quarta-feira, 20 de agosto de 2025

José Feldman (Zumbis Digitais)

Nos dias de hoje, caminhamos pelas ruas e nos deparamos com uma cena cada vez mais comum: pessoas imersas em seus smartphones, com os olhos fixos nas telas e os dedos deslizando freneticamente. É como se estivéssemos cercados por zumbis, vagando sem rumo, alheios ao que acontece ao nosso redor.

A cada esquina, vejo grupos de amigos que, em vez de se entreterem uns com os outros, estão absortos em suas redes sociais. Os risos e as conversas são substituídos por notificações e curtidas. Quando um deles finalmente levanta a cabeça, é como se despertasse de um transe, surpreso com a realidade ao seu redor. "Oi, você chegou?", pergunta um, sem saber que o outro estava ali o tempo todo, apenas em uma realidade paralela.

O mais curioso é que, enquanto as pessoas estão tão conectadas aos seus dispositivos, a desconexão com o mundo real se torna evidente. Cumprimentos são ignorados, sorrisos trocados são despercebidos. Às vezes, um simples "bom dia" se transforma em um eco perdido no vazio da atenção fragmentada. O que era uma interação natural e espontânea se torna uma raridade em meio ao zumbido constante de mensagens e atualizações.

Dentro de casa, a situação não melhora. Famílias reunidas à mesa, mas cada um preso em seu próprio universo digital. As conversas se resumem a comentários sobre o que foi postado na internet, enquanto o cheiro da comida esfriando e o calor do afeto se perdem na distração. O diálogo se torna superficial, quase uma obrigação, enquanto as telas dominam a cena.

Essa era digital trouxe inegáveis avanços, mas também um preço alto: a perda da conexão humana. Os pequenos momentos, aqueles que costumavam nos unir, estão se dissipando. As risadas compartilhadas, os abraços sinceros, os olhares cúmplices foram substituídos por emojis e gifs. E assim, enquanto as notificações pipocam, o verdadeiro mundo ao nosso redor se torna um cenário desbotado, quase esquecidos.

E quando, finalmente, decidimos olhar ao nosso redor, percebemos que estamos cercados por seres humanos incríveis, com histórias para contar e experiências para compartilhar. 

Que tal baixar a tela por um instante e voltar a sentir o calor da presença de alguém? As conexões genuínas são o que realmente nos fazem humanos. Afinal, viver não é apenas existir entre pixels, mas sentir, rir e amar de verdade.
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JOSÉ FELDMAN, poeta, trovador, escritor, professor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Morou na capital de São Paulo, em Taboão da Serra/SP, em Curitiba/PR, Ubiratã/PR, Maringá/PR. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul (com trovas do mundo). Assina seus escritos por Floresta/PR. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.
Publicações de sua autoria “Labirintos da vida” (crônicas e contos); “Peripécias de um Jornalista de Fofocas & outros contos” (humor); “35 trovadores em Preto & Branco” (análises); e “Canteiro de trovas”.. No prelo: “Pérgola de textos” (crônicas e contos) e “Asas da poesia”
Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

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