domingo, 3 de agosto de 2025

A. A. de Assis (Ecopapo)

A natureza foi criada para sustentar a vida. O ser humano foi criado para cuidar da natureza, cultivá-la e dela se servir. Foi isso que nos ensinaram.  Então a gente está sempre a falar de natureza, ambiente, meio – uns entendendo do que falam, outros pensando que entendem, outros falando só por falar.

O tema é instigante e interessa a todos. Falando ou escrevendo, cada um dá suas receitas de como preservar o universo. Nesses tantos ecopapos, há questões que costumam aparecer com mais frequência. Lembro algumas:

· Você diz “natureza”, “ecossistema”, “ambiente” ou “meio”? E se “meio” e “ambiente” são a mesma coisa, por que alguns preferem o redundante “meio ambiente”?   

· O rio adorna e rega a cidade, até que de repente enche demais e põe em pânico a população. Aí perguntam: por que insistem em fazer casa à beira-rio?  

· Animal doméstico faz parte da natureza? Por que protegem mais os animais silvestres do que os domésticos? E por que você não come a onça, mas faz churrasco da vaca?

· Sim, sim, vacas e galinhas recebem maiores cuidados: vacinas, ração de primeira. Mas esse tratamento especial seria por amor ou por interesse do ser humano? Quanto mais bem-cuidados, melhores produtos nos oferecem.

· A natureza é briguenta: a onda contra o rochedo. O cipó contra a árvore. O gavião contra o sabiá. O vento contra a plantinha. Ou isso faz parte do enredo?

· Tem uns bichos assustadores, que nem a aranha e a cobra. Entretanto aprendemos que em nome da biodiversidade eles precisam ser preservados.

· Por que precisam existir seres tais quais barata, formiga, carrapato, cupim, pernilongo, piolho, gafanhoto?

· A natureza é contrastante: tem flor e espinho, remédio e veneno, aroma e fedor, tem doce e amargo.

· Tem coisas que nos deslumbram e ao mesmo tempo nos colocam em perigo: cataratas, florestas, altos picos, cavernas, vulcões, cânions. Mas temos mesmo necessidade de chegar perto desses lugares?

É complicado lidar com tais aparentes incongruências. Mas que tudo isso dá bom papo, dá. Entendendo ou não do assunto.
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 24-7-2025)
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A. A. DE ASSIS (Antonio Augusto de Assis), poeta, trovador, haicaísta, cronista, premiadíssimo em centenas de concursos nasceu em São Fidélis/RJ, em 1933. Radicou-se em Maringá/PR desde 1955. Lecionou no Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá, aposentado. Foi jornalista, diretor dos jornais Tribuna de Maringá, Folha do Norte do Paraná e das revistas Novo Paraná (NP) e Aqui. Algumas publicações: Robson (poemas); Itinerário (poemas); Coleção Cadernos de A. A. de Assis - 10 vol. (crônicas, ensaios e poemas); Poêmica (poemas); Caderno de trovas; Tábua de trovas; A. A. de Assis - vida, verso e prosa (autobiografia e textos diversos). Em e-books: Triversos travessos (poesia); Novos triversos (poesia); Microcrônicas (textos curtos); A província do Guaíra (história), etc.
Fontes:
Texto enviado pelo autor.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

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