se em rudes guianas
para jamais encontrar-se

Que quer a voz? encantá-lo.
Que quer o ouvido? Embeber-se
de gritos blasfematórios
até que dar aturdido.

Que quer a nuvem? raptá-lo,
Que quer o corpo? solver-se,
delir memória de vida
e quanto seja memória.

Que quer a paixão? detê-lo.
Que quer o peito? fechar-se
contra os poderes do mundo
para na treva fundir-se.

Que quer a canção? erguer-se
em arco sobre os abismos.
Que quer o homem? salvar-se,
ao permeio de uma canção.

O AMOR BATE NA AORTA

Cantiga de amor sem eira
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.

Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito.

O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.

Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.

Amor é bicho instruído.

Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que corre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender…

O BOI

Ó solidão do boi no campo,
ó solidão do homem na rua!
Entre carros, trens, telefones,
entre gritos, o ermo profundo.
Ó solidão do boi no campo,
ó milhões sofrendo sem praga!
Se há noite ou sol, é indiferente,
a escuridão rompe com o dia.
Ó solidão do boi no campo,
homens torcendo-se calados!
A cidade é inexplicável
e as casas não têm sentido algum.
Ó solidão do boi no campo!
O navio-fantasma passa
em silêncio na rua cheia.
Se uma tempestade de amor caísse!
As mãos unidas, a vida salva...
Mas o tempo é firme. O boi é só.
No campo imenso a torre de petróleo.

O DEUS DE CADA HOMEM

Quando digo “meu Deus”,
afirmo a propriedade.
Há mil deuses pessoais
em nichos da cidade.

Quando digo “meu Deus”,
crio cumplicidade.
Mais fraco, sou mais forte
do que a desirmandade.

Quando digo “meu Deus”,
grito minha orfandade.
O rei que me ofereço
rouba-me a liberdade.

Quando digo “meu Deus”,
choro minha ansiedade.
Não sei que fazer dele
na microeternidade.

Carlos Drummond de Andrade (Drink)


A poetisa traz-nos seu primeiro livro, porém não o entrega logo. Fica. estudando nossa expressão fisionômica antes de confiar-nos a suma de tantas vivências. Fala de coisas vagas, que se tornam mais vagas ainda pela indecisão da frase. Certa amiga comum nos manda lembranças. Podemos fornecer o endereço de mestre Fulano?? Parece que é difícil encontrá-lo em casa. Qual a melhor hora? As informações são prestadas, enquanto, por nossa humilde vez, inspecionamos a poetisa. Usa vestido elegante, sob capa elegante. É alta, morena, jovem. Um adjetivo clareia, com espontaneidade de espelho: bonita. Parece que clareou em nosso olhar, pois ela baixa a cabeça e contempla uma formiguinha no linóleo, onde - é claro - não passa nenhuma formiguinha. O livro continua preso na mão esquerda,sem que possamos desvendar-lhe o título: pudicamente, só aparece a brancura da contracapa. Não que haja figura ou dizeres obscenos a ocultar. A poetisa oculta sua poesia, nesse primeiro contato com o exterior. Passamos à ofensiva:

- Que é isso que você tem aí?

- Isso, quê?

- O livro.

- Nada, não. É um livro.

- Deixe ver, se não é segredo de estado!!

Não era, mas o inimigo contemporiza:

- Daqui a pouquinho.

O leitor, que acaso nos segue, achará a moça demasiado tímida ou esperta; com o nosso relativo conhecimento da alma literária, diremos que ela, ciente e emocionada, simplesmente retardava um momento irreparável: o momento em que seu livro deixaria o regaço materno para expor-se à condição de artigo-do-dia, olhado, pegado, comentado sem amor. Por isso a moca nos sondava antes de efetuar a doação. Acabou admitindo que publicara um livro; que trazia consigo um exemplar; que esse exemplar nos era destinado; mas não lhe pusera dedicatória e, conforme fosse a recepção, voltaria com a autora. Quisemos saber a razão de tamanha reserva. Desconversou, mas somos praça velha, e ouvimos o conto:

- Levei um exemplar ao Barata, colunista da “Folha”.

- Então?

- Me convidou para um “drink”.

- Que mal tem nisso, minha filha?!

- Bom... Nem olhou para o livro, olhou só para mim. Entende??

Entendíamos. - Mas o Barata, - ponderamos - não é propriamente crítico literário, e, como observa o prof. Afrânio Coutinho, há uma “big” diferença entre “reviewer” e crítico.

- Pois, sim. O Lessa é crítico e também me convidou para um “drink”. Sem abrir o livro. Será que hoje é moda beber com o autor antes de ler??

Não soubemos explicar à poetisa, e preferimos indagar se porventura os “drinks” lhe flagelam o fígado. Ela sorriu. - Eu adoro um “alexander”, um “cuba libre”. Mas pensei que não fosse preciso tomá-lo para merecer um julgamento ou uma notícia.

Tranqüilizamo-la a nosso respeito: não escrevemos sobre livros, não freqüentamos bares, não a convidaríamos a drincar. Parece que a assustou um pouco nossa austeridade romana, se é que não vislumbrou nisso um truque novo. Afinal, o braço moveu-se, o livro foi entregue. Sem dedicatória.

- Não vai escrever nada?? perguntamos-lhe.

- Que gostaria que eu escrevesse?

- Ah! isso você não era capaz de escrever.

Queria oferecer-nos louvores suaves, mas temia que a interpretássemos de outro jeito; queria ser seca, não podia; natural, não podia. Então, deu-nos o livro sem dedicatória e, rapidamente, convidou-nos a tomar um “drink”.

Paraná em Trovas Collection - 5 - Andréa Motta (Curitiba/PR)

Eliana Ruiz Jimenez (Caderno de Trovas)


- 1 -
Nesta vida o encantador,
com maior significado,
dá-se ao cativar o amor
e ao render-se, cativado.
- 2 -
São forças da natureza,
não se pode fazer nada:
– fogo, vulcão, correnteza...
e a mulher apaixonada!
- 3 -
Quantas bênçãos recebidas
quando se caminha aos pares:
um ideal, duas vidas
dois corações similares.
- 4 -
Um amor que se alardeia
não passa de sonho vão:
é só castelo de areia
escorrendo pela mão.
- 5 -
Jaz latente enternecido
nas vertentes do meu ser
um amor adormecido
esperando efervescer.
- 6 -
A caridade amplifica
o sentimento Cristão
que tão bem se multiplica
quando é feita a divisão.
- 7 -
Criança muito levada,
que corre, chuta e sacode...
Que disciplina, que nada:
- Casa da vó tudo pode!
- 8 -
Por ser eterno esse amor
não amedronta a partida,
sendo Deus o condutor
não existe despedida.
- 9 -
Valorando o sem valor,
conjugando o verbo ter,
esqueceu-se quanto amor
num ranchinho pode haver.
- 10 -
Segredos engarrafados
boiando ao sabor do vento...
Corações despedaçados
para os quais não houve alento!
- 11 -
Paraíso, Liberdade,
Morumbi, Consolação:
- se for amor de verdade,
tanto faz a direção.
- 12 -
Pensamento irresolvido
remoendo a mesma história:
- um amor não esquecido
reticente na memória.
- 13 -
Bem no alto, aqui estou;
neste ápice, a conquista.
Mas de nada adiantou:
tu não estavas à vista...
- 14 -
Sentimento irresponsável
perturbando o coração:
- é o amor, força implacável
fez perder minha a razão.
- 15 -
Nos percalços dessa vida
já deixei muita pegada
como marca dolorida
dos revezes da jornada.
- 16 -
Voa passarinho, voa,
que gaiola é só maldade.
Livre, lá nos céus entoa
o cantar da liberdade.
- 17 -
Os mistérios da conquista,
como olhares, sedução,
são enigmas cuja pista
bem esconde o coração.
- 18 -
Não é o homem proprietário
nem senhor da criação;
é somente um usuário
que fez usucapião.
- 19 -
Como é que pode, hoje em dia,
um homem achar prazer
na farra da covardia
que é ver um boi padecer...
- 20 -
Vivo sempre a divagar,
no silêncio em que me abrigo:
- Ah que bom poder voltar,
a estar outra vez contigo!
- 21 -
Desfazendo a natureza,
vai o homem construtor
desconstruindo a certeza
de um futuro promissor.
- 22 -
Às vezes menina, ainda;
outras, mulher revelada.
Em tudo o que a vida brinda
Segue sempre apaixonada!
- 23 -
Uma vida sem amor
é qual comida sem sal:
em ambas falta sabor,
por ausente o principal.
- 24 -
Um segredo bem guardado
para assim permanecer
não deve ser partilhado
para nunca se perder.
- 25 -
Noite a dentro, sempre atento,
aliviando a minha dor,
da insônia eu encontro alento
com o meu computador.
- 26 -
O futuro do planeta
não é segredo a ninguém
preserve e se comprometa
que a vida assim se mantém.
- 27 -
Esse mundo feminino
De segredos permeado
É um gracejo do destino
Pelos homens odiado.
- 28 -
Sorria pra natureza
respeite e sempre preserve,
só assim teremos certeza
que o mundo assim se conserve.
- 29 -
Rede que volta vazia
traz tristeza ao pescador
que apesar da nostalgia
leva adiante o seu labor.
- 30 -
Pescador mais esportivo
deixa seu peixe escapar,
melhor solto que cativo,
para assim o preservar.
- 31 -
O mar de um azul profundo
e as montanhas esverdeadas,
são belezas desse mundo,
precisam ser preservadas.
- 32 -
Abra a porta, deixe a luz
resgatar seu coração.
Vá sem medo, faça jus
a viver nova paixão.

Fonte:
Eliana Ruiz Jimenez. Caderno de Trovas.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 397)


Uma Trova Nacional

Desde o berço à sepultura
caminharei sem temor,
conduzindo esta ventura:
ter nascido Trovador.
–GILSON FAUSTINO MAIA/RJ–

Uma Trova Potiguar

Na realidade, o pecado
que me faz vagar a esmo,
foi na vida ter amado
outro alguém mais que a mim mesmo!
–MANOEL CAVALCANTE/RN–

Uma Trova Premiada

2000 - Barra do Piraí/RJ
Tema: CAMINHO - Venc.

Pelos caminhos, perdidos,
por causa de um desatino,
somos dois desiludidos
pisados pelo destino.
–ELIETTE PIMENTA RAMOS/RJ–

Uma Trova de Ademar

Fiz com Deus uma aliança
que somente um cristão faz:
ser soldado da esperança
numa guerra pela paz.
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Felicidade, acredito
que nesta vida consistes
num simples nome bonito,
para consolo dos tristes...
–ORLANDO BRITO/MA–

Simplesmente Poesia

Sílaba Tônica.
–SUELY MAGNA NOBRE/RN–

Com maior vigor
Redimensiono as suas curvas
Minhas lutas e proezas,
Nem sempre se acentuam
Minhas inclinações
Declives e deslizes
Embora secundários
Ressoam com maior intensidade.

Estrofe do Dia

Por lembrar-me da terra onde nasci,
por jamais esquecer meu lugarejo,
por sentir no meu peito esse desejo
de voltar pro lugar onde vivi;
eu tentei esquecer não consegui
as paisagens da minha região,
pois quem migra pra longe do seu chão
todo dia voltar pra lá deseja;
por eu ser de origem sertaneja
não me esqueço das coisas do sertão!
–CARLOS AIRES/PE–

Soneto do Dia

Tributo ao Dicionário.
–FRANCISCO NEVES MACEDO–

O dicionário, qual mulher incrível,
e sempre para nós, indispensável,
numa entrega total, imensurável,
doando para nós, todo o possível.

Se o verso parecer quase impossível
por sua doação, fica viável
e neste conviver terno e saudável
torna a vida mais doce e mais sensível...

É você, meu amigo dicionário,
nosso caso de amor extraordinário
jamais terá divórcio, ele é moderno.

Vamos esparramar nossa poesia
em romântica e doce parceria...
Nosso caso de amor será eterno!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Emiliano Perneta (Ilusão) Parte 4


ÉBRIOS...

Muito embora que vão alegres e cantando,
Causa terror assim pelo meio da estrada
Vê-los a caminhar, como um sinistro bando;
Eles têm o nariz vermelho, a face inchada...

Pelas vielas mais escuras, cambaleando,
Sem que queiram saber de nada, de mais nada,
Notâmbulos, senis, passam de quando em quando,
Mas como espectros, que fogem de madrugada...

Nada pior. É bem como uma Messalina,
Que já teve e não tem e anda cumprindo a sina
Misérrima... Porém eu vejo-me tão mal,

Que até chego a sentir saudade dos mendigos,
Da espelunca e dos meus camaradas antigos,
Que eu sei que hão de morrer num catre d’hospital!

***

ESSE PERFUME...

Esse perfume – sândalo e verbenas –
De tua pele de maçã madura,
Sorvi-o quando, ó deusa das morenas!
Por mim roçaste a cabeleira escura.

Mas ó perfídia negra das hienas!
Sabes que o teu perfume é uma loucura:
– E o concedes; que é um tóxico: e envenenas
Com uma tão rara e singular doçura!

Quando o aspirei – as minhas mãos nas tuas –
Bateu-me o coração como se fora
Fundir-se, lírio das espáduas nuas!

Foi-me um gozo cruel, áspero e curto...
Ó requintada, ó sábia pecadora,
Mestra no amor das sensações de um furto!

***

CONVALESCENTE

Ao coronel Joaquim Ignácio

Choveu durante largo tempo; dia
Sobre dia choveu, e ela, doente,
E ela, pálida e triste, em febre, via
Brumoso e feio o céu, continuamente.

E nem uma esperança mais! Chovia.
Mas melhora, e, olhando o céu em frente,
Vê que o céu fulge e se enche de alegria,
De uma alegria de convalescente!

E débil, de mansinho, abre a janela...
O sol casquilha, em ouro se derrama,
Fora na balsa, como uma risada...

E ela: “Que doce por aquela estrada
Pisar agora em luz! Feliz quem ama,
Como eu amo esta vida, que é tão bela!”

***

VERSOS DE OUTRORA

Fui bom. Mas a bondade é coisa trivial:
A infância, a infância fez-me uma guerra infernal.

Fui alegre e sincero. O mundo, a rir, em troco,
Abominavelmente achou que eu era um louco.

Ema, a teus pés caí, beijei-te as mãos, Ester!
Fiz tolices de quem não sabe o que é a mulher...

Com que olhar de altivez, com que fundo desprezo,
Chamastes-me coitado – olhar noutro olhar preso.

Numa ideia de forma esquisita, uma vez,
Aspirei com ardor a esplêndida nudez;

Gente que não entende um fino gozo d’arte,
Que eu era um imoral, disse-o por toda parte.

Indiferentemente eu agora caminho
Sobre rosas em flor ou sobre linho ou espinho;

Automático vou, sem pesar nem prazer;
Ora pois! vamos ver o que é que vão dizer...

Num País de Bárbaros.

***

METAMORFOSES

À Mme. Georgine Mongruel

Sei que há muita nudez e sei que há muito frio,
E uma voracidade horrível, um furor
Tão desmedido que, quando eu acaso rio,
Quantos não estarão torcendo-se de dor.

Conheço tudo, sim, apalpo, indago, espio…
Tenho a certeza que vá eu para onde for,
Como o escaravelho, hei de o ódio sombrio
Ver enodoar até o seio de uma flor.

Mas sei também que há mil aspirações estranhas,
Que havemos de subir montanhas e montanhas,
Que a Natureza avança e o Homem faz-se luz…

Que a Vida, como o sol, um alquimista louro,
Tem o dom de poder mudar a lama em ouro,
E em límpidos cristais esses rochedos nus!

***

NOITE. DEITO-ME AQUI...

Noite. Deito-me aqui ansiosamente, e deito
Este fardo de dor, e esta fadiga enorme.
Faz frio. A neve cai. O vento chora. O leito
Gela. Mas vou dormir, e feliz de quem dorme.

Realmente, a vida foi como um castelo informe,
Como um castelo no ar, como um castelo feito
De papelão, mas construído de tal jeito
Que eu fiz de marionete, ó Marion Delorme!

Hoje, tudo rolou pelos abismos, tudo,
Esse orgulho feroz, essa lança, esse escudo,
As viagens a Citera, e esses brasões reais...

Eu vou dormir, porém. O sono não sei donde
Desce por sobre mim, como uma grande fronde...
Ah que bom de dormir e não acordar mais!

Maio – 1910

***

SONETO

Ao Azevedo Macedo

Que se escreveu, quando se acreditou que tendo dona Alba se ausentado por mui longes terras, nunca tornasse mais a dar novas de sua pessoa.

É noite. E o vento, como a folha d’uma espada,
Corta, sibila, espanca, e zurze, e dilacera,
E eu que vou, eu que vou, sozinho, pela estrada,
Eu não tenho por mim nem um raminho d’hera.

Eu não tenho por mim ninguém, não tenho nada.
Tenho a noite, este horror, esta cruel quimera,
A minha solidão, que a mim me desespera,
E o vento a soluçar, e a túnica gelada...

Mas, bruscamente, enfim, ao longe, ao longe se ergue,
Como um olho de sangue, embora, aquele albergue,
Oh! um espectro mau, que outrora eu conheci!

Dentro dele, eu bem sei, uma profunda vala...
É o covil da traição que envenena e apunhala...
Tenho sono, porém, e vou dormir ali!

Abril – 1905

***

PARA ELA

Quem um dia me vir, caído pelo chão,
Ferido pela dor, que é o teu punhal, Iago,
No meio do sangue, assim, no meio d’um lago,
Como um funâmbulo torcido, mas em vão...

Há de dizer que do meu destino aziago
A culpa teve mais minha imaginação,
Quando errava através da noite, como um vago,
Como um fantasma, só, como um ladrão.

Cada qual, cada qual, com um motivo diverso:
Este me dirá que foi a mania do verso
Que me veio a matar; aquele, outra qualquer...

Ao ver a minha face, em terra, friamente,
Muitos hão de pensar: coitado, era um doente...
Ninguém dirá, porém, que foi esta mulher!...

Fonte:
Emiliano Perneta. Ilusão e outros poemas. Re-edição Virtual. Revista e atualizada por Ivan Justen Santana. Curitiba: 2011

Monteiro Lobato (Reinações de Narizinho) O Sítio do Picapau Amarelo XII – A Volta


Estavam todos prontos para a volta, exceto Emília. Narizinho refletia sobre o seu caso. Por fim pediu a opinião de Tom Mix sobre o melhor meio de a levar.

-Acho que temos de pôr a senhora condessa dentro dum dos ancorotes de mel.

— Que disparate, Tom! Emília ficaria toda melada !...

— Sim, mas há um vazio — respondeu ele. — Creio que ali irá mais comodamente do que na garupa do cavalinho pangaré.

Emília fez cara feia e protestou. O meio de sossegá-la foi permitir-lhe seguir na frente do bando, para que pudesse “ir vendo as coisas antes dos outros”. Estava nascendo nela aquele espírito interesseiro que a ia tornar célebre nos anais da ciganagem.

Puseram-se em marcha. Meia légua adiante Emília pôs-se de pé dentro do barrilzinho e gritou:

— Estou vendo uma coisa esquisita lá na frente! Um monstro com cabeça de porco e “peses” de tartaruga!

Todos olharam, verificando que Emília tinha razão. Era um monstro dos mais estranhos que possa alguém imaginar. Tom Mix puxou da faca e avançou, dizendo a Narizinho que não se mexesse dali. Chegando mais perto percebeu o que era.

— Não é monstro nenhum, princesa! Trata-se do senhor marquês montado num pobre jabuti! Vem metendo o chicote no coitado, sem dó nem piedade.

E assim era. Rabicó dava de rijo no pobre jabuti e ainda por cima o descompunha.

— Caminha, estupor! Caminha depressa, se não te pico de espora até a alma! — gritava ele.

Narizinho ficou indignada com aquilo. Era demais! Vendo-a assim, Tom Mix puxou do revólver e disse:

— Se quer, apeio aquele maroto com uma bala!

— Não é necessário — respondeu ela. — Eu mesma lhe darei uma boa lição. Deixe o caso comigo.

Nisto o marquês alcançou o grupo, e já estava armando cara alegre de sem-vergonha, quando a menina o encarou, de carranca fechada.

— Desça já do pobre jabuti, seu grandíssimo...

Muito espantado daquela recepção, Rabicó foi descendo, todo encolhido.

— E para castigo — continuou a Menina — quem agora vai montar é o senhor jabuti. Vamos, senhor jabuti! Arreie o marquês e monte e meta-lhe a espora sem dó!

O jabuti assim fez, e sossegadamente, porque jabuti não se apressa em caso nenhum, botou os arreios no leitão, apertou o mais que pôde a barrigueira, montou muito devagar e lept! lept! fincou-lhe o chicote como quem surra burro bravo.

— Coin! coin! coin! — berrava o pobre marquês.

— Espora nele, jabuti! — gritava a boneca. — Espora nesse guloso que me comeu os croquetes!

— E também uma boas lambadas por minha conta! — murmurou uma voz fina no ar.

Todos ergueram os olhos. Era a libelinha enganada, que ia passando, veloz como um relâmpago.

O caso foi que naquele dia Rabicó perdeu pelo menos um quilo de peso e pagou pelo menos metade dos seus pecados...

Depois desse incidente puseram-se de novo em marcha, só parando numa figueira de boa sombra, já pertinho do sítio.

— Ponto de almoço! — gritou Narizinho, que estava com uma fome tirana. Desde que saíra de casa só comera os bolinhos trazidos.

Apearam-se. Estenderam no chão uma toalhinha. Tom Mix abriu dois barriletes de mel. Narizinho remexeu no bolso a ver se ainda encontrava algum pedaço de bolo. Não encontrou nem o besouro. Tinha fugido, o ingrato! Puseram-se a manducar mel puro, único alimento que havia.

No melhor da festa — tzzsiu! um passarinho cantou na árvore próxima. A menina ergueu os olhos: era um tiziu.

— Emília — disse ela intrigada — não acha aquele tiziu com um certo ar de Pedrinho?

— Muito! E querem ver que é ele mesmo?

— Pedrinho! Pedrinho! Venha cá, Pedrinho! — gritou a menina, aflita.

O tiziu desceu da árvore, vindo pousar em seu ombro.

— Então que é isso, Pedrinho? Deixo você em casa feito gente e o venho encontrar virado em ave!...

— Assim é — disse ele. — Todos viramos aves lá em casa.

— Como? Explique isso! — gritou Narizinho ansiosa.

— Pois apareceu por lá uma velha coroca, de porrete na mão e cesta no braço. “Menino”, disse-me ela, “é aqui a casa onde moram duas velhas dugudéias em companhia duma menina de nariz arrebitado, muito malcriada?” Furioso com a pergunta, respondi: “Não é da sua conta. Siga seu caminho que é o melhor”. “Ah, é assim”? exclamou ela. “Espere que te curo”! E virou a mim em passarinho, virou vovó em tartaruga e tia Nastácia em galinha preta...

— Que horror! — foi o grito que escapou de Narizinho. — Que vai ser de nós agora? Já sei quem é essa velha! Não pode ser outra! Bem ela me disse que havia de vingar-se...

— Que foi que aconteceu, princesa? — indagou Tom Mix, já de mão no revólver.

— Não sei, Tom, se desta vez nos poderá valer! Você é invencível, mas só de igual para igual. Contra uma bruxa feiticeira, não sei... não sei... e contou o que havia acontecido.

— Deixe tudo por minha conta, princesa, e não duvide da minha arte de resolver situações complicadas. Siga viagem que eu vou dar volta pelos arredores a fim de apanhar essa velha. Juro que hei de trazê-la bem segura, para que desfaça o mal que fez...

— Os anjos digam amém! — suspirou Narizinho mais animada. E dando rédeas ao cavalo pangaré tocou para o sítio com o tiziu ainda pousado no ombro.

Que tristeza! Mal Narizinho apeou no terreiro e já ouviu uma galinha cacarejar lá dentro.

— É tia Nastácia, coitada! — suspirou com o coração apertado.

Entrou. Na sala de jantar viu sentada na rede, costurando, uma tartaruga de óculos.

— Vovó! — gritou a menina com desespero. — Não me conhece mais vovó?

A tartaruga, quieta, quieta...

— Veja, Emília, que desgraça! — gritou Narizinho em lágrimas.

Vovó é aquele bicho cascudo que está na rede! Nastácia é aquela horrenda galinha preta que mais parece urubu...

Emília olhou, olhou e também rompeu em choro, abraçando-se com a menina.

— A única esperança que nos resta é Tom Mix – disse Narizinho. — Mas este caso é tão estranho que receio que nem ele possa nos salvar...

Passaram-se dois dias. Narizinho, inconsolável, não podia conformar-se com a idéia da sua querida avó tartarugando na rede, nem de tia Nastácia volta e meia botando um ovo na cozinha.

— Sossegue, Narizinho. Tom Mix é um danado. De repente reaparece e conserta tudo, como no cinema — dizia a boneca para a consolar.

— Mas está demorando tanto, Emília!...

— Dois dias só. Você sabe que a conta para tudo é três...

Chegou afinal o terceiro dia. As duas amiguinhas, postadas à janela desde cedo, espiavam os horizontes, ansiosas. Nem uma poeira se erguia! Narizinho suspirou.

— Qual, Emília! Está tudo perdido... Se a velha tem o poder de virar os outros em bicho, também pode virar-se a si própria em pedra, árvore, tronco seco — e como há de Tom Mix saber?

— Paciência, Narizinho! Vai ver que de repente ele brota por aí com a velha na ponta da faca...

Palavras não eram ditas e um cachorrinho latiu no terreiro.

— Deve ser ele! — gritou Emília correndo para a porta.

E era mesmo. Era Tom Mix que voltava com dois revólveres apontando e a velha à frente, de braços erguidos.

— É agora! — berrou o cowboy no ouvido da bruxa. – Vais desfazer o mal que fizeste, se não te como os fígados, já neste momento...

Horrorizada com a feiúra da velha, Narizinho fechou os olhos.

Depois criou coragem e os foi abrindo devagarinho. E viu... sabem quem? Viu tia Nastácia a olhar para ela e a dizer:

— Acorde menina! Parece que está com pesadelo...

Narizinho sentou-se na cama, ainda tonta, esfregando os olhos.

— E vovó? — perguntou.

— Lá dentro, costurando.

— E Pedrinho?

— Fazendo uma arapuca no quintal.

— E... e Tom Mix?

— Deixe de bobagens e venha tomar o seu café que já está esfriando — rematou tia Nastácia.
––––––––
Continua... O Marquês de Rabicó – I – Os Sete Leitõezinhos

Fonte:
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. I. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

Reinaldo Pimenta (Origem das Palavras 3)


ALAMEDA
Atualmente alameda é qualquer caminho ladeado de árvores. Mas, na sua origem, tinha o sentido restrito de via margeada de álamos (um tipo de árvore). Alameda veio de álamo mais a terminação -eda, variação de -edo (significando coletivo), que também aparece em arvoredo.

ALARDE
Em português, existe a palavra alardo, que significa revista anual de tropas e veio do árabe al-"ard (revista, resenha).Alarde é uma variante de alardo e, por extensão, ganhou o sentido de ostentação, aparato.

ALARME
Do italiano all "arme (às armas), que era o grito da sentinela prevenindo a aproximação do inimigo. Hoje é o grito matutino do relógio prevenindo a aproximação do patrão. De alarme formaram-se alarmismo e alarmista.

ALCORÃO
O livro sagrado do islamismo. Do árabe al-kuran, que significa "a leitura por excelência". Diz-se Alcor do ou Corão. Os que preferem a forma Corão sustentam que, como Alcorão já contém al-, que é o artigo "o" em árabe, dizer "o Alcorão" seria uma redundância, por duplicidade de artigos.

ALKA- SELTZER
O nome do remédio da Bayer veio de aikal, redução de alkaline, alcalino, antiácido + seltzer, água mineral gasosa, do ale nã Selterser (wasser), (água) de Selters, redução de Niederselters, cidade alemã de cujas fontes era obtida a água de Seltzer, famosíssima no século XIX.

ALÔ
O telefone foi inventado em 1876 por Alexander Graham Bell, escocês naturalizado norte-americano. Naquele mesmo ano, o norte-americano Thomas Edison - inventor do telégrafo, do fonógrafo e da lâmpada elétrica incandescente - aperfeiçoou o invento de modo que se pudesse falar e ouvir pelo mesmo aparelho. Edison foi o primeiro a usar no telefone a interjeição hallo - a palavra inglesa veio de uma variação da expressão holla, do francês medieval hola, formado da interjeição de chamamento ho + la (lá).
Do inglês hallo vieram o português alô e o francês allô. Para a origem do francês allô, há uma outra versão que alguns etimólogos aceitam, outros consideram fantasiosa. Em 1880, foi instalado em Paris um posto com um telefone Bell. No início, as pessoas, para apressar o interlocutor, usavam a palavra allons (algo como "Vamos!"). Depois, a palavra teria se reduzido para allô.

Fonte:
PIMENTA, Reinaldo. A casa da mãe Joana 2. RJ: Elsevier, 2004

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Trova Ecológica 46 - Wagner Marques Lopes (MG)

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 396)

Uma Trova de Ademar

Uma Trova Nacional

Uma paisagem funesta
será mostrada, por certo,
quando, em lugar da floresta,
houver somente um deserto!...
–RODOLPHO ABBUD/RJ–

Uma Trova Potiguar

Fosse, a seiva, inspiração,
cada árvore, um Trovador,
floresta era a imensidão
de verdes Trovas de amor.
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Uma Trova Premiada

2007 - ATRN- Natal/RN
Tema: ECOLOGIA - 4º Lugar.

Pela imagem desolada
que, após o incêndio, nos resta,
as luzes de uma queimada
são as trevas da floresta!
–ARLINDO TADEU HAGEN/MG–

...E Suas Trovas Ficaram

Nada tem tanta poesia
como este brilho profundo
que a natureza irradia
do pantanal para o mundo!
–CLARINDO BATISTA/RN–

Simplesmente Poesia

Ridícula
–OLGA AGULHON/PR–
(a Fernando Pessoa)

Quando deixar de escrever cartas de amor,
deixarei de ser ridícula,
serei amarga.

Quando deixar de chorar por amor,
deixarei de ser ridícula,
serei seca.

Quando deixar de pedir seu amor,
deixarei de ser ridícula,
serei outra.

Quando aprender a fazer versos,
deixarei de ser ridícula,
serei Pessoa.

Estrofe do Dia

Troco todo o meu conforto
mesmo que o doutor não goste,
e onde tiver um poste
coloco um angico torto,
no lugar do aeroporto
boto um campo florestal
para pousar só pardal
onde pousava avião;
vou colocar o sertão
no centro da capital.
–ROGÉRIO MENEZES/PB–

Soneto do Dia

Eu Preciso Te Amar...
–JOÃO UDINE/CE–

Eu preciso te amar com todo amor.
Sentir teus lábios o sabor de amora,
sob o sol da manhã, em seu ardor...
Eu preciso abraçar-te a toda hora,

Desde o fluir da noite ao romper da aurora...
Eu preciso do teu oásis em flor;
há sede em mim de ti, amor, agora...
Depois verei colinas e o que for

de apetitoso do teu corpo belo,
que é um mar de amor a que tanto anelo,
com suas ondas mansas e azuladas...

Eu preciso te amar com todo amor.
És minha flor; eu o teu beija-flor,
eu te desejo até nas madrugadas...

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Carlos Drummond de Andrade (O Poeta Singrando Horizontes XI)


AURORA

O poeta ia bêbedo no bonde.
O dia nascia atrás dos quintais.
As pensões alegres dormiam tristíssimas.
As casas também iam bêbedas.

Tudo era irreparável.
Ninguém sabia que o mundo ia acabar
(apenas uma criança percebeu mas ficou calada),
que o mundo ia acabar às 7 e 45.
Últimos pensamentos! últimos telegramas!
José, que colocava pronomes,
Helena, que amava os homens,
Sebastião, que se arruinava,
Artur, que não dizia nada,
embarcam para a eternidade.

O poeta está bêbedo, mas
escuta um apelo na aurora:
Vamos todos dançar
entre o bonde e a árvore?

Entre o bonde e a árvore
dançai, meus irmãos!
Embora sem música
dançai, meus irmãos!
Os filhos estão nascendo
com tamanha espontaneidade.
Como é maravilhoso o amor
(o amor e outros produtos).
Dançai, meus irmãos!
A morte virá depois
como um sacramento.

A VERDADE DIVIDIDA

A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
E era preciso optar. Cada um optou
confere seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

COMO ENCARAR A MORTE

De longe

Quatro bem-te-vis levam nos bicos
o batel de ouro e lápis-lazúli,
e pousando-o sobre uma acácia
cantam o canto costumeiro.

O barco lá fica banhado
de brisa aveludada, açúcar,
e os bem-te-vis, já esquecidos
de perpassar, dormem no espaço.

À meia distância

Claridade infusa na sombra,
treva implícita na claridade?
Quem ousa dizer o que viu,
se não viu a não ser em sonho?

Mas insones tornamos a vê-lo
e um vago arrepio vara
a mais íntima pele do homem.
A superfície jaz tranquila.

De lado

Sente-se já, não a figura,
passos na areia, pés incertos,
avançando e deixando ver
um certo cógifo de sandálias.

Salvo orsto ou contorno explícito,
como saber que nos procura
o viajante sem identidade?
Algum ponto em nós se recusa.

De dentro

Agora não se esconde mais.
Apresenta-se, corpo inteiro,
se merece nome de corpo
o gás de um estado indefinível.

Seu interior mostra-se aberto.
Promete riquezas, prêmios,
mas eis que falta curiosidade,
e todo ferrão de desejo.

Sem vista

Singular, sentir não sentindo
ou sentimento inexpresso
de si mesmo, em vaso coberto
de resina e lótus e sons.

Nem viajar nem estar quedo
em lugar algum do mundo, só
o não saber que afinal se sabe
e, mais sabido, mais se ignora.

Carlos Drummond de Andrade (Aquele Casal)


Aquele casal, o marido me honra com suas confidências:

- Ultimamente, a Elsa anda um pouco estranha. Não sei o que é, mas não me agrada a sua evolução.

- Como assim?

- Deu para usar estampados berrantes, de mau gosto, ela que era tão discreta no vestir.

- É a moda.

- Pode ser o que você quiser, porém minha mulher jamais se permitiu esses desfrutes.

- Deixe Dona Elsa ser elegante. Não há desfrute em seguir o figurino.

- Se fosse só o figurino. São as maneiras, os gestos.

- Que é que tem as maneiras, os gestos?

- A Elsa parece uma menina de quinze anos. Ficou com os movimentos mais leves, um ar desembaraçado que ela não tinha, e que não vai bem com uma senhora casada.

- Posso dar opinião? As senhoras casadas não perdem a condição feminina, e pode até realçá-la por uma graça experiente.

Fixou-me suspeitoso:

- Que é que está insinuando?

- Nada. A mulher casada desabrochou, não é mais um projeto, pode revelar melhor o encanto natural da personalidade.

- Pois fique com suas teorias, que eu não quero saber de minha mulher revelar seu encanto a ninguém.

- Perdão, eu...

- Já sei. Estava querendo desculpar a Elsa.

- Desculpar de quê?

- De tudo que ela vem fazendo.

- Eu ignoro tudo, e adivinho que não há nada senão...

- Senão o quê?

- Aquilo que o dicionário chama de ente de razão, uma fantasia completamente destituída de razão.

- Acha então que estou maluco?

- Acho que está sonhando coisas.

- E a flor que ela trouxe ontem para a casa é sonho? Me diga: é sonho?

- Que é que tem trazer uma flor para casa?

- Veio do oculista e trouxe uma rosa. Acha direito?

- Por que não?

- Eu apertei, ela me disse que foi o oculista que deu a ela. Estava num vaso, ela achou bonita, ele deu.

- E daí?

- Então uma senhora casada vai ao oculista e o oculista lhe dá uma rosa? Que lhe parece?

- Que ele é gentil, apenas.

- Pois eu não vou nessa gentileza de oculista. Não há rosas nos consultórios de oftalmologia. E que houvesse. Tem propósito uma coisa dessas? Ela acabou chorando, dizendo que eu sou um bruto, um rinoceronte. Engraçado. Minha mulher vem com uma rosa para casa, uma rosa dada por um homem, e eu não devo achar ruim, eu tenho que achar muito natural.

- Desde quando é proibido uma senhora ganhar flor de uma pessoa atenciosa? Que sentido erótico tem isso?

- Tem muito. Principalmente se é rosa. Ora, não tente negar o significado das ordens florais entre dois sexos. O oculista não podia dar essa flor, nem ela podia aceitar. O pior é que não deve ter sido o oculista.

- Quem foi, então?

- Sei lá. Numa cidade do tamanho do Rio, posso saber quem deu uma rosa a minha mulher?

- Vai ver que ela comprou na loja de flores da esquina, e disse aquilo só para fazer charminho.

- Ela nunca fez isso. Se fez agora, foi para preparar terreno, quando chegar aqui uma corbelha de antúrios e hibiscos.

- Não diga uma coisa dessas.

- Digo o que penso. Estou inteiramente lúcido, só me conduzo pelo raciocínio. Repare no encadeamento: os vestidos modernos; os modos (só vendo a maneira dela se sentar no sofá); a rosa, que ela foi correndo levar para a mesinha de cabeceira do quarto. Cada uma dessas coisas é um indício; reunidas, são a evidência.

- Permita que eu discorde.

- Discorda sem argumentos. A Elsa não é mais a Elsa. Demora mais tempo no espelho. Fica olhando um ponto no espaço, abstrata. Depois, sorri. Estou decidido.

- A quê?

- Vou segui-la daqui por diante. Contrato um detetive. E logo que tenha a prova, me desquito.

- Não vai ter prova nenhuma, juro. Ponho a mão no fogo por Dona Elsa.

- Pensei que você fosse meu amigo. Fiz mal em me abrir. Vamos mudar de assunto que ela vem chegando. Mas repare só que os olhos de Capitu que ela tem, eu nunca havia reparado nisso!

Esquecia-me de dizer que meu amigo tem 82 anos, e Dona Elsa, 79.

Paraná em Trovas Collection - 4 - Amália Max (Ponta Grossa/PR)

Emiliano Perneta (Ilusão) Parte 3


JUSTIÇA

Ao Ermelino de Leão

Os tempos não são mais de dança nem de lança,
E o mundo vai talvez ainda pior do que eu
Supunha: todos nós perdemos a esperança,
É o naufrágio, e este horror, e tudo pereceu...

Mas através do desespero que não cansa,
Através deste mal duro como um judeu,
Quando corre o teu sangue e bom como criança,
Quando te vejo, assim, mulher que se perdeu...

Ó furor de arrancar trêmulo a minha espada,
De levantar a voz e de chamar a mim
Cegos e surdos que não querem ouvir nada...

Heroísmo, e juventude, e glória, e luz de um dia,
Que bom de ver surgir uma cavalaria,
Que te erguesse do chão, como uma flor, enfim!

1903

Poesias Diversas

IDEAL!

Ao Romário Martins

É frio, frio, como gelo.
Galopo o meu cavalo em pelo.
Uivos roucos de temporal!...
Mas nessa noite de procela,
Lá corre trêmula uma vela
Num mar de sangue! – É o meu Ideal!

Às vezes como um Xá da Pérsia,
Envolto todo em minha inércia,
Eu adormeço num divã...
Mas vem de súbito a Esperança,
Toca-me o braço, dá-me a lança:
“Corre! que vão matar tua irmã!”

Ó meu Senhor, que bom seria,
Na praia. Esplêndido esse dia.
Um velho, e o barco sobre o mar:
“O mar é um túmulo sem fundo,
Mas eu vou dar a volta ao Mundo,
Além! Além!” – Quero embarcar!

A minha vida é uma Doente,
Que ri funambulescamente...
Ri como os sinos: dlem! dlom! dlem!
Olhai! lá vem descendo o serro!
Lá vem! lá vem o meu enterro!
Que dor! que dor! Morri. Por Quem?

E tu, cruel, que assim me perdes,
Ó vício! ó Dama d’olhos verdes!
Torcida como um caracol?
Mas nos teus olhos quando cuido:
Ah! quem me dera ser o fluido,
E ser a estrela, e ser o Sol!

No campo. Um cavaleiro passa.
(Campo de Troia da Desgraça)
“Guarda! – murmura – É de coral,
Diamante, pérolas e ouro,
Estranho, fúlgido tesouro...”
Não lhe roubara nenhum real!

A Dor! (que olhar! e que magreza!)
Quando essa tísica Princesa
Entra de noite o meu solar...
Queima-me um raio de martírio,
Eu resplandeço como um lírio,
Ó Lua Nova! a soluçar!

Ideal! Ideal! que fina salva!
Ideal de prata! Estrela d’Alva!
Torre d’ouro da minha Fé!
Ideal! Ideal! luzente Espada!
Contigo, vê, não temo nada!
Turris eburnea! Arca de Noé!

Ideal! Ideal! que me tortura!
Ó fogo fátuo! ó vã loucura!
Dama d’honor! Lança e Arnês!
Além, além, é um mar de luzes!
No meio d’ossos e de cruzes?
Que importa! Irei sangrando os pés!

***

IGUAÇU

Ao Joaquim de Castro

Ó rio que nasceu onde nasci, ó rio
Calmo da minha infância, ora doce, ora má,
Belo estuário azul, espelhado e sombrio,
Quanto susto me deu, quanto prazer me dá!

Quantas vezes eu só, nessas manhãs d’estio,
Ao vê-lo deslizar, pomposamente, lá,
Pálido não fiquei, tão majestoso vi-o,
Orgulho do Brasil, glória do Paraná!

Companheiro ideal! Durante toda a viagem,
Foi o espelho fiel a refletir a imagem,
Dos montes e dos céus, discorrendo através

Da floresta, ora assim como um cão veadeiro,
A fugir, a fugir alegre e alvissareiro,
Ora deitado aqui quase a lamber-me os pés!

***

CANÇÃO

Pára um negro cavaleiro
Ao pé de antigo solar:
O seu cavalo é de crina
Cor da Lua, cor do luar.

Vem de longe o cavaleiro,
Vem das guerras de Além-mar...
Com a ponta da sua adaga
Bate à porta do solar.

– Quem bate na minha porta,
A esta hora de dormir? –
“É teu esposo, Guiomar,
A porta lhe vem abrir.”

– O meu esposo morreu
Lá nas guerras d’El-rei,
Tenho o punhal que o feriu,
Gravado em ouro de lei. –

Com a ponta da sua adaga
Torna de novo a ferir:
– Quem bate na minha porta,
A esta hora de dormir?

– Se fores meu Dom Rodrigo,
A porta te irei abrir,
Mas se não fores Rodrigo,
Dize: que queres de mim?

“Eu sou Dom Rodrigo, a porta,
A porta me vem abrir”
– Perdão, senhor! piedade!
Tem piedade de mim!

...................................................

Parte um negro cavaleiro
Para as guerras de Além-mar,
O seu cavalo é de crina
Cor de sangue, cor de luar.

1897

Fonte:
Emiliano Perneta. Ilusão e outros poemas. Re-edição Virtual. Revista e atualizada por Ivan Justen Santana. Curitiba: 2011

26ª Feira de Livros de Florianópolis (Convite para Participação)


CONVITE

Convidamos a todos os Escritores, Associações e Academias de Letras para participar da

26ª FEIRA DE LIVROS DE FLORIANÓPOLIS

Realizada pela Câmara Catarinense do Livro - Florianópolis

Data:
08/12 a 23/12/11.

Local: ]
Praça da ALfândega- Centro- Florianópolis/SC

Horário:
das 09:00 H às 20:00 H

INSCRIÇÕES ABERTAS

1 -Exposição de Obras Literárias;

2 - Lançamento de novas Obras ou sessão de Autógrafos (relançamento),
no Estande.

3 - Sarau Literário com livre divulgação de suas Obras;

4 -Palestras relacionadas com a Literatura em Geral;

5 -Mini-Oficinas, não ultrapassando 50 minutos;

I - DAS INSCRIÇÕES:

Inicia em 16/11/11 com término em 05/12/11;

II - VALOR DAS INSCRIÇÕES REFERENTE:

1 - Exposição de Obras: R$ 10,00, no limite de 2 títulos. Se houver interesse de expor mais títulos, entre em contato;

2 - Lançamento ou sessão de Autógrafos, a contribuição é de R$ 10,00, caso a Obra não ficar na Exposição.

3 - Sarau Literário (divulgação de Obras): R$ 10,00;

4 - Palestras: Cada Palestrante do Grupo contribuirá com R$ 10,00;

5 - Mini-Oficina, cada Instrutor contribuirá com R$ 20,00;

III – TAXA DE INSCRIÇÃO

Depositar os valores respectivos no: CEF – Agência: 1877; Conta: 101.607-9; OP: 013.

IV - FICHA DE INSCRIÇÃO

Preencha a Ficha abaixo, o Anexo, devolva junto com o recibo escaneado.

V – VENDA DAS OBRAS

Sobre as Obras vendidas no estande da Feira, será descontado um percentual de 10 % para a Câmara Catarinense do Livro, nos mesmos moldes aplicado anteriormente.

Mara Vianna – Responsável pelo Estande dos Escritores Catarinenses

Fones: (48) 9153-4380 / 3034-0380.
E-mail: rovianhr18@yahoo.com.br ;
maranubiaroloff@hotmail.com

Florianópolis, 11/11/11.

Data: 08/12 a 23/12/11.
Local: Praça da Afândega- Centro- Florianópolis/SC
Horário das 09:00 H às 20:00 H

FICHA DE INSCRIÇÃO

Nome completo: ............................................................................
Endereço: ......................................................................................
Fone: ( ....) .....................................................................................
CI : ........................................... CPF : ...........................................

Marque a opção desejada e descreva, nas linhas pontilhadas.
(1) (2) (3) (3) (5) Ex: 1- Obras: ........................................................................................................
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INSCRIÇÕES ABERTAS

1 - Exposição de Obras Literárias;
2 - Lançamento de novas Obras ou “Sessão de Autógrafos”
(relançamento), no Estande.
3 - Sarau Literário (os escritores poderão divulgar as suas Obras);
4 - Palestras sobre a Literatura atual;
5 - Mini-Oficinas com tema livre (não ultrapassar 50 minutos);

Florianópolis, 11/11/11.

Ass.: ........................................................

MNR /(48) 9153-4380.

Fonte:
Mara Viana
http://projetoculturalartecriandosempre.blogspot.com/