PLANTAR BANANEIRA
Plantar bananeira é se pôr de cabeça para baixo, com as mãos apoiadas no solo e as pernas esticadas para o alto, semelhantemente às folhas de uma bananeira. Sim, às folhas. Pare de pensar bobagem: mulheres também plantam bananeira.
PÔR AS BARBAS DE MOLHO
Para andar na moda do pescoço para cima, o homem é menos abençoado que a mulher. Elas se valem de penteados, maquiagens e adereços. Eles, já que nada conseguem fazer com as sobrancelhas, ficam restritos ao cabelo e à barba. A ausência do cabelo, provocada ou natural, pode até virar moda, mas passa. Bom mesmo é dispor de uma vasta cabeleira e levá-la ao túmulo com imponência de efígie. O sonho maior de todo careca não é fortuna em dólar, nem a Adriane Galisteu, mas tão-somente uma, apenas uma única coisa: cabelo.
No caso da barba, se nenhuma, é rotina; se escassa, é desleixo, mas também já virou moda. Então ficamos assim: a barba é o ponto a atacar. Se o prezado leitor não é um Adônis, vá por aí. Antigamente, como os mendigos duravam pouco e não existia a gravata, a barba era sinal de honra, prestígio, poder. Uma grande humilhação era ter a barba cortada. Daí se fizeram vários provérbios sobre a importância da barba como elemento de aferição do valor de um homem. No latim (importado do grego): "Barba non facit philosophum", a barba não faz o filósofo; no francês: "Du cotê de la barbe est la toute-puissance", a barba traz o poder absoluto.
Do espanhol, que produz uma singela rima, o provérbio veio parar no português: "Quando las barbas de tu vecino veas pelar, pon las tuyas a remojar", "Quando vires as barbas do vizinho pelar (escassear), põe as tuas
de molho". E assim o uso popular ficou com o pedaço final do provérbio e pôr as barbas de molho passou a ser usado como sinônimo de acautelar-se.
BARBEIRO
O nome do profissional veio de barba + a terminação designativa de profissão -eiro.
Agora, veja os seguintes trechos extraídos do verbete "barbeiro" no dicionário Morais Silva:
"Homem que tem por ofício rapar ou aparar barbas e cortar o cabelo. Dentista, curandeiro. Havia antigamente barbeiros de lanceta, isto é, sangradores. Indivíduo que não é hábil na sua profissão."
No Brasil e em Portugal, até as primeiras décadas do século XIX, os barbeiros também praticavam odontologia e medicina, chegando até a realizar pequenas cirurgias (médico especialista era coisa de rico, de gente da corte). E aí imagine o que deve ter acontecido com os pobres clientes. Quantos dentes mal arrancados? Quantas bocas feridas? Quantas punções geradoras de infecções terríveis? Quantos quelóides? Associe a isso o fato de o ofício de barbeiro, em sentido restrito, não exigir uma especialização, mas tão-somente certa habilidade manual (com todo o respeito aos profissionais do ramo). Pronto! Não foi difícil a palavra ganhar aquela última acepção, "indivíduo que não é hábil na sua profissão". Daí também se formou barbeiragem como sinônimo de incompetência.
Já o nome do inseto é outra história.
Em abril de 1909, o jovem cientista mineiro Carlos Chagas, então com 30 anos, assim se pronunciava num comunicado:
"Saibam todos que o inseto conhecido por barbeiro ou chupão, encontrado nas casas de pau-a-pique dos sertanejos do Brasil, é portador de um parasita que causa febre, anemia, cardiopatias e aumento dos gânglios."
E todos ficaram sabendo que Chagas havia identificado o agente causador da doença, um protozoário (transmitido pelo barbeiro) que ele chamou de Trypanosoma cruzi, em homenagem ao sanitarista Oswaldo Cruz. A partir daí, foi o povo que se encarregou de outra homenagem, batizando o mal como "doença de Chagas".
O barbeiro deve seu nome popular ao fato de ele chupar o sangue da sua vítima quase sempre no rosto, enquanto ela dorme (na verdade, o barbeiro não tem uma predileção especial por rostos, é que, ao dormirmos, essa parte do corpo se acha sempre descoberta e ao inteiro dispor do vampirinho).
BESTA QUADRADA
Besta veio do latim besta, animal feroz. Besta quadrada não tem nenhum ingrediente geométrico, o que faria supor a existência da besta redonda. Trata-se da simplificação de besta elevada ao quadrado. E a superbesta, o grande imbecil.
Fonte:
PIMENTA, Reinaldo. A casa da mãe Joana 2. RJ: Elsevier, 2004
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