sábado, 14 de março de 2009

Caldeirão Poético de Todos os Brasis




ACRE

Jorge Tufic
A ORIGEM DA NOITE

A Noite era um fantasma que se repartia
entre a luz e a escuridão.

Um lado desse fantasma era escuro e feio.
O outro lado era claro e bonito.

Nãmi, era como se chamava o dono da Noite.

Os grilos teciam as folhagens do sono
enquanto o pássaro japu tratava de afastar,
com seu bico,
as cortinas da madrugada.

Antes de dar a Noite a seus netos,
Nãmi comeu ipadu e fumou olé-o (cigarro).

O resto dessa estória ninguém sabe,
porque uma parte dela ficou com a Gente da Noite
e a outra parte ficou com a Gente do Dia.
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ALAGOAS

Lêdo Ivo
O PASSARINHO MORTO

A santidade do mundo me aparece
sob a forma assustada de um esquilo
que me contempla entre arbustos.
Devo esta aparição ao deus que me criou
e me faz notar o miúdo e o insólito.
A poeira na asa da borboleta
E a chuva radiosa.
Abaixo-me e agarro o passarinho morto
que nem a neve soube guardar.
Por que o mataste, ó deus do frio
que, na noite de Nova Iorque, une a homem e mulher.
Como uma formiga, espero que o comboio passe
para atravessar
os trilhos sangrados pela ferrugem.
E, cristaleiro, amo o que o tempo fez
sem que fosse preciso ferir ou insultar:
vaga na prancha podre de um navio
ou o fulgir de um diamante.
A essa forma de perfeição, luminosa e fria,
é que aspiro às vezes quando, no banco de um parque,
vejo o passarinho morto
ou, homem, sou o esquilo que os esquilos
vêm olhar com surpresa.
Aos céus que guardam o granizo e a saraiva,
peço isenção de selo funerário.
Mas como esse deus mouco me ouviria?
Com seus olhos vazados, de que modo
me enxergaria? E as folhas caem, desbotadas, e o outono
é vento e podridão.
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AMAPÁ

Paulo Tarso Barros
MEUS OLHOS FALAM TÃO POUCO

Às vezes,
por corpo eu tenho o Universo
e o meu coração
torna-se uma estrela.
Por isso
não decifro as sombras
ocultas pelas coisas;
Por isso sou triste
e os meus olhos falam tão pouco
a linguagem do silêncio.
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AMAZONAS

Anibal Beça
ESPELHO

Para fechar sem chave a minha sina
Clara inversão da jaula das palavras
As vestes da sintaxe que componho
De baixo para cima é que renovo.

Escancarando um solo transmutado
Para o sol da surpresa nas janelas
Ao mesmo pouso de ave renascida
Do fim regresso fera não domada.

Na duração que escorre nessa arena
Lambendo vem a pressa em que me aposto>
Nessa voragem, vaga um mar de calma

Que me alimenta os ossos da memória.
Sobrada sobra, cinza dos minutos,
O que sobrou de mim são essas sombras.
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BAHIA

Rui Mascarenhas
DEVER DE CASA

À Marilena

Eles me ensinaram o que sentir e como sentir!
Me ensinaram o que pensar e como pensar!
Ensinaram o que dizer e como dizer!
O que fazer e como fazer!

...me ensinaram tudo errado!
De modos que eu me tornei parvo e preguiçoso
Me calaram aos poucos
E assim que fiquei mudo,
Me tomaram o corpo!
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CEARÁ

Nilto Maciel
SE ME CHAMARES FOGO

Se me chamares fogo
eu te labaredas.

Se me quiseres água
eu te correntezas.

Se me julgares vento
eu te tempestades.

Se me disseres pedra
eu te porcelanas.

Se me chamares chão
eu te profundezas.

Se me quiseres noite
eu te estrela Vésper.

Se me julgares pássaro
eu te vendavais.

Se me disseres corvo
eu te Allan Poe.

Se me chamares serpe
eu te paraíso.

Se me quiseres corda
eu te Tiradentes.

Se me julgares diabo
eu te tentações.

Se me disseres anjo
eu te candelabros.

Se me chamares deus
eu te eternidade.

Se me quiseres louco
eu te poesia.

Se me julgares santo
eu te crucifixos.

Se me disseres vida
eu te funerais.

Se me chamares mito
eu te tecelões.

Se me quiseres pródigo
eu te ancestrais.

Se me julgares hoje
eu te amanhã.

Se me disseres sempre
eu te nunca mais.

Se me chamares vem
eu te seguirei.
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DISTRITO FEDERAL

Pedro Gontijo
AINDA QUE QUEIRA PERDER-ME

Faça com a clareza dum beijo
que não mente, atrasa ou faz-de-conta
e só compraz a que apronta a alma

Perca-me baixinho, melhor, em silêncio
De beijo calado
Não faça lampejo, não dê volta e meia
Tome o ensejo firme e perene
obstinada

A nada permita que não me faça perder
Decidida, fatalmente perca-me
Invariável, eternamente perca-me
Faça-me perder, num repente, sem que eu perceba
e me arrependa.
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ESPÍRITO SANTO

Geir Campos
INVENTÁRIO

Esta epiderme há muitos muitos anos
me cobre: guarda algumas cicatrizes,
outras não lembra mais, e até mistura
uns caminhos da infância a outros de agora.

As unhas não direi que são as mesmas
com que o seio nutriz terei vincado:
são mais duras, mais feias e mais sujas
— pois nem sempre de amor e entrega foi
o chão em que plantei, colhi nem sempre.

Se os dentes não gastei, gastei meus olhos
entrevendo paisagens, vendo coisas,
cegando-me ante sésamos de sombra.

A alma apanhou demais e vai pejada,
mas vão leves as mãos cheias de nada
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GOIÁS

Cora Coralina
SOU RAIZ

Sou raiz, e vou caminhando
sobre as minhas raízes tribais.

Velhas jardineiras do passado ...
Condutores e cobradores, vós me levastes de mistura
com os pequenos e iletrados, pobres e remendados ...
Destes-me o nível dos humildes em tantas lições de vida.
Passante das estradas rodageiras, boiadeiros e comissários,
aqui fala a velha rapsodia.
Escuto na distância o sonido augusto do berrante que marca
o compasso das manadas que vão pelas estradas.
O mugido, o berro, o chamado da querência, a aguada,
o barreiro salitrado, a solta, o curral, a porteira,
a tronqueira, o cocho, o moirão, a salga, o ferro de marcar,
rubro, esbraseado. A castração impiedosa.
Eu sou a gleba e nada mais pretendo ser.
Mulher primária, roceira, operária, afeita à cozinha,
ao curral, ao coalho, ao barreleiro, ao tacho.
Seguro sempre nas mãos cansadas a velha candeia
de azeite veletudinária e vitalícia do passado.

Viajei nas velhas e valentes jardineiras
do interior roceiro, suas estradas de terra,
lameiros e atoleiros, seus heróicos e anônimos condutores
e cobradores, práticos, sabidos daqueles motores desgastados,
molas e lataria rangentes.
Santos milagreiros eram eles. Onde estarão?
Viajei de par com os humildes que tanto me ensinaram.

Viajantes das velhas jardineiras, meus vizinhos
das estradas viaje iras ...
Meus trabalhadores: Manoel Rosa, José Dias, Paulo, Manoel,
João, Mato Grosso, plantadores e enxadeiros, meus vizinhos sitiantes,
onde andarão eles?
Andradina, Castilho, J aboticabal, comissários e boiadeiros, tangerinos,
esta página é toda de vocês.
Fala de longe a velha rapsodia.
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MARANHÃO

Antonio Miranda
O JOVEM NA LIVRARIA
(um memorial)

De pé, lendo na livraria.
Nas proximidades, os bondes
confluindo no Tabuleiro da Baiana;
marmiteiros na direção de grotões
com valões a céu aberto;
trens trepidando e perdendo-se
nas penumbras ignotas e tristes
de um desterro suburbano.

De pé, lendo na livraria.
La fora, analfabetos e letrados
revezando-se no espaço
sem solução à vista:
Brasil, país do futuro!
(Escuro, muro, desconjuro.)
Transeuntes, ambulantes
e uma elite na livraria.

Senhores nos botecos, goles
de café, “lotações”; ainda havia
batedores de carteira, malandros,
funcionários públicos (barnabés)
pelos institutos de previdência.
O garoto, de pé, na livraria
lendo Drummond, Bandeira,
vindo do bairro mais distante.

Brasil, afinal, Campeão do Mundo!
Sorrisos sem dentes, salário mínimo,
programas de auditório, carnaval.
Mundo mundo, vasto mundo, eu não
me chamo Raimundo, mas Antonio,
flébil, esguio, com dinheiro apenas
para o pastel e o ônibus; os livros
eram leitura de livraria, de pé.

O pai, barnabé; a mãe, costureira.
De pé, lendo na livraria: Drummond,
Cabral, Bertrand Russell, e algo mais.
Um fragmento de Baudelaire, um pedaço
de Aimé Cesaire, frase de Nietzsche.
“-Que livros você quer levar, meu jovem?”
Pensou: “nenhum”. Gostaria, mas não podia.
Lá fora, tantos outros como ele.

Personagens sem olhos, sem boca.
Massas humanas movendo-se
anônimas; bacharéis luzindo anéis.
“A vida como ela é”, do Nelson Rodrigues.
Vedetes de teatro de revista, Ibrahim Sued.
Miss Brasil não falava inglês
e já imitavam jazz e rock
e a bossa-nova queria ganhar o mundo!

E o garoto, de pé, na livraria.
“Pode levar os livros que quiser, sem pagar”.
(...) “Sim, isso mesmo, jovem, os livros
que quiser: dois, dez, à vontade”.
Quis correr, encabulado, assustado.
“Uma pessoa viu-o lendo, e emocionou-se:
(...) Um magistrado, um homem abastado.”
(...) Deixou crédito aberto a seu favor...”

“Machado de Assis? Jorge Amado?
Menotti del Picchia? Sartre? Camus?”
“O que quiser, o que consiga levar!”
(...) Na estante de casa havia livros
emprestados da biblioteca pública.
Sorte que havia bibliotecas públicas!!!
Levou para casa o J. C. de Melo Neto
e a filosofia difusa de Lin Yutang.
.......................................................
Outros livros seguiu adquirindo
por conta própria: tantos, tantos!
E ali está, de pé, na livraria,
outro jovem suburbano lendo um livro!!!
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MATO GROSSO

Ronaldo de Castro
A ÁGUA

A água corre
a distância cilíndrica
e num jato frio morre
na boca nívea da pia

A esponja mineral
do canteiro chupa a água
O esgoto é sepultura
das águas desta cidade
que lavam ruas e sexos
e a sede matam também

Pluvial ou água clorada
a água líquida informe
são as formas diluídas
de sorrisos naufragados

Quando o gelo é água dura
engarrafada é pileque
no rio é casa de peixe
no céu é nuvem eqüestre
no mar pode ser salitre

Água água sempre água
deslizante fugidia
água benta batizando
água suja intoxicando
água quente e água fria

Já que a seca é falta d´água
matando plantas e bichos
a humanidade é pau-d´água

Água água sempre água
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MATO GROSSO DO SUL

Keila Mattiole Sousa
INTENÇÕES

Lá adiante um pé de bocaiúva
junta seu cacho baixinho com guavira.
E onde céu tem precedência,
água branca de mata arroja ímpeto
e desce como assobio de saci.
Maritaca sossobra de asa e grito
como criança mijada.
Tudo combina de cor e entre-cor
graça e abandono de mato
como beleza bondade e mistério
de mulher apaixonada.
Zoró de tudo, vento brinca
de esconde-esconde com século.
No aroma dos longes,
criatura-homem se apequena.
Não sabe se ser de bem com coisa feita.
E sofre com dor-de-mágoa quando pasma.
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MINAS GERAIS

Bruno Grossi
DESILUSÃO

Os ventos da era doce sagrada
Trazem lembranças do fastio.
Os sinos tocam às seis da tarde
E eu me deito no jazigo.
As cores do meu corpo,
Os brilhos dos meus olhos
São cartas que se despedem
Do revoar da vida,
Como um velho suicídio
Ou um corpo iluminado.
Um sonho transfigurado
Com um cheiro podre.
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PARÁ

Olga Savary
UMA CENA

Vês acordada como em sonho
o sonho mau tal fosse belo
— o belo horror do real
que nem consciência nítida
ou lúcida, clara, exata,
não como é visto sol a pino
ou através da água,
como quem vê dentro do mar
ou através de um vidro fosco,
mais, no fundo de um espelho,
não o que mostra a imagem
mas aquele que a deforma
inteiro fora de foco.

OUTRA CENA

Sentada estavas quando ele entrou
seguido de uma princesa ou uma serpente.
Só sabes que teu rosto não mudou
mas em turvo mudou-se o transparente
riso de antes, pesados os gestos.
Viraste uma mulher que acordada
e de frente vê um sonho mau
se sonho e distante já nem sente
e que já não amando é como se amasse
e, perdido o amor, é como se o tecesse.
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PARAÍBA

Celso Japiassu
AURORA

Dormi entre assassinos,
juntei minha voz ao coro dos mendigos.
Ouvi o agouro das aves
prenunciando a náusea.

Em pleno verão, entoei a musica do inverno
e mergulhei no assombro.
Nenhum disfarce encobriu a voz
que anunciava o grito.

Aurora lancinante aspergia a escuridão
de uma noite eterna, absoluta.
Pássaros grasnaram o anúncio
de horror e fome.

Nossos estigmas traduziam
a face da doença - a dor
de sonhos massacrados -
a dor.
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PARANÁ

Emiliano Perneta
VENCIDOS

Nós ficaremos, como os menestréis da rua,
Uns infames reais, mendigos por incúria,
Agoureiros da Treva, adivinhos da Lua,
Desferindo ao luar cantigas de penúria?

Nossa cantiga irá conduzir-nos à tua
Maldição, ó Roland? ... E, mortos pela injúria,
Mortos, bem mortos, e, mudos, a fronte nua,
Dormiremos ouvindo uma estranha lamúria?

Seja. Os grandes um dia hão de cair de bruço ....
Hão de os grandes rolar dos palácios infetos!
E gloria à fome dos vermes concupiscentes!

Embora, nós também, nós, num rouco soluço,
Corda a corda, o violão dos nervos inquietos
Partamos! inquietando as estrelas dormentes!
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PERNAMBUCO

Solano Trindade
TEM GENTE COM FOME

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
pra dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Piiiii

estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer

Mas o freio do ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuuu
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PIAUÍ

Alvaro Pacheco
PRECISADOS

precisamos desses tóxicos
desse som dessa fumaça
desse medo intemporal
integrado no artifício
de nosso contentamento:

precisamos desse tempo
diluído em nossa alma:
precisamos esquecer.

precisamos nos matar
nessa mesma ecologia
de uma alma poluída
e da carne imergida
em abstrusa euforia.

precisamos desse sonho
circulando em nossos nervos
precisamos desse sangue
encobrindo nossos olhos
precisamos da sentença
e de como evitá-la:
precisamos desses fatos
para neles sancionar
todo o tempo improrrogável.
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RIO DE JANEIRO

Affonso Romano de Sant' Anna
EPITÁFIO PARA O SÉCULO XX

1.
Aqui jaz um século
onde houve duas ou três guerras
mundiais e milhares
de outras pequenas
e igualmente bestiais.
2.
Aqui jaz um século
onde se acreditou
que estar à esquerda
ou à direita
eram questões centrais.
3.
Aqui jaz um século
que quase se esvaiu
na nuvem atômica.
Salvaram-no o acaso
e os pacifistas
com sua homeopática
atitude
-nux vômica.
4.
Aqui jaz o século
que um muro dividiu.
Um século de concreto
armado, canceroso,
drogado,empestado,
que enfim sobreviveu
às bactérias que pariu.
5.
Aqui jaz um século
que se abismou
com as estrelas
nas telas
e que o suicídio
de supernovas
contemplou.
Um século filmado
que o vento levou.
6.
Aqui jaz um século
semiótico e despótico,
que se pensou dialético
e foi patético e aidético.
Um século que decretou
a morte de Deus,
a morte da história,
a morte do homem,
em que se pisou na Lua
e se morreu de fome.
7.
Aqui jaz um século
que opondo classe a classe
quase se desclassificou.
Século cheio de anátemas
e antenas,sibérias e gestapos
e ideológicas safenas;
século tecnicolor
que tudo transplantou
e o branco, do negro,
a custo aproximou.
8.
Aqui jaz um século
que se deitou no divã.
Século narciso & esquizo,
que não pôde computar
seus neologismos.
Século vanguardista,
marxista, guerrilheiro,
terrorista, freudiano,
proustiano, joyciano,
borges-kafkiano.
Século de utopias e hippies
que caberiam num chip.
9.
Aqui jaz um século
que se chamou moderno
e olhando presunçoso
o passado e o futuro
julgou-se eterno;
século que de si
fez tanto alarde
e, no entanto,
-já vai tarde.
10.
Foi duro atravessá-lo.
Muitas vezes morri, outras
quis regressar ao 18
ou 16, pular ao 21,
sair daqui
para o lugar nenhum.
11.
Tende piedade de nós, ó vós
que em outros tempos nos julgais
da confortável galáxia
em que irônico estais.
Tende piedade de nós
-modernos medievais-
tende piedade como Villon
e Brecht por minha voz
de novo imploram. Piedade
dos que viveram neste século
per seculae seculorum.
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RIO GRANDE DO NORTE

Lisbeth Lima de Oliveira
POUSIO

Meu corpo repousa
assim como a terra arada,
desenhada para o plantio.

Entre uma safra e outra,
meu corpo repousa e te espera paciente,
enquanto escolhes as sementes.

Quando vens, é sol.
Mas a terra fica molhada.
E quando tudo parece árido
me encantas outra vez.

E meu corpo se acostuma
com chuvas de verão.
com temperamento sazonal.
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RIO GRANDE DO SUL

Carlos Nejar
CONTATO

Não contratei com a vida.
O que ela me liga
é uma conquista de viver,
é uma fúria aprendida,
mas que gosta de ventar em mim.

Nunca segui cláusulas,
normas de existir.
Deixo que outros as cumpram
ou descumpram,
em artigo de morte ou vício.
Deixo que os contratantes
tentem apanhar a vida
em desídia;
ou busquem leva-la
aos ombros, na garupa
dos próprios escombros.

Não contratei com a vida.
Se ela me deu temores, desespero,
não me queixo, nem combato.
Não uso a legítima defesa
para impedir seu parto;
que ela nasça em mim,
cresça e se desfaça

Culpa não tenho
deste amor em desgraça,
deste amor sem casamento,
padrinhos, festas oficiais
e oferendas.

Não contratei;
o estado de graça
é castigá-la
com merecimento,
desamarrá-la das horas,
matá-la em nós.
E continuar vivendo.
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RONDONIA

José Valdir Pereira
ENQUANTO...SE...

Enquanto os meus olhos não enxergarem o meu próximo e a beleza da natureza;
enquanto o meu coração estiver fechado à ternura e à singeleza de uma amizade sincera e duradoura;
enquanto as minhas mãos ficarem encolhidas;
enquanto as minhas palavras não levarem alegria e felicidade por onde eu estiver ou andar;
enquanto a minha riqueza significar a pobreza de outrem;
enquanto os meus passos espelharem o medo à verdade, à angustia da solidão, à fuga do passado, à insegurança no presente e à incerteza do futuro,
não me permitam a que eu continue habitando este inferno existencial.
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SANTA CATARINA

Fátima Venutti
INCÓGNITA

Incógnita esta tua chegada
De repente, fez-se o azul.
A clarear meus dias nublados
A emoldurar-me nas noites abissais
A degustar de mim
O resgate dos versos derramados
Na soleira do meu tempo

Incógnito desejo
Que embora distante estejas
Íntimo almejado são teus beijos madrigais
Na ânsia deste novo que principia
Respiro e navego no teu aroma,
Êxtase guardado sob o véu da tua ternura

Calada e distante, confesso
Meu vislumbre por sobre a tua vinda
A rechear-me os dias, já azulados,
Com outra incógnita:
O germinar deste amor
Que agora respira em mim.
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SÃO PAULO

Eunice Arruda
AS PRAIAS

As praias brancas
desertas
cansaram-se dos beijos do mar
Elas
estendem-se agora
preguiçosas
lânguidas
perdidas na rotina branca
das areias
As praias estão exaustas
dos afagos
do mar
Por isso elas são frias
e fazem castelos
em suas areias:

para o tempo passar
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SERGIPE

Gizelda Santana de Morais
PELA RUA

Caminho pela rua...
quantos destinos cruzam-se comigo,
quantas vidas diferentes de outras vidas,
quantas faces diferentes de outras faces...

Vou passando por muitos
(enquanto eles também passam por mim)
e perscruto seus gestos, seus modos, seus olhares.

Vejo gente sorrindo,
vejo gente cansada,
gente altiva, gente humilde, gente triste...
não vejo alguém chorando,
mas, quanta gente choraria o pranto
guardado, se não fosse a vergonha
de chorar pela rua.

Na rua passa tudo, passam todos
passa a noite, o silêncio, o barulho,
até os mortos passam pela rua.
E suas casas, suas luzes, suas pedras
também olham, perscrutam e testemunham
a tudo e todos que passam
pela rua.
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TOCANTINS

Pedro Tierra
A HORA DOS FERREIROS

Quando o sol ferir
com punhais de fogo
e forja
a exata hora dos ferreiros,
varrei o pó da oficina
e a mansidão dos terreiros,
libertai a alma dos bronzes
e dos meninos
desatada em som
e nessa aguda solidão
que em ondas se apazigua
— ponta de espinho antigo —
na carne
do coração.

Convocai enxadas,
foices, forcados, facões,
grades, cutelos, machados,
a pesada procissão dos ferros
afeitos ao rigor da terra
e da procura
e, por fim, as mãos,
resignadas,
multiplicadas no cereal maduro.

Mãos talhadas em silêncio
e ternura,
que plantam a cada dia
sementes de liberdade
e colhem ao fim da tarde
celeiros de escravidão.

Esgotou-se o tempo de semear
e inventou-se a hora do martelo.
Retorcei na bigorna outros anelos
e a força incandescente deste mar
de ferros levantados.

Esgotou-se o tempo de consentir
e pôs-se a andar
a multidão dos saqueados
contra os cercados do medo.

Homens de terra
e relâmpago!
Convertei em fuzis vossos arados,
armai com farpas e pontas
a paz de vossas espigas!

Fontes:
http://www.antoniomiranda.com.br/
http://alcinea-cavalcante.blogspot.com/

Neida Rocha (Não Nasci Poeta)

Pintura à óleo de Angela Kelly Topan
Não nasci Poeta.
A vida lapidou-me,
dando formato
aos meus sentimentos.
Tornei-me Poeta
quando escutei meu coração
e dei voz a minha alma.
Tornei-me Poeta
quando aprendi a viver o amor,
silentemente,
sem a certeza da paixão correspondida.
Tornei-me Poeta
quando percebi os sons da natureza
e respondi aos seus anseios.
Tornei-me Poeta
enquanto todos dormiam
e eu despertava
para observar o amanhecer da vida.
Tornei-me Poeta
quando busquei o reflexo de minha alma
e atendi seu chamado.
Fonte:
Colaboração da autora

José Valdir Pereira (Ler É Viver, Sentir, Viajar, Conhecer, Sonhar...)



Ler é viver, sentir, viajar, conhecer, sonhar, questionar, encontrar respostas...Através da leitura as crianças trabalham a criatividade, a imaginação, reflexão, argumentação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. O resultado disso são pessoas questionadoras, autoconfiantes e observadoras do mundo que os cerca.

A leitura, como qualquer arte, vai além da informação e a criança, para gostar de ler e crescer como um bom leitor, precisa ser estimulada, pois se entende que gostar de ler não é um dom, como ser artesão, pintor, poeta.
Gostar de ler é um processo de aquisição que acontece nas diferentes fases de desenvolvimento da criança e, sobretudo, pelos estímulos que recebe na sua interação com o adulto e com o meio em que vive.

Neste sentido, quanto mais cedo a criança tiver contato com os livros e perceber o prazer que a leitura produz, maior será a probabilidade dela tornar-se um adulto ledor, leitor. Da mesma forma, através da leitura, a criança adquire uma postura crítico-reflexiva, extremamente relevante à sua formação cognitiva.

Fonte:
http://acler.org/

Academia de Letras de Rondônia (ACLER)



Academia de Letras de Rondônia – ACLER é uma entidade cultural, sem fins lucrativos e de duração indeterminada, que tem sua sede e foro na cidade de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. Foi fundada aos dez dias do mês de junho de hum mil novecentos e oitenta e seis. Sua fundação foi fruto da iniciativa de um grupo de cidadãos, oriundos de diferentes segmentos da sociedade rondoniense, autores que contribuíram e contribuem para a formação da literatura rondoniense e brasileira, historiadores e críticos literários, cientistas sociais, jornalistas, políticos e cientistas, cujas obras e vida profissional constituem uma referência em suas respectivas áreas.
Decidiram, com essa iniciativa, prover o Estado de Rondônia de uma instituição cultural capaz de promover o cultivo dos livros e incentivar as atividades intelectuais e culturais da região. A seguir, a relação dos Acadêmicos presentes à reunião de fundação da Academia, realizada no auditório da Biblioteca José Pontes Pinto: Abnael Machado de Lima, Ary Tupinambá Pena Pinheiro, Amizael Gomes da Silva, Bolívar Marcelino, Edson Jorge Badra, Emmanuel Pontes Pinto, Esron Penha de Meneses, Eunice Bueno da Silva e Souza, Gesson Álvares de Magalhães, Hélio Fonseca, José Calixto de Medeiros, José Valdir Pereira, Matias Alves Mendes, Paulo Nunes Leal, Raymundo Nonato de Castro e Vitor Hugo. Por ocasião desta reunião, em 10 de junho de 1986, deliberaram os presentes nomear o Desembargador Hélio Fonseca para dirigir os trabalhos.

Assim sendo, a reunião foi conduzida pelo desembargador Hélio Fonseca, que logo colocou em discussão os seguintes assuntos: nome da entidade, composição da comissão responsável pela elaboração do anteprojeto do Estatuto da Academia, horário, local e datas das próximas reuniões. Após análise e discussão da pauta, os presentes deliberaram, por unanimidade: a entidade cultural, fundada na ocasião pelos presentes, chamar-se-á Academia de Letras de Rondônia – ACLER; a comissão responsável pela elaboração do anteprojeto do Estatuto da Academia será constituída pelos membros: Edson Jorge Badra, José Valdir Pereira, Matias Alves Mendes e Gesson Álvares Magalhães, sendo que referida comissão deverá apresentar o anteprojeto do Estatuto, para discussão e aprovação, na próxima reunião, dia 17 de junho de 1986. Deliberou também os presentes, que as próximas reuniões acontecerão sempre às terças-feiras, no mesmo local, a partir das 20h 30min.

No dia 17 de junho, na reunião seguinte, atendendo convocação expressa registrada em Ata, os participantes, sob a coordenação do Desembargador Hélio Fonseca, Presidente do núcleo de fundadores da Academia, foram informados da pauta da Reunião, destacando como prioritário a análise, discussão e aprovação do anteprojeto do Estatuto da Academia. Após análise e discussão do Estatuto, o Presidente o submeteu à aprovação dos presentes, sendo aprovado por unanimidade, já com a Diretoria provisória da Academia definida, eleita por unanimidade, ficando assim constituída: Presidente: Desembargador Hélio Fonseca, Vice-Presidente: Édson Jorge Badra e Secretário-Geral: José Valdir Pereira.

Até o ano de 2005, a Academia funcionou na sua sede própria, imóvel doado pelo governo José Bianco, prédio onde funcionou a Biblioteca José Pontes Pinto, situado à Av. Farqhuar, 1793, Bairro Caiari, Porto Velho - Rondônia. Deixou de funcionar em sua sede, a pedido do governo do Estado, Ivo Cassol, dizendo este que faria uma reforma no referido prédio e o entregaria logo em seguida. Atualmente, a Academia realiza suas Sessões Ordinárias no auditório do Conselho Estadual de Educação de Rondônia, gentilmente cedido pela Presidência da colenda Instituição de educação, de acordo com convênio celebrado entre as duas entidades.

A Academia é composta de quarenta membros titulares, membros
correspondentes (brasileiros ou estrangeiros), residentes no restante do país ou no exterior, membros beneméritos e membros honorários, sendo as vagas preenchidas de acordo com critérios previstos no Estatuto. O quadro de Patronos é composto de escritores já falecidos, de reconhecido conceito e valor literário, com sua vida ou obra apresentando algum vínculo com o Estado de Rondônia.

O Presidente atual da Academia é o escritor e poeta José Valdir Pereira
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O Brasão

a) Descrição Técnica Geometral:

Da Forma:

A forma geométrica do Brasão da Academia de Letras de Rondônia possui uma forma ovalada distinguindo-se por uma figura geométrica Elipse Falsa constituída por dois eixos. Dentro desse círculo elipsoidal forma-se um anel circunscrevendo-se no seu interior uma figura plana, distinguindo-se sobre ela uma fração de arquitetura iconográfica do Forte do Príncipe da Beira, encimado por uma figura estilizada de uma coruja. Essas peças podem ser em relevo – madeira ou metálica. Os ramos de café e cacau ladeiam a figura. Abaixo da figura iconográfica, está a frase Fundada em 10 de junho de 1986, que marca a data de fundação da Academia.

Das Cores:

A Fração arquitetônica do Forte do Príncipe da Beira, representa por uma guarita, em blau, sendo as faixas que a atravessam, a superior, sinopla e a inferior, ouro. O desenho onde a guarita se apóia, representando a muralha do Forte, em goles. Essas cores são as utilizadas no Brasão do Estado de Rondônia, tendo, para a Academia de letras de Rondônia, o mesmo significado.

b) Descrição Filosófica:

Da Forma Estrutural:

A figura em forma de elipse, formando um círculo ovalado, significa a imortalidade da cultura e das letras, em cujos pontos não se encontra princípio nem fim.

O círculo ovalado constitui-se um anel e possui as seguintes legendas: na parte superior,, onde se lê: ACADEMIA DE LETRAS DE RONDÔNIA. Na parte inferior, onde se lê: NON VI, SED VIRTUTE, traduzindo NÃO PELA FORÇA, MAS PELA QUALIDADE, buscando imprimir às sucessivas gerações a consciência do quanto é importante o conhecimento humano a serviço da valorização da vida, não pela força, pela violência, mas pela coragem, pela qualidade, pelo mérito da produção literária de cada um de nós.

Da Figura Iconográfica:

A guarita estilizada que guarnece os bastiões do Forte do Príncipe da Beira, significa a necessidade de os membros da Academia de Letras de Rondônia estarem alertas às invasões lingüísticas e literárias danosas à preservação do bom vernáculo, assim como o forte defendia a Amazônia Ocidental das invasões espanholas do século XVIII.

O desenho estilizado da coruja é o símbolo da sabedoria que deve nortear as ações e as obras intelectuais dos membros da Academia.

Dos ramos de cacau e de café:

Representam as principais riquezas do setor produtivo rural que, se conduzindo com sustentabilidade, poderá ser o ícone econômico/social do Estado, contribuindo, também, para a independência econômica do País.

R E S U M O
Em resumo, o Brasão da Academia de Letras de Rondônia é constituído dos seguintes elementos:
1º.- Um bastião do Forte do Príncipe da Beira, monumento construído às margens do rio Guaporé, no município de Costa Marques, na fronteira de Rondônia com a Bolívia, construído em 1776, como marco de defesa do território brasileiro, contra as incursões bolivianas que aconteciam àquela época. As cores do bastião, (verde, amarelo, azul e branco) são as cores da bandeira nacional.

2º.- O bastião é encimado por uma coruja, símbolo da sabedoria de que são portadores os membros da academia.

3º.- Em vermelho, parte do muro daquele Forte, simbolizando o sangue dos brasileiros que morreram em defesa da pátria, em luta contra os bolivianos que invadiam nossa terra. Parte do muro encontra-se deteriorado, como deteriorado está todo o forte, necessitando de reformas à época da fundação da academia.

4º.- Sob o muro, a inscrição “Fundada em 10/06/1986”, data da fundação da Academia de Letras de Rondônia.

5º.- Tudo isso é circundado por dois fio negros, em forma oval, entre os quais há, em cima, a inscrição “ACADEMIA DE LETRAS DE RONDÔNIA”.

6º.- Do lado direito, um ramo de cacau e do esquerdo, um ramo de café, simbolizando as duas maiores riquezas do Estado de Rondônia, à época da fundação da academia.

7º.- Em baixo, a inscrição latina “NON VI, SED VIRTUTE”, lema que traduz o sentimento dos acadêmicos: “Não pela força, mas pela virtude”.

Fonte:
http://acler.org

Academia de Letras de Rondônia (Acadêmicos)

ACADEMICOS
1 – Dimas Ribeiro da Fonseca ––– (Patrono) Francisco Meireles
2 – Gesson Álvares de Magalhães ––– (Patrono) Ary de Macedo
3 – Edson Jorge Badra ––– (Patrono) Alkindar Brasil de Arouca
4 – Emmanuel Pontes Pinto ––– (Patrono) José Pontes Pinto
5 – Bolívar Marcelino ––– (Patrono) Antônio Tavernard
6 – Abnael Machado de Lima ––– (Patrono) Manoel Nunes Pereira
7 – Hélio Fonseca ––– (Patrono) Teotônio de Gusmão
8 – José Valdir Pereira ––– (Patrono) Alexandre Rodrigues Ferreira
9 – vaga ––– (Patrono) Amílcar Botelho Magalhães
10 – Esron Penha de Menezes ––– (Patrono) Antônia Virgílio ]
11 – Raymundo Nonato de Castro ––– (Patrono) Cândido Mariano da Silva Rondon
12 – vaga ––– (Patrono) Pe. João Nicoletti
13 – Matias Mendes ––– (Patrono) Maria Madalena Neimeier Duarte
14 – Heinz Roland Jakobi ––– (Patrono) Ricardo Franco de Almeida Serra
15 – Eunice Bueno da Silva Souza ––– (Patrono) Ferreira de Castro
16 – Antônio Cândido ––– (Patrono) Antônio José Catanhede
17 – Yêdda Maria Pinheiro Borzacov ––– (Patrono) Aluisio Pinheiro Ferreira
18 – Pedro Albino de Aguiar ––– (Patrono) Humberto de Campos
19 – Viriato Moura ––– (Patrono) Carlos Mendonça
20 – João Teixeira ––– (Patrono) Ramayana Chevalier
21 – Aparício Carvalho de Moraes ––– (Patrono) Oswaldo Cruz
22 – Joaquim Cercino ––– (Patrono) Joaquim Tanajura
23 – Átila Ibanez ––– (Patrono) Vespasiano Ramos
24 – Dante Ribeiro da Fonseca ––– (Patrono) Paulo Nunes Leal
25 – Marco Antônio Domingues Teixeira ––– (Patrono) José Alves de Lira
26 – Cláudio Batista Feitosa ––– (Patrono) Joaquim de Araújo Lima
27 – Zelite Andrade Carneiro ––– (Patrono) Jorge Teixeira de Oliveira
28 – Antonio Serafim da Silva ––– (Patrono) Raymundo Moraes
29 – vaga ––– (Patrono) José Calixto de Medeiros
30 – José Lúcio Cavalcante de Albuquerque ––– (Patrono) José Guilherme de Araújo Jorge
31 – vaga ––– (Patrono) Pedro Tavares Batalha
32 – Raimundo Neves de Almeida ––– (Patrono) José Francisco Monteiro
33 – vaga ––– (Patrono) Emília Smithlage
34 – vaga ––– (Patrono) Vitor Hugo
35 – vaga ––– (Patrono) Ari Tupinambá Penna Pinheiro
36 – Luiz Antonio de Araujo Silva ––– (Patrono) Enos Eduardo Lins
37 – Samuel Castiel Jr ––– (Patrono) Marise Magalhães Costa Castiel
38 – vaga ––– (Patrono) João Batista Costa
39 – vaga ––– (Patrono) Júlio Nogueira
40 – vaga ––– (Patrono) Amizael Gomes da Silva
41 – Almino Álvares Afonso ––– (Patrono) Álvaro Maia
42 – César Romero Cavalcante de Albuquerque ––– (Patrono) Roquete Pinto
43 – Iris Célia Cabanelas Zanini ––– (Patrono) Leandro Tocantins
44 – Adelino José de Moura ––– (Patrono) Paulo Saldanha
45 – Frederico Álvares Afonso ––– (Patrono) João Carlos Marques Henrique Neto

Sócios Honorários
Euro Tourinho
José Januário de Oliveira Amaral

Sócios Beneméritos
Francisca Batista
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BOLIVAR MARCELINO (1932)

Popularmente conhecido como Professor Bolívar, dado a sua intensa batalha nos meios educacionais lecionando língua Portuguesa e Literatura Brasileira.

Potiguar da capital de Natal, nasceu a 28 de agosto de 1932. Chegou a Porto Velho em outubro de 1938 com apenas 6 anos de idade. Fez seus primeiros estudos na Escola Osvaldo Cruz, Colégio Dom Bosco e grupo Escolar Barão do Solimões.

Sua vida sempre esteve muito ligada a literatura. Tem um número incontável de composições poéticas e crônicas literárias publicadas nos jornais desta capital.

Criativo e versátil, vem participando dos eventos culturais desta terra com grande destaque. Tomou parte na Comissão que escolheu o Hino do município de Porto Velho, bem como, o brasão.

É membro da União Brasileira dos Escritores de Rondônia e da Academia Rondoniense de Educação.
Foi presidente da diretoria da Associação Rondoniense dos Professores.

Professor de Língua Portuguesa, Bacharel em Direito e Pesquisador da Amazônia, escreveu a monografia “Da Revolução Acreana à construção da Madeira – Mamoré”.

Em sua poesia, regionalista, retrata a vida do seringueiro, o canto do Uirapuru, a enchente do Rio-Mar, a beleza da Vitória Régia, o drama da Madeira-Mamoré e a paisagem amazônica.

Do seu conhecimento e paixão pelas lendas amazônicas, citamos a Mãe-D’água e o Caboclo Tapuia.
Ainda levado pelo senso/regional escreveu o ensaio A Influência de Rondon no Território Federal de Rondônia com o qual mereceu o 1º prêmio no concurso realizado pela imprensa local.

Bibliografia do Acadêmico:

Tarde de verão (poesia)
Folhas de Outono (poesia)
Chuvas de Inverno (poesia)
Ensaio sobre o poeta Antônio Tavernard
Rondon e sua Influência no Território Federal de Rondônia, 1965
Da Revolução Acreana à Construção da Madeira-Mamoré, 1982.
Poema de Exaltação a Rondônia, 1982 Orvalho da Manhã

A MINHA ÚNICA ILUSÃO

Éramos como duas trêfegas crianças,
De sonhos cheios, ricas de ilusões,
Vivíamos a alegrar os corações
Em busca de quimeras e esperanças...

E nunca te esqueci – nestas andanças
Em que a vida tão pela de emoções,
Deixa-nos as marcas e as mutilações
De um grande amor que resta nas lembranças...

E fomos assim: um sonho que passou
No grande val de vidas desiguais,
Que cresceu, mas breve se acabou...

Acredito que pra ti haja findado,
Mas para mim, que te amei demais,
És a mais bela flor do meu passado...
–––––––––––––––-

Porto Velho

Porto Velho da minha infância e da minha adolescência, das barrancas do rio, do velho trapiche do Aripuanã... do ponto inicial da Madeira-Mamoré.

- Debruço-me no teu passado e vejo na retina dos meus olhos: A favela, A Rua-da-Palha, A Ladeira do João-barril, o velho coqueiro solitário da Baixa da União E me perco em memórias e recordações...

Porto Velho das reuniões do Bar-Central, da velha ponte Guapindaia, do Parque Municipal, do "buraco" do Aníbal e do Chico do "buraco"; das velhas casas de madeira dos ingleses, Casa Seis, Três, Hotel-Brasil, do Paraíso e do Clube Internacional.

Porto Velho do Igarapé-Grande, de águas brancas, cristalinas, murmurejantes... do Beco do Mijo, da Ponte do Suspiro, da Vila Confusão.

Porto Velho cosmopolita, de espanhóis, portugueses, ingleses, barbadianos, nordestinos, colonizadores.

Porto Velho do Pedro do Rádio, do Macedo telegrafista, do professor Carlos Costa, do Butioni, do Aluízio, como dizia o Getúlio,

Porto Velho das figuras populares: Zé Quirino e Tainha da política apaixonada: cutuba e pele-curta,

Porto Velho dos diminutivos: Ferreirinha, Oliveirinha, Teixirinha, Freitinhas...

Porto Velho do "gabarito", da Fifi Lorotoffi, do Nuno IV, do João do Vale,

Porto Velho do "footing" da Praça Rondon, de mil lembranças que trago dentro do peito, na minha saudade; berço de minhas filhas, dos meus filhos, de minhas ilusões.

Porto Velho que dia a dia cresce a retorcer-se num canto do meu coração...

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ESRON PENHA DE MENEZES

Desde 1954 escreve em Jornais, ora no "0 Guaporé, ora no Alto Madeira", crônicas quase na sua totalidade, versando sobre fatos ocorridos há alguns anos passados.
Por isso, intitulou essas crônicas de "HISTÓRIA ANTIGA".

É pioneiro filho de pioneiro, chegando aqui em Porto Velho trazido pelo pai, quando tinha apenas oito anos de idade.

Aqui estudou, fazendo o curso primário. Aos 14 anos, passou a trabalhar na Madeira-Mamoré, a lendária Estrada de Ferro. Alguns anos depois, trabalhou na Fordlandia, por cinco anos e, em 1932, serviu ao Exército, voltando em 1933 à Porto Velho, onde passou a trabalhar na Caixa de Aposentadoria dos Ferroviários e na Madeira Mamoré.

Em 1943, com a criação do Território, ESRON passa a ser um dos organizadores da Guarda Territorial aonde chegou a exercer o comando e, posteriormente, em 1952, também é encarregado de dar os primeiros passos para a organização do Corpo de Bombeiros, fazendo curso de Bombeiro Técnico no Rio de Janeiro.

Em 1953, foi delegado de polícia na área dos garimpos, escrivão eleitoral em 1958, assistente militar do governador Paulo Nunes Leal e, em 1960, Delegado do Governo do território junto às firmas construtoras da BR-29 (depois 364).

Veio a se aposentar no serviço público em 1962, quando passou a exercer atividades diversas em empresas privadas.

Em 1969 comandou o Corpo de Bombeiro, foi secretário da extinta ARENA entre 1975/1976 e,exerceu por muito tempo, a função de assessor especial para assuntos legislativos na Prefeitura Municipal de Porto Velho.

A este homem de vida tão vivida, ainda restou tempo para nos brindar com relatos de fatos,de nossa terra e nossa gentes, através do seu "RETALHOS PARA A HISTÓRlA DE RONDÔNIA" - onde aborda diversos assuntos, como a evolução dos transportes em Rondônia, os homens que fizeram história, desde Rondon até Jorge Teixeira, os municípios que já existiam e os criados, a criação do Território e a elevação deste a Estado etc.

Membro da Academia Rondoniense de Educação, tendo editado dois livros, 500 e 1500 exemplares, Retalhos para a História de Rondônia", cuja edição, já esgotada, é muito procurada pelos estudantes das várias séries de ensino.

Esron de Menezes, também é jornalista e colabora no Jornal Alto Madeira, com a Coluna História Antiga.

Esron Penha de Menezes é membro fundador da Academia de Letras de Rondônia e um dos maiores colaboradores na construção do Estado de Rondônia.
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APARÍCIO CARVALHO DE MORAES (1950)

Aparício Carvalho de Moraes, Médico, poeta, comunicador e político, nasceu na bucólica Boa Esperança – Rio Bonito, Estado do Rio de Janeiro, em 20 de abril de 1950.

Freqüentou, durante seis anos, o Conservatório de Música do Departamento do Instituto de Letras e Artes da Universidade do Amazonas e participou como poeta expositor, do 1o. Salão de Poesias do Amazonas, em 1976, no Teatro Amazonas.

Na área de comunicação, Aparício produziu e apresentou, durante dois anos, para a TV Educativa, Canal 2, o Programa “Medicina e Saúde”, para todo o Amazonas, e produziu e apresentou, na Rede Amazônica de Televisão, Canal 4, TV Rondônia, vários programas, entre eles: “Nossa Revista” e “Bom Dia Rondônia”.

Na área médica, destaca-se como Presidente da Associação Médica de Rondônia (reeleito para o sétimo mandato), tendo exercido o cargo de Secretário de Estado da Saúde de Rondônia. Fundou a Cooperativa de Trabalho Médico do Estado de Rondônia (UNIMED-RO) e foi eleito Presidente em 1984.

Na área política, exerceu os mandatos de vereador, em Porto Velho, deputado federal por Rondônia e Vice-Governador do Estado de Rondônia.

É membro da União Brasileira dos Escritores de Rondônia e seus principais livros são:
Vivências Amazônicas, publicados em 1985;
Letra de Médico (Co-autor), publicado em 1991
Atuação Parlamentar, publicado em 1995.

O Acadêmico Aparício Carvalho de Moraes já esteve duas vezes na Presidência da Academia, tendo seu último mandato correspondido ao período de 2001 a 2007.
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EUNICE BUENO DA SILVA E SOUZA

Natural de Assís, Estado de São Paulo, nasceu em 4 de junho de 1948. É filha de Prescilhana Alves da Silva e Antenor Bueno da Silva.

Cursou o primário na cidade de Mandurí-SP; o ginasial em Sertanópolis no Paraná, no Ginásio Estadual Luiz Deliberador. O curso colegial em Bernardino de Campos-SP e Magistério na Escola Normal Santo Tomás de Aquino em Sertanópolis-PR.

Cursou a Faculdade de Ciências e Letras de Cornélio Procópio – PR formando-se em Letras Franco-Portuguesa. Fez a aliança Francesa, lecionando a matéria na cidade de Bela Vista do Paraíso – PR por quatro anos.

Veio para Porto Velho em 1977, onde continuou exercendo o magistério nas escolas Colégio Dom Bosco e Escola Normal Carmela Dutra.

Participou ativamente de todos os movimentos literários promovidos em Porto Velho.

Escreveu artigos sobre a arte poética e literatura rondoniense em vários matutinos locais.

É membro fundadora da União Brasileira dos Escritores de Rondônia, onde foi Presidente por dois anos, e da Academia de Letras de Rondônia, onde foi Secretária Geral no biênio de 1988 a 1990.
Atualmente, é Diretora da Biblioteca e Edições da Academia de Letras, eleita nas eleições do dia 4 de janeiro de 2008, para o biênio 2008/2009.

Como funcionária Pública exerceu o cargo de redatora do Gabinete do Secretário de Estado da Educação por 4 anos. Hoje Eunice Bueno trabalha no projeto de pesquisa de Literatura Regional na Universidade Federal de Rondônia.

É co-autora de inúmeras obras didáticas publicadas pela Secretaria de Estado da Educação. Possui textos nos livros didáticos dessa Secretaria de Estado.

É autora das seguintes obras:
Garatuja – 1984.
Clecs e Outras Inspirações, Sonhos, e Suspiros e Sinfonia ou Versejando Sonhos(1988) –
Arco-Iris – 1990
Visão Geral da Literatura de Rondônia (folder)
Folhetos Poéticos (folder mensal) – 1988 – 1992.
- Quadrante, 1991
Poetas e Poemas (caderno alternativo anual)
-Quando as Conchas se Abrem, o Poema me Chama, Poemando (independentes) Flauta Doce – 1993
Arte e Literatura (co-autora) 1992.

Sua poesia é assim:

De repente ecoa
num vôo transcendente
ativamente
num sonho tétrico
o mágico toque
utópico
enigmático do leiser.
A energia transborda
e excede os meus desejos
sonhadores
de repente acordo
nas asas
do cogumelo voador e,
viajo
vagando
vago
ando, sonho, vôo... :
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Lua Nova

Lamina brilhando
f a t i a n d o
minha saudade
mil e uma vezes
mil e uma gotas
p i n g a n d o
dos meus olhos
lâmina suada
g o t e j a n d o
ao meus pés.
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Máscaras

Oito da manhã
mais um drink
o poema acabou.
há bebida no copo
marcas no corpo
dinheiro no soutien da moça
nada no bolso do homem
mais um gole só
e fica só de novo.
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Partida

Deixa-me ir pois a vida me espera
Ja retirei as pedras do caminho
chegar a Luz é o que mais que mais quero

Deixe-me ir as flautas anunciam
Luz ilumina as margens do caminho
Anjos alados me mostram o mistério.

Deixe-me ir não me prendam
no escuro dessa lida
A etapa agora já esta cumprinda
Outra Porta se abre em minha vida.

"-Chegaste nas asas do vento
te abriguei no colo
anoitecemos"-
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MATIAS ALVES MENDES (1949)

O Acadêmico Matias Mendes nasceu no Vale do Guaporé, em 24 de fevereiro de 1949, na colônia Lamego em Forte do Príncipe da Beira. Filho de João Laudelino Mendes da Cunha e Galdina Alves Mendes.

É um dos fundadores da Academia de Letras de Rondônia, que, juntamente com um grupo de amigos escritores e poetas, no dia 10 de junho de 1986, numa reunião realizada especificamente para este fim, criaram a mais importante instituição literária do Estado de Rondônia, a Academia de Letras, formada por 40 Acadêmicos.

A primeira profissão que conheceu foi a agricultura. As matas e os seringais foram seus ambientes de trabalho durante a juventude. Sua experiência profissional é vasta e diversificada. Cursou o primário na Escola Imaculada Conceição em Real Forte do Príncipe da Beira e freqüentou o SENAI Marechal Rondon em Porto Velho.

Estreou na literatura em 1982 com o livro de poesias As Emoções e o Agreste.

É autor de mais cinco obras:
As Musas e o Perfil (poesia);
As Quimeras e o Destino (poesia);
As Malvinas do Jamari (ensaio);
Síntese da Literatura de Rondônia (co-edição/ ensaio;
Síntese da História de Rondônia ( 1984)
Eflúvios da Descrença (poesia).

Sua poesia cultiva a métrica. A linguagem é metafórica e lírica por excelência. Estudando todas as obras do autor obtém-se uma evoção à imagem feminina que mora no sonho e no coração do poeta de forma sensual e sublime.

Obras do autor publicadas:
1 - As emoções e o agreste - 1982 (Poesia)
2 - As musas e o perfil - 1982 (Poesia)
3 - As quimeras e o destino - 1983 (Poesia)
4 - As malvinas do Jamari - 1983 (História)
5 - Síntese da literatura de Rondônia - 1984 (Ensaio)
6 - Eflúvios da descrença - 1985 (Poesia)
7 - Apologia da negritude - 1999 (Poesia / Ensaio)
8 - A lira do crepúsculo - 2007 (Poesia)
9 - Lendas do Guaporé - 2007 (História / Lendas)

MARIA IDEAL

Entre os eflúvios de sentimentos
Flutua a tua figura soberana,
Bela e altiva como a própria Diana,
Leve e fugidia como o sopro dos ventos.

Entre essas auras de encantamentos,
O doce encanto que de ti emana
Transcende a toda emoção humana
E aos mais humanos arrebatamentos...

É tão tocante teu colossal lirismo
Que essa grandeza do teu altruísmo
Faz com que sejas um ser de porte divinal.

Se divinal não for teu doce encanto,
Se és apenas humana, no entanto,
No mínimo, és a Maria ideal...!

Correr é tragar gotas de orvalho
Atrás das flores perfumadas,
É o impasse das borboletas, crisálidas,
É o trunfo que o mundo exige.

É avançar rapidamente
Para a paciente transição...
Cinco, quatro, três, dois... Lentamente,
Vamos! É a hora da salvação.

Correr é tragar gotas de orvalho
Que brotam das rosas humildes;
E suster-se do frágil galho.

Correr... vamos correr, despertar para a sorte
Elevar-nos aos céus...
Correr é avançar para a morte.

Mais dados e biografias e respectivas obras dos outros acadêmicos podem ser encontrados no site abaixo da Academia.

Fontes:
http://acler.org/

sexta-feira, 13 de março de 2009

Dicionário de Folclore (Letra F)



FADAS. As fadas são entidades femininas dotadas de poderes mágicos, principalmente quando usam sua varinha de condão, capazes de transformar pessoas em animais e animais em pessoas. As fadas podem ser: fadas-más ou bruxas, que só fazem o mal: e as fadas-boas ou fadas-madrinhas que só fazem o bem. As fadas estão sempre participando das estórias de Trancoso.
FADO. O fado é uma canção popular portuguesa, mas de origem brasileira. Quando a corte portuguesa se estabeleceu no Brasil, em 1808, os nobres gostaram muito do lundu brasileiro. De volta a Portugal, os nobres e músicos lusitanos deram ao lundu, com algumas modificações, o nome de fado, como é conhecido hoje.
FALAR. A voz foi o primeiro meio de comunicação usado pelo homem, que começou a inventar nomes para as pessoas, para os animais e para as coisas. Em torno da fala, existem algumas crendices como o remédio que se dá à criança que está custando a falar, muito usado nos sertões nordestinos: dar, para o menino beber, água de chocalho, isto é, a água na qual se encheu um chocalho. Na linguagem popular, quando uma pessoa fala muito, diz-se que tomou água de chocalho quando criança. Não é bom mostrar a criança num espelho porque; assim acontecendo, ela vai demorar a falar. O remédio, no caso, é dar água-de-chocalho pra ela beber.
FALAR-PELA-BOCA-DOS-ANJOS. Argumentação que se faz quando se deseja ardentemente, de coração, que se realize o que a pessoa acaba de dizer.
FALAR-PELOS-COTOVELOS. Diz-se da pessoa que fala muito.
FALSETE. Voz esganiçada, falsa, imitação da voz de criança ou de mulher.
FANDANGO. Em alguns Estados do Brasil o fandango é o bailado dos marujos ou marujada, ou chegança ou barca. No Sul, fandango é dança, baile, festa de danças regionais. Foram registradas cem modalidades de fandango no Sul, entre as quais tontinha, velho-vai-moça-fica, pega-fogo, marrafa, João Fernandes, pipoca, etc.
FANHO. Diz-se que fanho é a pessoa que fala pelo nariz, com voz fanhosa.
FARINHA. 1. Feita de mandioca, a farinha é conhecida como o pão dos brasileiros. A linguagem do povo registra vários ditados: comer a vergonha com farinha seca; de pouca farinha meu pirão tem medo; mel em casa é gasto de farinha. Quando tem muita gente reunida numa festa, numa feira, diz-se que: Tem gente como farinha. A farinha de mandioca também é chamada farinha-de-pau; 2. A farinha de trigo é usada para o fabrico do pão e bolos.
FARINHA-DE-BARCO. É a farinha de mandioca que vem por mar, ficando com cheiro de maresia.
FARRA-DO-BOI. A farra-do-boi, que acontece todos os anos no Balneário Barra do Sul, a 40 quilômetros de Joinville (SC), começa na Quinta-Feira da Semana Santa. Tudo começou na Península Ibérica, por volta do século XIV, originando-se de uma mistura da luta de animais – que era um dos lazeres da burguesia – com a corrida de touros, festa nacional espanhola. Atualmente, ainda existe a Corrida de São Firmino, na Espanha. Mas do jeito que acontece hoje, em Santa Catarina, a farra-do-boi teve origem na Ilha Terceira, nos Açores, com o boi correndo pelas ruas, sendo enfrentado por toureiros improvisados. A tradição chegou em Santa Catarina trazida pelos primeiros seis mil açorianos que lá desembarcaram entre 1748 e 1756. A farra-do-boi consiste na corrida de bois pelas ruas ou em lugar preparado, ficando as pessoas com o direito de irritarem os bois e correrem à procura de abrigo. A polícia proíbe esta manifestação folclórica, por força de uma decisão que a pôs na ilegalidade. Pessoas são presas mas, apesar dos pesares a farra-do-boi continua acontecendo todos os anos.
FAZER-A-CABEÇA. Convencer alguém; fazer com que alguém aceite sua maneira de ser, de pensar, de agir, seu ponto de vista, sobre determinado assunto.
FAZER-CASA-COM-PAU-BICHADO. Fazer as coisas mal feitas, sem lógica, sem certeza.
FEIJÃO-AZEITE. Comida feita com feijão-fradinho tendo azeite-de-dendê, cebola, o sal como temperos. Juntam-se camarões moídos. O feijão-azeite também é chamado de humulucu.
FEIJOADA. A feijoada é um dos pratos mais populares da culinária brasileira, preferido por ricos e pobres. A feijoada reúne verduras e carnes (de porco e de boi), paio, lingüiça, salsicha, carne-de-sol, charque, orelha de porco, etc. O feijão-preto é o mais apreciado na feijoada domingueira reunindo a família toda em volta da mesa, todos ansiosos para saboreá-la. E, como se trata de uma comida pesada, gordurosa, é aconselhável, depois de comer uma gostosa feijoada, tomar um cálice de batida ou até mesmo de água-que-passarinho-não-bebe para equilibrar o estômago.
FEITIÇARIA. É o nome dado às práticas de magia popular como o candomblé baiano, a macumba carioca, o xangô pernambucano (paraibano e alagoano), o catimbó nordestino, a pajelança, o tambor-de-mina e tambor-de-creoulo maranhenses, e o babassuê paraense. Os africanos trouxeram a feitiçaria para o Brasil.
FEITIÇO. É o despacho, o ebó, a coisa-feita, a muamba.
FELÔ. É um rebuçado de açúcar, vendido enrolado em papel. É uma espécie de puxa-puxa, quando feito com açúcar mascavo ou mel-de-engenho, ou melado. Veja ALFELÔ.
FERRA. É uma marca feita a fogo (iniciais ou um desenho qualquer) que os fazendeiros usam para saber quais os bois, as vacas e os garrotes de sua propriedade.
FERRADO. Dá-se o nome de ferrado aos legumes que são cozidos misturados com toucinho: feijão-ferrado, arroz-ferrado, na região norte mineira do Rio São Francisco.
FERRADURA. Feita de ferro e usada nas patas dos cavalos, a ferradura, quando encontrada casualmente, serve como amuleto, para atrair felicidade, saúde, bons negócios. Deve ser pregada atrás da porta da casa da pessoa que a achou na rua ou no campo. A ferradura comprada ou recebida como presente, não tem este poder.
FESTA. Festa, de um modo geral, é uma reunião de pessoas que comemoram um batizado, um casamento, uma data cívica, ou o dia consagrado a um santo. Mas o povo entende que a festa é o Natal e o mês de festa é dezembro, quando se trocam cartões natalinos e presentes, e considera o Natal, o Carnaval e o São João como as três principais festas do ano.
FETICHES. São objetos que representam a força divina como os mascotes, amuletos, talismãs.
FIGA. O povo acredita que a figa é um dos mais eficientes amuletos contra o mau-olhado. Representa a mão humana em que o polegar está colocado entre o indicador e o médio. A figa também é conhecida no Brasil pelo nome de isola, porque isola, afasta a força das coisas ruins que nos possam acontecer.
FICAR-A-COISA-PRETA. Tornar-se ou ficar a situação difícil.
FICAR-CHUPANDO-O-DEDO. Diz-se de quem fica com a cara de idiota, logrado.
FICAR-COM-O-PÉ-ATRÁS. Diz-se da pessoa desconfiada, sem ainda saber qual a atitude que vai tomar, sem acreditar no que lhe foi contado.
FICAR-NO-CANTO. Situação em que fica o filho mais novo de um casal quando nasce outro irmãozinho, relegado a um segundo plano, deixando de ser o alvo da atenção dos pais e parentes, perdendo o direito de comer o coração da galinha nos almoços domingueiros, as frutas mais bonitas, os melhores brinquedos, etc.
FILHA-DE-SANTO. É como se chama a sacerdotisa dos candomblés baianos, tendo como papel mais importante o de servir como cavalo, de corpo, de instrumento do medium, de aparelho ao orixá que nela se incorpora.
FINADOS. O Dia de Finados, ou o dia dos mortos, acontece no dia 2 de novembro. Não se pesca e nem se caça no dia de Finados. As almas dos afogados passeiam por cima das águas do mar, dos lagos, dos rios, dos açudes, das represas. É o dia em que as almas visitam os lugares onde morreram ou foram assassinados. Os vivos vão ao cemitério visitar os entes queridos, levando-lhes flores, velas, rezando pelo descanso de suas almas.
FLORES. As flores são oferecidas aos santos e às pessoas queridas. Enfeitam as casas e as igrejas. Mas são muito usadas (suas folhas, raízes) na medicina popular como remédios para curar pequenos males, doenças. Dar uma flor a uma moça, a uma mulher é uma prova de admiração, de respeito, de amor.
FOGO. Esfregando a ponta de um pedaço de galho seco de madeira em um buraco feito num tronco de madeira seca e com o auxílio de folhas também secas, o homem inventou o fogo para afugentar os animais ferozes, combater o frio do inverno, iluminar suas noites, assar seus alimentos. O fogo sempre foi considerado como purificador, por seu poder de destruir tudo, de reduzir tudo a cinzas. Os homens primitivos dançavam ao redor das fogueiras, como ainda acontece nas noites de São João. O fogo chegou até a ser adorado como um deus pelos primitivos. Em torno do fogo, a imaginação popular criou uma série de crendices ainda hoje em uso entre as pessoas do interior, do sertão: 1. Quem brinca com fogo urina na cama; 2. Quem cospe no fogo fica tuberculoso; 3. Quem queima os cabelos, fica doido; 4. Quem urina no fogo, seca a urina e morre de doença na bexiga ou nos rins; 5. É bom, quando a pessoa for morar em outra casa, acender logo o fogo; 6. Não é bom apagar o fogo de uma fogueira com os pés e sim batendo com galhinhos de árvores; 7. Não se deve apagar o fogo no fogão à lenha, com água; o certo é afastar as achas de lenha; 8. Apagar o fogo com água faz com que a pessoa perca tudo que ganhou ou economizou.
FOGO-MORTO. No Nordeste, um engenho está de fogo morto quando não está funcionando mais.
FOLCLORE. Folclore foi uma palavra criada por William John Thoms - um arqueólogo inglês - quando, no dia 22 de agosto de 1846, publicou uma carta no jornal O Ateneu, de Londres, mostrando a necessidade da existência de um vocábulo destinado a denominar o estudo das tradições populares inglesas. Desde a data da publicação da carta passou a ser comemorado, no mundo inteiro o dia 22 de agosto como o Dia do Folclore. A palavra folclore foi formada da união de dois termos oriundos do antigo inglês falado na Inglaterra: folk (povo) e lore (saber) e substituiu o que, na época, era chamado de antiguidades populares. Na carta escrita ao jornal londrino William John Thoms usou o pseudônimo Ambrose Merton e pediu que se fizesse um registro de antigas lendas, crenças em desuso, baladas, velhos costumes, fatos curiosos, de sua terra. Mas, o que é Folclore? Definir continua a ser uma das artes mais difíceis, principalmente quando se trata de definir Folclore, dada a sua abrangência e seu vasto e complexo mundo de ação. Cada estudioso do assunto tem sua definição própria, de conformidade com a ótica de cada um. Na minha opinião, o Folclore é muito difícil de ser definido. Uma definição de Folclore seria muito comprida e incompleta. Assim, Folclore é a cultura popular, envolvendo sua sabedoria, a linguagem falada pelo povo, as cantigas de roda, as adivinhações, os provérbios, os folhetos de feira, as estórias de Trancoso, a culinária, a medicina ortodoxa, o artesanato utilitário e decorativo, as anedotas, os folguedos, os autos populares, as bandas de pífanos, as brincadeiras infantis, as crendices, as superstições, a religiosidade, as cantigas de ninar, as danças, a poesia popular cantada de improviso e tudo que o povo faz, usa, acredita. Tudo que vem do povo, de sua sabedoria, é, pois, Folclore.
FOLE. A mesma coisa que harmônica, realejo, gaita, sanfona, acordeon(a). Para nós, aqui, no Nordeste, realejo, que se toca soprando, é um pequeno instrumento musical (de 3 a 20 cm) conhecido como realejo-de-boca ou gaita-de-boca.
FOME. É a vontade e a necessidade que o corpo humano sente de receber alimentos para transformá-los em energia. A fome é representada por uma mulher velha, horrível, desdentada, tendo à cabeça um chapéu muito grande.
FOME-CANINA. Diz-se quando a fome é muito grande, principalmente quando as pessoas passam muitas horas ou, até mesmo dias, sem comer.
FORMIGAS. As formigas ainda hoje são comestíveis, como acontecia entre os povos antigos. Mas não são todas as formigas que são comestíveis. A formiga que se come ainda hoje no Nordeste é a tanajura, a parte de seu corpo onde estão seus ovos, antes da postura. Elas saem dos seus ninhos, debaixo da terra, para cada uma fazer seu próprio ninho e ter seus filhos. Antes que tal aconteça, são caçadas, retirados seus ovos que, depois de fritos, são um prato muito apreciado.
FORRÓ. Veja ARRASTA-PÉ.
FREVIOCA. É o trio-elétrico pernambucano que, durante o carnaval, só toca frevo. O termo frevioca já aparecia no n° 55, de 1914, numa notícia do jornal Pernambuco.
FREVO. O frevo, que começou a aparecer em 1909, é uma dança, de rua e de salão, do carnaval pernambucano. O que caracteriza o frevo é ele ser dançado não apenas por algumas pessoas mas por uma multidão, como acontece no Galo da Madrugada que enche as ruas do Recife. O frevo vem de frever, corrutela popular de ferver e nasceu da polca-marcha. São duas as qualidades do frevo: o frevo somente tocado, frevo-de-rua, e o frevo tocado e cantado, que é o frevo-canção. Nelson Ferreira, Capiba, Carnera, Levino Ferreira, Timoshenko e muitos outros músicos pernambucanos escreveram frevos que foram e continuam ainda sendo a alegria de muitos carnavais, de ontem, de hoje e de amanhã. Um dos frevos mais conhecido em Pernambuco é Vassourinhas que quando tocado, todo mundo se agita. Dá-se o nome de passo, fazer-o-passo, à maneira de se dançar o frevo.
FUMO-BRABO. É o nome que também se dá à maconha.
FUBICA. Nome dado aos automóveis velhos, caindo os pedaços, também conhecidos por cururus.
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Fontes:
LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Ed. Fundação Joaquim Nabuco
Imagem = http://www.terracapixaba.com.br/

40 Anos da UBT - Porto Alegre


Da UBT a trajetória
faz com que a luta compense...
São quarenta anos de história
na história Portoalegrense!
Edmar Japiassú Maia (Rio de Janeiro)
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Fundação: 08.03.1969
Fundador: Luiz Otávio (Gilson de Castro)
Finalidades estatutárias: Estudo, cultivo e divulgação da trova e o congraçamento dos trovadores.

Atividades

Encontros

Para uma plena confraternização entre seus associados, a UBT PORTO ALEGRE instituiu, em 1970, um encontro mensal, sob a denominação de Encontro de Trovadores, geralmente utilizando como pretexto uma refeição (almoço ou jantar).

Boletim Informativo

Desde 1969, a UBT PORTO ALEGRE possui um boletim mensal intitulado CALÊNDULA LITERÁRIA. A partir de 2008, é editado em duas versões: a impressa, remetida a todos os associados da UBT Porto Alegre, e a eletrônica, remetida a quem informar seu endereço.

Oficinas de Trova

A oficina de trovas é uma espécie de curso prático em que se fazem palestras teóricas e, após, se exercita a composição de trova, com o monitoramento dos palestrantes. Muito solicitada em escolas, sociedades, grupos de escoteiros, clubes de mães, etc.

Coletânea de Trovas

Desde 1997, também juntamente com a realização dos Jogos Florais, é editada, pelo sistema de cooperativa, uma coletânea de trovas de autores gaúchos, intitulada ”RIO GRANDE TROVADOR


1972 (Pelotas) - Luiz Otávio, ladeado pelo Delegado da UBT local, Sady Maurente de Azevedo e sua esposa, juntamente com os filhos e parte da delegação de Porto Alegre, em visita à Rua XV de Novembro


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Pela data natalícia,
da UBT de Porto Alegre,
cumprimento com carícia
e que o amor por lá se integre.
Nei Garcez (Paraná )
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Nesta data alvissareira,
Muitas loas vou tecer,
Para a UBT fagueira,
Pelo futuro a vencer!
Olga Maria Ferreira (Rio Grande do Sul)
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8 de Março - ALEGRIA,
minha U B T, tão querida,
pois completas neste dia,
quarenta anos de vida!
Delcy Canalles (Rio Grande do Sul)
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Para você, PARABÉNS!
Nossa UBT tão querida,
nos trazes todos os bens:
a arte, a poesia, a vida...
Carmen Pio (Rio Grande do Sul)
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Fontes:
http://ubtportoalegre.portalcen.org/html/gauchos.html
Fotografia =
http://ubtportoalegre.portalcen.org/
E-mail enviado pelo movimento de poetas e trovadores

Trovadores Gaúchos e suas Trovas



Flávio Roberto Stefani
Em ternura plena e extrema,
nossos sonhos se cruzaram!
E a noite se fez poema...
e os versos também se amaram!...

Gislaine Canales
Quero cantar pelo espaço
e, nas estrelas, rever
todas as trovas que eu faço.
trova é prece em meu viver!

Delcy Canalles
Beber sorrisos de aurora,
sentir tristezas de ocaso,
é transformar nosso agora
na beleza de um parnaso!

Lisete Johnson Oliveira
Foi na ânsia de alcançar
um porvir doce e risonho,
que olvidei de alicerçar
as escadas do meu sonho!

Marlê Beatriz Araújo
As poças d’água da rua
brincam de espelho quebrado,
há, em cada poça, uma lua,
e um belo céu estrelado!

Marisa Vieira Olivaes
Quando o "minuano" assobia,
rasgando o espaço, imponente,
é um vendaval de poesia,
soprando na alma da gente!

Milton Sebastião Souza
Contigo sempre reparto
este amor que não termina:
é na penumbra do quarto
que o nosso amor se ilumina.

Doralice Gomes da Rosa
A frágil rosa em seu galho
depois que o vento passou,
desfolhou-se sobre o orvalho
que a madrugada deixou!

Cláudio Derli
Sopra, ó vento, as nuvens rasas,
pelo verde pampa em flor,
transportando em tuas asas,
meu sonho de trovador!

Gerson César Souza
Sou feliz por um segundo
quando o amor encurta espaços
e a fronteira do meu mundo
toma a forma dos teus braços!

Gisele Bueno Pinto
Se nada existir na vida,
se até o sonho fugir,
hei de encontrar-te, querida,
na hora de ressurgir!

Hugo Ramirez
Da vida o mais doce encanto
é recordar na velhice,
o maternal acalanto
dos dias da meninice.

Irene Canalles
Ah, se eu pudesse voltar,
aos tempos de antigamente!
Não teria em meu olhar
esta angústia tão presente!

Nilza Castro
Fiz um castelo de areia
naquela duna branquinha,
veio o vento e a maré cheia,
levaram tudo que eu tinha!

Beatriz Castro
Amarrei o meu destino
ao leme de uma ilusão,
e me tornei peregrino
dos mares da solidão.

Nelson Fachinelli
Felicidade, na vida,
quem sabe, mal comparando,
é como a chuva caída
que vai e acaba voltando.

Neoly de Oliveira Vargas
Se a vida me põe à prova,
não há nada que me oprima,
meu psicólogo é a trova
e o meu analista, a rima!

Severino Silveira de Sousa
Quando me paro cismando,
eu sinto, meio bisonho,
o vento do amor soprando
nas cordilheiras do sonho!

Wilma Mello Cavalheiro
Cometo qualquer loucura,
das convenções rompo os laços,
só para ter a ventura
de amanhecer nos teus braços!

Conrado da Rosa
Comparo o viver sozinho
e, que muita gente tem,
à tristeza de um caminho
onde não passa ninguém.

Dalvina Fagundes Ebling
Eu sempre te quis pra mim
mas nunca soube dizer,
que te amava tanto assim,
por isso vivo a sofrer!

Maria Dorneles
Neste mundo de violência,
tem a criança um porvir,
porque deus, pai da existência,
faz sempre a rosa se abrir!

Antônia Nery
Meu amor vive distante,
lá do outro lado do mar.
A saudade,a todo instante,
é que vem me visitar!

Arlete Sacramento
Chamam-me velho, nem ligo.
vejam só minha atitude:
olhando meus filhos, digo:
-alí vou com juventude.

Zeno Cardoso Nunes
Tens nos olhos a poesia
das noites enluaradas,
tens no sorriso a magia
e o frescor das madrugadas.

Sílvia Benedetti
Busquei a felicidade
por todo lugar que andei,
para dizer a verdade
só procurei, não achei!

Maria Pampin
Chegou num jeito sem jeito
de bombacha, bota e espora,
fez morada no meu peito
e nunca mais foi embora.

Maria Cardoso Zurlo
Pela fé, seguir o rumo
da paz que nos fortalece,
é simplesmente em resumo,
amor em forma de prece...

Rui Cardoso Nunes
Eu fiz da saudade a marca
de minha ilusão perdida,
e de meu verso uma tarca
para marcar minha vida.

Alice Cristina Velho Brandão
Quando a vida tiver fim
hei de sempre ser lembrado
pois deixo um pouco de mim
em cada órgão doado.

Amália Marie Gerda Bornheim
Cada gotinha de orvalho,
sorvida por uma flor,
revela, de galho em galho,
uma "promessa" de amor...

Antonio Nely Fardo
Precisamos entender
a vontade do senhor.
Quão imnportante é crescer,
em nosso mundo interior!

Éderson Juliano Savi Pauletti
Se o ódio promove a guerra,
se a esperança se desfaz,
que do amor que ainda há na terra,
brotem cascatas de paz!

Eloy de Oliveira Fardo
Um beijo roubado às pressas
e de forma singular
pode aguçar as promessas
e dar foto ao pé do altar...

Luiz Machado Stabile
Estes brinquedos guardados
reduzem qualquer distância,
pois são eles, empoeirados,
que eternizam minha infância.

Lydia Lauer
Quando não puder bater,
em teu peito o coração,
salva a vida de outro ser
na sublime doação.

Maria Helena Binelli Catan
Vôo nas asas do vento
por rumos desconhecidos
e, nesse voar, eu tento,
achar mil sonhos perdidos.

Zélia Maria de Nardi
Consola a dor na esperança
que à vida sempre conduz.
quem não teme, tudo alcança,
transformando a dor em luz.

Antonia Viana Machado
Saudade tem um jeitinho
que comove e faz sofrer.
chega sempre de mansinho,
não depende do querer.

Cássia Luísa Bolson
Tudo aquilo que foi dito
poderá ser reparado,
mas o que ficou escrito
não pode mais ser mudado.

Elisabete Beatriz de Lima Scholz
Amizade é como a rosa,
cultivada com ardor.
continuará mais formosa,
se regada com amor.

Ivani de Souza
Mãe é a grande fortaleza,
plena de amor e emoção!
A mais bela realeza
que te ampara na aflição!

Luiz Damo
Nas lembranças do passado
tantos sonhos eu gravei,
hoje, releio apressado
as mensagens que arquivei.

Anita Gonzáles
Se avelhice, queres, calma,
e prazer em tua lida,
a primavera põe n’alma
junto ao inverno da vida!

Ivan Soares Schettert
Na rocha em contínuas rondas,
a noite, o farol reluz,
ao refletir sobre as ondas
grandes pingentes de luz!

José Westphalen Correa
Ao sentir a alma perdida
na procura da esperança,
há momentos nessa vida
em que sonho ser criança!

Manoela Ajalla Paz
Na trajetória da vida
às vezes, fico tristonho,
depois encontro guarida,
porque sou filho de um sonho!

Sidarta da Rosa Soares
Quem nunca teve um amor
vive uma vida sem vida,
sem carícia, sem ardor,
como uma sombra perdida!

Zuleika Ribeiro Edler
Os netos são a esperança,
são momentos de alegria,
lembrando sempre a criança
que já fomos algum dia!

Antonio Vogel Spanemberg
Quanta família sofrida!...
Quanto jovem se destrói!
- As drogas, ceifando a vida,
é uma verdade que dói!

Eldo Ivo Klain
Se o infinito profundo
cabe inteiro no meu "eu",
bem menor é o vasto mundo
que o desejo de ser teu!

Israel Lopes
Teus olhos, linda gaúcha,
são flechas de poesia,
paixão real que me puxa
num breve toque-magia.

João de Souza Machado
Amigo é preciosidade
fazê-lo é grande ciência,
a beleza da amizade
é o novo sol da existência!

Lacy José Raymundi
A visão que me produz
um vaga -lume na altura,
me lembra um pingo de luz
brilhando na noite escura...

Marilene Bueno da Silveira
São teus beijos, a magia,
que me acalma e alimenta,
trazem luz, muita alegria
se uma nuvem atormenta.

Alexandre Amaral Trindade (12 anos)
Era uma cena tão linda,
cheia de plantas e flores,
e nessa beleza infinda
brilhava com muitas cores!

Alessandro Deickel Trindade (9 anos)
Mamãe é uma linda flor,
toda cheia de ternura,
ela me enche de amor,
com sua alma linda e pura!

Taciana Canales da Trindade
Um sorriso de criança
mostra um momento profundo
onde vigora a esperança
de ressurgir novo mundo!

Renata Canales
Eu gosto muito de flores,
rosa, branca, qualquer cor,
mas o tom dos meus amores
é rubro, que é cor do amor!

Átila Amaral Trindade
A minha alma renasceu
num renascer de emoção!
A alegria não morreu,
vive no meu coração!

Carmen Pio
Eu queria ser feliz,
Deus me deu sabedoria.
Era um simples aprendiz,
virei mestre da alegria.
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Antonio Augusto de Assis vence o Concurso de Trovas do Rotary Club







O I Concurso Nacional e Internacional de Trovas da revista Brasil Rotário, teve por temas: Rotary, Servir e Paz. Contando com o apoio da Academia Brasileira de Trovas e a União Brasileira de Trovadores, concorreram 608 trovas do Brasil e Portugal.

O trovador maringaense A. A. de Assis obteve o primeiro lugar com:
Rotary, amigo, é servir,
e é servindo que ele faz
o mundo inteiro se unir
no grande abraço da paz!

Além deste troféu, Assis será agraciado com o diploma e troféu de Menção honrosa, pelas trovas:

Ah, Rotary, que lição
de estratégia a que nos dás:
- em vez de comprar canhão,
servir construindo a paz!

O amor e a paz social,
que o servir expressa e encerra:
- eis o supremo ideal
de Rotary em toda a terra!

A solenidade de premiação será realizada dia 25 de março (4a. feira), ás 17 horas, no Auditório Paulo Viriato Corrêa da Costa, da Revista Brasil Rotário, a Av. Rio Branco, 125, 18o. andar (Rio de Janeiro/RJ).

Premiação: Do 1º ao 5º lugar, Categoria de Vencedores, Troféus e Diplomas.. As Menções Honrosas e Especiais, em número de 10 (dez) cada, receberão Diplomas. Todos os participantes do Concurso farão jus ao recebimento de exemplares do número da Revista Brasil Rotário em que serão publicadas as Trovas premiadas.
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Antonio Augusto de Assis, mais conhecido como A. A. de Assis, nasceu em São Fidélis-RJ, a 7 de abril de 1933. Foi para Maringá em 1955, retornou ao estado do Rio em 1959 e novamente transferiu residência para Maringá em 1963, permanecendo até hoje. Aposentou-se em 1997 como professor do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá. Desde a juventude tem-se dedicado à poesia. Em 1960, residiu em Nova Friburgo-RJ, berço da trova moderna no Brasil. Nesse período, conviveu com os mais importantes trovadores da época, tais como Aparício Fernandes, Delmar Barrão, Luiz Otávio, J.G. de Araújo Jorge e outros, daí surgindo seu entusiasmo pela quadra setissilábica. Assis é autor de vários livros e também da Missa em trovas, que tem sido celebrada em quase todo o país em festas de poesia.

Não pode haver criação literária mais popular, que fale mais diretamente ao coração do povo do que a trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e sente a sua força. Por isso mesmo, a trova e o trovador são imortais” – Jorge Amado

Fontes:
- http://www.rotaryspaeroporto.org.br/boletins/ConcursoTrovas2008.doc
- Cooperativa Editora Brasil Rotário
- VICTOR, Agenir Leonardo. A Trova: O Canto do Povo. Trabalho apresentado ao Curso de Comunicação Social das Faculdades Maringá, para habitlitação em Jornalismo. Maringá: Dezembro, 2003.
- Fotomontagem por José Feldman em cima de imagem de http://paparocadoce.weblog.com.pt/