domingo, 13 de novembro de 2011

Thomas Bonnici (Lançamento do livro “Multiculturalismo e Diferença”)


Thomas Bonnici é organizador deste livro, que conta com outros autores do Brasil e outros países.
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Não é suficiente falar de identidades de raça, classe e gênero; devemos também debater as identidades em sua relação com o poder, ou seja, até que ponto cada um se identifica com as forças de dominação e participa em atividades que reforçam a predominância e a exploração que a acompanha.
(T. Córdova: Power and Knowledge: Colonialism in the Academy)
(citação da contra-capa)

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(O texto a seguir se encontra na primeira orelha do livro)

No mundo altamente globalizado contemporâneo, a presença de imigrantes, outrora colonizados, e seus descendentes nas metrópoles imperiais, tornou-se um fator constantemente conflituoso diante de paradigmas coloniais ainda enraizados nos povos europeus. Multiculturalismo e diferença mostra como a literatura representa a afirmação e a negociação da identidade não-européia no contexto de políticas multiculturais de países hegemonicamente brancos, caracterizados por atitudes de racismo e outremização. Vários autores brasileiros e estrangeiros discursam sobre a literatura contemporânea no Reino Unido, Malta, Nigéria, Austrália, Brasil e outros países latino-americanos e analisam as tentativas de negociação identitária para uma maior conviviabilidade na diversidade.

Multiculturalismo e Diferença é dividido em três partes. Precedendo a análise de várias obras literárias, principalmente da primeira década do século XXI, na primeira parte discutem-se os problemas levantados pelo multiculturalismo e pela literatura escrita por autores ‘negros’ britânicos. Baseada nos termos do parâmetro latino-americano da antropofagia, a identidade do não-europeu é afirmada no contexto hostil da exclusão e da outremização. Analisam-se na segunda parte os romances britânicos Dentes Brancos (2000), de Zadie Smith; The White Family (2002), de Maggie Gee; Fruit of the Lemon (1999) e Pequena Ilha, de Andrea Levy; Foreigners (2007) e In the Falling Snow (2009), de Caryl Phillips; e Um lugar chamado Brick Lane (2003), de Monica Ali. Nestes romances o sujeito diaspórico adota uma variedade de atitudes e comportamentos, a partir da assimilação à subversão, para remembrar a sua subjetividade rompida pela hegemonia branca. A terceira parte faz surgir vozes multiculturais da Nigéria, Austrália e Malta, verificando a negociação cultural envolvendo outras culturas e povos.

A discussão sobre o ensino da literatura estrangeira no Brasil, a representação do excluído e a ética de inclusão constituem o Epílogo. O ensino da literatura jamais é uma atividade neutra, mas altamente política, especialmente em sua dimensão de conscientização e de afirmação identitária.

Fonte:
BONNICI, Thomas (organizador). Multiculturalismo e diferença: narrativas do sujeito na literatura negra britânica e em outras literaturas. Maringá/PR: EDUEM, 2011.

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