Manuel Rui Monteiro nasceu na cidade do Huambo, Angola, em 1941. Fez os estudos primários e secundários no Huambo. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra.
Publicou O Regresso Adiado , Memória de Mar, Sim, Camarada!, Quem me Dera ser Onda, Crónica de um Mujimbo, 1 Morto & Os Vivos, Rio Seco, Da Palma da Mão.
A sua prosa ficção está profundamente marcada por preocupações estéticas de um realismo social que celebra o homem comum. Quando focaliza categorias de personagens da classe média, fá-lo para produzir caricaturas de comportamentos perversos. É aqui que este autor exibe a sua mestria no tratamento da sátira e da ironia. São recursos de grande eficácia no plano semântico-pragmático.Isto é , no que diz respeito ao conjunto de significações que se lhes associam e ao modo como os leitores os interpretam.
O que pode ser provado pelo número de edições e tiragens de Quem me Dera ser Onda, título que suscitou grande empatia do público leitor. É a história de um porco que habita um apartamento na companhia de uma família cujo chefe é Faustino. Da hilaridade ao patético, a presença do animal vai provocando uma série de transtornos aos moradores do prédio, muitos dos quais pautam a sua conduta por regras e valores de um mundo urbano que começa a ser outro, como é este o da domesticação de animais no espaço residencial para a satisfação das necessidades de consumo de carne. É uma sátira mordaz a respeito de fenómenos de mobilidade social de determinadas categorias, do mimetismo dos novos ricos, e do populismo político. O realismo social, a sátira e a ironia logram níveis de elaboração estética em Rioseco, um romance cuja história decorre numa ilha adjacente à parte continental de Luanda. Um casal de refugiados do sul e leste de Angola, em que o marido e a mulher pertencem a etnias diferentes, vai acoitar-se no mundo insular de pescadores pertencentes a uma outra etnia d norte .
Tecem profundas relações sociais de solidariedade, e apesar das suas origens étnicas, acabam todos eles,por construir um mundo diferente em que procuram banir a violência que dilacera o continente.
No plano da linguagem, Manuel Rui Monteiro experimenta o recurso à diglossia imprópria, através do qual os dircursos das personagens são impregnados de estruturas frásicas e semânticas que vazam das línguas autóctones e de uma psicologia equivalente. Não sendo ainda de desprezar a semântica do antropónimo de uma personagem feminina que é Noíto. Aqui vemos Manuel Rui lançar mão da memória que debita materiais para a ficção, pois trata-se de uma personagem que viveu no Huambo, afamada por ser uma grande quimbanda, ou seja, terapeuta tradicional a quem eram reconhecidos poderes do mundo intangível. E no romance Noíto é, no essencial, uma mulher capaz de decifrar os segredos da natureza e pressagiar infortúnios.
Fontes:
www.nexus.ao
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/manuel-rui/manuel-rui.php
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