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sábado, 24 de junho de 2017

Angélica Villela Santos (Trovas)

1
À astúcia utilizada, 
bato palmas, brindo a vinho, 
se a mentira, derrotada, 
à verdade abrir caminho! 
2
A Belinha, mãe solteira, 
disse ao padre, em confissão: 
- Nunca fui namoradeira; 
a culpa...foi do "apagão"...! 
3
Abraçadas, as crianças
que contemplam o infinito,
representam esperanças
de um futuro sem conflito!
4
Abre-se o chão e recebe
as sementes do plantio
e fertilmente concebe
frutos no colo macio.
5
A correnteza da idade
é mutável, já se disse:
revolta na mocidade,
calma na infância e velhice.
6
A formiga, em seu carreiro,
trabalho e força revela;
pelo bem do formigueiro
constantemente ela zela.
7
A inspiração, num abraço, 
arrebata os escritores, 
aos poetas dá o compasso, 
faz vencer os trovadores. 
8
A lembrança, na velhice,
sempre traz a mocidade,
que, qual sombra, com meiguice,
abraça a terceira idade...
9
A lua cheia é artista
que em sombras pinta uma tela
de beleza nunca vista
e só mostrada por ela.
10
A mocinha reclamou
mas o ceguinho, no baile,
passando a mão, explicou:
- A minha dança é em braile!!!
11
À noite, após a enxurrada
que o meu barquinho levou,
eu fico olhando, encantada,
o céu que Deus enfeitou...
12
Ante as portas, lado a lado,
a que está aberta nos tenta.
Porém, tenhamos cuidado:
nem sempre é o fácil que alenta!
13
Ao Brasil e Portugal, 
- elos que ligam carinho - 
num brinde internacional 
ergamos taças de vinho 
14
A pipa que a nossa infância
faz ao mais alto chegar,
representa a nossa ânsia
de nossa vida elevar.
15
Após noite tenebrosa,
envolta em forte neblina,
chega ao porto a nau, garbosa,
que o sol nascente ilumina!
16
A praça enfeita a cidade,
é o seu cartão de visita;
representa, na verdade,
seu coração, que palpita.
17
Apreciando a natureza,
- belo por-do-sol no mar -
um casal, vendo a beleza,
mais amor vai externar.
18
A queimada, tão nociva,
para a terra é uma agressão;
vai-se a floresta nativa,
fica só desolação…
19
A redenção dos escravos
 foi de Isabel um presente
 para pôr fim aos agravos
 sofridos por essa gente.
20
Às vezes a caridade,
que a paz e a esperança aspira,
põe no lugar da verdade
uma piedosa mentira...
21
Até ao bebermos vinho,
procuramos ser iguais,
mostrando o nosso carinho,
que não acaba jamais!
22
A vovó foi assaltada 
numa viagem de turismo 
e passou a temporada 
numa praia de nudismo!!! 
23
Batida por forte vento,
quer minha nau soçobrar;
porém, na fé tenho alento
para em meu Deus me apoiar.
24
Buscando a Felicidade
ao longo dos dias meus,
sigo a seta da Verdade,
que indica o reino de Deus!
25
Cantando na chuva, o ator,
fez sucesso no passado.
Também bom sapateador,
o Gene Kelly é lembrado.
26
Céu e mata refletindo
nas águas claras de um rio,
a nós estão exibindo
um meio-ambiente sadio!
27
Com amor sempre presente
e a força da educação,
livraremos o carente
dos grilhões da exploração!
28
Com um grito de alegria
e uma passagem na mão,
o retirante anuncia
que já chove no sertão!
29
Com tudo desmoronando 
na batalha pela vida, 
só a Fé fica amparando 
a coragem combalida. 
30
Com versos a se espalharem,
eu subo morros, ao léu,
para meus sonhos se alçarem
até as nuvens do céu!
31
Crianças são como flores
que enfeitam na Primavera.
São buquês de várias cores
que a natureza libera.
32
Dança a nuvem, descuidada, 
ignorando a sua sina. 
Porém, depois, já pesada, 
morre, em chuva repentina... 
33
Das janelas da memória 
que ainda consigo abrir, 
só do amor revejo a história 
que ficou, a me iludir... 
34
Da UBT é o fundador, 
pela trova batalhou; 
Luiz Otávio, vencedor, 
ao pódio a trova levou! 
35
De manhã, formando um elo, 
jangadas singram o anil, 
compondo o quadro mais belo 
dos mares do meu Brasil! 
36
Devagar, mas com prazer,
o homem, sem ficar a esmo,
usa o cinzel do Saber,
vai modelando a si mesmo.
37
Doce sorriso, olhar terno,
minha sogra, tão querida,
ocupa um lugar materno
nas trilhas de minha vida.
38
Do coreto “ela” saiu
sob apupos e sem jeito
pois a peruca caiu
e a “cantora”... era o prefeito!
39
Em festa branca e amarela,
embelezando o jardim,
margaridas, numa tela,
abrem-se todas pra mim!
40
Em frente ao computador
a namorada moderna
manda beijos ao amor
e com mensagens alterna.
41
Estas fotos que estou vendo
me remetem ao passado:
é uma viagem, percorrendo
o que me foi muito amado...
42
Eu senti, na despedida, 
( e a verdade constatei) 
o gosto de sal, querida, 
quando teus olhos beijei... 
43
Fugindo pela janela,
o “Don Juan” quis “dar no pé”.
- Um fantasma! gritou ela.
E o marido: - Agora é!
44
Fui passear na Argentina
e logo o tango aprendi.
Porém, sou má bailarina
e o meu parceiro perdi...
45
Guaratinguetá, querida,
és deste Vale a rainha!
E eu carrego em minha vida
o orgulho de seres minha!
46
Hoje é diferente o lar:
não compartilha e encolheu,...
Pois quem manda é o celular
e até o Lulu tem o seu!!!
47
Humilde e sempre sorrindo,
levando a pomba da paz,
vai Francisco, distribuindo
a esperança que nos traz!
48
Já não mais sonha o excluído 
em ser feliz na cidade, 
pois, na favela, abatido, 
vive a dura realidade! 
49
Junto à bola, uma criança,
na pobreza do sertão,
sonha e acalenta a esperança
de um dia ser campeão...
50
Lá... no fim da caminhada, 
as lembranças sobraçando, 
a saudade está postada, 
nossa chegada aguardando... 
51
Lembro que quando eu, menino,
meu carro quebrou na estrada,
voltou pra casa o cão Bino
e trouxe a ajuda almejada!
52
Meia noite...ou meio dia?
O meu relógio quebrei.
E, na minha nostalgia,
se é dia ou noite...não sei...
53
Meu coração, na gaiola
do teu amor, ficou preso;
mas, ali, ele estiola,
na tortura do desprezo...
54
Na caravana da vida,
 se sou levada ao deserto,
 procuro a trilha batida
 que Deus deixou em aberto.
55
Na história da Humanidade, 
sempre lutas, desavenças... 
Mas só a fraternidade 
porá fim às malquerenças. 
56
Nada maior eu ordeno 
para meus versos compor, 
que um espaço bem pequeno 
para pôr trovas de amor! 
57
Na manhã que vai surgindo, 
nada há que mais encante, 
que o orvalho a relva cobrindo 
como um manto cintilante! 
58
Não sou mais celibatário
e vou encontrar meu bem,
nem que seja necessário
eu correr atrás do trem!
59
Nas longas noites de estio,
eu ouço estranha canção:
São os lamentos do rio
morrendo de poluição...
60
Nas ruas, negros dançando,
 nas senzalas, emoção;
 sons de grilhões se soltando,
 anunciando a redenção!
61
No belo painel pintado 
pelo Sol, no fim do dia, 
o horizonte é transformado 
num cenário de magia! 
62
No céu azul de verão, 
se espreguiça nuvem bela: 
ora uma flor...um pavão... 
que a imaginação modela... 
63
No circo ele era o palhaço, 
mas, ao perder seu amor, 
todo aquele estardalhaço 
foi o disfarce da dor. 
64
Nos jardins, bela e vaidosa,
enfeita-se a natureza:
recende a aroma de rosa
e põe brincos-de-princesa!
65
No sonho do trovador,
há sempre um mar e uma lua,
que o inspiram a compor
a mais bela trova sua !
66
O bruxulear de uma chama
de vela, gasta e mortiça,
lembra o excluído que clama
por respeito e por justiça!
67
O chão dourado do outono, 
sua beleza exibindo, 
é o leito que vela o sono 
das folhas que vão caindo... 
68
O ladrão sentiu fraqueza 
quando nos muros corria; 
escorregou e...ó surpresa! 
Caiu... na Delegacia! 
69
O modelo achou-se esperto 
e desfilou de pirata. 
Mas, logo foi descoberto, 
ao fugir de uma barata... 
70
O trem, em sua passagem, 
pela estação da cidade, 
de um amor leva a mensagem 
e faz descer a saudade... 
71
Pela luz da abolição
 por Isabel proclamada,
 das trevas da escravidão
 a Pátria foi libertada! 
72
Pelo ciúme acuada, 
sem pensar no que fazia, 
eu apaguei a pegada 
que ao teu amor conduzia. 
73
Planta nas leiras da lida
as sementes dos teus dons,
e terás, por toda a vida,
fartura de frutos bons!
74
Por entre o verde da mata,
permeia o rio azulado,
que nas cheias arrebata
árvores, casas e o gado.
75
Por este gesto tão nobre,
foi chamada Redenção,
para que o ato desdobre
lembranças da Abolição!
76
Presente é como migalha
que mal se nota cair,
pois é um fio de navalha
entre o passado e o porvir...
77
Quando a montanha escalar,
buscando sucesso e glória,
deixe a humildade levar
a bandeira da vitória!
78
Quando eu lembro e se avantaja
minha vida de criança,
só a saudade viaja
nos trens da minha lembrança...
79
Quando ilusões apagaram 
as luzes daquele encanto, 
meus olhos se transformaram 
numa vertente de pranto... 
80
Quando o outono bate às portas
de um cansado coração,
sonhos viram folhas mortas
sarabandeando no chão...
81
Reticência...nada dizes 
ao coração de quem ama; 
só pões ali cicatrizes 
que a dúvida mais inflama! 
82
Salve, Monteiro Lobato, 
pois Taubaté elevaste! 
O teu talento eu constato 
na grande obra que deixaste! 
83
São as mãos do mundo inteiro
que, numa união fraternal,
formam sustento altaneiro
para a paz universal!
84
Se a Humanidade souber 
sobre o bem que a trova faz, 
dela fará, se quiser, 
o maior elo da paz! 
85
Se todo homem semear 
somente o amor verdadeiro, 
vai, por certo, abarrotar 
de paz, um amplo celeiro! 
86
Só o poeta vai poder 
com seu dom puro e singelo, 
a realidade envolver 
no sonho mais suave e belo! 
87
Sou mochileiro constante,
sempre um amor a buscar,
mesmo sabendo que adiante
só névoas vou encontrar.
88
Tão logo a chuva chegou, 
trazendo vida ao sertão, 
o retirante vibrou, 
com a passagem na mão! 
89
Toma a trova, por inteiro,
todos nós, os trovadores.
de Luiz Otávio, o pioneiro,
somos todos seguidores.
90
Tudo acabou em quimera
na tarde chuvosa e fria
e a grande perda me espera
dentro da casa vazia...
91
Um bom livro nos envolve, 
dá prazer e distração; 
é um amigo que dissolve 
o amargor da solidão! 
92
Um passeio no canal,
numa gôndola, em Veneza,
envolve qualquer casal
em romantismo e beleza!
93
Um tropeço desastrado 
na bengala do compadre, 
jogou o noivo, assustado, 
direto em cima do padre! 
94
Vai-se o dia, vem a noite 
e a minha dor não descansa, 
pois a saudade é um açoite 
brandido pela lembrança! 
95
Velha ponte de madeira
ligando a roça à cidade,
foi a passagem primeira
do meu sonho à realidade.
96
Vendo na imagem de um santo, 
que lhe faltavam os dentes, 
diz a devota, com espanto: 
- Que dentistas mais descrentes!! 
97
Zumbindo sobre as corolas,
de delicada beleza,
os insetos são violas
na orquestra da Natureza!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Olivaldo Junior (Abandono – as trovas nuas)

Um homem que abandona uma mulher em condição de espera. Uma jovem que abandona o filho à madrugada, à morte. Um filho que abandona os pais à própria sorte. Um amigo que se esquece do outro e some, desaparece, sem deixar vestígios. Abandono, as trovas nuas da existência, persiste, a nos tirar o sono, a soluçar baixinho, quando todos dormem, e os dormentes não. Sós, essas trovas, ou pessoas, vão.

Abandono - as trovas nuas -,
tu acolhes minha sina
de astronauta sem as luas,
de lunático que ensina.

Meu amigo mais querido,
a quem tanto me apeguei,
desapega-se, escondido,
deste humilde que era rei.

A mulher, abandonada,
faz das horas seu tear:
tece a vida inanimada,
noite e dia, sem parar.

Olho o ingrato, pobre ser,
se descuida de onde sai;
mas o tempo vai vencer
e abandona quem se vai.

Ao criarem seus meninos,
pai e mãe envelheceram;
hoje, avós de pequeninos,
num asilo, “anoiteceram”...

Tua culpa, minha culpa,
triste ideia de exclusão;
prevalece a tal desculpa
de que fuga é solução.

Os “notáveis escritores”,
as pessoas mais notáveis,
apontaram minhas dores
como causas insondáveis.

Fonte:
O Autor

sábado, 1 de março de 2014

Trova 263 - Dorothy Jansson Moretti (Sorocaba/SP)


Helvécio Barros (Baú de Trovas)

Macau, Rio Grande do Norte 30 de abril de 1909.
Bauru 27 de setembro de 1995


A amizade não quer palmas
por ajudar seus irmãos.
Deus olha o fundo das almas
e nunca a palma das mãos.

Abro a janela bem cedo
e ouço músicas bizarras...
- São as vozes do arvoredo,
no coro de mil cigarras...

Ah! Quantos vão pelo mundo,
sem calor, de alma abatida,
fugindo a cada segundo
da própria sombra da vida!

Amigos só de lorota,
há na terra em profusão!
- Mas os bons a gente nota
num só aperto de mão...

Andei aos trancos na vida,
como humilde peregrino:
– Cheguei ao fim da subida,
sem chegar ao meu destino!

A própria infância também,
é do Passado uma voz:
- Saudade, às vezes, de alguém
que vive dentro de nós...

A trova simples, sonora
parece flor do sertão!
A gente fácil decora,
mas quem sente é o coração

Cabelos brancos ao vento,
- Saudade feita de neve!
Mil fibras de sentimento
dizendo a tudo até breve!...

Carro de bois do sertão,
acordando as madrugadas,
a ouvir-te a triste canção,
ouço o choro das estradas...

Carta de afeto relida,
de quem nos quis muito bem,
traz um pedaço de vida,
na saudade que contém.

Definir foi sempre em vão,
da saudade o seu por quê...
- Mas, se vem do coração,
saudade, enfim, é você...

Do Sonho sou vagabundo,
trilhando rumos diversos...
Não tendo nada do Mundo,
o Mundo abraço nos versos.

Duas almas bem unidas
ninguém separa jamais.
Às vezes, são duas vidas,
que a vida já fez iguais!

Em qualquer templo que seja,
sorri a noiva em seu véu...
- De flores, cobre-se a igreja!
- De sonhos, veste-se o Céu!

Há caprichos diferentes
em certas cartas lacradas:
são os gritos contundentes
das reticências caladas…

Há sempre um dia cinzento
vivendo dentro de nós...
- Reticências de um lamento...
- Tristeza que não tem voz!

Mesmo com truques velados,
tinha a mocinha de outrora
mais tolerantes pecados
e menos pernas de fora...

Muita lágrima sentida
em silêncio sei que enxugas...
- São reticências da vida
pelo caminho das rugas...

Não chores, criança pobre,
o teu casebre sem luz,
que há muita mansão de nobre,
onde há Natal sem Jesus.

Não choro, na solidão,
a vida que vai passando,
choro, apenas, com razão,
o que a vida vai matando!...

Não te julgues o primeiro,
nem que sejas um portento:
quanto mais alto o coqueiro,
mais fácil se verga ao vento!

Na vida o nosso papel
é tal qual o pirulito:
- Quando a língua chega ao mel,
o dente trinca o palito...

Nesta cabana esquecida
e sem você, quem sou eu?...
– Um resto, talvez, de vida
que a própria vida esqueceu!...

Ninguém altera jamais,
nossos caminhos terrenos:
- Alguns têm tudo demais!
- Outros têm tudo de menos!

Ninguém por certo é perfeito
numa total plenitude.
- Quem conhece o seu defeito
já tem alguma virtude.

O lar é viga, cimento,
a modelar gerações!
- Cartilha do sentimento,
feita de mil corações!

Pioneiro da bondade,
foi Jesus, sempre a servir!
– Ensinou a humildade,
de dar e nunca pedir!

Quando alguém foge à virtude
e pisa as rosas do Amor,
passa a ser espinho rude,
já que não soube ser flor!

Quem sonha é sempre criança,
na vida não tem idade...
- Vive tecendo Esperança!
- Vive juntando Saudade!

Ribeirão Preto, é sucesso,
é vida que se renova,
se canta a luz do progresso,
vibra na festa da Trova.

Sem ver distinção de raça,
dá a todos tua mão!
– Que eu sofra, meu Deus, mas faça,
de cada amigo um irmão!

Tal qual arisca serpente,
a mulata, quando passa,
mexe com tudo da gente,
belisca o sangue da raça...

Tributos e dissabores
a vida nos deu dobrados:
– tu choras por  minhas dores,
eu choro por teus pecados!

Um grande amor não se esquece!
Nada no mundo o destrói!...
Quanto mais longe, mais cresce!
Quanto mais perto, mais dói!

Velho mar, soturno e rude,
entre nós – que afinidade:
gemendo a mesma inquietude,
chorando a mesma saudade...

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Marina Bruna (Trovas Escolhidas)

A ciranda traz lembranças,
que a saudade perpetua,
de um tempo em que nós, crianças,
éramos todas de rua...

Afeto infinito eu leio
nos olhos, cheios de brilho,
da mãe que desnuda o seio
e oferta seu leite ao filho!

A noite desfez em contas
seu rosário de cristal
e enfeitou todas as pontas
da grama do meu quintal!

Ante um berço, comovida,
e no adeus dos cemitérios,
fui aprendendo que a vida
é ponte entre dois mistérios.

Ao tanger minha guitarra,
ser pobre não me importuna.
Tenho o perfil da cigarra
que é feliz sem ter fortuna.

A teu lado, mas... sozinho...
quantas noites, quantos dias
eu transbordei de carinho
mas te achei de mãos vazias...

A tua mão deslizando
no meu corpo, em leve afago,
é como a brisa encrespando
a superfície de um lago.

A tua ofensa me assusta
e, desta vez, digo “não”!
Quem ama sabe  o que custa
ter que negar o perdão!

A vida insiste em manter
em dois tons sua canção:
o mais agudo é o poder;
o mais grave, a servidão!

Blasfemar... sei que é errado
mas, Te pergunto, Senhor:
se o amor que eu sinto é pecado,
por que me deste este amor?...

Bondes... quintais... lampiões...
Nesta saudade eu me abrigo
aconchegando ilusões
que envelheceram comigo...

Brinquedos velhos, em trapos,
sem importância parecem,
mas guardam, nos seus farrapos,
lembranças que não se esquecem.

“Cachorro!”, gritou o pato
numa atitude insensata,
quando ouviu dizer que o gato
estava lambendo a pata!

Com a emoção renascida
no amor que só veio agora,
o ocaso de minha vida
ganhou matizes de aurora!

Com meu orgulho pisado
mas, de saudades vencida,
dou-te o perdão e a teu lado
esqueço as mágoas da vida.

Como é grande a solidão
de um ator, que em sua estréia,
põe em cena o coração
e está vazia a platéia...

Das saudades e lembranças
do amor, que foi verdadeiro,
restou um par de alianças
na mão de um só companheiro.

De cada galho abatido,
em silêncio a seiva escorre
mostrando o pranto sentido
de uma floresta que morre!

Depois da tua partida,
na desordem dos meus passos,
o que me prende na vida
é a memória dos teus braços…

Descalços pelo gramado
teus pés mansamente vão...
Pões, no pisar, tanto agrado,
que eu tenho inveja do chão!...

Descem do morro, sambando,
o Conde, o Rei e a Princesa.
É o Carnaval mascarando
de sangue azul a pobreza…

Deus modela a nossa estrada
porém nós, em atos falhos,
modificando a jornada,
nos perdemos nos atalhos...

Disse um "sábio" picareta
sobre um voo espacial:
- "Pra chegar noutro planeta
é só ter um mapa astral...”

Dos naufrágios, dos degredos,
restaram, dentro do mar,
ecos de velhos segredos
que as conchas sabem guardar...

Ele partia e, na pressa,
prometeu que voltaria.
Hoje eu sei, não foi promessa.
Na verdade... ele mentia...

Em fortuna, eu tenho sido
qual uma agulha modesta
que borda um belo vestido
e a linha é quem vai à festa!

Enfim voltaste... mas peço
que este clima de alegria
envolvendo o teu regresso
não dure só por um dia...

Esta fé que me incentiva,
e em minha vida se espalma,
é uma luzinha votiva
na capela de minha alma!

Esta flor que me restou
num livro da mocidade
é um sonho que se tornou
medalha de uma saudade!

Eu faço um apelo mudo
na velhice que me alcança:
– Destino, tire-me tudo
mas não me roube a esperança!

Fim do amor… mas nosso enredo
restou em minha lembrança,
como ficou em meu dedo
a marca de uma aliança…

Foi num mar encapelado
que o meu barco de ideais
naufragou de tão pesado:
- tinha esperanças demais!

Homem bom de rosto feio!
Tua aparência enganosa
lembra a pedra cujo seio
guarda uma gema preciosa!

Impiedoso, o fogo avança
e a floresta, calcinada,
perde o verde da esperança;
ganha o cinza do mais nada!

Mágico no seu cantar,
o poeta tem na voz
a virtude de criar
mil mundos dentro de nós!

Meu olhar no céu passeia
e me diz, mesmo disperso,
que o mundo é só um grão de areia
na imensidão do Universo…

Meu viver lembra uma estrada
com mistérios para mim:
do começo não sei nada...
não sei nada do seu fim...

Na história de tua vida
sou apenas, sem escolha,
uma sentença esquecida
no rodapé de uma folha.

Na insônia, escuto um rumor
e percebo, entre ansiedades,
que anda na noite um pastor
apascentando saudades!

Na tarde cálida e mansa,
o tempo quase não passa
e até o silêncio descansa
nos velhos bancos da praça.

Neste ano novo eu pretendo
rasgar meus dias tristonhos
e, de remendo em remendo,
reconstruir os meus sonhos...

No abandono, em desalinho,
eu sonho me embriagar
na branca taça de vinho
que se derrama em luar...

No acolchoado de paina,
colhida ao pé da paineira,
o homem esquece da faina
nos braços da companheira.

Nosso amor, hoje em desgaste,
fez do convívio um açoite...
Tempo! Por que não paraste
naquela primeira noite?

Nosso amor hoje e passado
e, apesar de breve história,
persiste, ainda, ancorado
no cais de minha memória.

Num foguetório cerrado,
o céu junino reluz
qual um chuveiro dourado
pingando gotas de luz!

O Ano Novo se avizinha
e eu, de tristezas cansado,
compro uma nova folhinha
e rasgo o tempo passado.

O destino rege as vidas
num balé, cujo andamento
lembra o das folhas caídas
dançando ao sabor do vento…

O destino se disfarça...
Veste risos e tristezas
e apresenta, em cada farsa,
incalculáveis surpresas...

O flerte, as voltas na praça,
o tempo levou embora
e o amor foi perdendo a graça
sem o respeito de outrora...

O homem pobre, passo a passo,
ergue a cidade cinzenta
tirando da pedra e do aço
a quimera que o sustenta!

Passei a viver tristonho
depois que encontrei, surpreso,
o limite do meu sonho
no muro do teu desprezo!

Partias... mas era tarde
para eu tentar te deter...
E nessa omissão covarde
te perdi... sem combater...

Partiste... e a tarde silente,
daquele dia tristonho,
vestiu de roxo o poente
no funeral do meu sonho...

Por florescer altaneira
na paisagem descampada,
aquela velha paineira
tornou-se um marco de estrada!

Primeiro amor... é a ternura
que a nossa memória enfeita.
É como a fruta madura
de uma primeira colheita...

Prostrado... na dor infinda
de um desprezo que o consome,
meu coração bate ainda,
porque murmura o teu nome...

Quanta família é desfeita
sem notar, que em meio aos brados,
há uma vítima que espreita
de olhinhos arregalados ...

Que eu te esqueça... não me peças...
Não me obrigues a fingir
e fazer falsas promessas
que jamais irei cumprir.

Quem faz poemas alcança
todo o brilho do Universo
pondo estrelas de esperança
nas rimas de cada verso!

Que o amor faz sofrer... sabia...
mas, mesmo assim, eu te amei
e, agora, a sabedoria
vive a dizer: - Não falei?...

Quis te falar... mas não pude...
E, então, te dei uma flor...
As flores têm a virtude
de saber falar de amor...

Sem aliança no dedo,
sem altar, sem certidão,
quanto amor vive em segredo
com laços no coração!

Sem muros, as casas pobres
trocam favores, carinhos...
enquanto que em ruas nobres
ninguém conhece os vizinhos.

Se um dia o céu censurar
o nosso amor, não aceito...
e a teu lado hei de encontrar
um outro céu...mais perfeito!

Sigo em frente em meus trabalhos,
porém não sigo sozinho.
Com Deus, que aponta os atalhos,
encurto muito caminho.

Sobre os espelhos fanados,
o tempo, em seu transcorrer,
passa escrevendo recados
que não gostamos de ler...

Tem pena de minha dor!
Por favor, usa a franqueza!
Pois as dúvidas, no amor,
maltratam mais que a certeza!

“Terra à vista”! e, em praias calmas,
foi ancorando Cabral.
E o destino bateu palmas
nos unindo a Portugal!

Teu amor... quase acabado...
Mas, tentando me iludir,
sigo sofrendo a teu lado
sem coragem de partir...

Teu desprezo me magoa.
Não me queres, não te forço.
Mas, o que mais me atordoa
é não sentires remorso...

Tímida, não disse nada,
mas o sorriso que deu
foi a mensagem cifrada
que o meu amor entendeu...

Trago um porongo em meu peito
onde a saudade, contida,
é um chimarrão que tem feito
o amargor de minha vida…

Vai com seu dono mendigo,           
dando-lhe o único alento...
E eu penso: - Este cão amigo
bem merece um monumento!

Vai, de saberes repleto,
um sábio pela metade.
Para ser sábio completo
faltou-lhe o grau de humildade...

Vou te deixar... Partirei...
Sem saudade... Sem sofrer...
Por um motivo eu te amei;
por muitos, vou te esquecer…
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Download do e-book com biografia e trovas de Marina Bruna podem ser encontradas em:
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O livreto está em PDF e possui cerca de 7 megabytes.
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Fontes:
BRUNA, Marina. Cantares: trovas. São Paulo: Ar-Wak, 2010.
Resultados de Concursos.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Cláudio de Cápua

O dia oito de março marca a data do nascimento de Cláudio de Cápua, que é natural de São Paulo, e que em 1960 mudou-se para Araraquara, tendo mais tarde ingressado na Escola Superior de Agrimensura. Paralelamente aos estudos, Cláudio começou a colaborar no jornal semanário “A Cidade” onde respondia pela edição da “Coluna do Estudante”. A partir deste momento, Cláudio não parou mais de escrever. Escrever tornou-se a forma de comunicação marcante em sua existência. Foi escrevendo que Cláudio de Cápua passou a escrever em jornais paulistanos como a antiga “A Gazeta”, “Diário da Noite”, “A Tribuna Italiana”, “Diário Popular”; colaborou também na revista “Destaque”, de Santos, além de outras assim como ainda em cerca de 30 jornais de bairro, do interior de São Paulo e até de outros estados.

Em sua volta a São Paulo, Cláudio de Cápua teve de abandonar em definitivo os estudos de Agrimensura, uma vez que não existia este curso em nível superior na Capital. Foi nesta época que começou a conviver com poetas como Guilherme de Almeida, Paulo Bomfim, Judas Isgorogota. Bernardo Pedroso, Orlando Brito, Oswaldo de Barros, Antônio Lafayette, Plínio Salgado, Menotti Del Picchia, Laurindo de Brito, Ibrahim Nobre, só para mencionar os mais conhecidos. Para aperfeiçoar sua vocação natural e satisfazer seu desejo de ampliar os conhecimentos e adquirir um maior lastro profissional, Cláudio ingressou num curso de jornalismo. A partir daí, o jornalismo constituiu-se a base de todas as variadas atividades nas quais Cláudio de Cápua se envolveu e nas quais deixou sempre a marca de sua integridade e força de trabalho. Ainda no jornalismo, tornou-se professor de jornalismo eletrônico, na Universidade Mackenzie, na década de 80.

Cláudio de Cápua fez ainda algumas incursões pelas artes dramáticas, tendo participado como ator no filme “A Marcha” baseado no romance de Afonso Schmidt. Na televisão, foi ator coadjuvante na telenovela “Hospital” da extinta TV Tupi, isso em 1971, e na TV record trabalhou como assistente de produção de externas na telenovela “O Leopardo”.

Cláudio de Cápua atuou sempre de forma marcante na vida literária paulista, tendo participado ativamente de diversas eleições da União Brasileira de Escritores. Nesta entidade deixou marcas de sua defesa intransigente dos direitos do escritor, e tem lutado pela divulgação de suas obras e do pensamento do escritor paulista. Nenhum movimento sugnificativo que tivesse por objetivo a valorização e a divulgação dos escritores e suas obras deixou de contar com o apoio e iniciativa decisiva de Cláudio de Cápua. Da mesma forma teve ainda atuação destacada junto ao Sindicato dos Escritores do Estado De São Paulo e Centro de estudos Euclides da Cunha de São Paulo.

Como escritor, Cláudio de Cápua publicou livros que não foram brindados com edições fantásticas, mas que foram procurados avidamente pelos conhecedores das obras de qualidade, esgotando rapidamente suas edições. Estão nessa categoria, a começar por 1980, a biografia do escritor e político Plínio Salgado, livro que alcançou 4 edições e vendeu 11 mil exemplares mantendo-se durante 9 semanas entre os livros mais vendidos. (…) Em 1981, Cláudio de Cápua lançou o livro “Meu Caderno de Trovas”, editado por Mestre das Artes; anos depois publicou em co-autoria com sua esposa, Carolina Ramos, o livro “Paulo Setúbal – Uma Vida – Uma Obra”, que teve sua primeira edição esgotada em apenas 90 dias. Entre os projetos de Cláudio de Cápua está a publicação de um ensaio sobre a revolução de 1924, obra que demandou muita pesquisa e anos de trabalho.

Nas palavras de Carolina Ramos, “Ninguém passa pela Trova saindo impune. Rendido aos seus encantos, sempre deixa com ela um pedaço do coração, quando não o coração inteiro. No passado, grandes poetas como Vicente de Carvalho, Martins Fontes, Bilac, Colombina e outros, passaram por ela, ainda que de raspão. Naquele tempo, a Trova não tinha a força nem o prestígio que hoje tem. Mas, convém lembrar que o santista Ribeiro Couto conquistou Prêmio Internacional com o livro “Jeux de l’apprenti animalier”, com suas fábulas consideradas superiores às de La Fontaine pela concisão com que eram apresentadas, ou seja, sob o formato de Trovas.”

Cláudio de Cápua não seria uma exceção.

Biógrafo, prosador e poeta, esbarrou na Trova e deixou-se cativar por ela. Em 1969, foi um dos fundadores da “União Brasileira de Trovadores”, Seção de São Paulo e, desde 1980, faz parte do quadro associativo da Seção de Santos.

Embora concorrente bissexto, Cláudio de Cápua conquistou vários prêmios em Concursos de Trovas realizados em território nacional.

Seu trabalho em prol da Trova, sincero e despretensioso, merece o respeito daqueles que cultuam o gênero e fazem do Movimento Trovadoresco Nacional, uma das mais ativas e populares facções da literatura do nosso país.”

Fontes:
Trechos extraídos do Discurso de Saudação de Henrique Novak em recepção a Cláudio de Cápua. 31 de outubro de 1998 . Disponível em http://www.de-capua.com/biografia.html
Excerto da Introdução por Carolina Ramos ao livro “Canto que eu Canto”, de Cápua.

Nilton Manoel (São Paulo é Esperança Todos os Dias)

450 ANOS DE SÃO PAULO
-
O sonho da vida está na vida do sonho.
(Nilton Manoel, em Grilos na ponta do lápis)

Estação da Luz (SP)
1
No meu antigo toca discos,
ouço com muita atenção,
lindas canções de outrora:
- “São Paulo  Quatrocentão”,
da “Rapaziada do  Brás”…
O “Trem das Onze me traz”,
saudade e muita emoção.
2
O trem pelos velhos trilhos,
a história do povo escreve!
e a cidade em seu cenário
sempre arrojada se atreve
a plantar modernidade;
sofra a gente com a saudade,
o progresso não é breve.
3
São Paulo, não perde tempo,
inova, protege, acolhe,
quer sua gente contente
não há garoa que molhe,
o entusiasmo dessa sina;
quem vence sua rotina
dá vida aos sonhos que escolhe.
4
O povo quer movimento,
quer cenário, quer ação,
quer futuro e conforto
pela glória da nação…
Todo mundo quer ter paz,
como é bom sonhar no Brás,
há poesia nesse chão!
5
Sou paulista do interior
e passo a vida na estrada,
quem gosta de movimento
quer vida facilitada:
- ao modernismo dou fé,
por todo lado dá pé,
se a cidade é bem cuidada…
6
Quando estou na capital
tenho eficiente o transporte;
seguro, rápido, alegre,
em toda estação o bom porte
que, nem posso imaginar
sem metrô pra trabalhar…
Ser pontual é ser forte!
7
A inspiração não me falta
e até me lembro que, a gente,
há trinta e cinco anos tem,
esse serviço excelente
que movimenta a cidade
e dá ao povo a vontade,
de viver mais… felizmente!
8
São estações variadas
espalhadas pela cidade,
elevados, com plataformas
e na sua versatilidade,
põe no cenário, poesia,
integra-se com a ferrovia,
caminho de prosperidade.
9
Entre fixas e rolantes,
gente que faz movimento
no ganha pão habitual…
paro, olho e  meu pensamento
cola imagens que, resumo
para as falas de consumo…
Reportagens do momento!
10
Quem tem vida solidária
dá valor à cortesia:
por favor… muito obrigado…
dá licença… que poesia,
nas convenções sociais;
todos nós somos serviçais,
pelo pão de cada dia.
11
Jânio Quadros fez história
melhorou a imagem do Brás.
com novas edificações
e o povo cheio de paz,
se orgulha a todo o instante,
por ser sempre o Bandeirante,
de eras que não voltam mais…
12
Nossa vida que é cíclica,
deve a Anchieta, o jesuíta,
que nem sabia, Senhor!
a vida rica e catita
que sua instalação
da história da fundação,
seria plena e bonita.
13
Na sequência do transporte
o tempo não segue à toa
e o cenário num instante
de São Paulo da garoa
vai e volta com o metrô
rápido como um alô
de celular… Coisa boa!
14
Na integração, a saudade
que traz Maria Fumaça
é recompensa gostosa
é vida cheia de graça
é tempo cheio de glória
é povo que faz a história
nas estações em que passa.
15
Sertanejo, deslumbrado,
da capital do Interior,
Paro e olho como poeta
e fotografo com amor,
a cidade velha e a nova…
Faço haicai, cordel e trova,
São Paulo em tudo tem cor.
16
Fora e dentro da paisagem
do metrô, pelas estações,
a moda que inventa moda
tem espaço de emoções,
nos projetos culturais,
além de artes visuais
concertos e belas canções
17
Viajando, cheio de sonhos,
o usuário com vigor,
faz a vida mais contente,
tem no metrô, o esplendor,
do minuto brasileiro.
Sabe que tempo é dinheiro
e dinheiro é vida e valor.
18
Nestes bons trinta e cinco anos
dos quais dez Companhia
de Trens Metropolitanos.
São Paulo que é poesia.
tem seus pontos cardeais
movimentos cordiais,
na vida do dia a dia…
19
Entre túneis e superfícies.
neste cenário bacana,
paz pelas quatro estações
com as vitrines de Ikebana…
Esculturas e poesia…
O jornal de todo o dia…
É obra que de Deus emana.
20
Nesse progresso incomum
de terra quatrocentona
dos cafezais à indústria
ao comércio em maratona
o povo que se desdobra…
O imigrante tudo cobra
da cidade que emociona.
21
Cenário amigo é o Metrô!
solidário,  nada esconde…
Relembre através da história
a vida dura do bonde,
no meu relógio de ponto…
Todo mês quanto desconto!
A rapidez corresponde.
22
“São Paulo dos meus amores”
treze listras das bandeiras
progressista a todo o instante
de vida gentil de ordeira
cidade que se desdobra,
urbanidade que sobra
pela pátria brasileira.
23
Nesta vida, coisa boa,
meu trem das onze, é fulgor,
corre até a meia-noite;
é transporte de valor
é segurança de fé
é sorriso que dá pé
é verso de cantador…
24
Vai-e-volta, gente bonita,
da pátria do bom cidadão
em sua faina diária,
carteira assinada ou não
que, São Paulo que é formiga
também é cigarra e abriga
a saga da Educação.
25
Neste  mundo transversal
temas escolares tantos,
em seu cenário tem vida…
Num programa, com encantos
comunitários, o fascínio,
dá a todos tirocínio
da grandeza em todos cantos.
26
No “Ação Escolar” projeta
a influência, positiva,
do metrô pela cidade…
Movimento que motiva,
no urbanismo, novos lares,
é nos bancos escolares,
consagra-se em voz ativa.
27
Os conceitos cidadãos
são plenos em toda parte
faz da cultura de então
dar vivas a vida com arte
que o visual é fartura
que encanta, fascina e apura,
É saber que se reparte…
28
Como patrimônio público
paisagístico e de transporte
Metrô é riqueza da história,
trouxe à vida a melhor porte,
é tudo que o povo queria…
Foguete de todo o dia
do meu trabalho, o suporte.
29
São Paulo é renovação,
canteiro da arquitetura,
pátria de nossos estados
onde se sonha fartura…
Ambição a luz do dia
de noite sonho e poesia…
Vive-se bem… A vida é dura!
30
Por todas as linhas que passo,
por todos sonhos que planto
a trabalho ou a passeio
O metrô tem seu encanto
viajo em paz, sossegado,
feliz e cheio de agrado
e meus limites suplanto.
31
Recordo dos velhos tempos
do transporte e nossa história…
Museu Gaetano Ferolla
têm muito da trajetória…
O bondinho da novela
se à saudade dá trela?
Metrô é conforto e glória!
32
Salve os metroviários. Viva!
gente amiga e de paz!
quem trabalha por São Paulo,
é ordeiro em tudo que faz.
Viva minha gente de fé,
em Sampa tudo da pé!…
Viva o Metrô!  Viva o Brás!
-
Fonte:
O Autor

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Hernando Feitosa Bezerra Chagall (Cantares) I

MULHER

Tens como encanto
Um sorriso
E um espanto
No brilho do olhar

Bem sei há tristezas
Profundas contidas
E bem escondidas
Num canto qualquer

Como sei que há vida
Uma vida incontida
Pronta a aflorar
De teu ventre, mulher.

LA BELLE D’JOUR

És flor delicada e bela
Que abrindo se perfuma o ar
Anuncias a primavera
No encanto do teu olhar.

Brilhas a noite mais escura
Iluminas o dia mais sombrio
Com teu jeito de menina pura
E esse corpo de mulher no cio.

És um milagre de Deus
Uma fonte inesgotável e incontida
De inspiração pros versos meus
E de alegria e tesão pela vida.

Lute batalhe experimente
O suave sabor da felicidade
Sejas cativa somente
Da beleza do amor e da liberdade.

NÁUFRAGO

Não deixes meu ser à deriva
Meu coração começa a adernar
Frágil embarcação nessa vida
Naufragando no teu lindo olhar.

Leve-me ao teu porto seguro
Bem perto do entardecer
Ouça o forte murmúrio
Deste meu peito a bater.

No teu corpo minha vida
Entrego sem nada temer
Vem curar as feridas
Que o mundo costuma fazer

Para que de novo à lida
Eu volte sem tempo ruim
Sabendo que alguém nesta vida
Ama, cuida e vela por mim.

ARS / AMOR
A poesia abre o coração
Expõe a alma
A pintura abre os olhos
Expõe a realidade
A música abre a cabeça
Expõe a percepção
A mulher abre os braços
Expõe-se à vida.

PRECE

Seu amor menina
Encanta me ensina
Seu desejo mulher
Cresce me envaidece
Deixa-me do tamanho
De quem numa prece
Encontrou Deus.

VICE OU VERSA

Te amo!
Jamais direi novamente que
Posso viver sem você.
Acredito que
Apesar de tudo
Você me ame também.
Não consigo imaginar que
Algum dia
Te esquecerei.

CANTIGA

Teus olhos belos sóis
Dois lindos arrebóis
À noite duas luas
Brilhando seminuas

E no amanhecer
Já nas primeiras horas
Iluminam teu ser
Como duas auroras.

IRIS

A gentil serenidade
De teu olhar
Desnudou meu orgulho
Ressuscitando em mim
O menino que eu matara.

LÁCRIMA
Brota nos recantos do coração
Deságua pelas janelas da alma
Rola rosto pura emoção

Essa pérola viva do ser
Rainha de uma extrema dor
Princesa de um imenso prazer.

MÃES MENINAS

Meninas tão lindas
Tão jovens ainda...
Mulheres tão puras
Tão verdes, maduras...

Deixam (sem querer)
O brinquedo, o sorriso
A pureza e o prazer
Para brincarem de sofrer.

PUPILAS
O esplendor do sol
Transforma em ouro
As espigas do trigal
As pétalas dos girassóis
E as meninas dos olhos
Do poeta.

CHEGA DE SAUDADE

A palavra cala
No gesto do abraço
Teus olhos úmidos
Meu peito em descompasso

Um beijo ardente
Silencioso e profundo
Aproxima a gente
Do paraíso no mundo.

DRUMMONDIANDO

No
Meio do caminho
Havia uma pedra
Eu!
Que esfarelou-se humana
A um simples toque
Seu.

TOGETHER

Esses teus olhos tristonhos vão sumir
Em seu lugar darei o brilho
Que ainda resta em meu olhar
Pois quero ver teu rosto se iluminar
Num sorriso simples sincero e sem medo.

Se hoje lhe ajudo também peço ajuda
Quero te ver sonhando meu sonho
Vivendo meu viver
Quero te amar bem mais que o meu coração
Quero juntar à tua minha solidão.

Pois eu também por muito tempo andei sozinho
Sem ter ninguém , sem ter amor pra me ajudar
Andei caminhos sem rumo, sem destino
Mas hoje a vida deu-me outra chance
Ao te encontrar.

WINDOW

Você é janela aberta
Em dia ensolarado;
Ilumina, areja, liberta
Meu coração trancafiado.

DOCE MISTÉRIO
Mulher
Segredo e milagre
Santa
Quando briga ou canta
Delicioso
Mistério de amor
Entre
O humano e o poder
Criador.

PERCEPÇÃO

Meus olhos muitas vezes
Vêem coisas
Que pessoas apressadas
Nem dão fé!
Se eles mentem
O fazem colorido
Num sorriso
Numa flor
Numa mulher.

SE FOSSES MINHA

Se fosses minha amiga
Darias-me uma droga
Mais forte que a vida;

Se fosses minha amante
Darias-me amor maior
Do que ontem;

Se fosses minha amada
Não deixarias morrer
Nosso conto de fada.

YES

Agradeço a Deus
Por um sorriso teu
Que seja só para mim

Pois o teu encanto
Enxugou meu pranto
E me deixou assim

Louco por teus beijos
Pleno do desejo
De chegar ao fim

Deste mar revolto
Lindo que é teu corpo
Dizendo-me sim.

Fonte:
Hernando Feitosa Bezerra. Cantares.  Universidade da Amazônia – NEAD.