A CANÇÃO DO SILÊNCIO
A canção do silêncio é um poema ao suspiro
Mergulhado
Na profundeza do Índigo
O olhar de uma santa de barro
A linha do equador à deriva do pensamento
Gelo e sal e larva e mel
A canção do silêncio
NA MILÉSIMA DE TEMPO
A inversão do mundo nos cabelos do infinito
Uma lua apagada de prazer
A razão é um jardim florido pela ilusão
Na milésima de tempo de uma entrega
FRASES FEITAS
Difícil é cantar comum pensamento
Sombras em frases feitas onde nada é tão antigo
Como chegar e partir
HERANÇA DE MORTE
Lírios em mãos de carrascos
Pombal à porta de ladrões
Filho de mulher à boca do lixo
Feridas gangrenadas sobre pontes quebradas
Assim construímos África nos cursos de herança e morte
Quando a crosta romper os beiços da terra
O vento ditará a sentença aos deserdados
Um feixe de luz constante na paginação da história
Cada ser um dever e um direito
Na voz ferida todos os abismos deglutidos pela esperança
MÃOS
Mãos desenham raízes dos cânticos da terra
Geram vida na identidade da flor entre o espírito da letra
Engendram salmos na inserção da cruz às preces das dores
Mãos são séculos de páginas aos joelhos de Fátima
São lágrimas ao altar do desespero
Fonte:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/angola/amelia_dalomba.html
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