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domingo, 12 de janeiro de 2020

Edy Soares (Cristais Poéticos) I


ILHA MALDITA
Quem já nasce em prisão perpétua,
Raramente tem salvação,
Ou se rende a seu carrasco,
Ou se arrisca em evasão,

Pelo destino, já condenado
A viver em troca do pão,
Tem dono, é desgraçado
Por um diabo sem coração.

Na farsa de ser um herói,
Seu dono sufoca e prende,
Não conhece o que é liberdade
E de tanto sofrer se rende.

Sua pátria é Seu cativeiro,
Sua vida, por pouco é ceifada.
Melhor não tivesse nascido,
Já que a morte é desejada.

Fingindo-se Deus, o diabo aparece
Em discursos tão planejados!
Quem aplaude o faz com desdém;
Quem não o faz já fica marcado.

Ó povo de alma mansa,
A ti me rendo em homenagem.
Eu sei que não há esperança,
Nem tampouco adianta a coragem.
* * * * * * * * * * * * * *

MEUS MEDOS, MINHAS DORES

Eu tenho medo!
Mas, sem meus medos,
Não conheceria os limites da minha coragem.
Eu tenho dor!
Mas, sem minhas dores,
Não teria conhecido a transição de uma perda.
Conhecendo meus medos, me fortaleci
Para as novas batalhas,
Conhecendo a dor da perda,
Eu conheci a saudade
E aprendi a valorizar mais
O que ainda me resta.
* * * * * * * * * * * * * *

MINHA “ROSA”

Quando vacilo,
Tu me arranhas, ó Rosa!
Mas mesmo assim não deixas de ser rosa.

Tens espinhos, mas és perfeita;
Perfuma todo o jardim e enfeita,
Inspiração dos meus versos e prosas!

Sem ti eu não sobreviveria, minha Rosa.
Lembro-me do dia que te colhi,
Flor linda que me fez sorrir;
Perfume que embriagou minh'alma.

Eras linda flor cheirosa;
Tens ainda a mesma beleza
E continuas bela e formosa.
* * * * * * * * * * * * * *

O CHORO

Ah, eu já chorei!!!
Chorei de tristeza
Na despedida,
Na partida de alguém,
Por perdas de pessoas queridas.
Já chorei por derrotas, vitórias.
Chorei de alegria, também.
Aprendi chorar por chorar,
Porque chorar, às vezes faz bem.
O choro não é o inverso do riso;
É apenas uma forma diferente
De expressar sentimentos que a gente,
por vezes, nem sabe que tem.
É bom chorar
Por amor,
Pela dor
Por quem for,
Por alguém.
No choro
O coração se acalma,
Apascenta-se a alma,
O choro é a manifestação de quem nasce,
A última expressão por quem parte,
A saudação de quem chega,
O adeus de quem vai,
E quiçá, a forma de amor mais sincera
Que do âmago sai.
* * * * * * * * * * * * * *

SONO BOM

Às vezes sorrateiro chega,
Desprevenido me pega,
Me afaga, me apaga,
Me desliga do mundo.

Traz a calma
Que acompanha minha alma,
Descansa meu corpo
Do cansaço profundo.

Quando de volta,
Entrega-me a consciência,
Um novo dia começa.
Continuidade da vida!

Alternando
Entre noites e dias,
Você me vigia
E me descansa da lida.

Quando enfim,
De mim não se apartar
E eu não mais despertar,
Terei cumprido minha sina.

Será em você
Meu eterno descanso.
E que seja calmo e manso,
Pois será o fim dessa vida.
* * * * * * * * * * * * * *

VAGA-LUME

Flashes no meio da noite,
Lampejos esparsos de luz,
Desvio do desatento,
Carrega-me noite adentro,
Pra onde quer me conduz.
Não vê que a noite escura,
Pra quem não brilha vira tortura
E nem todo ser reluz.
Me ensina uma boa prece
Pois quando desapareces
Meu corpo tremula e sua,
Ou então fique aqui por perto
Clareando o caminho certo
Até clarear a rua,
O sol que virá ardente
Ou ela agora ausente
A minha companheira lua.
Aí então pode ir vaga-lume!
Riscando a noite escura,
Vestindo sua armadura,
Já que você não tem medo.
Eu não tenho seus artifícios,
Se não posso tirar seus vícios
Eu guardo nossos segredos.
* * * * * * * * * * * * * *

VIDA PLENA

Eu não quero deixar de viver plenamente essa vida,
Na esperança de ganhar outra vida mesmo que eterna.
Se no presente o presente que ganho é a vida,
Que ela seja vivida e aplaudida por ser tão bela.
Eu nunca acreditei que quando morremos tudo se acaba.
Somos bem feitos e bonitos demais pra sermos descartados,
Pode ser que, nesse mundo, estejamos apenas de passagem,
Mas tenho duvidas se na próxima viagem serei convidado,
Por bondade e amor, acredito que fomos criados
Por um Criador que acredito, não nos impor sacrifícios.
É certeza que um pai se alegra na alegria dos filhos
E jamais os oferece algo pedindo em troca o suplício.
Se outra vida após essa existe, eu acredito, e gostaria de tê-la,
Farei o possível pra merecer e aceitarei de bom grado, com certeza,
Mas faço o possível pra viver bem, a vida que por hora me foi dada,
Outras... Sou pequeno demais pra conjecturar tamanha grandeza.
É impossível descrever a beleza e o mistério da vida.
É grandioso e esplêndido o presente que nos foi dado.
Se após a morte eu merecer viver eternamente junto ao Criador,
Serei grato eternamente por ser duas vezes agraciado.

Fonte:
Edy Soares. Flores no deserto. Vila Velha/ES: Ed. do Autor, 2015.
Livro enviado pelo autor

sábado, 30 de março de 2013

Aparecido Raimundo de Souza (Galho Torto)

O motorista estancou, obedecendo a ordem.

Entretanto, ninguém deu as caras com a intenção de ficar naquele lugar. Todos olharam para os lados, outros resmungavam. Um velhinho chamou a atenção pedindo ao engraçadinho que fosse fazer palhaçadas nos quintos do inferno:

— Se manca, pô!...

O carro voltou a se movimentar. A solicitação foi novamente acionada:

— Um minutinho, “motor”...

Em meio à multidão que mais parecia sardinhas em lata, uma jovem beirando os vinte anos, se arrastava com bastante dificuldades, pedindo licença e tentando abrir uma brecha, por menor que fosse, na confusão de braços e pernas agrupadas ao longo do corredor:

— Por favor, companheiros, só um segundinho!

Da roleta, o cobrador não avistava quem implorava por caminho. Dezenas e dezenas de braços, cabeças e costas se juntavam, desordenadamente, à frente de seus olhos. Tampouco o condutor, pelos retrovisores estrategicamente colocados, distinguia com a nitidez devida, à referida personagem:

— É pra hoje, minha filha? – indagou. – Posso fechar a traseira?

Como resposta chegou aos seus ouvidos um “por favor, senhora, um passinho à frente” e “me ajudem, por Nossa Senhora”. E nada de pintar à saída. Cheio de razão e bastante zangado o cidadão não esperou uma segunda ordem. Deu continuidade à marcha. Aos solavancos, seguiu em frente. Apavorada, sem ter alcançado seu objetivo, a garota desatou a gritar e a chorar copiosamente numa escala ascendentemente melodramática:

— Ei, me deixe aqui, pare, pare, paaaaaaaaaaare!...

Não teve conversa. Um rapaz que cochilava, confortavelmente sentado, junto a uma das janelas, resolveu tomar as dores da pobre infeliz. Levantou de seu assento e berrou:

—“Guenta aí, motor”. É uma aleijada!

— Aleijada é a senhora sua mãe...

Foi nessa hora que os ocupantes, em coro uníssono, danaram a fazer alarido, tomando, efetivamente, conhecimento do estado deplorável daquela personagem que pretendia interromper a viagem alguns pontos anteriores. Um sujeito “deste tamanho” parecia um cavalo estabanado, se dependurou no fio da sineta, ao tempo em que protestava, eufórico:

— Esse animal não respeita ninguém. Pensa que está carregando uma manada de elefantes...

Enquanto isto, a humilde e torta paralítica, apoiada num par de muletas, finalmente galgava as escadas almejadas:

— Seu desalmado. Bruto de uma figa. Cafajeste! Fazer isso logo comigo. Agora terei que voltar quase um quilômetro.

O articulado entrou no acostamento e freou estabanadamente. Houve uma enxurrada de palavrões.

Queriam bater no motorista, no cobrador e até num policial civil à paisana, que voltava para casa:

— “Filho da mãe! – esbravejou, ensandecida uma velhinha”.

— “Cachorro!” — emendou um terceiro, que aproveitou a balburdia e desceu pela frente, sem pagar.

Por derradeiro, a deficiente saltou. Saiu aos prantos, lamentando sua desdita. Depois de quase um “bafafá” os ânimos se acalmaram. Na segurança da calçada, a irrequieta mutilada, com uma das pernas do bastão de encosto apontada para o céu, prometia, solenemente, quebrar a cara do sujeito que pilotava a condução. Seu gesto, contudo, permaneceu na vontade. Logo que o transporte se afastou, a moça tirou de dentro da bolsa um enorme saco de pano e, nele guardou os paus de arrimo. Ato contínuo se empertigou e sorriu, com deboche e cinismo. Sem olhar para os lados, atravessou, correndo, a pista movimentada, em direção ao outro lado. Tudo em questão de segundos, sob os olhares incrédulos dos transeuntes que, movidos pela curiosidade, começavam a se agrupar em seu derredor.

Fonte:
Aparecido Raimundo de Souza. Refúgio para Cornos Avariados. SP: Ed. Sucesso, 2011

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Andrade Sucupira Filho (Poesias Avulsas)

Libreria Fogola Pisa

Andrade é de Vila Velha/ES

I L H A

Acima das nuvens
Fora do solo da irmã Terra
Há uma Ilha

Às vezes vou para lá
Apenas relaxar
Acima dos aviões

Jamais usei drogas para ir lá
Nem para nada
Apenas relaxo...e vou...vou...

Não ouço o ruído da guerra
Vejo a irmã Lua
E o irmão Sol
E tudo muito pequeno
Na Irmã Terra

Sinto-me UNO com o Cósmico

Mas não estou no espaço sideral
Estou na Ilha...agora
Não estou perdido
Não estou fora
Não sinto dor

Estou em uma Ilha
Chamada
EU INTERIOR...

DELEITE EM VERSOS LIVRES

...Hoje me deleitei...com a beleza que vejo em você...
Meus olhos furta-cores buscaram
os seus olhos de esmeralda...
Minhas mãos ‘acariciaram’ seus cabelos,
“negros como as asas da graúna”...

Meus lábios pousaram nos seus lábios
“doces como um favo de mel”...
Suavemente...
Então...Viajamos juntos até o Paraíso...

De repente...desvanecemo-nos em brumas cor de Amor...
...Era somente sonho de Mago e Fada?...
Eu já nem sei se era real...ou nada...

E L O

Eu sou aquele que foge do extremo...
Ligo um extremo ao outro, o meio ao fim...
Onde? A corrente inteira está em mim...

CÉU AZUL

Estava tudo calmo no oceano.
E então foi se fechando o tempo, lento...
Nuvens escuras, raios (que momento),
E ainda: ondas gigantes, mar insano...

E eu, sozinho, em meu barco, desgarrado,
fui navegando nas revoltas águas.
E a natureza a liberar suas mágoas...
E Deus, de Jonas, a bradar, irado.

Dizem que Deus, em sua onisciência,
é sempre bom, é justo, é sempre amigo.
Mas, vez por outra, perde a paciência:
Acho que agora Ele a perdeu comigo...

Por que? Sei que motivos tem de sobra,
com a humanidade inteira...eu somente?
(E enquanto penso, faço uma manobra).
Navego e vou. Canso, meu corpo sente...

Relaxo, e então faço uma prece viva...
Não mais questiono...me entrego...adormeço...
Sonho, deliro, viajo ao léu, me esqueço...
E no oceano, a minha nau deriva...

Raios? Trovões?...e eu a dormir sonhando...
Voltou meu barco ao porto firme, ao sul...
Quando me acordo, vejo o sol brilhando,
a natureza calma, o céu azul...

L U Z

Ah! Quanta Luz entrou pela janela,
Quando evoquei meu Deus interior...
Como expandiu-se a Luz de minha vela!
Que então mostrou-se em três: Luz, Vida e Amor!

Ah! Quanta Luz entrou pelo meu peito,
E se alojou dentro do coração!
Eu me infundi no Um, no Deus perfeito...
E iluminou-se a Vida desde então...

Ah! Quanta Luz entrou na minha mente!
E a vibração que hoje o meu corpo sente
É tão sublime que extinguiu a dor.

Ah! Quanta Luz me invade o corpo inteiro:
Sinto o universo, justo e verdadeiro;
O Todo é o Um, e a criação, o Amor...

QUO VADIS?

Passo na porta, quase que enlatado...
Deparo com o humilde escudeiro:
"-Aonde vais senhor?" - Ao mundo inteiro.
Respondo ao homem do olho dilatado.

Embora tendo um olho...e outro não.
Meu escudeiro, sempre dedicado,
Sorri pra mim, depois cospe de lado
E me convida, no dialeto: - Vão?"

Meu escudeiro???...Mas, que tempo é esse?
Onde é a espada o símbolo do bem?
Tempo de muitos? Tempo de ninguém?
Tempo de ajuste? Tempo de benesse?

E então me acordo: um reboliço imenso...
Nas ruas, terremoto, um tiroteio...
Furacão, meteoro... é devaneio?
Como Descartes: Já que existo, penso...

ESPERA

Olho p'ra natureza e leio...leio...
Cai a semente...sol e chuva...espera...
Espera...e nasce, e cresce...é primavera...
E o tempo passa...espera...o fruto veio...

Espera...e o vento, e a chuva...e o fruto cresce...
Espera...e gira a terra, e esfria, e esquenta,
Tudo se acalma...chove, e gela, e venta...
E o tempo...espera...e o fruto amadurece...

E cai o fruto...e o ciclo recomeça...
Vem o verão e o outono...e o inverno surge...
E o vento sopra, e a chuva cai e cessa...
E a natureza vive...e o tempo urge...

...Vou caminhando e lançando semente...
E passa o dia, o mês, o ano...a era...
...Minha colheita?...A voz que nunca mente
"Me diz: “espera...espera...espera...espera...”

R E A L

(Escrita em 1981, publicada no livro “Vôos de pés no chão” – ACE - 1ª edição – 1995 – Vitória –ES)

 A natureza eu sinto em mim vibrando:

O mar, o submar, peixes nadando,
Gaivotas e pardais em frenesi,
As gotinhas do orvalho cintilando,

O amor, a planta, a flor, o colibri,
O infinito e essa imensidão de estrelas
Que fascinam e eu me detenho a vê-las,
Querendo ir morar no meio delas...

Sensitivas janelas de minh’alma,
Que se tocam com tudo a minha volta,
Os meus olhos percebem, mente solta,
Que afinal há o real, o grito, a calma.

E a poesia, que fora lírio puro,
Passeia por casebres, por calçadas,
Pelos presídios, pelo beco escuro,
Pelos muitos, por poucos, pelos nadas...

O lirismo se envolve à realidade,
Que é o bem e o mal, concreto, natureza,
Amor, amor, furor, sonho, verdade...
Morrem e nascem pessoas na cidade.

Fonte:
http://www.culturarevista.jor.br/andradesucupira.htm

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Antuérpio Pettersen Filho (Poesias Escolhidas)


A ROSA E O BANDIDO

No jardim da casa
 onde morava um bandido
 um botão se abriu em rosa
 e desbrochou.
 Não compreendendo
 que aquele jardim era proibido
 a rosa ali continuou.

 Ninguém podia compreender
 o feio e o bonito
 ali, juntos...

 Por que a semente
 o vento não levou
 para outra casa
 perto dali?

 Mas, não...
 a rosa preferiu
 aquele jardim dentre todos,
 e isso a vizinhança
 não podia aceitar.

 Logo alguém
 roubou a rosa do jardim...
 O bandido desesperado
 pela rosa procurou
 mas não achando nada
 com seis tiros se matou.

 Desde esse dia
 todo mundo que ali passava
 falava que naquela casa
 mora o amor.

A QUALQUER MOMENTO

A qualquer momento...
 Qualquer coisa...
 Pode acontecer...

 Há algo mais pesado no ar
 Do que jatões transcontinentais.
 Há algo mais circulando
 Pelas ruas da cidade
 Do que motocicletas
 E carros em alta velocidade...

 Há um cheiro mais forte no vento
 Do que combustível queimado
 Ou odor de cigarro.
 Há no peito marcas mais visíveis
 Do que as de freio no asfalto
 Ou um salto na escuridão.

 Existe nos olhos
 Uma luz mais intensa
 Do que o brilho dos refletores
 Ou dos letreiros luminosos...Agora!
 A qualquer momento...
 Qualquer coisa pode acontecer!

O VELHO PAI

Todos os dias
 o velho acordava
 pegava a cadeira
 colocava na varanda
 pegava a vassoura
 varria a calçada...
 e assistia
 as pessoas passaram.

 Um dia
 o velho não acordou
 não pegou a cadeira
 não colocou na varanda
 não pegou a vassoura
 não varreu a calçada...
 não assistiu
 as pessoas passarem.

REALIDADE

Quando eu me dei por mim,
 Ela já estava ali...
 Batendo por detrás da porta
 tocando a campainha
 insistindo em entrar...

 Eu corri, e tranquei a janela.
 Fechei as cortinas, prendi a respiração.
 Apaguei as luzes... Fingi dormir.

 Então, em um golpe certeiro
 Ela pôs abaixo a porta...
 Entrou na ventania
 os pés sujos de barro
 manchando o carpete da sala.
 A minha biblioteca
 ficou toda revirada.

 Ela não vacilou:
 Bateu na minha cara
 sentou no sofá da sala
 e ficou ali me olhando...
 Minha vida estava por um triz.

 Chegou invadindo o meu lar
 destruindo os meus sonhos...
 Eu nem havia chamado
 mas Ela estava ali
 me cobrando ser homem,
 e a decisão.

AMOR À PORTUGUESA 

 Eu beijo de língua
 a Língua da Portuguesa
 mas isso me faz
 sentir-me mau.

 Aliás,
 não sei se me sinto mal
 com “l”
 ou se me sinto mau
 com “u”:

 Pensando bem
 me sinto bem !
 Meu bem.

Fontes:

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Maria do Carmo Marino Schneider (1941)


Maria do Carmo Marino Schneider nasceu no município de Colatina, no Estado do Espírito Santo, em 1 de setembro de 1941. 

Professora universitária, Graduada em Letras pela UFES, com especialização em Educação à Distância, pela UNED-Madri, Espanha, Mestrado em Educação pela PUC - Rio. 

Membro da Academia Feminina Espírito-santense de Letras onde ocupa a cadeira nº 17, cuja patrona é Maria Madalena Pisa. 

Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e do colegiado cultural do jornal Estado de São Paulo. 

Diretora Cultural da Aliança Francesa de Vitória. 

Vencedora de vários prêmios literários no país, em prosa e verso, tem obras publicadas em antologias de poetas representativos da literatura nacional em Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. 

Maria do Carmo lançou em 2007 um CD "Caminho, Verdade e Vida", com músicas religiosas.

Obras:

– "Fio de prumo" 1989
– "Só ser" - 1991
– "Nós" - 1992
– "Sonatas" - (Reune textos dos primeiros livros, Fio de prumo (1989), Só ser (1991), e mais inéditos), Prefácio de Francisco Aurélio Ribeiro, Vitória, 1996
– "Aquarelas Poéticas" ( poemas) - Prefácio de Maria de Lourdes M.A. Soares, Lei Rubem Braga/Companhia Vale do Rio Doce, Vitória, 1996
– "A música folclórica brasileira" - das origens à modernidade 1999
– "Victor Hugo - a face desconhecida de um gênio" 1999

Participação nas coletâneas: 
– A poesia Espírito-santense no Século. XX - org. Assis Brasil, Ed. Imago.
– Antologia de Escritoras Capixabas - org. Prof. Francisco Aurélio Ribeiro
– Entre dois séculos: Escritos de Vitória -18 - Cidade Presépio
Poemar.
– Antologia 2003 - Textos e Tramas, da AFESL
– Antologia 2004 - Ecos da Terra Capixaba, da AFESL
– Antologia 2005, da AFESL, Dança das Palavras, organização dela e de Marlusse Pestana Daher.
– Antologia Clepsidra, da AFESL, organização de Jô Drumond e Graça Neves, Vitória/ES, 1a. edição, GSA - Gráfica Santo António Ltda, 2007
– IV Varal de Poesias, com os poemas "Sombras no silêncio", declamado por Ângela Chequer e "Ninho da alma", declamado por Márcia Galdio. Este projeto é uma realização do Vagão Espaço Arte, idealizado pelo poeta Italo Campos, em 1998,
– V Varal de Poesias, com o poema "Informática” declamado por Ângela Chequer e "Sombras no silêncio", declamado por Haroldo Bussotti.
– VII Varal de Poesias, com o poema "Chama", declamado por Madu Marino.
– VIII Varal de Poesias, com o poema "Mulher ".
– IX Varal de Poesias.
– “Fruta no Ponto” - 2009, sob a Direção Geral de Suely C. Milagres, Gestora Cultural e Curadora do Vagão Espaço Arte. 
– Catálogo 2009, Letras Capixabas em Arte, organizado por Maria das Graças Silva Neves.
– Projeto "Primavera: Arte e Literatura", realizado na Galeria Virgínia Tamanini, no período de 27/10 a 20/11/2009
– "Espaço Cultural do TECAB", realizado do dia 22/06 a 12;07/2010.
– Antologia "Múltiplas Vozes", 2010, da AFESL.

Parcerias: 
Canzoni D'Amore (italiano/português)1999
Ave Marias 1998
Mistral (português e francês.)1999

Bibliografia: 
Vozes e Perfis - Antologia 2002 Academia Feminina Espírito-santense de Letras
A Poesia Espírito-Santense no Século XX, organização, introdução e notas de Assis Brasil,1998

Fonte:
http://www.poetas.capixabas.nom.br/pesquisa/poesia.asp?poesia=3369

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Rubem Braga (Chegou o Outono)

 Não consigo me lembrar exatamente o dia em que o outono começou no Rio de Janeiro neste 1935. Antes de começar na folhinha ele começou na Rua Marquês de Abrantes. Talvez no dia 12 de março. Sei que estava com Miguel em um reboque do bonde Praia Vermelha. Nunca precisei usar sistematicamente o bonde Praia Vermelha, mas sempre fui simpatizante. É o bonde dos soldados do Exército e dos estudantes de Medicina.

Raras mulatas no reboque; liberdade de colocar os pés e mesmo esticar as pernas sobre o banco da frente. Os condutores são amenos. Fatigaram-se naturalmente de advertir os soldados e estudantes; quando acontece alguma coisa eles suspiram e tocam o bonde. Também os loucos mansos viajam ali, rumo do hospício. Nunca viajou naquele bonde um empregado da City Improvements Company: Praia Vermelha não tem esgotos. Oh, a City! Assim mesmo se vive na Praia Vermelha. Essenciais são os esgotos da alma. Nossa pobre alma inesgotável! Mesmo depois do corpo dar com o rabo na cerca e parar no buraco do chão para ficar podre, ela, segundo consta, fica esvoaçando pra cá, pra lá. Umas vão ouvir Francesca da Rimini declamar versos de Dante, outras preferem a harpa de Santa Cecília. A maioria vai para o Purgatório. Outras perambulam pelas sessões espíritas, outras à meia-noite puxam o vosso pé, outras no firmamento viram estrelinhas. Os soldados do Exército não podem olhar as estrelas: lembram-se dos generais. Lá no céu tem três estrelas, todas três em carreirinha. Uma é minha, outra é sua. O cantor tem pena da que vai ficar sozinha. Que faremos, oh meu grande e velho amor, da estrela disponível? Que ela fique sendo propriedade das almas errantes. Nossas pobres almas erradas!

Eu ia no reboque, e o reboque tem vantagens e desvantagens. Vantagem é poder saltar ou subir de qualquer lado, e também a melhor ventilação. Desvantagem é o encosto reduzido. Além disso os vossos joelhos podem tocar o corpo da pessoa que vai no banco da frente; e isso tanto pode ser doce vantagem Como triste desvantagem. Eu havia tomado o bonde na Praça José de Alencar; e quando entramos na Rua Marquês de Abrantes, rumo de Botafogo, o outono invadiu o reboque. Invadiu e bateu no lado esquerdo de minha cara sob a forma de uma folha seca. Atrás dessa folha veio um vento, e era o vento do outono. Muitos passageiros do bonde suavam.

No Rio de Janeiro faz tanto calor que depois que acaba o calor a população continua a suar gratuitamente e por força do hábito durante quatro ou cinco semanas ainda.

Percebi com uma rapidez espantosa que o outono havia chegado. Mas eu não tinha relógio, nem Miguel. Tentei espiar as horas no interior de um botequim, nada conseguindo. Olhei para o lado. Ao lado estava um homem decentemente vestido, com cara de possuidor de relógio.

- O senhor pode ter a gentileza de me dar as horas?

Ele espantou-se um pouco e, embora sem nenhum ar gentil, me deu as horas: 13:48. Agradeci e murmurei: "chegou o outono". Ele deve ter ouvido essa frase tão lapidar, mas aparentemente não ficou comovido. Era um homem simples e tudo o que esperava era que o bonde chegasse a um determinado poste.

Chegara o outono. Vinha talvez do mar e, passando pelo nosso reboque, dirigia-se apressadamente ao centro da cidade, ainda ocupado pelo verão. Ele não vinha soluçando les sanglois longs des violons de Verlaine, vinha com tosse, na quaresma da cidade gripada.

As folhas secas davam pulinhos ao longo da sarjeta; e o vento era quase frio, quase morno, na Rua Marquês de Abrantes. E as folhas eram amarelas, e meu coração soluçava, e o bonde roncava.

Passamos diante de um edifício de apartamentos cuja construção está paralisada no mínimo desde 1930. Era iminente a entrada em Botafogo; penso que o resto da viagem não interessa ao grosso público. O próprio começo da viagem creio que também não interessou. Que bem me importa. O necessário é que todos saibam que chegou o outono. Chegou às 13:48 horas, na Rua Marquês de Abrantes, e continua em vigor. Em vista do que, ponhamo-nos melancólicos.

 Fonte:
200 Crônicas Escolhidas.

sábado, 14 de julho de 2012

Bernardo Trancoso (Caderno de Sonetos I)


A ROSA BRANCA (I)

Tantas púrpuras rosas no rosal;
Grosas e grosas, tão bonitas rosas;
Entre as rosas vultosas, majestosas,
Brota uma branca rosa, desigual.

Meu olhar só percebe a rosa tal;
Prefere-lhe, entre rosas mais charmosas;
Rosas prá te dizer que, em meio às grosas,
És como a rosa branca, especial.

Tens no andar que alucina novas cores;
É por ter novas cores que alucina;
És preferida, dentre mil amores.

Como a flor no rosal, tão pequenina
Que, perante outras mais formosas flores,
Difere e, o coração, logo ilumina.

A ROSA BRANCA (II)

Tantas púrpuras rosas pelo chão;
Grosas e grosas, lá se vão as rosas;
Entre as rosas feiosas, mal-cheirosas,
Brilha uma branca rosa, em exceção.

Meu olhar escolheu tal rosa, então,
Protegeu-lhe, entre rosas perigosas.
Rosa a seiva que falta àquelas grosas,
Concede à rosa branca o coração.

Contrastes já não valem mais, nem cores
Que, dentre mil amores, são só teus,
Pois o tempo carrega esses primores.

Vale é ser essa flor que, aos olhos meus,
Nunca apodrecerá, como outras flores.
Vais brilhar nos rosais do eterno Deus.

A ROSA BRANCA (III)

Tantas púrpuras rosas na avenida;
Grosas e grosas, tão vendidas rosas;
Entre as rosas vistosas, preciosas,
Falta uma branca rosa, preferida.

Meu olhar arrancou da rosa a vida,
Elevou-lhe, entre rosas valiosas.
Rosa eterna nos versos e nas prosas,
És como a rosa branca, a mais querida.

Elegi essa cor, dentre outras cores,
Prá provar grande amor que, às vezes, vem.
Que não podem trazer vermelhas flores,

Que nem podem querer comprar, também,
Porque, nessa avenida, os vendedores
Não darão seus amores prá ninguém.

SONHO ACORDADO

Sonhei teu grande amor ter encontrado.
Quando acordado, não acreditei
No corpo que avistei, ali, deitado,
Bem ao meu lado, como desejei.

Paraíso sem lei, por mar cercado;
Diante de um reinado imenso, o rei;
De desejo, eu fiquei desencontrado;
Fui tentado a sonhar, quando acordei.

Por demais te querer, te ter também -
Sentimento que, vez em quando, imponho,
Quando alguém já me torna mais risonho -

Tive a alegria, enfim, que poucos têm,
Ao ver um dia, ao lado do meu bem,
Um sonho, transformar-se em outro sonho.

SONHOS E TROVAS

Um grande sonhador quer acordar
No meio de um amor que faz sonhar
Prá, quando se deitar, sua alma em flor,
Desperto, ele sonhar com esse amor.

Quer mais um trovador, já quer cantar
Toda forma de amor que imaginar
Prá, quando a flor murchar e ele se for,
Seu canto inda ecoar, num sonhador.

Sonhos e trovas juntos na alegria
Que, um dia, plante fé no coração,
Ao sentimento amor, que principia,

Levando o sonhador à conclusão:
Paixão não sobrevive, sem poesia;
Poesia também morre, sem paixão.

O PERFUME

O amor, como o perfume, deixa indícios
De euforia em quem sente o seu odor;
Ambos dão alegria, ambos dão vício,
E mesmo os seus resquícios têm sabor.

Em tão pequenos frascos, benefícios;
Num coração ou vidro, tanto ardor;
Mas deves desfrutar sem desperdícios,
Seja perfume d'alma, seja amor.

Têm de todos os tipos prá agradar:
Um deles, quase eterno; outro, ligeiro.
Melhor é o que mais caro te custar,

Mas importa que seja verdadeiro
Pois, tendo um falso, logo há de notar
Que paixão não vai dar, com ou sem cheiro.

NATUREZA

Tens das pedras dureza; tens, agora,
Da noite que apavora, vã frieza.
A incerteza que tens, é de quem chora
Quando o amor vai embora; tens tristeza.

Tens, porém, chama acesa; vida aflora
Do teu peito, ó senhora; és natureza -
Da fauna, tens riqueza e quem te adora,
E da flora, bem mais, pois, tem beleza.

Só pareces não ter o dom vibrante,
O desejo constante de viver,
A grandeza de ser a cada instante,

Quando o mais importante é renascer.
Esse dom de manter a dor distante,
Em plantas e animais, vais perceber.

CEM PALAVRAS

Não pode ser você quem vejo aqui!
Sim, sou... Que bom te ver! Tempo passou,
Você cresceu... Você também mudou...
Por onde andou? Aí... Muito aprendi!

Por que voltou? Saudade deu de ti!
Não fale assim... É, sim... Quem me ensinou
O amor, nunca esqueci... por isso, estou
Aqui! Prá ter de volta o que perdi!

Anos depois... Pois é... Um dia, eu cá
Pensei, não voltará! Errei... Você
Deixou-me a dor, mas cri... Quem ama, crê!

Foi tanto o que sofri! Não sofrerá!
Se depender de ti... Mudei! Virá?
Vou... Sem palavras, já... Falar, prá quê?

JARDINEIRO

- Recita uma poesia para mim!
- Jardim! - o trovador já respondia -
tens do brilho das flores a alegria.
Em teu corpo, o perfume é de jasmim.

Lugar que eu regaria tanto assim,
Com luz e com paixão, e todo dia.
Para mim, nada mais importaria
Que ter tua beleza minha, ao fim.

Faria um paraíso em teu canteiro,
Se tu me concedesses um segundo,
Prá provar meu amor, que é verdadeiro.

Nessa doce empreitada, lá no fundo,
Eu seria o teu servo, um jardineiro...
O jardineiro mais feliz do mundo.

Fonte:
Sonetos

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Marly de Oliveira (Antologia Poética)

CERCO DA PRIMAVERA

5.


Molhava os cabelos negros
nas águas da noite, quando
cheio de sombra acendeste
uns olhos cor de limão,
iluminando o silêncio
com o simples tocar de mão.

Um rumor de vinho claro,
de bocas e mãos unidas
e um cheiro de mel e flor,
rasparam, ai, como espada,
meu corpo cheio de noite
e o teu, perdido de amor.

Por certo que não queria,
mas tinha a cintura e jeito
ao teu abraço achegados,
e na sombra relumbrava
a água verde dos teus olhos
nos meus cabelos molhados.

Tremores de vento e lua
encabritavam-me o sangue,
e penas de sal e fogo
talavam o silêncio escuro,
ferindo nossas cadeiras
e amarfanhando o chão duro.

Em frio e fogo de amor
apenas luz se alongaram
curvados talhes desnudos.
E nas sombras o silêncio
agitava como franjas
seus longos braços agudos.

RETRATO

Deixei em vagos espelhos
a face múltipla e vária,
mas a que ninguém conhece
essa é a face necessária.

Escuto quando me falam,
de alma longe e rosto liso,
e os lábios vão sustentando
indiferente sorriso.

A força heróica do sonho
me empurra a distantes mares,
e estou sempre navegando
por caminhos singulares.

Inquiri o mundo, as nuvens
o que existe e não existe,
mas, por detrás das mudanças,
permaneço a mesma, e triste.

               De Cerco da Primavera (1958)

EXPLICAÇÃO DE NARCISO

1.

A carne é boa, é preciso louvá-la.
A carne é boa, não é triste ou fraca.
O que a atinge é a fraqueza que há num homem,
a tristeza, maior que um homem, mata-a.
A carne nada tem, salvo o seu sono,
barro tranqüilo de harmoniosa forma,
corpo que distraídos animamos,
fonte real de toda a nossa glória.
A carne é o instrumento do princípio,
é por ela que eu vivo, que vivemos,
e se revela o amor como é preciso;
o que está fora se une ao que está dentro,
alma e corpo no corpo confundidos,
e a sensação completa de estar vendo.

18.

Num tempo alheio ao tempo, a sós comigo
mais uma vez diante de mim, me escuto:
o meu rebanho ficou longe, longe,
e sou pastor apenas do meu luto.
Mana de mim como um silêncio o amor,
e uma angústia, uma estrela em que me escudo
extremamente para não morrer,
de meus próprios recursos inseguro.
Que saudade de mim me vem agora
quando revejo a fonte com seu brilho
onde meu rosto urgia um tempo-outrora!
Permanência do amor ou desafio
ao tempo, no âmago de mim se vota
um sol eterno e cada vez mais frio.

               De Explicação de Narciso (1960)

A SUAVE PANTERA

1.

Como qualquer animal,
olha as grades flutuantes.
Eis que as grades são fixas:
Ela, sim, é andante.
Sob a pele, contida
— em silêncio e lisura —
a força do seu mal,
e a doçura, a doçura,
que escorre pelas pernas
e as pernas habitua
a esse modo de andar,
de ser sua, ser sua,
no perfeito equilíbrio
de sua vida aberta:
una e atenta a si mesma,
suavíssima pantera.

11.

Como no fundo da ostra a pérola
ela se deita veludosa,
mas anda com patas rebeldes
seu coração com uma glória.
Tem um ritmo de silêncio
a força com que ele desprega
as patas a cada momento,
numa espécie de ânsia secreta.
Violento é o sono do seu corpo,
mas sem aspereza nenhuma,
igual à queda de uma coifa
brusca e silente na verdura,
sem direção, igual à paina
mas uma paina concentrada,
mas uma paina vigorosa,
seu sono cego, cheio de asas.

               De A Suave Pantera (1962)

O SANGUE NA VEIA
25.

Escrevo; logo, sinto, logo, vivo,
e tiro-lhe ao viver a indisciplina
que o espraiaria, que o dispersaria,
e dou-lhe a minha forma comedida,
a que tem o tamanho de um amor
que eu guardo, que não gasto, não disperso;
amor que se concentra em dura pérola,
não pétala, não isto que é um excesso,
pois que pode voar; o que me fica
de tudo o que acontece e não se altera,
de tudo o que acontece e me escraviza,
e do que escravizando me liberta.
Escrevo; logo, sou quem se domina,
e quem avança numa descoberta.

               De O Sangue na Veia (1967)

XVI

                              À Mônica (aos três anos)

Um súbito silêncio enfreia a mágica
aventura de estar entre os objetos
que apenas reconhece. Ela adormece
a meus pés como um gato, um bicho quieto,
com doçura felina, suave e intensa,
recolhida em si mesma contra o frio
da noite. Ela me é, me dorme no seu sono,
desdobrada de mim, além de mim,
que a recebi sem entender, atenta
ao milagre de vida de que fui
receptáculo apenas, serva mansa,
e em tudo obediente à natureza.
Dorme a meus pés, e meu amor reinventa-se
vendo-a tão calma assim, tão sem defesa.

               De Contato (1975)

Clarice

XVIII.

Revejo seu rosto nos vários retratos:
cada um capta algo, nenhum a totalidade
do que ela foi, do que é ainda,
a cada instante outra/renovada.
Eu sei que ela tocou no escuro o Proibido
e conheceu a Paixão
com todas as suas quedas.
Quem esteve a seu lado sabe
o que é fulguração de abismo
e piscar de estrela na treva.

               De Aliança (1979)

Alguns poemas

11. 
Um dia vou ser apenas uma biografia.
Nem isso, talvez, uma inscrição
numa pedra qualquer,
no pó que o vento leva,
na memória inconstante dos que amei
de forma certa.

29. Ser poeta não é ambição minha,
diz Pessoa,
é a minha maneira de estar sozinho.
É também a maneira de esquivar-me
à ação, eu acrescento,
subjugada por forças poderosas,
enquanto o pensamento
cava fundo
no abismo.

30. A função do poema: conhecer,
A função do teorema: desafio
que leva à abstração, à conjetura.
A função da esperança: convencer
que o poema, o teorema, a ciência, a invenção,
o semáforo, a história, a explosão
de Hiroshima; Picasso e sua glória;
o decalque, a estrutura, a rachadura,
a ruptura, a eternidade, a desmemoria;
a ignorância, a pobreza, a riqueza,
a insuficiência, a morte têm sentido.

INSCRIÇÃO

Eu. E diante da vida,
com meu azul intacto,
Um esbatido de pássaros.
Alto no vento. Grato.

A sensação de ser
só, uno, um, completo.
No redondo das horas,
pleno, lúcido, cego.

O que de mim salvando
se vai a cada instante,
nesse morrer diário
e sucessivo: um canto.

TRÊS POEMAS DE OUTUBRO

1. 
Lume, teu rosto,
agudo e novo
como um descobrimento,
E tuas mãos silêncio,
como noturno fruto
pendido sobre mim.
Eu em ti,
com meus arroubos de ave,
mas sem querer partir.

2. 
Quando às vezes te assalto
com meu querer noturno,
ébrio de mãos e beijos,
não é alguém que busca
o limiar de um lábio
ou vinho, para a mesa.
Alguém de copo em mão,
no umbral da tua porta,
o infinito suposto
quer, para além do umbral
e para além da porta.

3. 
No céu inteiro penso,
amplo de vôos límpidos
e bicos musicais,
torso desnudo e azul
como o de um pombo triste,
nuvens como asas doces,
de um corpo altivo e elástico.
No espaço em que naufrago,
onde as horas não querem
portais ou tetos, penso,
quando te chamo pássaro.

MORTE

E lutarás comigo,
fresca ainda de vento,
presa às luzes do dia
pelos cabelos últimos.
Quebrantarás meus olhos,
sei.
Apagarás as mãos
para a ternura,
para o amor,
também sei.
E alçarás a distância
entre mim e quem amo,
imperdoável.
E me terás por fim.
Mas se entrega, dura.
Mais que difícil,
fria.

ELEGIA
 
Teu rosto é o íntimo da hora
mais solitária e perdida,
que surge como o afastar-se
de ramos, brando, na noite.
Não choro tua partida.

Não choro tua viagem
imprevista e sem aviso.
Mas o ter chegado tarde
para o fechar-se da flor
noturna do teu sorriso.

O não saber que paisagens
enchem teus olhos de agora,
e este intervalo na vida,
esta tua larga, triste,
definitiva demora.
Fontes:
Carlos Machado. Poesia.net – numero 272 – ano 10. www.algumapoesia.cdm.br
http://marlydeoliveira.blogspot.com/search/label/CERCO%20DA%20PRIMAVERA

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Joubert de Araújo e Silva (1915 - 1993)


Joubert de Araújo Silva nasceu em São Felipe, no município de Cachoeiro de Itapemirim, no Estado do Espírito Santo, em 29/11/1915, filho de Venâncio Silva e Maria Adelaide de Araújo Silva.

Iniciou-se literariamente incentivado por Newton Braga, colaborando no "Correio do Sul" e na revista "Vida Capixaba".

Em 1939, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde ingressou no antigo IAPI.

Pertenceu à UBT, sendo redator do órgão oficial da entidade - Trovas e Trovadores.

Conquistou centenas de prêmios, inclusive o de Magnífico Trovador por 3 vezes nos Jogos Florais de Nova Friburgo. Obteve também premiações com vários sonetos e recebeu inúmeras honrarias, inclusive o título de Intelectual do Ano, em 1954 - pelo Jornal "Mensagem" e pela Casa da Cultura de Alegre, onde se sagrou um dos vencedores em 6 Jogos Florais.

Na Academia Cachoeirense de Letras ocupou a cadeira n.34 cujo patrono é Florisbelo Neves. A Academia Espírito-santense de Letras o premiou, em 1985, com o livro Caminhada, onde predominam os quartozetos.

Faleceu em 22/07/1993.

Obras:

"Caminhada" - 1990
Participação na Coletânea "Poetas Cachoeirenses", de Evandro Moreira.

FONTE:
Poetas Cachoeirenses, de Evandro Moreira

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Aparecido Raimundo de Souza (Promessa)


O teu olhar me enleva
e me leva
para o mundo
encantado
dos sonhos
realizados.

O teu olhar
completa
o meu olhar
o espaço
o tempo
os corpos
desaparecem
e tudo
é perfeito
ao fitar
o teu olhar.

A promessa
do teu olhar
expressa
a promessa
do meu olhar
e desejo
que entendas
como eu entendo
o que falamos
ou deixamos
de falar
pelo olhar.

A promessa do teu olhar
faz-me ver
o paraíso
na Terra
o teu olhar
que se estende
ao meu olhar
se funde
na promessa
de um olhar terno
e belo.

Meu olhar
queda-se
no teu olhar
e vive por um momento
lampejos de luz
que aquecem
vibram
e antevêem
o ardor
de uma paixão
vindoura
que agora
é só promessa.

Fonte:
O Autor

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Trova 172 - Beatriz Abaurre (Vitória/ Espirito Santo)

Beatriz Abaurre (1937)


Maria Beatriz Figueiredo Abaurre nasceu em Londrina, no Estado do Paraná, em 31 de agosto de 1937. filha de João Figueiredo e de Marina Affonso Figueiredo.

Mudando-se para o Espírito Santo, obteve diploma de Graduação em Piano (EMES). Fez vários cursos de especialização na área de Música e Cultura. É autora de letras de música.

Integrante da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo no período de 1980/1984 e da Orquestra de Câmara da UFES de 1990/1997.

Ocupou os cargos de Diretora da Fundação Cultural - do Departameto Estadual de Cultura - e da Escola de Música do Espírito Santo.

Escritora, poeta, trovadora, teatróloga.

Vencedora do concurso literário promovido pelo jornal "A Gazeta" com o conto "Era uma vez".

Vencedora de vários concursos de trovas, é membro do Clube de Trovadores Capixaba. autora da peça teatral "Os Inconfidentes" - 1970.

É membro da Academia Feminina Espírito-santense de Letras, onde ocupa a cadeira n. 20, cuja patrona é Juracy Loureiro Machado.

Obras:

Payé-guaçú (Revista do IHGES, n. 49), 1997
A revolução das violas (infanto-juvenil) 1997
Joaquim e seu flautim (infanto-juvenil)1998
A jibóia que virou trompa (infanto-juvenil) 1998
A Metaficção Histórica no Romance Cotaxé de Adilson Vilaça - Monografia transformada em livro pelo IHGES
Ticumbi, Preservação que se impõe - em fase de editoração
O mundo mágico da Música
Gritos sem respostas ( poemas)
Mensagem a Saturno (contos e crônicas)
As folhas da figueira (romance)
Sob um Raio de Lua (infanto-juvenil) em fase de ilustração
A história da cultura capixaba através de seus órgãos oficiais (ensaio)
Geografia afetiva de uma Ilha 2002
-----
Participação na Antologia 2003 - Textos e Tramas - da Academia Espírito-santense de Letras.

Participação na Antologia 2004 - Ecos da Terra Capixaba, da AFESL

Participação na Antologia 2005 - Dança das Palavras - organização de Maria Beatriz Nader e Marlusse Pestana Daher.

Participação na Antologia Clepsidra, da AFESL, organizada por Jô Drumond e Graça Neves, Gráfica Santo Antônio Ltda - GSA, Vitória/ES, 2007.

Participação no Catálogo 2009, Letras Capixabas em Arte, organizado por Maria das Graças Silva Santos.

Fonte:
http://www.poetas.capixabas.nom.br/

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Trova 171 - Athayr Cagnin (Cachoeiro do Itapemirim/ ES)

Athayr Cagnin (1918)



Athayr Cagnin, poeta e trovador, nasceu no município de Cachoeiro de Itapemirim, no Estado do Espírito Santo, em 20/11/1918, filho dos imigrantes italianos Urbano Cagnin e Josefa Volpato Cagnin.

Fez o curso primário no Grupo Escolar "Bernardino Monteiro" e o secundário em exames de madureza no Externato "Pedro II ", depois de ter passado pelo Ginásio "Pedro Palácios" e "Instituto Popular", do professor João de Barros.

Formado em Odontologia pela Faculdade de Farmácia e Odontologia de Vitória, iniciou suas atividades profissionais na cidade da Serra-ES, transferindo-se posteriormente para Cachoeiro de Itapemirim.

Iniciou-se nas letras ainda muito jovem, colaborando nos jornais e revistas do Estado do Espírito Santo.

Foi nomeado professor catedrático do ensino secundário pelo Governo do Estado do Espírito Santo, após ter sido aprovado com distinção em concurso público de títulos e provas. Em outro concurso realizado em 1965 conquistou o 1º lugar na cadeira de "Ciências Físicas e Biológicas ( 2º ciclo) do Liceu "Muniz Freire", do qual também foi Diretor.

Agraciado com o título de "Professor Emérito" da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras "Madre Gertrudes de S. José" pelos relevantes serviços prestados à entidade.

Ex-membro do Conselho Estadual de Cultura, ocupa a cadeira n.02 da Academia Espírito -Santense de Letras, que tem por patrono Graciano dos Santos Neves e a cadeira n. 06 da Academia Cachoeirense de Letras que tem por patrono Narciso de Araújo.

É também membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim.

Obras:

"O aparelho fonador e a articulação dos fonemas" (tese de concurso) 1948
"Seixo rolado" ( poesias) -Frangraf, Cachoeiro de Itapemirim- 1982
"Cantigas em quatro linhas" - trovas - Gracal Gráfica & Editora, Cachoeiro de Itaperimirim, 1996

Participou das antologias "Trovadores do Brasil" e "Nossas Poesias", de Aparicio Fernandes.
e de "A Poesia Espírito-Santense no Século XX", organização, introdução e notas de Assis Brasil, 1998
"Cantigas em Quatro Linhas" - trovas, 1996
Meus poemas teus - 2001
Poemas rimados (inédito)
"Ainda o soneto" - 2006

Participação na Coletânea "Serra em Prosa & Versos - Poetas e Escritores da Serra", organizada por Clério José Borges de Sant'Anna.

Participação no Catálogo 2009, Letras Capixabas em Arte, organização de Maria das Graças Silva Santos.

Fonte:
http://www.poetas.capixabas.nom.br/

domingo, 15 de novembro de 2009

Clério José Borges de Sant´Anna (1950)



Historiador, Escritor, Poeta Trovador Capixaba

Clério José Borges nasceu em 15 de setembro de 1950, em Aribiri, Vila Velha, ES. Formou-se Técnico de Contabilidade.

É Escrivão de Polícia Civil desde 28 de março de 1975, tendo recebido as Medalhas de Bronze, Prata e Ouro, por 30 anos de serviços prestados a Polícia Civil do Estado do Espírito Santo.

Fundou e foi o primeiro presidente da Academia de Letras e Artes da Serra, na cidade de mesmo nome, no Estado do Espírito Santo.

É também fundador e primeiro Presidente do CTC – Clube dos Trovadores Capixabas, entidade cultural fundada em 1º de Julho de 1980.

Membro do Clube Baiano da Trova, fundado por Rodolfo Coelho Cavalcante. Destacado ativista dos meios literários e trovistas, foi, inclusive, fundador da FEBET - Federação Brasileira de Entidades Trovistas, junto com o Escritor Paranaense Eno Theodoro Wanke e o Trovador Baiano, Rodolfo Coelho Cavalcante.

Detém diversas honrarias, entre elas a designação de Cavaleiro, concedida por sua Majestade Pascal I, III do Bósforo.

É membro da Real Ordem do Mérito de São Bartolomeu, concedida por Sua Majestade Theodore I. R. da Bithynia e Lydua, Duke de Umbros; Cavaleiro e Comendador Honorário da Ordem Ka-Huna do Poder Mental.

Já obteve inúmeras premiações em concursos de poesia.

Palestrador emérito sobre trovismo, já atuou em quase todo o território nacional.

Escreve contos infantis, que já foram publicados no jornal A Gazetinha.

Acadêmico imortal da Academia de Letras e Artes da Serra, ALEAS e da Academia de Letras Humberto de Campos de Vila Velha, ES.

Academico Correspondente da Academia Cachoeirense de Letras, de Cachoeiro de Itapemirim, ES e da Academia Petropolitana de Letras de Petrópolis, RJ.

Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas, ALCEAR

Sociedade de Cultura Latina, do Brasil (São Paulo), SCL.

Em 1987 foi eleito "Membre d´Honneur" do CLUB DES INTELLECTUELS FRANÇAIS, Paris, França.

Como jornalista, já trabalhou nos jornais A Tribuna e O Diário, de Vitória, ES.

Também atuou como professor nos Colégios: Agenor de Souza Lee, de Vila Velha; Comercial Brasil de Cobilândia; Instituto Educacional Rio Doce, de Santo Antônio; Colégio Clóvis Borges Miguel, da Serra e Instituto de Educação, da Praia de Santa Helena, em Vitória.

Foi Conselheiro Titular do Conselho Estadual de Cultura do Espírito Santo, durante cinco anos, de 04/01/1989 a 18/02/1993, onde foi eleito e atuou como Secretário e Vice-presidente do CEC-ES.

Após 18/02/1993 e até o ano 2000, passou a pertencer à Câmara de Literatura do referido Conselho, CEC-ES.

Editou o jornal alternativo Beija-flor e o Jornal dos Trovadores.

Organizou os "Seminários Nacionais da Trova", realizados anualmente em Julho, de 1981 ao ano 2000, no Espírito Santo.

Organizou os Congressos Brasileiros de Trovadores, em 2001 e 2002 em Domingos Martins;
Em 2003, no Distrito de Nova Almeida, Serra; Em 2005, novamente em Nova Almeida;

Em 2006 ajudou na organização do Congresso na Ilha de Paquetá, RJ e em 2007, organizou o Congresso Brasileiro de Poetas Trovadores, na Serra Sede.

Desde 12 de Junho de 1996 é Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, fundado em 12 de junho de 1916.

Fundou em 1986, com Zedânove Tavares e Emanuel Barcellos, o Jornal de Vila Velha.

Morador da Serra, ES, desde 1979 e Cidadão Serrano desde 1994.

Desde 2004 é Senador da Cultura, pela Sociedade de Cultura Latina, do Brasil (São Paulo).

OBRAS EM PROSA

HISTÓRIA DA SERRA - Duas Edições do Livro que conta a história da Colonização da Cidade da Serra, no Estado do Espírito Santo.

POETAS E ESCRITORES DA SERRA - Trabalho de Pesquisa reunindo cerca de 130 Poetas e Escritores nascidos ou residente no Município da Serra, no Estado do Espírito Santo.

ORIGEM CAPIXABA DA TROVA - Livro que conta a história do Movimento em torno da Trova no Espírito Santo desde 1889.Lançado no dia 03 de Outubro de 2007, na Casa do Congo Mestre Antônio Rosa, na Serra Sede, um dia antes da abertura solene do V Congresso Brasileiro de Poetas Trovadores, realizado na Serra Sede, de 04 a 07/10/2007.

LIVROS DE CLÉRIO JOSÉ BORGES

1 – “HISTÓRIA DA SERRA”. Livro que relata a colonização da Serra. A 1ª Edição (Capa azul) é de 1998. A 2ª Edição (Capa amarela) foi lançada em 2003, com 242 páginas.

2 - O TROVISMO CAPIXABA. Livro que relata a “História da Trova Capixaba”. Editora Codpoe, (RJ), em 1990, com 82 p. Capa do Artista Plástico Licurgo. Esgotado.

3 - ALVOR POÉTICO, Livro individual de Poesias e Trovas. João Scortecci Editora, (SP), em 1996, com 52 p.

4 - "TROVADORES 87", Antologia de Trovas organizada por Clério Borges e Antônio Soares. Edições Caravela, 1987 - 2º Volume. Com 124 p. Esgotado.

5 - "O MELHOR DOS MELHORES", Trovas de vários Trovadores. Lançado em 1987. Coleção Capixaba. Editora: Edições Caravela, RS. Esgotado.

6 - "TROVADORES BRASILEIROS DA ATUALIDADE", Obra lançada durante o V Seminário Nacional da Trova em 1985. Edições Caravela. Com 112 p. Esgotado.

7 - "TROVADORES DOS SEMINÁRIOS NACIONAIS DA TROVA", Antologia de Trovas, organizada por Clério e Santa Inéze da Rocha. Edições Caravela, 1985, com 64 p. Capa de Licurgo. Esgotado.

8 - "O VAMPIRO LOBISOMEM DE JACARAÍPE". Livro de Cordel com 8 páginas. Folclore Capixaba. Edição do CTC, de 2004 - 2005.

9 - "SERRA EM PROSA E VERSOS – POETAS E ESCRITORES DA SERRA". Livro lançado no dia 15/09/2006, na Câmara Municipal, com a presença de mais de 300 pessoas, durante a Sessão Solene do Dia do Historiador Serrano, proposta pelo Vereador João de Deus Corrêa, o Tio João.

10 – “HISTÓRIA DA TROVA - ORIGEM DA TROVA CAPIXABA”.

11 - "ORIGEM CAPIXABA DA TROVA" - Livro com 106 páginas, lançado na Casa do Congo "Mestre Antônio Rosa", no dia 03 de Outubro de 2007, um dia antes da solenidade de abertura do V Congresso Brasileiro de Poetas Trovadores e da Sessão Solene comemorativa do Dia Municipal do Poeta Trovador, comemorado na Câmara Municipal da Serra.

Participou das antologias:
– Trovadores Brasileiros da Atualidade, 1985;
– Trovadores, 1986-87;
– Mil Trovas de Amor e Saudade, 1984;
– Trovas da Constituinte, 1987;
– Brasil Trovador, 1987;
– Trovas sobre o Mar, 1988;
– Anais do Primeiro Encontro Nacional de Trovadores de Petrópolis, 1989;
– Escritores e Escritoras do Século XXI, 1994.

Fonte:
http://www.clerioborges.com.br/biografia2008.html