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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Pepetela (O Planalto e a Estepe – resumo da obra)


O livro começa com o narrador, Júlio, descrevendo onde nasceu (Huíla, sul de Angola), sua família e os tempos da escola. Quando menino, brincava com as outras crianças das redondezas, sendo amigo também dos filhos dos servos, que eram negros. Sua irmã, Olga, que declarava não gostar de negros (provavelmente no início por ter ouvido os adultos falando isso), alertou Júlio para não andar com os negros, mas para ele todos eram iguais. Mais tarde, porém, ele vai descobrir que há o racismo.

O pai de Júlio, que não teve como estudar, fazia de tudo para que o filho conseguisse frequentar a escola e se tornar doutor – qualquer tipo de doutor, contanto que seja um. Não poupava esforços para comprar livros e roupas novas para ele frequentar a escola, mas Júlio deveria ter boas notas, o que ele sempre teve. Quando se formou na escola com ótimo rendimento, Júlio conseguiu uma bolsa de estudos e foi estudar para Coimbra, Portugal. 

Em Coimbra, ingressou no curso de Medicina, mas logo percebeu que aquilo não era o que ele queria fazer. Logo Júlio se aproximou dos outros estudantes africanos que pensavam do mesmo modo que ele e foram morar juntos. Após perder a bolsa de estudos por mal rendimento no curso, resolve partir para o Marrocos junto com mais uns amigos para participar da revolução. Lá chegando, o grupo foi dividido: enquanto os mais escuros iam lutar, os mais claros iriam estudar na Europa. Júlio se sente desiludido e humilhado. É mandado, então, para estudar em Moscovo (Moscou, na Rússia) e lá resolve cursar Economia.

Em Moscovo, o grupo dos angolanos era guiado, e também vigiado, por uma mulher chamada Olga. Ela era quase como uma mãe para eles e se entusiasmava com os avanços de Júlio na língua russa. Por ser branco e de olhos azuis, muitos europeus não se aproximavam muito de Júlio e tinham dúvidas quantos às verdadeiras intenções dele. Mais uma vez, logo tornou-se amigo de outros africanos: o congolês Jean-Michel, o senegalês Moussa e o tanzaniano Salim. Os quatro logo fizeram sua primeira revolução no local: insatisfeitos com seus companheiros de quarto, conseguiram convencer o diretor a mudarem de quarto para os quatro ficarem juntos. Como Moussa e Salim eram muçulmanos e rezavam várias vezes ao dia, ficou acertado que eles ficariam em um quarto e Jean-Michel e Júlio em outro.

Após serem aprovados na língua russa, puderam ingressar na universidade: Jean-Michel e Júlio em Economia, Salim em Agronomia e Moussa em Engenharia. Embora estudando em locais diferentes, os quatro continuaram a se encontrar com frequência. Já Júlio e Jean-Michel continuaram a morar juntos e tornaram-se ainda mais amigos.

Os dois tinham as mesmas aulas e discutiam bastante sobre as coisas aprendidas na universidade. Enquanto Jean-Michel parecia aceitar passivamente tudo o que lhe era ensinado, Júlio tinha diversas dúvidas se tudo aquilo era ou não verdade ou válido. Porém, um dia conversando em um parque da cidade, Jean-Michel confessa também ter diversas divergências e críticas sobre o que é ensinado a eles, mas diz fingir que aceita tudo passivamente porque estão sendo vigiados o tempo todo. Além disso, alerta Júlio a tomar mais cuidado com o que fala. Nesse ponto, o narrador conta o que acontece com Jean-Michel no futuro: após terminar o curso, ele retorna a Brassaville e logo arranja emprego no gabinete de um ministro, subindo de cargo rapidamente até se tornar o chefe máximo da Juventude do Partido. 

Porém, ele havia perdido suas convicções no socialismo, pois todos só pensavam em mulheres e carros, “já que enriquecer é difícil em terra tão pobre”. Por fim, ele se mete em uma tentativa de revolução e é morto.

Quando Júlio estava no segundo ano do curso, uma aluna mongol chamada Sarangerel transfere-se para sua sala. Os dois tornam-se amigos e logo acabam começando um relacionamento amoroso. Um dia ela revela ser filha de um ministro da Mongólia, um dos homens mais importantes de seu país, e por isso pede segredo sobre o relacionamento dos dois. No fim desse ano Sarangerel vai passar as férias em sua terra natal e, ao voltar, os dois percebem que não conseguem ficar longe um do outro.

Jean-Michel já dá sinais de saber que Júlio tem uma namorada, mas não pergunta nada ao amigo e mantêm discrição. Porém, a companheira de quarto de Sarangerel, Erdene, insiste cada vez mais para saber o porquê dos atrasos da amiga e o que mais está acontecendo. 

Um dia, Sarangerel diz estar grávida e Júlio, sem medir as consequências, fica muito feliz. Os dois não queriam que ela abortasse, e Júlio diz que iriam se casar. Porém, Sarangerel diz que a escolha era dela também e que não era para ser nada imposto por ele assim. Ela conta tudo o que estava acontecendo para Erdene, que fica enlouquecida e revela ser uma guarda-costas de Sarangerel. Erdene conta ainda que o pai dela já está informado que ela tem um namorado não mongol e que ela só voltou das férias porque sua mãe queria que a filha se formasse. Erdene temia ser punida caso o pai de Sarangerel descobrisse que sua filha está grávida, e por isso pressiona a moça por uma solução.

Porém, Júlio e Sarangerel não querem o aborto e empreendem uma luta para se casarem. Ele mobiliza os alunos africanos e diversos outros amigos, que viam a criança como símbolo da união dos povos, um exemplo para o futuro. Pedem ajuda para Olga, mas essa nega, pois não quer fazer nada que possa causar uma crise entre dois governos aliados. Nesse ponto, o pai de Sorangerel já deve estar sabendo de tudo, pois Erdene foi até a embaixada e deve ter contado tudo antes que a KGB o fizesse. Júlio e seu grupo vão até a embaixada da Mongólia tentar achar uma solução, mas nem conseguem entrar. Ninguém queria ajuda-los e arriscar seus empregos ou mesmo causar uma crise internacional por conta disso.

A mãe de Sarangerel vai até Moscovo para tentar convencer a filha a abortar ir para Leningrado terminar seus estudos, mas não obtém sucesso em seu intento. No dia em que ela volta para a Mongólia, Júlio e Sarangerel passam a noite juntos na casa da moça. No outro dia, ela some e Júlio fica sabendo por Nara, uma amiga dela, que Sarangerel havia sido levada à força para a Mongólia. A partir daí, ele tenta de todas as forças entrar em contato com ela, mas não consegue. Depois de um tempo, Nara vai passar as férias na Mongólia e conta que Sarangerel deu luz a uma menina.

Júlio e seus amigos se formam e cada um tem um destino diferente. Júlio é mandando para ajudar na revolução na Argélia. Lá, chega a envolver-se com uma moça, mas a relação não dura muito. Ele aos poucos vai subindo de cargo devido a sua competência e dedicação ao trabalho, chegando a comandar um grupo de homens. Em certo momento, Júlio consegue um passaporte argelino para ir até a Mongólia, mas chegando lá ele é recebido por oficiais que o escoltam até o local onde hospedaria. Crente de que iria conseguir uma reunião com o pai de Sarangerel, ele espera. No dia seguinte, é levado para ver sua filha, mas os oficiais mantém Júlio preso dentro do carro e ele só consegue ver as costas da menina. De lá, é mandado direto para o aeroporto para pegar um avião para a Argélia.

Chega a independência, mas os países caem em guerra civil, uma vez que os colonizadores não queriam abrir mão do poder. Cerca de dez anos após a independência de Angola, Júlio é chamado para Lubango e reencontra sua terra-natal e família. Sua irmã Olga, antes racista, agora era nacionalista e defendia a igualdade entre todos. Júlio, que havia lutado na revolução, tornou-se seu herói e exemplo para os demais.

Em Luanda, Júlio logo tornou-se general e usou de sua posição privilegiada para tentar contato com a Mongólia. Todos prometiam ajuda, mas de nada adiantava. Júlio continuava a trabalhar como economista em Angola e tentava elaborar projetos efetivos de paz e progresso para o país. Sem nunca desistir de Sarangerel, o tempo foi passando. Após se reformar das forças militares, continuou trabalhando em uma empresa criada por um amigo seu. Assim, apesar de não ter ficado rico, tinha suas mordomias.

Um dia, sua amiga Esmeralda, que o havia ajudado em Moscovo para que ele e Sarangerel ficassem juntos, vai à Cuba e volta dizendo que encontrou Sarangerel lá. Que ela havia se casado e que sua filha, chamada Altan (significa ouro), estava casada e tinha filhos. Júlio fica atônito e resolve ir até Cuba. Consegue entrar para uma comitiva militar que iria à Cuba no mês seguinte.

Chegando em Havana, consegue tempo para visitar Sarangerel e os dois conversam pela primeira vez em 35 anos. Ela conta que teve dois filhos com seu marido e que esse queria conhecer Júlio. É marcado, então, um almoço para o outro dia. Nesse encontro, tudo ocorre amigavelmente e todos apenas conversam sobre política. De volta ao hotel, Júlio é surpreendido por um telefonema de Sarangerel, dizendo para ele arrumar um visto para ela que ela irá para a Angola viver com ele.

De volta a seu país, Júlio prepara sua casa para receber Sarangerel enquanto o visto fica pronto. Durante esse tempo, ela convence o marido a conceder o divórcio amigavelmente e também conta a seus filhos sua decisão. Algum tempo depois de chegar em Angola, Sarangerel diz que Altan quer conhecer Júlio e eles planejam uma viagem para Itália e toda a família se encontra lá. Altan fica feliz pelos dois pais que tem.

O casal volta para Angola e a vida passam a curtir os dias juntos, uma vez que Júlio decide sair do emprego. Algum tempo depois, Altan e seus irmãos vão conhecer a Angola e ficam encantados com as paisagens do lugar, mas também não deixam de mostrar espanto com a miséria da população.

Certo dia, Júlio resolve ir ao médico para descobrir o motivo de suas fortes dores nas costas. Após os exames, o médico o informa de que ele tem um câncer avançado e não dá muitas esperanças de cura. Júlio mantém isso em segredo de todos e Sarangerel só descobre tudo quando ele é levado ao hospital após uma crise. Altan novamente vai a Angola para despedir-se de seu pai. Júlio morre feliz após passar quatro anos ao lado de sua amada. Portanto, descobre-se ao final do livro que trata-se de um relato póstumo do narrador.

Lista de personagens

Júlio: angolano. decide tudo por instinto, sendo muitas vezes irracional e teimoso. 
Sarangerel: é uma mongol socialista que se transfere para a escola de Júlio no 2o ano. É filha do Ministro da Defesa da Mongólia, um dos homens mais importantes de seu país, mas é simples, modesta e meiga.
Jean-Michel: natural da República do Congo, tem grandes ideais fraternos. Para ele, as ideias socialistas não existem. É morto por ser herético.
Erdene: guarda-costas de Sarangerel, informa todos os passos da moça. Tenta encobrir o romance dela, mas fica com medo de ser punida.
Moussa: senegalês muçulmano, é um aristocrata.
Salim: natural da Tanzânia, é mulçumano. 
Olga: irmã de Júlio, inicialmente é racista, mas depois torna-se uma grande líder nacionalista e luta contra o racismo. Espécie de guia e vigia dos estudantes angolanos em Moscovo.

Sobre Pepetela

Artur Carlos Murício Pestana dos Santos, conhecido por Pepetela, nasceu em 29 de outubro de 1941 na cidade de Benguela, Angola. Seus pais eram angolanos de nascimento, mas descendentes de uma família colonial portuguesa. Começa seus estudos em sua terra natal, mas em 1956 muda-se para Lubango e termina seus estudos lá. Posteriormente, vai para Lisboa cursar o Instituto Superior Técnico. Em 1960 ingressa no curso de engenharia, mas muda logo em seguida para Letras, que também abandona para ingressar no Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) em 1963.

Durante sua época de militante político, Pepetela fugiu para Paris e depois se estabeleceu em Argel, capital da Argélia. Lá trabalhou no Centro de Estudos Angolanos com Henrique Abranches fazendo uma documentação da sociedade e cultura angolanas, além de divulgar as atividades da MPLA pelo mundo. Nesse tempo ele escreve seu primeiro romance, "Muana Puó", obra que só decide publicar em 1978. Depois da mudança do Centro de Estudos Angolanos para a República do Congo em 1969, Pepetela ingressa na luta armada contra os portugueses, experiência que lhe serviu como inspiração para a obra "Mayombe" (1980), que também só foi publicado após a independência de Portugal.

Com a independência de Angola conquistada em 1975, Pepetela retorna para seu país de origem e torna-se Vice-Ministro da Educação no governo do Presidente Agostinho Neto. O escritor fica no cargo até 1982, quando abandona a carreira política para se dedicar à literatura. Durante essa época, ele encontra apoio do presidente para lançar seus livros.

Em 1984, Pepetela lança um de seus romances mais prestigiados, "Yaka", romance histórico que trata da vida dos membros de uma família de colonizadores portugueses que vão para Benguela no século XIX. Durante as décadas de 1980 e 1990, continua a publicar diversas outras obras onde Angola é o centro de suas atenções. Em 1997, recebe o Prêmio Camões, o mais importante prêmio literário de língua portuguesa, pelo conjunto de sua obra.

Durante os anos 2000 o escritor continua com uma intensa carreira literária, publicando livros que tratam da influência norte-americana em Angola, terrorismo e outros temais atuais. 

Suas principais obras são: "Muana puó" (1978), "As aventuras de Ngunga" (1979), "Mayombe" (1980), "Yaka" (1985), "A geração da utopia" (1992), "Parábola do cágado velho" (1996), "A gloriosa família" (1997), "Jaime Bunda, Agente Secreto" (2001) e "Jaime Bunda e a Morte do Americano" (2003)

Fonte:

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Amélia Dalomba (Poesia Sem Fronteiras)



A CANÇÃO DO SILÊNCIO

A canção do silêncio é um poema ao suspiro
Mergulhado
Na profundeza do Índigo

O olhar de uma santa de barro

A linha do equador à deriva do pensamento
Gelo e sal e larva e mel

A canção do silêncio

NA MILÉSIMA DE TEMPO

A inversão do mundo nos cabelos do infinito
Uma lua apagada de prazer
A razão é um jardim florido pela ilusão
Na milésima de tempo de uma entrega

FRASES FEITAS

Difícil é cantar comum pensamento
Sombras em frases feitas onde nada é tão antigo
Como chegar e partir

HERANÇA DE MORTE

Lírios em mãos de carrascos
Pombal à porta de ladrões
Filho de mulher à boca do lixo
Feridas gangrenadas sobre pontes quebradas
Assim construímos África nos cursos de herança e morte
Quando a crosta romper os beiços da terra
O vento ditará a sentença aos deserdados
Um feixe de luz constante na paginação da história
Cada ser um dever e um direito
Na voz ferida todos os abismos deglutidos pela esperança

MÃOS 

Mãos desenham raízes dos cânticos da terra
Geram vida na identidade da flor entre o espírito da letra
Engendram salmos na inserção da cruz às preces das dores
Mãos são séculos de páginas aos joelhos de Fátima
São lágrimas ao altar do desespero

Fonte:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/angola/amelia_dalomba.html

Amélia Dalomba (1961)


Poetisa e jornalista angolana, Amélia Dalomba, nome literário de Maria Amélia Gomes Barros da Lomba do Amaral (Tichinha), nasceu no dia 23 de Novembro de 1961, no enclave de Cabinda, no Norte de Angola. 

Formou-se em Psicologia em Moscou. De volta à terra natal, trabalhou como jornalista, atuando na Emissora Provincial de Cabinda, na Rádio Nacional de Angola e nos jornais A Célula Jornal de Angola, em Luanda.

Frequentou diversos seminários de Jornalismo, Administração e Gestão de Empresas e Formação Política.

Foi também secretária da Missão Internacionalista Angolana em São Tomé e Príncipe.

É galardoada com a Ordem do Vulcão – Medalha de Mérito de 1º Grau da República de Cabo Verde.

Membro da União de Escritores Angolanos (UEA), tendo já ocupado diversos cargos diretivos.

Integrando a geração de 80, denominada pelo crítico e poeta Luís Kandjimbo como a "Geração das Incertezas", ao lado de nomes como Ana Paula Tavares, Ana de Santana, Lisa Castel, entre outros, Amélia Dalomba é uma das novas vozes femininas do universo literário, cujo contributo se reveste da maior importância para o desenvolvimento da poesia angolana. Tal tendência ou corrente manifesta-se através de um ostensivo tratamento estético da relação que se estebelece entre o homem e a mulher. Nota-se o recurso a um despojamento vocabular denso do ponto de vista semântico, resultando daí aquilo a que poderia denominar uma poética corporal.

Como a obra dos restantes poetas desta geração, filha da geração da guerra colonial, a sua poiesis, assentando num projeto metalinguístico e literário de recuperação da língua, constituiu-se como um espaço de denúncia da realidade angustiante vivida na sua Angola pós-independência, sem cair no "panfletarismo ideológico" que, muitas vezes, nega a qualidade estética.

Com uma presença recorrente ao longo da sua obra poética, o Mar surge como um espelho que recebe e devolve as críticas amarguradas dum sujeito poético revoltado, assumindo-se, assim, como uma testemunha que, incapaz de calar a verdade, também se revolta, ativamente contra o contexto sócio-político do seu país. 

Fruto da grande desilusão provocada pela situação de corrupção, de fome, de miséria e de total desrespeito pelos direitos humanos, que caracteriza Angola, a poesia desta autora projeta, então, um "eu lírico" desconcertado e desiludido, que vai usar a melancolia, associada à raiva, como forma de se libertar da catástrofe social que o envolve.

A poesia de Dalomba, angustiada e melancólica, expressa desilusão diante do cenário político e social angolano.

Obras publicadas
– Ânsia, Poesia (1995, editora da UEA)
– Sacrossanto Refúgio (1996, editora Edipress)
– Espigas do Sahel (2004, editora Kilomlombe)
– Noites Ditas à Chuva (2005, editora da UEA)
– Sinal de Mãe nas Estrelas (2007, Zian Editora)
– Aos Teus Pés Quanto Baloiça o Vento (2008, Zian Editora)
– Cacimbo 2000 (2000, editora Patrick Houdin-Alliance Française de Luanda)
– Nsinga - O Mar no Signo do Laço (2012, Mayamba)
– Uma mulher ao relento (2011, Nandyala Editora)

CD
– Verso Prece e Canto (2008, editora N’Gola Música)

Participações em antologias
– Antologia da Poesia Feminina dos Palop (1998, org. Xosé Lois Garcia)
– Antologia do Mar na Poesia Africana de Língua Portuguesa do Século XX Angola (2000, org. Cármen Lúcia Tindó)
– O Amor tem Asas de Ouro (2006, UEA).
– Antologia da Moderna Poesia Angolana (2006, UEA, org. Botelho de Vasconcelos)
– Meu Céu, Céu de todos, Céu de Cada Um (2006, Editora Zian, org. Renan Medeiros

Fontes:
– Amélia Dalomba. In Infopédia.  Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-12-20]. Disponível em < http://www.infopedia.pt/$amelia-dalomba>.
– http://www.nexus.ao/kandjimbo/dalomba.htm
– http://ricardoriso.blogspot.com.br/2011/12/amelia-dalomba-uma-mulher-ao-relento.html

domingo, 16 de setembro de 2012

Ana Paula Lavado (1960)

Ana Paula Lavado Pereira, nasceu em Angola a 19 de Julho de 1960.

1979 – 1980  – Pelo Instituto Superior do Serviço Social do Porto, Porto fez formação com a
 designação da qualificação atribuída ao Ano Propedêutico (12º ano).

1979 -1981 – Formação no Instituto Britânico do Porto - Delegação de Barcelos, com a qualificação de frequência do 1º ano

1982 – Formação no IEFP (Biblioteca Municipal de Barcelos), concluindo o 3º ano. 

1982 – 1992 – “Sócia Gerente de Empresa Têxtil” na empresa Ana Paula & Lopes, Lda, Barcelos

De 1993 -1995 – Cargo de “Diretora Técnica”, com responsabilidade pelo setor produtivo e qualidade, na área de alojamento e restauração, empresa Anjal Lda, Mangualde

1995 – 1998 – Área da Restauração, desempenhando o cargo de “Gerente de Restauração” com responsabilidade por todo o funcionamento da unidade empregadora de Cardosos Lda, Esposende.

1998 –2000 – Estágio profissional na Biblioteca do Porto na área de “Técnica de Restauro e encadernação, nível 3”.

05/2004 –  07/2004 fez formação na IEFP, Viana do Castelo, tendo sido conferida a qualificação pedagógica para dar formação.
2007 - 2009 – Restauro e Encadernação de livros e documentos, exercendo o cargo de “ Técnica de Restauro” na empresa Ana Paula Lavado Pereira, Esposende.

Publicação de dois livros de Poesia:
- «Vozes do Vento» em 2007
- «Um Beijo... Sem Nome» em 2008


NOTA BIOGRÁFICA DA POETA

Arredondou a barriga da mãe no ano de 1960.
O sol de Angola brilhou à sua chegada.
Já roida pela saudade veio para Portugal.
Como muitos... como muitos...
Deambulou, buscando poiso.
Encontrou-o no local onde o Cávado enche a barriga do mar.
Em Esposende amou, teve 4 filhos e maturou as palavras.
Perdeu... cresceu... chegou à idade da madureza.
Em 2007 lançou "Vozes do Vento".
Talvez atordoada com as rajadas do vento norte,
Encantada pela suave modorra das águas prateadas do rio,
Dois mil e oito aparece-nos com as palavras aguareladas pelo Henrique do Vale
em "Um Beijo... Sem Nome".
Esta Mulher,
Mãe,
Amante,
Poeta,
é
Ana Paula Lavado


Fonte:
http://www.minhaangola.org/#/ana-paula-lavado/4538290896

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Prémio Sonangol Revelação 2013 (Angola)


Luanda – Os jovens escritores angolanos sem obras publicadas contam desde hoje com uma nova modalidade de premiação, designada "Prémio Sonangol Revelação", cuja distinção dos vencedores inicia em Fevereiro de 2013.

O prémio, de periodicidade bienal, foi instituído pela Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola – Empresa Pública, tendo sido apresentado pelo secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA) Carmo Neto.

De acordo com o regulamento lido hoje no acto de apresentação do concurso, trata se de um concurso literário exclusivamente destinado a jovens escritores angolanos.

Segundo a regulamentação, é aplicável a todos os concorrentes nacionais que residam em território angolano e visa distinguir qualitativamente obras literárias ou de investigação, de escritores angolanos sem qualquer obra publicada.

As obras em concurso terão que ser inéditas e dactilografadas, em cinco exemplares, e deverão ser obrigatoriamente assinadas com o pseudónimo literário e entregues num envelope fechado.

O prémio será bienal e as obras em concurso deverão ser entregues impreterivelmente até ao dia 30 de Setembro de 2012, na sede da UEA.

Quanto ao género literário, de acordo com o regulamento, as obras literárias submetidas a concurso compreenderão todos os géneros literários, sendo igualmente considerados todos os trabalhos científicos ou de ensaios em língua portuguesa, que se refiram aos factos e acontecimentos ou personalidades, ocorridos ou relacionados com Angola.

O júri será composto por cinco membros, sendo dois nomeados pela UEA, um nomeado pelo Ministério da Cultura, outro designado pelo Ministério da Educação e um indicado pela Sonangol.

Cada membro do juri receberá a quantia de dois mil e 500 dólares americanos, pelos serviços prestados.

A cerimónia de entrega do Prémio Literário Sonangol Revelação terá lugar a 25 de Fevereiro de 2013, em Luanda.

Fontes:
http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/lazer-e-cultura/2012/5/26/Lancado-Premio-Sonangol-Revelacao-2013,b54906ec-6dab-4a94-a44d-b597c8912040.html
http://concursos-literarios.blogspot.com 

domingo, 13 de novembro de 2011

Manuel Rui (1941)


Manuel Rui Monteiro nasceu na cidade do Huambo, Angola, em 1941. Fez os estudos primários e secundários no Huambo. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra.

Publicou O Regresso Adiado , Memória de Mar, Sim, Camarada!, Quem me Dera ser Onda, Crónica de um Mujimbo, 1 Morto & Os Vivos, Rio Seco, Da Palma da Mão.

A sua prosa ficção está profundamente marcada por preocupações estéticas de um realismo social que celebra o homem comum. Quando focaliza categorias de personagens da classe média, fá-lo para produzir caricaturas de comportamentos perversos. É aqui que este autor exibe a sua mestria no tratamento da sátira e da ironia. São recursos de grande eficácia no plano semântico-pragmático.Isto é , no que diz respeito ao conjunto de significações que se lhes associam e ao modo como os leitores os interpretam.

O que pode ser provado pelo número de edições e tiragens de Quem me Dera ser Onda, título que suscitou grande empatia do público leitor. É a história de um porco que habita um apartamento na companhia de uma família cujo chefe é Faustino. Da hilaridade ao patético, a presença do animal vai provocando uma série de transtornos aos moradores do prédio, muitos dos quais pautam a sua conduta por regras e valores de um mundo urbano que começa a ser outro, como é este o da domesticação de animais no espaço residencial para a satisfação das necessidades de consumo de carne. É uma sátira mordaz a respeito de fenómenos de mobilidade social de determinadas categorias, do mimetismo dos novos ricos, e do populismo político. O realismo social, a sátira e a ironia logram níveis de elaboração estética em Rioseco, um romance cuja história decorre numa ilha adjacente à parte continental de Luanda. Um casal de refugiados do sul e leste de Angola, em que o marido e a mulher pertencem a etnias diferentes, vai acoitar-se no mundo insular de pescadores pertencentes a uma outra etnia d norte .

Tecem profundas relações sociais de solidariedade, e apesar das suas origens étnicas, acabam todos eles,por construir um mundo diferente em que procuram banir a violência que dilacera o continente.

No plano da linguagem, Manuel Rui Monteiro experimenta o recurso à diglossia imprópria, através do qual os dircursos das personagens são impregnados de estruturas frásicas e semânticas que vazam das línguas autóctones e de uma psicologia equivalente. Não sendo ainda de desprezar a semântica do antropónimo de uma personagem feminina que é Noíto. Aqui vemos Manuel Rui lançar mão da memória que debita materiais para a ficção, pois trata-se de uma personagem que viveu no Huambo, afamada por ser uma grande quimbanda, ou seja, terapeuta tradicional a quem eram reconhecidos poderes do mundo intangível. E no romance Noíto é, no essencial, uma mulher capaz de decifrar os segredos da natureza e pressagiar infortúnios.

Fontes:
www.nexus.ao
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/manuel-rui/manuel-rui.php

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pepetela (1941)



Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, conhecido pelo pseudónimo de Pepetela, (Benguela, 29 de Outubro de 1941) é um escritor angolano.

A sua obra reflete sobre a história contemporânea de Angola, e os problemas que a sociedade angolana enfrenta. Durante a longa guerra, Pepetela, angolano de descendência portuguesa, lutou juntamente com MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) para libertação da sua terra natal.

O seu romance, Mayombe, retrata as vidas e os pensamentos de um grupo de guerrilheiros durante aquela guerra. Yaka segue a vida de uma família colonial na cidade de Benguela ao longo de um século, e A Geração da Utopia mostra a desilusão existente em Angola depois da independência.

A história angolana antes do colonialismo também faz parte das obras de Pepetela, e pode ser lida em A Gloriosa Família e Lueji. A sua obra nos anos 2000 critica a situação angolana, textos que contam com um estilo satírico incluem a série de romances policiais denominada Jaime Bunda. As suas obras recentes também incluem: Predadores, uma crítica áspera das classes dominantes de Angola, O Quase Fim do Mundo, uma alegoria pós-apocalíptico, e O Planalto e a Estepe, que examina as ligações entre Angola e outros países ex-comunistas. Licenciado em Sociologia, Pepetela é docente da Faculdade de Arquitectura da Universidade Agostinho Neto em Luanda.
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Pepetela é descendente de uma família colonial portuguesa, os seus pais eram, no entanto, já nascidos em Angola. Concluiu o ensino primário em sua cidade natal e depois partiu para o Lubango, onde foi possível prosseguir com os estudos. Foi no Liceu Diogo Cão que completou o ensino secundário.

O escritor cresceu num ambiente da classe média, mas frequentou uma escola primária com crianças de várias raças e classes. Ele diz que a cidade de Benguela lhe deu mais oportunidades para conhecer angolanos de todas as raças porque era a cidade angolana mais multiracial daquela época. Durante a sua adolescência, um tio seu que era jornalista, introduziu-lhe a uma variedade de pensadores da esquerda. Durante os seus anos do liceu em Lubango, Pepetela também foi influenciado por um padre esquerdista chamado Noronha, que lhe informou sobre a revolução e outros eventos contemporâneos.

Lisboa, em 1958, foi o destino acadêmico que se seguiu, no Instituto Superior Técnico que o autor frequentou até 1960 quando ingressa no curso de engenharia. Uma vez mais a mudança, desta vez para frequentar o curso de Letras apenas durante um ano, pois, ainda em 1961, faz a opção política que viria a mudar o rumo da sua vida e a marcar toda a sua obra, tornando-o um narrador de uma história de Angola que conhece, porque a viveu. Tornou-se militante do MPLA em 1963.

Quando Pepetela se tornou militante, fugiu de Portugal para Paris, e posteriormente, se estabeleceu em Argel. Foi ali que ele conheceu Henrique Abranches, com quem trabalhou no Centro de Estudos Angolanos. Este Centro virou o ponto focal do trabalho do jovem Pepetela ao longo da próxima década. Ele, Abranches, e outros trabalharam na documentação da cultura e sociedade angolanas, e na propaganda das mensagens do MPLA ao exterior. Durante a sua época em Argel, escreveu o seu primeiro romance, Muana Puó, uma obra que examinou a situação angolana através da metáfora das máscaras dos Tchokwe, uma etnia de Angola. Não pretendia publicar o romance, mas acabou por fazê-lo em 1978, durante o seu serviço no governo angolano.

Em 1969, o Centro de Estudos Angolanos mudou de Argel para Brazzaville, na República do Congo. Depois desta mudança Pepetela começou a participar na luta armada contra os portugueses. A experiência na luta serviu como a inspiração para uma das suas obras mais reconhecidas, uma narrativa da guerra intitulada, Mayombe.

O primeiro romance foi publicado em 1972, com o título As Aventuras de Ngunga. Foi uma obra literária que ele escreveu para um público pequeno de universitários. Na obra, ele analisa o crescimento revolucionário de Ngunga, um jovem guerrilheiro do MPLA, usando um tom épico e didático. O romance introduz o leitor aos costumes, à geografia e à psicologia de Angola. Cria um diálogo entre a tradição angolana e ideologia revolucionária, debatendo quais tradições devem ser alimentadas, e quais devem ser alteradas. As Aventuras de Ngunga é um romance que exemplifica a carreira iniciante de Pepetela, manifestando um amor profundo por Angola, um desejo de examinar a história e a cultura do país, um espírito revolucionário, e um tom didático. O romance também é interessante porque foi escrito e publicado enquanto o autor lutou contra os portugueses na Frente Leste. Embora escrevesse Muana Puó e Mayombe durante o seu serviço de guerrilheiro, só depois da independência foram publicados.

Com a independência da Angola em 1975, se tornou o Vice Ministro da Educação no governo do presidente Agostinho Neto. O autor exerceu o mandato por sete anos e se aposentou em 1982 para se dedicar a sua escrita. Durante esta época, teve o apoio do presidente Neto para publicar dois de seus romances, incluindo Mayombe. A sua escrita se diversificou com a publicação de duas peças de teatro que tratavam da história angolana e das políticas revolucionárias. Nos anos 70, foi membro da diretoria da União de Escritores Angolanos.

As peças de Pepetela refletem os temas presentes nas Aventuras de Ngunga. A primeira, A Corda foi a primeira peça de longa duração publicada em Angola pós-independência. É uma peça que a crítica Ana Mafalda Leite descreve como didática, ideológica, e de pouco interesse literário. A peça tem um ato, e apresenta dois grupos de pessoas jogando tug of war com Angola como o prêmio. Um grupo representa os americanos e os seus clientes angolanos, e o outro representa os guerrilheiros do MPLA. A outra peça, A Revolta na Casa dos Ídolos, explora o passado de Angola, criando um paralelo entre o reino dos Kongos nos 1500, e a luta pela independência de Angola.

Como já mencionado, Pepetela publicou vários romances durante o seu serviço no governo de Agostinho Neto. Destes romances, Mayombe é o mais conhecido. O romance retrata a vida guerrilheira do autor nos anos 70, e funciona em dois níveis; um em que se exploram os pensamentos e as dúvidas dos personagens, e um outro que se ilustram as ações dos guerrilheiros. Ana Mafalda Leite considera o romance uma obra simultaneamente crítica e heróica, ambos tentando destacar a diversidade étnica supostamente celebrada pelo MPLA e ilustrar as divisões tribais presentes na sociedade angolana que eventualmente levariam à guerra civil. Leite também escreve que o romance exibe um conflito que define a fundação da pátria.

Depois da sua saída do governo ao fim de 1982, dedicou-se exclusivamente à escrita, começando a sua obra mais ambiciosa, Yaka. Yaka, publicada em 1984, é um romance histórico que examina as vidas de uma família de colonistas portuguesas que vieram a Benguela no século XIX. Um desejo para pesquisar as suas origens pode ser visto na escolha de sua temática, que é descendente de portugueses de Benguela. Como Muana Puó, Yaka incorpora objetos espirituais tradicionais de Angola na sua narrativa. Onde o primeiro romance enfoca nas máscaras, Yaka emprega a metáfora de uma escultura de madeira utilizada pelos yakas, organizações sociais dedicadas à prosecução da guerra. Ana Mafalda Leite escreve que a Yaka simboliza a consciência de valores tradicionais e o espírito da nacionalidade. Em 1986, o livro ganhou o prêmio nacional de literatura.

Ele continou escrevendo ao longo da década, publicando em 1985 O Cão e os Caluandas, um romance que analisa os habitantes de Luanda e as mudanças que eles viveram desde a independência. O romance é notável pelo seu uso de os vagamentos por Luanda de um pastor-alemão para estruturar a sua narrativa, e o seu emprego de várias vozes narrativas.

Em 1989, publicou Lueji, uma obra que contem paralelos com A Revolta na Casa dos Ídolos, ambas as obras comparando a história angolana e a situação contemporânea. O romance justapõe a princesa Lueji, uma figura importante na história angolana, com uma bailarina que dança o papel de Lueji num balé contemporâneo. As vidas das duas mulheres eventualmente se encaixam. No romance, recria a história de Angola no séc. XVIII, um projeto que ele fazia de novo com o séc. XVII no seu romance de 1997, A Gloriosa Família.

Nos anos 90, a escrita de Pepetela continuava a exibir interesse na história de Angola, mas também começou a examinar a situação política do país com um maior sentido de ironia e criticismo. O seu primeiro romance da década, A Geração da Utopia de 1992, confronta muitos problemas já explorados em Mayombe, mas da perspectiva da realidade de Angola pós-independência. A guerra civil angolana e corrupção intensa no governo levou a um questionamento dos valores revolucionários promulgados no romance mais velho. Ana Mafalda Leite descreve o romance como uma obra que é muito distante dos valores heroicos de Mayombe. O enredo do livro, que se passa em três décadas, é dividido em quatro partes, cada uma analisando um aspecto importante do séc XX em Angola, incluindo a opressão colonial, a guerra de libertação, a guerra civil, e a pausa curta na guerra que ocorreu no início dos anos 90. O interesse em história continua evidente no livro, mas o criticismo do estabelecimento angolano foi algo novo que surgiria no futuro.

O seu próximo romance da década, O Desejo de Kianda, publicado em 1995, seguiu manifestando a desilusão exibido nA Geração de Utopia. O romance utiliza o realismo-mágico, um estilo que ainda não utilizava muito, apresentando uma situação onde vários prédios em Luanda caem na praça Kinaxixi, com todos os habitantes sobrevivendo. A heroína, uma personagem chamada Carmina Cara de Cu, sai da sua carreira no governo e se torna um traficante de armas. Num ensaio comparando a caída dos prédios no romance aos atentados de 11 de setembro, 2001, Philip Rothwell escreve que o livro continua "o retrato profundo e condenador de uma utopia traída."

No ano seguinte o autor publicou um romance de um gênero diferente, A Gloriosa Família. Esta obra examina a história da família Van Dúnem, uma família proeminente de descendência holandesa. Pepetela passou anos pesquisando a história dos flamengos em Angola para escrever o romance. Esta obra não manifesta o tom cínico e desiludido dos seus outros livros na década. É um romance histórico com um tom épico que também emprega realismo mágico. Embora o romance não caiba dentro da maioria da obra do autor, a fascinação com história angolana se cristaliza melhor neste livro.

A situação política piorou em Angola ao longo dos anos 90, Pepetela passou mais e mais tempo em Lisboa e no Brasil. Porém, ele virou muito mais reconhecido no mundo lusófono. Em 1997, foi galardoado com o Prêmio Camões pelo conjunto da sua obra. Foi o primeiro autor angolano e segundo autor africano que ganhou este prêmio prestigioso. Foi o autor mais jovem a receber este prêmio. Quando abandonou a vida política, optou pela carreira de docente na Faculdade de Arquitetura, em Luanda, dando aulas de sociologia. Nunca abandona o ensino, embora se mantenha como escritor a tempo inteiro.

Pepetela continua como um escritor prolífico na décadas dos 2000. A sua obra tem apropriada uma voz satírica na série de romances denominada Jaime Bunda, livros policiais que satirizam a vida em Luanda na década nova. Stephen Henighan escreve que o personagem de Jaime Bunda, um detetive vacilante com raízes em duas das famílias angolanas mais proeminentes, representa as mudanças que aconteceram na população dos crioulos em Luanda. Em vez de representar a vanguarda revolucionária que criará uma nova identidade angolana, agora os crioulos de Luanda representam uma oligarquia kleptocrata na serie Jaime Bunda, cujo nome provém das suas nádegas enormes, é uma paródia de James Bond. O personagem é obcecado com os filmes James Bond e romances policiais norte-americanos, um aspecto que Henighan descreve como ilustrativo de elementos do subdesenvolvimento de Angola.

No primeiro dos dois romances, Jaime Bunda, Agente Secreto, publicado em 2001, o protagonista investiga um assassinato e estupro que eventualmente segue a um falsificador sul-africano chamado Karl Botha, uma referência a ex-primeiro ministro sul-africano P.W. Botha, quem autorizou a intervenção sul-africana em Angola em 1975. O segundo romance, Jaime Bunda e a Morte do Americano, publicado em 2003, tem lugar em Benguela em vez de Luanda, e se trata da influência norte-americana em Angola, em que Jaime Bunda investiga o assassinato de um norte-americano e tenta seduzir uma agente do FBI. O romance apresenta a crítica de Pepetela da política exterior dos Estados Unidos, com o comportamento pesado da polícia angolana refletindo a maneira como os norte americanos trataram os suspeitos de terrorismo durante o mesmo período. Os romances foram publicados pela companhia Dom Quixote, e eram extremamente populares em Portugal, também tendo êxito em outros países europeus como Alemanha, onde Pepetela era desconhecido antes.

Também publicou outros tipos de livro durante a década. O seu primeiro livro em 2000 foi A Montanha de Água Lilás, um livro para crianças que comenta sobre as raízes de injustiça social.

Em 2005, depois do sucesso dos livros Jaime Bunda, publicou Predadores, a sua crítica mais mordaz sobre as classes poderosas de Angola. O romance acontece em Angola pós-independência, e segue a vida de Valdimiro Caposso, um funcionário público que se torna homem de negócios. Igor Cusack descreve o protagonista como um mafioso assassino que "mora num mar de tubarões semelhantes." Portanto que começou a sua crítica dos novos ricos em Angola com A Geração da Utopia, é evidente na série Jaime Bunda e no Predadores que a temática tem virado dominante na obra do autor.

Os últimos anos da década dos 2000 exibem uma continuação da carreira prolífica do autor, com romances estreando em 2007, 2008, e 2009. O romance de 2007, O Terrorista de Berkeley, Califórnia, tem lugar nos Estados Unidos, e tem pouca ligação com Angola. O livro se trata das atitudes atuais sobre terrorismo e também de aspectos da tecnologia presente na sociedade moderna. Como vários outros romances dele, Pepetela disse numa entrevista recente que ele nunca pretendeu publicar o romance.

O seu próximo romance, O Quase Fim do Mundo, também foi escrito como um exercício pessoal. É uma obra que atinge o gênero de science fiction, retratando os desafios que os sobreviventes de um desastre confrontam. Os personagens sobrevivem num pequeno pedaço da África que Pepetela enfatize que é perto do suposto berço da humanidade. Eles precisam de criar um novo tipo de mundo. O livro segue a tendência iniciada no O Terrorista...porque não tem lugar em Angola, nem lida explicitamente com a realidade angolana. O seu último romance da década, O Planalto e a Estepe, embora lide com Angola, continua refletir a internacionalização da temática do autor na última década. O livro conta o namoro entre um angolano branco e uma mongol que se conheceram enquanto estudavam em Moscou. O romance volta à temática presente nas obras antigas de Pepetela, em particular, o descobrimento de Angola através da sua natureza. Este descobrimento é mostrado na narração da infância do Júlio, um dos protagonistas, na província de Huíla.

Obras

1973 - As Aventuras de Ngunga
1978 - Muana Puó
1980 - Mayombe
1985 - O Cão e os Caluandas
1985 - Yaka
1989 - Lueji
1992 - Geração da Utopia
1995 - O Desejo de Kianda
1997 - Parábola do Cágado Velho
1997 - A Gloriosa Família
2000 - A Montanha da Água Lilás
2001 - Jaime Bunda, Agente Secreto
2003 - Jaime Bunda e a Morte do Americano
2005 - Predadores
2007 - O Terrorista de Berkeley, Califórnia
2008 - O Quase Fim do Mundo
2008 - Contos de Morte
2009 - O Planalto e a Estepe

Peças
1978 - A Corda
1980 - A Revolta da Casa dos Ídolos

Fontes:
Wikipedia
Vidas Lusófonas

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Luis Kandjimbo (Breve História da Ficção Narrativa Angolana nos últimos 50 anos)

5. Boaventura Cardoso: A voz representativa da geração de 70

O escritor, que nasceu em Luanda em 26 de Julho de 1944, passou parte da sua infância na região de Malanji. Fez os estudos primários e secundários em Luanda. É licenciado em Ciências Sociais. O início da sua carreira literária data de 1967, com a publicação de vários contos e poemas nos jornais luandenses. A sua obra resume-se em três livros de contos e dois romances, nomeadamente: Dizanga dia Muenhu, O Fogo da Fala, A Morte do Velho Kipacaça e O Sino do Fogo, Maio, Mês de Maria. Com efeito, é no plano da linguagem que Boaventura Cardoso alcança resultados que o inscrevem por direito próprio na galeria dos autores mais representativos da sua geração e da literatura angolana.

Os registros de discursos que atravessam toda essa produção textual, numa deliberada adequação do espaço físico e social à modulação fónico-linguística das personagens, comportam além do labor estilístico, uma estrutura de superfície com construções sintáticas apontando para a existência de sujeitos textuais responsáveis por tais ações enunciativas, onde o autor introduz estratégias discursivas da oralidade. Aí subjazem igualmente estilos de comportamento e uma figuração léxico-gramatical que os nomes hipocorísticos das personagens corroboram. Esse aparente minimalismo textual que a elipse institui, esconde paradoxalmente um esforço em adensar os contornos não-verbais e as diversas circunstâncias envolventes, isto é, os chamados não-ditos culturais. Do ponto de vista sociológico, a estratégias de Boaventura Cardoso, à semelhança de Luandino Vieira, inspira rigorosamente à denúncia de clivagens de ordem diastrática no funcionamento da língua portuguesa em Angola.

A diglossia imprópria é para este autor um importante instrumento. De tal modo que todos os textos parecem levanta a problemática da língua literária, relativizando-a no contexto angolano. De onde a ação desviacionista do autor traduz-se em exploração das virtualidades do sistema linguístico. Os resultados que alcança no plano formal, deixam de ser suficientes para explicar tais níveis de realização, exigindo-se ainda a convocação do projeto estético subjacente. Mas semelhante constatação só é possível se tiver em atenção a situação de discurso em que os textos se engendram. Os dois últimos romances apresentam um coerente fio condutor do ponto de vista da concatenação das histórias respectivas.

Se O Signo do Fogo é um romance que se inscreve no contexto temporal anterior à independência,ou seja, no período colonial, já em Maio, Mês de Maria temos um típico romance pós-colonial ou do pós-independência, em que se incorporam de elementos do imaginário religioso perante as crises que fraturam o tecido social no centro do qual está a personagem chamada João Segunda. O imaginário religioso e sagrado é vazado através das relações que João Segunda estabelece com um animal doméstico, a cabra Tulumba, em cujo comportamento se podem interpretar os sinais premonitórios e reprobatótios das peripécias do protagonista.

6. Os narradores da Geração de 80

Para a ficção narrativa, a geração de 80 traz vários nomes em que se incluem escritores que emergem na diáspora. A produção global desta geração comporta cerca de cinquenta títulos. Do interior destacam-se entre outros, Cikakata Mbalundu, um dos fundadores da Brigada da Huíla; Mota Yekenha, um dos poucos clérigos da geração que se dedicam ao romance, trazendo inovações no capítulo da linguagem, ao lado de Jacinto de Lemos; João Melo cujo livro de contos introduz um novo segmento temático, ao dar um tratamento privilegiado ao tema do amor e do erotismo. O mesmo acontece com Rosária Silva, um dos poucos nomes femininos que se revelam neste gênero em prosa. Da diáspora são dignos de referência Sousa Jamba e José Eduardo Agualusa.

Cikakata Mbalundu é natural do Mungo, província do Huambo onde nasceu em 1955. Fez os estudos na capital da província. Fixou-se na cidade do Lubango em fins da década de 70. Aí iniciou os estudos universitários em filologia germânica, vindo a licenciar-se em psicologia pelo ISCED, designação dada posteriormente a antiga Faculdade de Letras, no âmbito da reforma do ensino superior. Reside atualmente em Portugal onde prepara a sua tese de doutoramento na Universidade do Minho. Publicou dois romances: Cipembúwa (1986) e O Feitiço de Rama de Abóbora (1996). Com ambas as obras o autor participou no concurso do Prémio Sonangol de Literatura,tendo a primeira sido distinguida com uma menção honrosa e a segunda merecido o troféu do ano de 1991.

Jacinto de Lemos nasceu em Icolo - e - Bengo a 2 de Janeiro de 1961. É técnico médio de bioquímica. Publicou Undengue (1989) que foi menção honrosa do Concurso Sonangol de Literatura em 1986 e O Pano Preto da Velha Mabunda ( 1997).

João Melo é natural de Luanda, onde nasceu em 1955. Fez estudos de Direito em Coimbra. Licenciou-se em comunicação social pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro, tendo obtido o mestrado em comunicação e cultura. Foi Secretário Geral da União dos Escritores Angolanos. Atualmente é deputado à Assembleia Nacional.Publicou uma única obra de ficção narrativa, Imitação de Sartre & Simone de Beauvoir (1998).
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José Eduardo Agualusa nasceu em Dezembro de 1960, na cidade do Huambo. Reside em Lisboa. É jornalista do Público e da RDP-África. Publicou A Conjura (1989) que mereceu o Prémio Sonangol de Literatura, D.Nicolau Água-Rosada e Outras Estórias Verdadeiras e Inverossímeis (1990), A Feira dos Assombrados (1992), Estação das Chuvas (1996), Nação Crioula (1997).

Mota Yekenha nasceu no Cipeio, província do Huambo, em Fevereiro de 1962. Aí viveu a infância e juventude. Frequentou a escola primária na missão católica local. Formou-se em filosofia e teologia no Seminário Maior do Huambo. Tem um romance publicado em 1992, sob o título Kambonha, com a chancela da Europress.

Roderick Nehone nasceu em Luanda a 26 de Março de 1965. Fez os estudos secundários e universitários em Cuba. Licenciou-se em Direito pela Universidade Central de Las Villas. É um dos autores que mais recentemente se revelaram no plano da ficção narrativa. Publicou Estórias Dispersas de um Reino (1996) e O Ano do Cão (1998). Ambas as obras foram agraciadas com o Prêmio Sonangol de Literatura.

Rosária Silva é natural do Kwanza Norte, onde nasceu em 4 de Abril de 1959. Aí realizou os estudos primários e secundários. É formada em Ciências da Educação, na especialidade de linguística portuguesa, pelo Instituto Superior da Universidade Agostinho Neto. Publicou Totonya (1998),uma narrativa que mereceu menção honrosa do Prêmio Literário António Jacinto.

Sousa Jamba nasceu na vila do Dondi, província do Huambo, em 1966. Passou a infância na capital da província. Em 1976 emigra para a Zâmbia, em consequência da guerra. Fez os estudos em língua inglesa, e com ela se iniciou na atividade literária. Em 1986 foi para Londres com o objetivo de estudar jornalismo. Trabalhou para o jornal The Spectator onde lhe foi atribuído o Prêmio Shiva Naipul. Reside atualmente em Londres. Publicou dois romances: Patriotas (1991) e Confissão Tropical.

Nas obras dos autores que constituem o elenco dos mais representativos da geração de 80, observa-se a predominância de quatro temas principais: a guerra e seu impacto na psicologia coletiva pós-colonial ( Cipembúwa, Patriotas); o sagrado na vida quotidiana (O Feitiço de Rama de Abóbora, O Pano Preto da Velha Mabunda, Totonya); o amor e o erotismo ( Imitação de Sartre & Simone de Beauvoir, Totonya); a ironia sobre degradação social e a precariedade da existência humana ( Kambonha, O Ano do Cão).

No plano da estética narrativa, verifica-se uma diversidade de recursos, destacando-se a linguagem, em que se notam, além de ocorrências e situações de diglossia imprópria, a estrutura narrativa, os diálogos, a construção de personagens, sua tipologia e tratamento em variados contextos, que vão desde o urbano ao rural, com a articulação de elementos metafísicos da civilização bantu dos povos de Angola. Em tudo isto os autores procuram levar ao máximo a rentabilização das suas experiências. Tais aspectos evidenciam já sinais de uma ruptura, relativamente à ficção das décadas de 60 e 70, apesar de os seus indícios não serem ainda muito abundantes.

Uma perversa tematização da história no quadro da literatura angolana, registra-se nesta geração. É o caso de José Eduardo Agualusa que tendo iniciado a sua escrita narrativa com tratamento de um tema histórico, representa o modo como escritores contemporâneos podem efetivamente produzir textos típicos da literatura colonial. É que numa boa parte, para não dizer em todos os livros subsequentes demonstra a sua predileção pela chamada estética lusotropicalista e crioula, teoricamente elaboradas pelo sociólogo brasileiro Gilberto Freyre e, no contexto angolano, pelo ensaísta Mário António com a chamada teoria da crioulidade, que é uma versão do lusotropicalismo. Através de tais elucubrações, determinados críticos e ficcionistas pretendem, com variado arsenal de saudosismo, alusões e simbolismos, reavivar um mundo africano visto sob a batuta da cultura e ideais de Portugal nos trópicos. Basta ler Nação Crioula de José Eduardo Agualusa.

Não é ilusória a afirmação segundo a qual despontam na geração das incertezas , a geração de 80, valores que aduzem níveis de inovação a ter em conta. O espaço não permite que sobre ela nos detenhamos. Mas fica a lista de alguns autores e respectivas obras.
Alberto Oliveira Pinto, Mazanga (1998);
Ana Major, Estrela Lundu (1998), O Rival ( 1998);
António Fonseca Crônicas de um tempo de silêncio,(1988);
Carlos Ferreira, Sabor a Sal- Crônicas de dias cinzentos (1985);
Carmo Neto, A Forja (1985), Meu Réu de colarinho branco ( 1986);
Eduardo Pimenta, Dipanda (1985);
Isaquiel Cori, Sacudidos pelo Vento (1997);
João Miranda, Nambuangongo (1998);
João Portelinha, Crônicas de risos e lágrimas (1997);
Jorge Ntyamba, Cinquenta e seis dias de terror e morte (1995);
Luís Rosa Lopes, A gota d’água ( 1985);
Manuel da Costa, O fervor da kianda (1997);
Miguel Júnior, A bessangana kikinhas da Fonseca (1994);
Nda Lussolo,O homem das sereias (1996), Puko, o Ngombo, Deus da verdade 1997);
Sílvio Peixoto, Crónicas Indigestas (1985), O abraço da guilhotina (1990);
Tiago de Buca, Esquebras de uma paixão (1998);
Timóteo Ulika, A rola de Cingandu (1990).
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continua... Esboço para uma Bibliografia da Ficção Literária Angolana
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Fonte:
http://www.nexus.ao/kandjimbo/breve_historia.htm

sábado, 30 de agosto de 2008

Antonio Jacinto (1924 – 1991)

António Jacinto do Amaral Martins, nasceu no Golungo Alto, Angola, em 28 de Setembro de 1924. Conclui seus estudos licencias em Luanda, passando a trabalhar como funcionário de escritório.

Destacou-se como poeta e contista da geração Mensagem e, como membro do Movimento de Novos Intelectuais de Angola. tendo colaborado com produções suas em diversas publicações nomeadamente "Notícias do Bloqueio", "Itinerário", "O Brado Africano"

Como contista, por vezes, usava o nome literário de Orlando Távora, como também o de Kiaposse.

Por questões políticas foi preso em 1960 sendo desterrado para Campo de do Tarrafal, em Cabo Verde, onde cumpriu pena até 1972, quando foi transferido para Lisboa, em regime de liberdade condicional, por cinco anos, onde exerceu a função de técnico em contabilidade. Em 1973 evadiu-se de Portugal e foi para Brazzaville, onde se juntou à guerrilha do MPLA.

Após a independência de Angola foi co-fundador da União de Escritores Angolanos, e participou activamente na vida política e cultural angolana, sendo Ministro da Cultura de 1975 a 1978.

Ganhou vários prémios, nomeadamente o Prémio Noma, Prémio Lotus da Associação dos Escritores Afro-Asiáticos e Prémio Nacional de Literatura.
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Em 1993, o Instituto Nacional do Livro e do Disco (INALD), instituiu em sua homenagem o “Prémio António Jacinto de Literatura”

Morreu em 23 de Junho de 1991.

Publicou:
Poemas(1961),
Vovô Bartolomeu (1979),
Poemas (1982, edição aumentada),
Em Kilunje do Golungo (1984),
Sobreviver em Trrafal de Santiago (1985; 2ªed.1999),
Prometeu (1987),
Fábulas de Sanji (1988).

Fontes:
http://betogomes.sites.uol.com.br/AntonioJacinto.htm
http://www.lusofoniapoetica.com/index.php/content/category/6/29/304/
http://bracosaoalto.blogspot.com/
http://www.angoladigital.net/