GALHOFA
Do espanhol gallofa, migalha ou pão dado como esmola. Gailofa foi formado de uma expressão latina criada nos conventos medievais: gaili offa, bocado de peregrino. Offa era uma pequena bola de massa ou de carne;gallus, gaulês (cidadão de um povo celta que habitava a Gália, antigo país situado no território atual da França), ganhou o sentido de peregrino porque a maioria dos peregrinos de Compostela eram gauleses.
Em português, o significado inicial de galhofa, manifestação alegre e ruidosa (depois virou sinônimo de deboche e de vida vadia), se originou da algazarra feita pelos pedintes, às portas dos conventos, esperando agalli offa, o alimento a ser distribuído.
GARDENAL
Gardenal é o nome comercial da substância fenobarbital, usada como anticonvulsionante e sedativa.
A marca surgiu em 1920 no laboratório Rhône-Poulenc, que já vinha fabricando, com muito sucesso comercial, vários tranqüilizantes, cujos nomes sempre terminavam em -nal, como foi o caso do famoso Véronal (cujo nome veio da cidade de Verona, onde foi descoberto).
Quando o Gardenal já estava pronto para ser comercializado, um diretor da Rhône-Poulenc reuniu os empregados e pediu que eles apresentassem sugestões para batizar o novo produto. Finalizando, recomendou: "Surtout, gardez -nal!" ("Principalmente, não se esqueçam da terminação -nal"). Um dos empregados, achando que o chefe já fazia uma sugestão, exclamou: "Gardenal, por que não?". Pronto, o nome já estava dado involuntariamente. Caso típico de problema que já vem com a solução embutida.
GOL DE PLACA
A palavra gol veio do inglês goal, objetivo, mas nenhuma torcida inglesa grita "Goal!" quando seu time marca um tento. Eles urram alguma coisa que, segundo os antropólogos, fica entre o "oh!" de surpresa de um lorde e o "erghflk" do homem de Neandertal. E a expressão gol de placa?
Rio de Janeiro, estádio do Maracanã, 5 de março de 1961, Torneio Rio-São Paulo, o Santos de Pelé jogava contra o Fluminense de Castilho. Aos 41 minutos do segundo tempo, o Santos vence por 1x0 quando Pelé domina a bola na meia-lua da sua área, lá atrás, na defesa. Ele levanta a cabeça e parte para o gol adversário. Passa por um, dois, três, quatro, cinco, seis adversários e toca a bola para os fundos da rede de Castilho.
Uma das testemunhas do memorável gol foi o então jovem cronista esportivo e hoje famoso colunista de economia Joelmir Beting, que voltou para São Paulo e sugeriu que seu jornal, "O Esporte", mandasse fazer uma placa de bronze que eternizasse o extraordinário lance de Pelé.
A sugestão foi aceita, Joelmir encomendou a placa, pagou e não foi ressarcido até hoje. No domingo seguinte, a placa foi afixada no saguão do Maracanã e descerrada pelo próprio Pelé, com barbante e toalha de banho servindo de cortininha. Surgia a expressão gol de placa. Mais tarde, Joelmir, um craque da palavra, diria: "Nunca fiz um gol de placa, mas fiz a
placa do gol".
GROGUE
Do inglês grog.
No século XVII, quando havia uma grande demanda por açúcar na Europa, os países de clima tropical e solo fértil descobriram que dispunham de uma grande fortuna em potencial: um ambiente natural perfeito para o cultivo da cana-de-açúcar.
Aí por volta de 1650, em Barbados (Pequenas Antilhas, América Central), cana dava mais que chuchu na serra. Alguém ali teve a idéia de aproveitar, de alguma forma, o resíduo que ficava depois da produção do açúcar, o melaço. Com tempo e melaço de sobra, o gênio pensou, pensou e resolveu destilar a substância. O resultado encantou o mundo: rum.
A bebida emigrou de Barbados e virou uma sensação na Europa do século seguinte, na população civil e militar. Os marinheiros ingleses tinham direito a uma quota diária de rum (o costume permaneceu até 1970).
O rum, mais forte que o brandy, provocava um porre devastador, desses de fazer general bater continência para porteiro de hotel.
Em 1740, o almirante inglês Edward Vernon baixou uma ordem: o rum para os marinheiros de seu navio deveria ser diluído em água para evitar bebedeiras a bordo. Estava inventado o aquarrum, cujo mercado ficou restrito à gente das embarcações do Sr. Vernon. E lá se iam seus marinheiros, sóbrios e diarréicos, singrando os mares do mundo. O almirante tinha o apelido de "Old Grog", em alusão à sua habitual capa de gorgorão - em inglês grogram, do francês gros grain, tecido grosseiro. Os marinheiros, revoltados com aquela ordem de seu comandante, decidiram ridicularizá-lo usando seu apelido para batizar o rum aguado de grog. E o marinheiro que, mesmo assim, conseguia ficar bêbado com alguns litros
daquilo era chamado de groggy.
Em português, grogue, além de ser uma bebida alcoólica (rum, aguardente...) diluída em água quente com açúcar e casca de limão, também é sinônimo de atordoado.
Fonte:
PIMENTA, Reinaldo. A casa da mãe Joana 2. RJ: Elsevier, 2004
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