sábado, 29 de dezembro de 2012

Raquel Ordones (Poemas em Gotas)


NOVO ANO

Momentos não esperam por mim, nem por ninguém
A carga perante a vida é individual, é intransferível
Você é capacitado para escrever sua história, além
Respeitando os demais, sem julgar,e sendo flexível.

Ame sempre, sem esperar que o dígito do ano mude
A vida é processo contínuo, não faz pausa nesse dia
Olhe a sua volta sempre,em caso de precisão, ajude
Não tenha esperança que o “ano novo” traga alegria

As perspectivas do novo ano podem começar agora
A esperança é sua,está dentro de você não nos dias
Se obrigue a ser feliz,buscando esse feito toda hora.

“Ano novo” é fábula, afinal os algarismos só sobem
É só um “novo ano” que vem para dividir os tempos
Os dígitos dizem: Serão menos os seus momentos!

QUERO FUGIR COM AS FLORES

Ao passar pelo jardim, que as flores me acompanhasse
Que todas elas sorrissem e que juntas fugissem comigo
Fizessem em volta de mim uma roda, que eu a olhasse
No fundo da pétala onde o perfume se deita em abrigo!

Que todas as flores dançassem ao vento ao meu redor
Que exalassem por toda minha alma a sua fragrância
Fizessem com que eu degustasse um toque de amor
E deliciar-me nesse momento de abissal importância!

Que as flores fujam comigo, quero fugir com as flores
E as borboletas não ficam fora da minha imaginação
E essa imagem está tatuada em cores no meu coração.

Quero flores; do jardim do lado e do jardim da frente
Quero as flores da alma dos seres em nuança de amor
Quero fugir com as flores no outono, inverno e calor!

ABISMAL

Há fundura insondável na solidão
Ruína que assola o corpo e a alma
É um habitar sem fim na escuridão
Oceano de aflição que não acalma.

O coração se descobre em alcantil
Há caos, despenhadeiro de tristeza.
Um matiz preto toma conta do anil
Toda fé é trucidada pela incerteza.

Noites contínuas do ser, falta de luz
Estrelas de emoções boas se apagam
É pregar-se transitoriamente na cruz.

Buraco bolado pela fraqueza interior
Há uma precisão de se jogar a pá fora
Agarrar pelas cordas firmes do amor!

O PODER DA PALAVRA

Feita em poesia a palavra se modifica
Inventa, relata, surpreende, faz sorrir.
Vem e traz agrado que no coração fica.
Verse o verbo na boa palavra a proferir!

O domínio da palavra descreve a carícia
Ouvida ou lida na hora correta traz paz
Pela veia se mistura ao ser; uma delícia.
Pelas profundezas, de tocar ela é capaz.

A palavra cantada aformoseia, até cura
Lida com a alma é parte do nosso mundo
Dita com o cerne para sempre se perdura.

Palavras acariciam, sustentam seu poder
Mas pode ser artilharia que abre a ferida
Algo que dá vida ou algo faz vida fenecer!

SEJA NATAL

Enfeite a árvore do seu viver
Mostre que o seu brilho reluz
Deixe o coração transparecer
Acenda seu pisca-pisca Jesus.

Decore o seu olhar com fulgor
Laço branco de paz na alma
Revele na expressão toda cor
Estenda sua mão que acalma.

E desembrulhe o seu coração
Doe presentes a todo mundo
Carinho, bondade e o perdão!

Dê amor, cace a reconciliação.
Use os estoques por toda vida
Vibre em guirlandas de oração!

...E A PRIMAVERA PARTE

A primavera se despede e o céu dança
Algumas pétalas continuarão a colorir
É eterna essa estação, jamais se cansa
Os raios de sol permanecerão a sorrir!

O cheiro se exalará por todos os ares
Odorante o verão que agora se inicia
Escrita na alma irá a todos os lugares
Primavera é perene musa da poesia!

Flores nascem e moram nos corações
Era que entra e sai leva e deixa pétala
Graça que é essência, exala emoções.

Nuanças e entretons; ornam ocasiões
Presente que nos toca a profundeza
No imo; viagem. Gosto de inspirações.

APENAS DESCULPAS

Sentada a porta: espero
Com o olhar a distância
Emoção pura, sem mero
Sentindo tua fragrância.

Sentada a porta: sonho
Com a tua volta, enfim
Cerne quase fica risonho
Vendo-te vir para mim.

Parada à porta da vida
Vejo escusa, nada mais
Desculpas são os sinais

O amor é sem desculpas
Quem ama somente ama
Justificação só engana!

VIOLETAS NA JANELA

Tons lilases eu vejo através da janela
Com um verde se mistura a paisagem
Combinam-se em matizes da aquarela
Vejo borboletas voando nessa imagem.

O ar toca a tez da pétala, voa cortina.
Um sopro de vento que adentra e beija
Encanta e causa o sorriso da menina
Uma delicada fragrância por ali adeja

Violeta em tons violeta me dá bom dia
Enfeita a janela e atinge minh’alma
Vejos-as; delas vêm algo que acalma.

Violetas fazem do meu imo um jardim
Expostas à janela são olhos da casa
Uma admiração que invade e dá asa!

SOU BARDA

Talvez isso já venha da concepção
Eu não me rememoro muito bem
Sinto que desde lá tive inspiração
E ela desde sempre comigo vem.

Quem sabe deixei alguma prova
Nas paredes do útero rabisquei
Uma palavra, um verso ou trova
Na alma um coração eu gravei?

Sou barda, sou poesia inacabada
Sou a escrevedora da minha vida.
No ato do verbo amar, concebida.

De Deus eu sou fruto exclusivo
Uma pluralidade única... Afinal
Escrevo: em mim é incondicional.

SER FORTE

Ser forte é chorar e a sua lágrima assumir
É manter-se de pé com imo em ventania
É sentir consternação e ainda assim sorrir
É enfrentar um combate e faz dele poesia.

Ser forte é abrir para qualquer um a mão
É dividir com saber aquilo de que possui
Ouvir em silêncio o que vem do coração
É renovar-se e acompanhar o que evolui.

Ser forte é deitar-se a espera do amanhã
No fim da tarde trazer o dever cumprido
Respeitar de cada um o espaço deferido.

Vestir-se de Deus e expor o amor de fato.
Usar menos físico e mais finura é ser forte
Viver feliz ciente do encontro com a morte!

SEMEAR-TE-EI AMOR

Em meu coração há uma semente
Que semeada em ti nasce uma flor
É simples, satisfaz-te ter em mente
Que adubes tua terra para o amor!

Arranque do cerne o que te faz mal
Comece a sorrir, sinal de solo bom
Abrace todo carinho incondicional
Apoie em quem avaliares ter dom!

Teu coração tornar-te-á um jardim
Perfumará a essência de tua alma
E tua beleza far-te-á ser de calma!

Em meio às pétalas e a fragrância
Saberá desvencilhar-te de espinhos
E serenará a dor dos teus caminhos!

CONVERTENDO-ME

O momento é esse; esse é o tempo certo.
De fazer um novo arranjo em minha vida
Tirar poeiras da minh’alma de imo aberto
Abraçar-me, me tornar mais esclarecida.

Rever conceitos sem perder a identidade
Acomodar os meus princípios ao mundo
Com respeito e acima de tudo a verdade
Não permitindo que me invada o imundo

Limpar os armários e gavetas do meu ser
Coloca-los em disposição mais confortante
O momento é esse, é esse o exato instante.

Deixar em minha bagagem o que preciso
Introduzir o hoje sem jogar o ontem fora
Arrumar-me ao novo no sempre do agora.

AMOR... ACESSO LIVRE!

Comecei a escrever um poema
Imaginei que já o havia escrito
Enleei-me; vi-me num dilema
Até que o contexto era bonito.

O poema falava do livre acesso
Do amor, inda resistido instala
Não acata nem aceita processo
Sem regra, grita e também cala.

É força além de nós; é soberano
Tem fragrância, rima com tudo
Tem sorriso largo feito oceano.

Capaz de fazer a tez suar paixão
É capaz de guilhotinar a guerra
Capaz de dividir meado do pão.

QUE SAUDADE DA FAZENDA!

A estrada, a poeira
Os empreiteiros na roça
O burro e a carroça
Sabiá na laranjeira
Na cerca uma parreira
Que saudade da fazenda
A mamãe tecia renda
Os porcos lá no chiqueiro
As galinhas no poleiro
Fim de semana na venda!

De manhã lá no curral
Leite direto na caneca
De sabugo a boneca
Uniformes no varal
Pendurado o avental
Que saudade da fazenda
A mamãe tecia renda
Papai plantava feijão
Dedilhava violão
Fim de semana na venda!

Bem acima um açude
As vacas fazem aguada
O chapéu, a cavalgada
Azul bolinha de gude
Aquele mascate rude
Que saudade da fazenda
A mamãe tecia renda
Cavalo e ferradura
Garapa e rapadura
Fim de semana na venda!

Pela manhã à escola
Ovo cozido e pão
Já feita toda a lição
Cadernos e a sacola
Recreio: jogo de bola
Que saudade da fazenda
A mamãe tecia renda
Fogão de lenha, o rango!
Quiabo, molho de frango
Fim de semana na venda!

Sol descia no horizonte
Luzinhas de vagalumes
As flores e os perfumes
Papai vindo lá na ponte
Trazendo água da fonte
Que saudade da fazenda
A mamãe tecia renda
A lua linda lá no céu
Brincava passando anel
Fim de semana na venda!

Tínhamos todo espaço
O boizinho de abacate
Cachorro que sempre late
Manga corria no braço
No cabelo aquele laço
Que saudade da fazenda
A mamãe tecia renda
Ao deitar a oração
Família é religião
Fim de semana na venda!

VIVER EM POESIA

Posso tentar explicar: viver em poesia é assim
Ter uma vida normal similar à de todo mundo
Estar ciente dos espinhos e apreciar o jasmim
Deixar fluir pela caneta sentimento profundo.

Viver em poesia é fazer de um verbo um verso
Converter esse verso em uma história sem fim
É percorrer com a imaginação todo o universo
Trafegar muito além dos limites visíveis, enfim.

Viver em poesia é mirar com olhos do coração
Mesmo sabendo que existe o mau e ele judia
É possuir alma inquieta em constante euforia.

Viver em poesia é gritar na grafia os segredos
É sentir sua verdade sendo tomada pelo leitor.
É se declarar. É pôr nas palavras todo o calor!

SOSSEGO

Não me importa que os raios do sol nasçam um por um
Que as manhãs cheguem taciturnas, bem de mansinho.
Não me implico com o silêncio matinal de jeito nenhum
Não me importa que antes das flores nasça um raminho!

Não me amola o tempo com o andamento que ele tem
Não me apoquenta a sequência tradicional das estações
O vento em seu ritmo manso aborda-me, só me faz bem.
Gosto da assiduidade com que me chegam às emoções!

Nada me influi que a manhã troque de turno com a tarde
Que os anoiteceres declinam singulares logo em seguida
Existe nisso tudo um encantamento, uma razão de vida!

Existe uma quietude que se perdeu no ambiente externo
Que tenta danificar nossa alma por mais que gritemos não
Não há sossego maior do que aquele que jaz no coração!

SER POETA

Ser poeta é permanecer em conexão
De todos os sentimentos e imaginação
De todas as senhas e suas revelações
De todos os arquivos e suas extensões

Ser poeta é tirar o sonho do anonimato
Não se importando com o seu formato
É digitar os versos, as estrofes e fatos
Em desenhos de rima e enviar relatos.

Ser poeta é ser real virtual, encantado
É digitar, e da mente não ser deletado.
É entusiasmo criador na vida anexado

Ser poeta é hakear o backup do coração
Em um clique, copiar e colar a expressão
Fazer da palavra aos olhos, uma emoção!

Fontes:
- http://raquelordonesemgotas.blogspot.com.br/2012_12_01_archive.html
- Formatação sobre imagem obtida em Orkugif.

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