Era uma tarde ensolarada quando Jorge decidiu levar seus dois filhos, Lucas e Ana, ao parque de diversões. Ele havia prometido isso há semanas, mas, para ser sincero, não estava tão animado quanto eles.
Lucas: — Papai, vamos no trem fantasma primeiro?
Ana: — Não! Eu quero ir na roda-gigante!
Jorge: — (pensando) Roda-gigante… tudo bem. Vamos começar por lá.
Ao chegarem, as crianças ficaram deslumbradas com as luzes e os sons do parque.
Ana: — Olha, papai! A roda-gigante é enorme!
Lucas: — E as montanhas-russas! Vamos nelas depois?
Jorge: — (sorrindo nervosamente) Primeiro a roda-gigante, então. Isso é… tranquilo.
Depois de uma longa fila, eles finalmente subiram na roda-gigante. Enquanto subiam, Lucas estava radiante, mas Jorge começou a suar frio.
Lucas: — Olha, papai! Estamos lá em cima!
Jorge: — (engolindo em seco) Sim, muito alto… Lindo, não é?
Quando chegaram ao topo, Lucas estava extasiado, mas Jorge olhava para baixo, imaginando o que aconteceria se ele caísse.
Lucas: — Papai, olha a vista!
Ana: — (pulando de alegria) É incrível!
Jorge: — (murmurando) Incrível… sim… muito bom…
Assim que desceram, Lucas estava pulando de alegria, enquanto Jorge respirava aliviado, pensando “Nunca mais quero ir na roda-gigante!”
Ana: — Vamos no algodão-doce!
Jorge: — (suspirando) Algodão-doce é bom. Vamos lá!
Na barraca de doces, Jorge pediu um algodão-doce gigante e dois sorvetes.
Vendedor: — Isso vai te custar caro!
Jorge: — Caro? Porque? É só açúcar!
Vendedor: — Exatamente! E açúcar custa caro!
Enquanto pagava, Lucas e Ana estavam distraídos com um palhaço que fazia malabarismos.
Lucas: — Papai, eu quero aprender a fazer isso!
Jorge: — Primeiro, você precisa de um pouco de prática… e coragem!
Com as guloseimas em mãos, foram para a área de jogos. Jorge decidiu tentar a sorte em um jogo de arremesso de argolas.
Jorge: — Vou ganhar um prêmio para vocês!
Ele arremessou as argolas, mas errou todas.
Ana: — Papai, você não sabe jogar!
Lucas: — Deixa eu tentar!
Lucas pegou as argolas e, com toda a sua força, lançou uma. Acertou em cheio, mas não foi na garrafa, foi na cara do homem da barraca.
Lucas: — O que foi isso? Eu só queria ganhar um urso!
Homem da barraca: — E eu tenho cara de urso?
Jorge: — Desculpe, senhor. Vamos tentar mais uma vez, mas tenta não acertar este senhor… quem sabe?
Após várias tentativas, conseguiram ganhar um pequeno peixinho de pelúcia.
Ana: — Que lindo! Vamos dar um nome a ele!
Lucas: — Que tal “Nemo”?
Ana: — Não, “Peixinho Alegre”!
Lucas: — “Peixinho Alegre” é ótimo! Agora, que tal uma volta na montanha-russa?
Os olhos de Jorge se arregalaram.
Jorge: (pensando) Montanha-russa… será que eu consigo?
Lucas: — Papai, vem com a gente!
Relutante, ele decidiu acompanhar os filhos. Ao subir na montanha-russa, seu coração estava batendo mais rápido do que o trem.
Ana: — Isso vai ser incrível!
Lucas: — Vamos gritar juntos!
Quando o trem começou a descer, Jorge gritou mais alto do que todos, enquanto Lucas e Ana riam.
Jorge: (gritando) Isso é uma loucura!
Ao final do passeio, Lucas e Ana estavam gritando de alegria, mas seu pai estava mais pálido que um avental de médico.
Lucas: — Papai, você gostou?
Jorge: — (ofegante) Gostei… um pouco… talvez… nunca mais!
Ana: — Vamos de novo!
Jorge: — (com um sorriso forçado) Sério????
Lucas: — Que tal outra roda-gigante?
Após mais algumas voltas na roda-gigante, finalmente era hora de ir para casa. As crianças estavam exaustas, mas cheias de alegria.
Jorge: — E então, o que vocês acharam do dia?
Lucas: — Foi o melhor dia de todos!
Ana: — Podemos voltar no próximo fim de semana?
Jorge: — (sorrindo) Claro! Desde que a gente evite a montanha-russa…
Os três riram juntos enquanto caminhavam para o carro, já planejando novas aventuras, e Jorge pensava que, apesar do medo, o sorriso dos filhos valia cada grito e cada centavo gasto.
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JOSÉ FELDMAN, poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Morou na capital de São Paulo, em Taboão da Serra/SP, em Curitiba/PR, Ubiratã/PR, Maringá/PR. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul (com trovas do mundo). Assina seus escritos por Floresta/PR. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.
Publicações de sua autoria “Labirintos da vida” (crônicas e contos); “Peripécias de um Jornalista de Fofocas & outros contos” (humor); “35 trovadores em Preto & Branco” (análises); e “Canteiro de trovas”.. No prelo: “Pérgola de textos” (crônicas e contos) e “Asas da poesia”
Fontes:
José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: Plat.Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
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