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segunda-feira, 24 de março de 2014

Olivaldo Junior (Abandono – as trovas nuas)

Um homem que abandona uma mulher em condição de espera. Uma jovem que abandona o filho à madrugada, à morte. Um filho que abandona os pais à própria sorte. Um amigo que se esquece do outro e some, desaparece, sem deixar vestígios. Abandono, as trovas nuas da existência, persiste, a nos tirar o sono, a soluçar baixinho, quando todos dormem, e os dormentes não. Sós, essas trovas, ou pessoas, vão.

Abandono - as trovas nuas -,
tu acolhes minha sina
de astronauta sem as luas,
de lunático que ensina.

Meu amigo mais querido,
a quem tanto me apeguei,
desapega-se, escondido,
deste humilde que era rei.

A mulher, abandonada,
faz das horas seu tear:
tece a vida inanimada,
noite e dia, sem parar.

Olho o ingrato, pobre ser,
se descuida de onde sai;
mas o tempo vai vencer
e abandona quem se vai.

Ao criarem seus meninos,
pai e mãe envelheceram;
hoje, avós de pequeninos,
num asilo, “anoiteceram”...

Tua culpa, minha culpa,
triste ideia de exclusão;
prevalece a tal desculpa
de que fuga é solução.

Os “notáveis escritores”,
as pessoas mais notáveis,
apontaram minhas dores
como causas insondáveis.

Fonte:
O Autor